Só aparentemente é que vou só na solidão do caminho
Conta-se
que em certo dia do início da Primavera alguém andava entre as árvores de um
bosque quando se sentiu maravilhado com o renascer da Natureza. Foi
então que olhando a folhagem que ia cobrindo o arvoredo num arrebatamento
místico pediu a Deus:
- Senhor, fala comigo! E
de imediato um passarinho cantou!
Percebeu,
então, que fora ouvido e Deus lhe respondera, pelo que, com toda a humildade reconheceu que estar atento aos sinais de Deus é a divisa do cristão. Assim
o sentiu aquele caminhante ao ouvi-l’O no gorjeio daquele passarinho e de imediato lhe veio à lembrança o passo bíblico do bem conhecido pedido de Samuel:
Fala, Senhor, que o Teu servo escuta. (I
Sam 3, 10)
Vou,
também - falando de mim mesmo - como a personagem da pequena história entre "árvores",
num “bosque especial” que é a vida.
É o “bosque humano” onde tenho procurado ser - vaidade minha! - alguém metido conscientemente no grande Mistério e que me leva a pedir:
Senhor,
não estamos na Primavera, mas se quiseres responde-me pelo “passarinho” que
quiseres, já que na “Obra da Vida” que me deste também há “passarinhos” que são
Teus filhos e merecem ser chamados de meus irmãos. É
a recomendação que temos de Ti, e não podemos fugir a ela.
É a Tua Palavra!
Fala, Senhor, que o Teu servo escuta.
Que
a “Obra da Vida” me alerte para sentir
nela um dos muitos dos Teus sinais - ainda que seja no meu silêncio - pois, quantas
vezes, tem acontecido, ter sido no silêncio mais fundo que tenho encontrado
caminhos.
Fala, Senhor, que o Teu servo escuta
Estou
aqui, Senhor.
Estou aqui, neste
grande teatro do mundo, em cena contigo, sem ponto, mas tentando não me enganar
no texto que me cumpre dizer em Teu Nome,
na certeza que antes de partir para o mundo, tenho de o reflectir de ponta a ponta no meu silêncio.
É,
pois, neste estado de entrega consciente que Te venho pedir, me respondas
quando Te aprouver – e como já disse - pelo “passarinho” que quiseres, ainda
que seja o mais insignificante da “floresta humana” por onde caminho.
Espero
o sinal.
Amanhã
é um novo dia e o teu pobre “Samuel” vai erguer-se para Ti com toda a entrega
na presunção - e não estultícia - que
ainda tens algo a pedir-me dentro do que posso e sei fazer e porque sei, não me
pedes algo superior às minhas forças, peço-Te humildemente:
Fala, Senhor, que o Teu servo escuta.
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