Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cândido Guerreiro (1872-1953)


Cândido Guerreiro (Francisco Xavier) é natural de Alte.
Frequentou a Universidade de Coimbra onde se formou em Direito em 1907, tendo dado à estampa antes da conclusão do curso académico alguns dos seus livros, mercê dos quais, se distinguiu no meio dos seus pares e dos seus leitores.
Foi um exímio cultivador do soneto que lapidou até ao extremo da sua veia poética, emprestando a muitos deles a paisagem da terra algarvia que lhe serviu de inspiração, bem como o do amor pátrio.
Exerceu o notariado em Loulé e em Faro no período que mediou entre 1923 e 1941.
Tem uma vasta obra poética, iniciada com o livro "Rosas Desfolhadas (1895) a que se seguiram: "Pétalas" (1897); "Avé Maria" (1900); "Sonetos" (1904); "Balada" (1907); "Eros" (1907); "Glicínias" (1925); "Promontório Sacro" (1929; "Rainha Santa" (1934); "Auto das Rosas de Santa Maria" (1940); "Às Tuas Mãos Misericordiosas" (1943); "Sulamítis"(1945); "Avante e Santiago" (1950).
Pela data da publicação dos seus livros podemos concluir que Cândido Guerreiro encheu a vida de poesia até quase ao fim da vida, o que atesta de quanto valiosa lhe foi a veia artística que teve no "Auto das Rosas De Santa Maria" uma das suas maiores expressões.
Exímio sonetista, a sua arte poética atinge um dos muitos cumes que o distinguem, no soneto: INTANGÌVEL, onde se adivinha em cada verso a música de uma sobrenaturalidade procurada em Nossa Senhora, e que ele exprimiu deste modo:
 
No vôo em que me elevo a procurar-te,
Mergulho no Infinito, e até parece
Que um murmúrio de cântico e de prece
Me embala a vai comigo em toda a parte...
 
E toda a sombra má desaparece,
E toda a luz é para iluminar-te,
A música de Deus para cantar-te,
Por ti se enflora a terra e o sol aquece...
 
Por ti, que enches o mundo e não te vejo,
Onda incorpórea e hálito disperso,
Nuvem de sonho e fogo de desejo!
 
Por ti, que diluída no Universo,
És o dulçor que encontro em cada beijo,
A harmonia que busco em cada verso!...
 
in "Sonetos"
 
É patente nesta bela composição de 1904 - antes da sua formatura - o hálito disperso daquela inefável Senhora da Assunção - orago de Alte -  de que ele diz que toda a luz é para iluminar-te  e que representou em Cândido Guerreiro não só a harmonia que ele pôs em cada verso como o mistério do mundo estar cheio da sua Presença, que o Poeta exalta de um modo que torna este soneto um dos mais belos dirigidos à Mãe de Deus na língua portuguesa.
Alte não esqueceu este ilustre filho.
Erigiu-lhe no jardim da Fonte Pequena o monumento que acima se reproduz em homenagem ao Poeta que na primeira estrofe de um outro soneto, retrata assim a sua terra:

Porque nasci ao pé de quatro montes
Por onde as águas passam a cantar
As canções dos moinhos e das fontes
Ensinaram-me as águas a falar.
 
......................................................................

Sem comentários:

Enviar um comentário