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domingo, 25 de agosto de 2013

António Feijó (1862-1917)


 
 
António Joaquim de Castro Feijó nasceu em Ponte de Lima e faleceu na Suécia no exercício das suas funções diplomáticas.
Oriundo de uma antiga e ilustre família do MInho, cujo vínculo remonta ao início da nacionalidade com o casamento de Gil Pires Feijó com uma filha de Soeiro Viegas Coelho, bisneto de D. Egas Moniz, pode-se afirmar que na segunda metade do século XIX, após o desenrolar de muitas linhagens, António Feijó representou a geração que nele despontou o Poeta e o diplomata.
Estudou em Braga, onde fez os preparativos que antecederam a sua entrada na Universidade de Coimbra, em 1877, onde, segundo se diz, intercalava nas páginas das sebentas o saber dos mestres e o despontar das suas poesias, que cedo o tornaram acarinhado pela Academia.
É contemporâneo das figuras que Trindade Coelho imortalizou em "In Illo Tempore", esse relicário preciosos de uma certa boémia coimbrã que fez época e marcou um estilo.
António Feijó publicou o seu primeiro trabalho literário "Sacerdos Magnus" em 1881, aquando da exaltação do centenário de Camões, seguindo-se-lhe: "Transfigurações" (1882); "Líricas e Bucólicas" (1884); "A Janela do Ocidente" (1885); Cancioneiro Chinês" (1890); "Ilha dos Amores" (1897); "Bailatas" (1907) como pseudónimo: Inácio de Abreu e LIma; "Sol de Inverno" (1922); "Novas Bailatas" (1926) sendo estes dois últimos livros póstumos.
De carácter epigráfico em as "Transfigurações" o Poeta transfigurou-se nas "Líricas e Bucólicas" tocado por um lirismo romântico contra ao paladinos de um acerta intervenção de ordem social.
Na "Janela do Ocidente" são evidentes as suas dúvidas, próprias de quem segue a apalpar o caminho, onde parece ter feito uma paragem para meditar, de que resultou uma espera de cinco anos para a publicação de um outro livro.
Aconteceu ao Poeta o que é normal em espíritos que procuram a perfeição, de que o "Cancioneiro Chinês" com as adaptações que fez de poetas do século oitavo da dinastia de Tang, são exemplo.
Não deixa de ser sublime na "Ilha dos Amores" onde reúne em grande número, ardentes composições que revelam em toda a extensão uma saudade de Portugal, como resultado da sua permanência em Estocolmo, no exercício da sua carreira diplomática iniciada no Brasil, no Rio Grande do Sul, em 1886.
Na Suécia fixara-se como ministro  plenipotenciário, onde casou em 1900 com uma natural, cuja beleza e virtudes sociais eram atributos de tal modo notados que a sua morte em 1915, viria a influenciar a obra do Poeta publicada após a morte da esposa, a ponto de Alberto de Oliveira ter dito com a morte de António Feijó, dois anos após, "o que morreu de amores".
Dez anos depois, o governo sueco enviou num barco de guerra, a Portugal, os restos mortais do Poeta e de sua amantíssima esposa. No ano de 1938 a Câmara Municipal de Ponte de LIma erigiu um monumento em memória do filho ilustre.
A poesia de António Feijó que os estudiosos situam no Parnasianismo é de uma grande riqueza expressiva quanto à forma e metro.
De grande esmero, a roçar a perfeição, os seus versos discorrem sem artifícios, naturalmente, melodiosamente, de que é exemplo a composição:
 
AQUELA QUE VEIO TARDE
 
Corpo de arminho, alma de arminho,
O teu perfil espiritual
Lembra uma santa iluminada em pergaminho
Num Livro de Horas medieval.
 
De rendas finas como penas
Feitas num místico tear,
As tuas mãos parecem duas açucenas
Desabrochando ao luar.
 
Branco de neve e luar coalhado
Sobre magnólias a entreabrir,
Teu lácteo seio é como um ninho imaculado
Onde os meus sonhos vão dormir.
 
..................................................................
 
Que direi eu que mais exalte
Essa figura espiritual
Ó minha santa iluminada a oiro e a esmalte
Num Livro de Horas medieval?
 
Avá-Maria! É este o grito
Em que os meus versos se condensam,
Quanto te vejo e o teu olhar, sempre bendito
Cai sobre mim como uma bênção...
 
in, "Ilha dos Amores"
 

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