o "Boi Àpis" com a face de Fontes Pereira de Melo é transportado a caminho de S. Bento, após este ter sido incumbido pelo rei, em 1881, de formar um novo governo, na época do Rotativismo
Apenas vago no templo o lugar do
boi Ápis, os sacerdotes de Memphis escolhem um novo boi, filho de sua mãe e de
um raio de sol, e colocam-no entre colunas de pórfiro e de alabastro. sobre a
erva sagrada, incumbindo-o de presidir aos destinos humanos, de predizer o
futuro e de pastar em sossego para honra dos homens e glória dos deuses.
É esta a legenda, de acordo com a Mitologia egípcia, que está em rodapé na famosa caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro publicada em "O António Maria" no dia 6 de Janeiro de 1881, julgando-se que o andor é suportado por Rodrigues Sampaio, Barros e Sá e Hintze Ribeiro, aparecendo por debaixo o rei D. Luis.
Hoje, os tempos são outros.
Mas as personagens políticas se diferem nos aspectos da indumentária e outros afins, equivalem-se nos modos políticos aos do tempo em que os Regeneradores e Progressistas dividiam o Poder, alternando-se.
As de hoje, são, também, levadas para o Parlamento aos "ombros" dos que os acolitam e, até, do próprio povo que se alegra - e cai de joelhos imitando o que se passa na gravura - quando o seu Partido ganha as eleições, como se fossem organizações desportivas a que nunca se viram as costas, e não facções voláteis ao sabor de interesses em que os do País, são supletivos, tantas vezes!
Os novos "Boi Ápis" - conforme os designou Bordalo Pinheiro no séc. XIX - estão a perfilar-se para entrar para gáudio de quem os vai eleger, quer seja para S. Bento ou Belém.
E, neste aspecto, a velha gravura de "O António Maria" continua a fazer sentido, porque há apontamentos gráficos, ou não, que são intemporais.
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