Gravura publicada pelo Jornal "Bip-Bip" de Setembro de 1961
Era um vez...
Isto aconteceu num dado tempo.
Havia um burro que se julgava mais esperto que os cavalos reluzentes do Estado, cheio das suas farroncas e das suas artes de maldizer tudo o que os outros faziam, fossem cavalos ou burros como ele.
Havia um burro que se julgava mais esperto que os cavalos reluzentes do Estado, cheio das suas farroncas e das suas artes de maldizer tudo o que os outros faziam, fossem cavalos ou burros como ele.
Até que um dia, o dono dos cavalos do Estado entendeu que para bem da sociedade estes deviam falar com o burro no desejo de acabar de vez com a sua má língua, mas não houve diálogo possível... ao que parece, porque a linguagem dos cavalos não entendiam a do burro, que teimava, por demais, na sua linguagem de estrebaria imunda.
O resultado foi previsível
Não houve maneira de se entenderem, o que levou o dono dos cavalos a esquecer o burro, enquanto este, num tempo subsequente, vendo passar adiante os cavalos, como a gravura sugere - em louca correria - ainda cheio da vaidade antiga, mas algo arrependido, deu em perguntar a si mesmo:
- Então eu, um burro vaidoso e sempre bem posto, para que sirvo?
Um dos cavalos, o mais engalanado, respondeu-lhe:
- Naturalmente, serves para dar atenção aos burros mais velhos, algo que fica muito bem a um burro mais novo, como tu... porque apesar de seres burro não deixas de ser bem educado. Reconheço isso.
E riu-se dele...
Isto, como é evidente, aconteceu nos tempos em que os animais falavam...
Um dos cavalos, o mais engalanado, respondeu-lhe:
- Naturalmente, serves para dar atenção aos burros mais velhos, algo que fica muito bem a um burro mais novo, como tu... porque apesar de seres burro não deixas de ser bem educado. Reconheço isso.
E riu-se dele...
Isto, como é evidente, aconteceu nos tempos em que os animais falavam...