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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Lutar pela felicidade: um dever!



Foto de um diaporama da qual desconheço o autor
e a quem agradeço a benevolência de alguma ilicitude cometida
 
 
Num hipotético diálogo com Deus o homem debruçado sobre si mesmo escreveu no pó do chão o seu pedido de felicidade e não ficou sem resposta.
Deus disse: Não.
E acrescentou: A felicidade não depende de mim. Está em ti mesmo, no modo como te comportas com as coisas do mundo e com ages perante os teus iguais. De mim - concluiu Deus - dependem, apenas, as bênçãos.
Eis um diálogo impossível na esfera do real, como se deixa ver, mas que tem em si mesmo a lógica da realidade espiritual que deve comandar a acção do homem enquanto agente da vida que lhe cumpre viver na procura da felicidade, muito ao jeito do que nos propõe numa quadra intencional o filósofo Nietzsche e que ele intitulou: A Minha Felicidade.
 
Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois de um vento me ter feito frente
Navego com todos os ventos.
 
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

 
 
 
Deus deu-nos a maior das felicidades: a vida.
Assunto d'Ele.
Vivê-la, na procura de sermos ditosos ou, até, bem-aventurados é assunto nosso.
Temos assim, que Deus espera que o homem - a obra-prima da sua Criação - lute por ser feliz, fazendo da vida recebida  o modo de ganhar a sua bênção cumprindo-lhe porfiar na busca da felicidade que há-de encontrar num dia qualquer, bastando para tanto estar atento ao vento favorável - ou não - e do qual o velho filósofo Epicteto (1) nos fala deste modo:
 
Quando pretendemos embarcar, desejamos um bom vento para seguirmos o nosso caminho; esperando o dia da partida, vamos com frequência verificar que vento sopra, e, se nos é contrário, exclamamos: sempre vento norte! Quando soprará o vento do poente? Meu amigo, soprará quando lhe aprouver, ou melhor, quando aprouver a Quem manda em todas as coisas. Serás, por acaso, dispensador dos ventos, como Éolo? Façamos sempre o que de nós depende, e valhamo-nos do resto, tal qual se nos apresenta e sucede.
 
A felicidade está, assim, dependente daquilo que nos compete fazer e sujeita, apenas, de nós mesmos que, de modo algum, podemos deixar perder para sermos felizes - como Deus quer -  a fidelidade, o pudor e a modéstia, não nos deixando vencer por um qualquer vento norte, quando é necessário seguir o vento do espírito que fez de nós criaturas semelhantes a Deus, e com Ele - porque não nos compete mandar nos ventos - ir ao encontro de todos os ventos, sem esperar o mais favorável e, depois,  valhamo-nos do resto, tal qual se nos apresenta e sucede, na certeza que depois de termos vencido um qualquer vento menos amistoso, com a ajuda de Deus somos capazes de navegar com todos os ventos, como nos diz Nietzche.
A felicidade é, assim, uma conquista do homem, começando sempre por ter em Deus o vento que ele nos destina, nem sempre o mais propício - que é um desígnio que nos cumpre procurar -  tendo-se em conta que não recebemos a vida sem dor.
Não vale pois pedir a Deus a felicidade se nada fazemos para a encontrar.
Que nos sirva de lição o lamento das angústias internas de Job (30,15): Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha honra e como nuvem passou a minha felicidade.
 
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(1) - Epiteto ou Epicteto -  (Hierápolis, 55 - Nicópolis, 135) foi um filósofo grego estóico que viveu a maior parte de sua vida em Roma, como escravo a serviço de Epafrodito, o cruel secretário de Nero.
(in, Wikipédia)


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