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sábado, 13 de julho de 2013

Pressão inadmissível

 
Foto da edição do Jornal "Expresso" de 14 de Julho de 2013
  

A ser verdade - e nada nos diz que o não seja - a pressão de Passos Coelho sobre o Presidente da República é uma anormalidade que faz parte do rol imenso das diatribes políticas a que, infelizmente, temos assistido, atónitos, como se vivêssemos no melhor dos mundos e não tivéssemos que fazer estancar de uma vez por todas a verborreia oca dos maus líderes partidários que temos.
- PSD e CDS negoceiam mas ameaçam com os mercados.
Por causa das suas tricas os juros da dívida dispararam e já estão nos 8%, mas agora, o PM não se coíbe de fazer pressão sobre o Presidente da República, o que é inadmissível.
- Cavaco Silva otimista quer acordo numa semana e mantém a ideia de "facilitador" independente.
Bem se sabe que num momento destes só pode haver uma atitude do Presidente: optimismo contra a barbárie insensata que tomou de assalto há muitos meses os Partidos da coligação e o Partido que conta da oposição. O Presidente dá uma semana. É tempo demais para quem nos fez perder tanto tempo. O acordo - para castigo deles - devia ser para amanhã... ainda que não dormissem os que têm tirado o sono aos portugueses que votaram neles. A ideia do "facilitador" independente que o Presidente mantém na mira devia ser ele mesmo, para manter em ordem os que tanta desordem criaram.
- Seguro não abdica de eleições antecipadas em Junho de 2014.
Seguro não tem dito outra coisa desde a publicação do primeiro anúncio que colocou o PS à frente na sondagem popular - embora sem ter uma maioria segura - agindo com uma gritante falta de respeito democrático por quem assumiu o poder para o exercer durante uma legislatura. Bem sabemos que tem sido "empurrado" pela ala esquerdista e mais radical do PS, esquecida do desastre que foi a governação dos seis anos de José Sócrates, mas isso não abona para a sua imagem política que devia ser mais responsável.
- Governo ainda acredita que a remodelação vai passar em Belém.
Cada um acredita naquilo que quiser, mas a remodelação não foi aceite não merece passar. Neste momento impõe-se um governo alargado de "salvação nacional" ou, em contrapartida, um "compromisso" de governação entre as forças partidárias que assinaram o "Acordo de Cooperação" , sobretudo, chamar à colação quem o pediu e o assinou em primeiro lugar: o Partido Socialista, que bem cedo alijou a sua responsabilidade, lançando a semente da discórdia ao arvorar o seu fanatismo político de "eleições, já!"
Manda a verdade dizer - como refere o soneto de Francisco Joaquim Bingre (1)  que de nada resulta querer amarrar a discórdia quando ela - tendo feito o mal - tem mil artes para se desligar do mal feito.

 
Pouco importa amarrar com mão valente
A Discórdia infernal, com cem cadeias,
Que ela tem subtilezas, tem ideias
De saber desligar-se facilmente. 

 
De que serve lançar limpa semente
Em chão infecto, de zizânias feias,
De ervilhacas, lericas, joio, aveias,
Sem os campos limpar primeiramente?

 
Ninguém, té gora, à ligadura górdia
O nó soube desdar, que o vil Egoísmo
Empata as vazas à geral Concórdia.

 
Não se pode extinguir o Despotismo,
Nem acabar c'o império da Discórdia,
Sem cortar a raiz do Fanatismo. 
 
 
 (
1) Poeta arcádico e pré-romântico português (1763-1856). Famoso em vida na sociedade literária do seu tempo, veio a ser quase olvidado nos séculos seguintes.

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