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sábado, 20 de julho de 2013

Um Novo Céu de Tempestade

  


Com o rompimento, ontem, das conversações tripartidas (PS-PSD-CDS) destinadas ao estabelecimento de um programa político de "salvação nacional", toldou-se a esperança.
Adivinhava-se este novo céu de tempestade.
Julgo, até, que o Presidente da República o provocou para clarear o céu político tão necessitado de alguma luz.
Vejamos, porquê:
O PS sonha, simplesmente, com um céu azul de novas eleições, convencido que os portugueses vão atrás das suas catalinárias de mais e melhor economia, que leve Portugal a crescer, num tempo em que, a nível da Europa a recessão espreita nos Países mais prósperos - como a França, tão endeusada  por alguns préceres do Partido, no senhor Hollande, que prometeu, como cá, "mundos e fundos" e, depois... é o que se viu - tal como tem acontecido por cá da esquerda à direita.
António José Seguro obedeceu aos velhos mandantes de um Partido que perdeu uma oportunidade de se afirmar como um confiável futuro governante, se tivesse aprendido a viver sem o seu "esquerdismo" arcaico, que hoje cheira a bafio.
O PSD e o CDS, perderam ambos, com especial enfoque neste último,  que apenas cuidou em "salvar a face", mandando "às malvas" a honra e o dever de servir o País, passando por cima do desvarios infantis de Paulo Portas.
Falta, aqui, um pouco da honra e da moral de Deus - que não sendo de ordem politica não dispensa que ela seja enformada por aqueles valores -  porque os homens que hodiernamente têm governado Portugal ou são agnósticos, ou indiferentes ou, por omissão, se têm esquecido dos velhos Catecismos onde estas qualidades deviam ir beber e, parece, que não vão... ou, se o fazem, ninguém dá por nada.
Vale a pena, a propósito, lembrar um célebre discurso de António Cândido (1) proferido no Ateneu Comercial do Porto em 29 de Agosto de 1887, tendo como tema: "A Moral Política" que os nossos políticos deviam ler para seu ensino.
Num dado ponto o orador disse:

A política económica foi uma das mais belas inspirações do nosso tempo. Meter todos os interesses da grande multidão numa fórmula constituída, em partes iguais, de justiça e de sentimento, é um ideal soberbo! Mas as grandes ideias precisam de grandes homens; e, em vez disso, é a política de negócios, sem intenção e sem alcance, a que está de cima neste momento! A finança egoísta, exploradora, insaciável, triunfa em toda a linha. Na tribuna não ressoam já as grandes palavras que apaixonaram e comoveram a geração que nos precedeu; as vozes que mais valem são as que retinem, como metais, no cálculo de operações fabulosas... A França esperava ainda há pouco, ansiosamente, o anunciado discurso do seu primeiro-ministro. Disse muitas coisas úteis... Mas procura-se em vão, naquela multidão de palavras, um pensamento, uma frase que tenha podido consolar a velha alma gaulesa, tão generosamente idealista! (...)

Estas antigas palavras valem para hoje.
As grandes ideias precisam de grandes homens.
Nada mais certo, neste tempo em que esta casta de homens parece ter desaparecido do panorama político português, onde a "moral política" abrangente a pensar em Portugal deixou de existir, deixando a descoberto - a política de negócios, sem intenção e sem alcance, a que está de cima neste momento - como disse António Cândido.
Temos, assim, de vencer, uma vez mais este novo céu de uma tempestade que os mais experientes, se fossem homens de Estado - alguns deles, pertencentes ao Órgão oficial que dá pelo nome pomposo de "Conselho de Estado" - deveriam acalmar e não acicatar.
A História - que os nossos filhos e netos hão-de escrever, depois de terem pago as asneiras deste tempo, causadas por eles - se encarregará de os esquecer.


 (1) António Cândido Ribeiro da Costa nasceu a 30 de março de 1852 e morreu a 9 de novembro de 1922. Foi considerado o maior orador do seu tempo, para o que certamente terá contribuído a sua formação eclesiástica.O seu papel na cena pública do tempo foi diversificado. Como pensador político, assumiu-se como um conservador, descrendo das teorias do chamado socialismo utópico, avançadas por filósofos do social como Proudhon, e também do positivismo de Auguste Comte. Chamou a atenção para o perigo representado, para as nações sul-ocidentais da Europa, pelas ambições imperialistas da Alemanha e da Rússia. Por outro lado, defendeu a descentralização administrativa e um parlamentarismo de representação proporcional que não excluísse dos quadros da ação política as minorias. (in Infopédia)

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