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sexta-feira, 12 de julho de 2013

E se fosse possível fugir com "A SITUAÇÃO?"

 
Gravura publicada no Jornal "O António Maria" de 5 de Março de 1891
 
 
Cansado de aturar os políticos do tempo, mestre Bordalo ilustrou o "Zé Povinho" depois de se ter apropriado do cavalo de " A SITUAÇÃO" e cujo nome está desenhado às claras na garupa - a desatar a fugir com o tesouro da montada - enquanto os situacionistas necessitados daquilo que se escapava com o "Zé" firmemente escarranchado e preso ao pescoço do cavalo a gritar: "não fujas, pois precisamos de "A SITUAÇÃO",  ou seja, com medo de perder as prebendas que se iam nas patas do cavalo quer o "Zé" lançava em louca correria.
 
Nota: Interpretação livre do célebre desenho caricatural
 
 
Hoje, como então - se fosse possível - apetecia que nos apropriássemos  do cavalo de "A SITUAÇÃO" e fugir com ele, não para que nos servíssemos do que ele nos podia dar - de graça - mas, apenas, para criar calafrios e "dores de cabeça" a uma certa gente que continua andar por aí a viver à tripa-forra, sem cuidar que um naco de pão a mais na sua mesa é, naturalmente, um naco de pão a menos na mesa do pobre.
De certeza que haveria quem imitasse os antigos situacionistas do século XIX e dissesse a plenos pulmões: "não nos leves "A SITUAÇÃO"  porque nos faz falta e não sabemos viver sem os lucros que ela nos dá.
Mudaram-se os tempos, mas neste ponto, não se mudaram estas vontades, porque é aos próceres de "A SITUAÇÃO" que se atira com todo o acerto a atinada pergunta de António Aleixo:
 
Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê em seu proveito?
 

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