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domingo, 3 de agosto de 2014

A "Fonte Castália"



Delfos 
(ruínas de um edifício circular do séc. IV a. C.)
in, "Lugares Lendários" edição da Verbo


"Enquanto o poço não seca, não sabemos dar valor à água."
(Thomas Fuller)

Citando um aforismo popular ele diz-nos que a água é a "fonte da vida" e sobre a riqueza da qual, verdadeiramente, só depois do poço secar é que lhe sabemos dar o valor, seja para nos dessedentar, como para as regas agrícolas ou para as lavagens comuns das coisas e do corpo.

Na Grécia Central. há cerca de 2.500 anos a.C. peregrinos de toda a parte da Pátria grega dirigiam-se ao local "sagrado" de Delfos, não só para consulta do "Óráculo", como, também, para se purificarem nas águas da "fonte Castália" que corria por debaixo do "santuário" dedicado à veneração de Gé, a deusa da Terra que tinha ali o seu oráculo.

O ritual impunha que os visitantes de Delfos, antes de interrogarem o oráculo se purificassem nas águas daquela fonte, que Ovídeo tornou famosas ao escrever nos "AMORES": Queira Apolo de ouro conceder-me taças cheias de água de Castália.

Dos bens maiores - senão o maior - que a Natureza deu ao homem, bem merecia deste um outro tratamento e das autoridades mais respeito pelo que ela representa e, antes de ser transformada numa fonte de lucro, que nalguns casos raia a ganância de riqueza rápida com um bem que a Naureza dá de graça - embora necessite de cuidados bacteriológicos - ela é o elemento ao redor do qual gira a vida do homem.

Conta um relato bíblico, que estando o rei David cercado pelas hostes dos filisteus, teve este desabafo: "Quem me dera beber da água do poço de Belém, que está junto à porta" (1 Cr 11,17). 

E a nós, que vivemos na cidade, mas viemos de lugarejos escondidos nas montanhas perdidas, quantas vezes nos lembramos da água de velha fonte da aldeia, imitando hoje, o velho desejo do rei de Israel.


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