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terça-feira, 16 de julho de 2013

Um Partido Bicéfalo?

Gravura publicada pelo jornal "O António Maria"
 
O "Zé Povinho" alinhado com o PS ouve o Partido voltado para a direita e para a esquerda e não sabe, ao certo, de que lado o deve ouvir... 
 
A comissão política do Bloco de Esquerda (BE) propôs ao PS conversações com vista à construção de um programa de Governo de esquerda, afirmando: "Propomos que estas conversações se façam sem qualquer condição prévia e no mais curto espaço de tempo".
Em comunicado, o PS respondeu, marcando para hoje uma reunião com uma delegação bloquista, no Largo do Rato, às 19h00.
Ao mesmo tempo o PS anda envolvido em conversações com o PSD e o CDS, em resposta ao repto do Presidente da República...
É a bicefalia  - ou, melhor dizendo, um ensaio de tricefalia - política no seu melhor!
Como se esta anomalia não chegasse no dia 18 de Julho p.f. o PS vai aliar-se ao BE e ao PCP votando a favor da Moção de Censura que o Partido dos Verdes vai defender no Parlamento, o que nos diz bem - pelo menos, mais que o suficiente - para se aquilatar da pouca vergonha que se apoderou do Partido Socialista e do seu acossado líder, António José Seguro - de tal modo inseguro - que ataca em três frentes para ver onda há-de cair.
É um desaforo e uma falta de moral política.
Neste caso o PS imita perfeitamente os Partidos do tempo da Monarquia Constitucional em que a falta de respeito - a começar por eles mesmos, apresenta no tempo que passa, uma imagem do desnorte de então e que hoje, semelhante e infelizmente - atacou o PS, que devia ser mais coerente com o seu passado recente, onde o vimos responsável e com sentido de Estado.
Hoje, não.
É um Partido que age, efectivamente, partido e repartido aos bocados... o que é uma tristeza para a Democracia que bem merecia outro culto da inteireza de responsabilidades, quando devia olhar o horizonte toldado de nuvens negras, onde aparece, um novo Adamastor de disforme e grandíssima estatura, quando temos para o enfrentar tão maus marinheiros... a cometer tantos erros e a quem endereço o belo poema de Sophia: "Erros" publicado em "O Nome das Coisas".

A confusão a fraude os erros cometidos 
A transparência perdida — o grito
Que não conseguiu atravessar o opaco
O limiar e o linear perdidos.


Deverá tudo passar a ser passado
Como projecto falhado e abandonado
Como papel que se atira ao cesto
Como abismo fracasso não esperança
Ou poderemos enfrentar e superar
Recomeçar a partir da página em branco
Como escrita de poema obstinado?
 
Manda o bom senso que o PS venha a recomeçar em cima de uma página em branco e, depois, com nova postura, mareando uma nau diferente, enfrentar o Adamastor e ajudar a passar o Cabo das Tormentas e, sobretudo, pensar por uma só cabeça, porque ser bicéfalo é ter em si mesmo o porte do tenebroso Adamastor... não o sendo!



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