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quinta-feira, 25 de julho de 2013

E eu para que sirvo?

 
Gravura publicada pelo Jornal "Bip-Bip" de Setembro de 1961
 
 
Era um vez...
Isto aconteceu num dado tempo.
Havia um burro que se julgava mais esperto que os cavalos reluzentes do Estado, cheio das suas farroncas e das suas artes de maldizer tudo o que os outros faziam, fossem cavalos ou burros como ele.
Até que um dia, o dono dos cavalos do Estado entendeu que  para bem da sociedade estes deviam falar com o burro no desejo de acabar de vez com a sua má língua, mas não houve diálogo possível... ao que parece, porque a linguagem dos cavalos não entendiam a do burro, que teimava, por demais, na sua linguagem de estrebaria imunda.
O resultado foi previsível
Não houve maneira de se entenderem, o que levou o dono dos cavalos a esquecer o burro, enquanto este, num tempo subsequente, vendo passar adiante os cavalos, como a gravura sugere - em louca correria -  ainda cheio da vaidade antiga, mas algo arrependido, deu em perguntar a si mesmo:
- Então eu, um burro vaidoso e sempre bem posto, para que sirvo?
Um dos cavalos, o mais engalanado, respondeu-lhe:
 - Naturalmente, serves para dar atenção aos burros mais velhos, algo que fica muito bem a um burro mais novo, como tu... porque apesar de seres burro não deixas de ser bem educado. Reconheço isso.
E riu-se dele...
Isto, como é evidente, aconteceu nos tempos em que os animais falavam...

  

domingo, 21 de julho de 2013

Nenhum merece o pedestal


 
Gravura publicada pelo jornal "Comédia Portuguesa" de 5 de Maio de 1902
 
 
Na época, ar desconfiado do "Zé Povinho" diz muito do que lhe ia na alma ao olhar a estátua e os figurantes, pondo dúvidas ao olhar o pedestal e o ar de importância um político que por "artes e manhas" conseguira subir os degraus da fama até ser entronizado como a monumento alegórico deixava ver, se ele merecia tal honra.
De mãos atrás as costas, o "Zé" fazia perguntas a si mesmo sobre a mais valia daquela personagem, enquanto olhava outras no pedestal do monumento - e segundo o seu alto critério - julgava ver ali, quem merecesse mais a honra de ter subido tão alto.
 
 
Se fizermos a comparação com o tempo de agora constatamos uma enorme diferença: se naquele tempo o "Zé Povinho" ainda podia escolher a personagem que mais merecia a honra de ser apresentado ao povo no alto  do pedestal, hoje não temos personagens políticas dessas, dada a mediocridade reinante entre velhos e novos.
Nenhum merece estar no pedestal e, muito menos, a honra de ser apresentado como exemplo.
Senão, vejamos, os meus motivos:
Mário Soares (ex-Primeiro Ministro e Presidente da República) porque teve o mesmo problema de endividamento externo e, agora, pressionou António José Seguro para não assinar o "acordo de salvação nacional", indo ao ponto - inconcebível - de o ameaçar com uma "cisão" no PS.
Jorge Sampaio (ex-Presidente da República) porque demitiu o governo maioritário de Santana Lopes - quando percebeu que as sondagens davam maioria a um governo do seu Partido, o PS, e desse modo se tornou o responsável pelo desgoverno de seis anos de José Sócrates e, que agora, também queria derrubado o governo maioritário de Passos Coelho.
O actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que deveria ter agido - e não agiu -  no tempo oportuno contra o governo de José Sócrates e, que, na tomada de posse do actual governo devia ter imposto como condição o diálogo com o PS.
O actual Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, por ter descurado de todo o entendimento com o PS, que deveria - por ter assinado o acordo com a "troika" - ter sido chamado a abalizar as suas responsabilidades políticas.
O actual Ministro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas pelo acto leviano de ter pedido uma demissão "irrevogável" que ele mesmo veio a revogar...
Doutros, como Manuel Alegre - que pena meu caro Poeta - não merece a pena falar, porque ele disse tudo na quadra intitulada "Portugal" onde, às escâncaras, o seu pensamento de Pátria é o de uma nau aos ventos errantes e não o de uma nau com porto de partida e de chegada, como é Portugal, tão necessitado de se reencontrar - não no verbo "achar" mas no verbo "estar" -  porque estamos aqui e é daqui que temos de dizer ao Mundo que já chegamos aqui há muito tempo...

O teu destino é nunca haver chegada
O teu destino é outra índia e outro mar

E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar
(in, "Chegar Aqui")
 
E mais não digo.


sábado, 20 de julho de 2013

Um Novo Céu de Tempestade

  


Com o rompimento, ontem, das conversações tripartidas (PS-PSD-CDS) destinadas ao estabelecimento de um programa político de "salvação nacional", toldou-se a esperança.
Adivinhava-se este novo céu de tempestade.
Julgo, até, que o Presidente da República o provocou para clarear o céu político tão necessitado de alguma luz.
Vejamos, porquê:
O PS sonha, simplesmente, com um céu azul de novas eleições, convencido que os portugueses vão atrás das suas catalinárias de mais e melhor economia, que leve Portugal a crescer, num tempo em que, a nível da Europa a recessão espreita nos Países mais prósperos - como a França, tão endeusada  por alguns préceres do Partido, no senhor Hollande, que prometeu, como cá, "mundos e fundos" e, depois... é o que se viu - tal como tem acontecido por cá da esquerda à direita.
António José Seguro obedeceu aos velhos mandantes de um Partido que perdeu uma oportunidade de se afirmar como um confiável futuro governante, se tivesse aprendido a viver sem o seu "esquerdismo" arcaico, que hoje cheira a bafio.
O PSD e o CDS, perderam ambos, com especial enfoque neste último,  que apenas cuidou em "salvar a face", mandando "às malvas" a honra e o dever de servir o País, passando por cima do desvarios infantis de Paulo Portas.
Falta, aqui, um pouco da honra e da moral de Deus - que não sendo de ordem politica não dispensa que ela seja enformada por aqueles valores -  porque os homens que hodiernamente têm governado Portugal ou são agnósticos, ou indiferentes ou, por omissão, se têm esquecido dos velhos Catecismos onde estas qualidades deviam ir beber e, parece, que não vão... ou, se o fazem, ninguém dá por nada.
Vale a pena, a propósito, lembrar um célebre discurso de António Cândido (1) proferido no Ateneu Comercial do Porto em 29 de Agosto de 1887, tendo como tema: "A Moral Política" que os nossos políticos deviam ler para seu ensino.
Num dado ponto o orador disse:

A política económica foi uma das mais belas inspirações do nosso tempo. Meter todos os interesses da grande multidão numa fórmula constituída, em partes iguais, de justiça e de sentimento, é um ideal soberbo! Mas as grandes ideias precisam de grandes homens; e, em vez disso, é a política de negócios, sem intenção e sem alcance, a que está de cima neste momento! A finança egoísta, exploradora, insaciável, triunfa em toda a linha. Na tribuna não ressoam já as grandes palavras que apaixonaram e comoveram a geração que nos precedeu; as vozes que mais valem são as que retinem, como metais, no cálculo de operações fabulosas... A França esperava ainda há pouco, ansiosamente, o anunciado discurso do seu primeiro-ministro. Disse muitas coisas úteis... Mas procura-se em vão, naquela multidão de palavras, um pensamento, uma frase que tenha podido consolar a velha alma gaulesa, tão generosamente idealista! (...)

Estas antigas palavras valem para hoje.
As grandes ideias precisam de grandes homens.
Nada mais certo, neste tempo em que esta casta de homens parece ter desaparecido do panorama político português, onde a "moral política" abrangente a pensar em Portugal deixou de existir, deixando a descoberto - a política de negócios, sem intenção e sem alcance, a que está de cima neste momento - como disse António Cândido.
Temos, assim, de vencer, uma vez mais este novo céu de uma tempestade que os mais experientes, se fossem homens de Estado - alguns deles, pertencentes ao Órgão oficial que dá pelo nome pomposo de "Conselho de Estado" - deveriam acalmar e não acicatar.
A História - que os nossos filhos e netos hão-de escrever, depois de terem pago as asneiras deste tempo, causadas por eles - se encarregará de os esquecer.


 (1) António Cândido Ribeiro da Costa nasceu a 30 de março de 1852 e morreu a 9 de novembro de 1922. Foi considerado o maior orador do seu tempo, para o que certamente terá contribuído a sua formação eclesiástica.O seu papel na cena pública do tempo foi diversificado. Como pensador político, assumiu-se como um conservador, descrendo das teorias do chamado socialismo utópico, avançadas por filósofos do social como Proudhon, e também do positivismo de Auguste Comte. Chamou a atenção para o perigo representado, para as nações sul-ocidentais da Europa, pelas ambições imperialistas da Alemanha e da Rússia. Por outro lado, defendeu a descentralização administrativa e um parlamentarismo de representação proporcional que não excluísse dos quadros da ação política as minorias. (in Infopédia)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Um Partido Bicéfalo?

Gravura publicada pelo jornal "O António Maria"
 
O "Zé Povinho" alinhado com o PS ouve o Partido voltado para a direita e para a esquerda e não sabe, ao certo, de que lado o deve ouvir... 
 
A comissão política do Bloco de Esquerda (BE) propôs ao PS conversações com vista à construção de um programa de Governo de esquerda, afirmando: "Propomos que estas conversações se façam sem qualquer condição prévia e no mais curto espaço de tempo".
Em comunicado, o PS respondeu, marcando para hoje uma reunião com uma delegação bloquista, no Largo do Rato, às 19h00.
Ao mesmo tempo o PS anda envolvido em conversações com o PSD e o CDS, em resposta ao repto do Presidente da República...
É a bicefalia  - ou, melhor dizendo, um ensaio de tricefalia - política no seu melhor!
Como se esta anomalia não chegasse no dia 18 de Julho p.f. o PS vai aliar-se ao BE e ao PCP votando a favor da Moção de Censura que o Partido dos Verdes vai defender no Parlamento, o que nos diz bem - pelo menos, mais que o suficiente - para se aquilatar da pouca vergonha que se apoderou do Partido Socialista e do seu acossado líder, António José Seguro - de tal modo inseguro - que ataca em três frentes para ver onda há-de cair.
É um desaforo e uma falta de moral política.
Neste caso o PS imita perfeitamente os Partidos do tempo da Monarquia Constitucional em que a falta de respeito - a começar por eles mesmos, apresenta no tempo que passa, uma imagem do desnorte de então e que hoje, semelhante e infelizmente - atacou o PS, que devia ser mais coerente com o seu passado recente, onde o vimos responsável e com sentido de Estado.
Hoje, não.
É um Partido que age, efectivamente, partido e repartido aos bocados... o que é uma tristeza para a Democracia que bem merecia outro culto da inteireza de responsabilidades, quando devia olhar o horizonte toldado de nuvens negras, onde aparece, um novo Adamastor de disforme e grandíssima estatura, quando temos para o enfrentar tão maus marinheiros... a cometer tantos erros e a quem endereço o belo poema de Sophia: "Erros" publicado em "O Nome das Coisas".

A confusão a fraude os erros cometidos 
A transparência perdida — o grito
Que não conseguiu atravessar o opaco
O limiar e o linear perdidos.


Deverá tudo passar a ser passado
Como projecto falhado e abandonado
Como papel que se atira ao cesto
Como abismo fracasso não esperança
Ou poderemos enfrentar e superar
Recomeçar a partir da página em branco
Como escrita de poema obstinado?
 
Manda o bom senso que o PS venha a recomeçar em cima de uma página em branco e, depois, com nova postura, mareando uma nau diferente, enfrentar o Adamastor e ajudar a passar o Cabo das Tormentas e, sobretudo, pensar por uma só cabeça, porque ser bicéfalo é ter em si mesmo o porte do tenebroso Adamastor... não o sendo!



domingo, 14 de julho de 2013

16º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" 21 de Julho de 2013



Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa.  Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!”  O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. (Lc 10, 38-42)
 
Senhor:
com o mesmo Coração
com que entraste naquela povoação
entraste numa das suas casas
acedendo a um convite de Marta.
e à solicitude de Maria.

Marta, fez contigo,
o que costumam fazer
as pessoas atarefadas...
mal olhou para Ti.
Maria, fez o contrário
e honrou o hóspede ilustre
que entrara em sua casa.

Marta, diz a Palavra,
meteu-se nas tarefas da casa
algo agastada com a irmã
de não ter a sua ajuda,
possivelmente.
para os trabalhos do almoço,
sem cuidar que Maria se saciava
com o alimento que recebia de Ti
cabendo-lhe a melhor parte
daquele encontro.

Senhor, ensina-me, a ter repouso
quando estás presente.
Alimenta-me com a doçura
da Tua Palavra!



sábado, 13 de julho de 2013

Fala Senhor, que o teu servo escuta





Só aparentemente é que vou só na solidão do caminho

Conta-se que em certo dia do início da Primavera alguém andava entre as árvores de um bosque quando se sentiu maravilhado com o renascer da Natureza. Foi então que olhando a folhagem que ia cobrindo o arvoredo num arrebatamento místico pediu a Deus:

- Senhor, fala comigo! E de imediato um passarinho cantou!
Percebeu, então, que fora ouvido e Deus lhe respondera, pelo que, com toda a humildade reconheceu que estar atento aos sinais de Deus é a divisa do cristão. Assim o sentiu aquele caminhante ao ouvi-l’O no gorjeio daquele passarinho e de imediato lhe veio à lembrança o passo bíblico do bem conhecido pedido de Samuel:

Fala, Senhor, que o Teu servo escuta. (I Sam 3, 10)

Vou, também - falando de mim mesmo -  como a personagem da pequena história entre "árvores", num “bosque especial” que é  a vida.
É o “bosque humano” onde tenho procurado ser - vaidade minha! - alguém metido conscientemente no grande Mistério e que me leva a pedir:
Senhor, não estamos na Primavera, mas se quiseres responde-me pelo “passarinho” que quiseres, já que na “Obra da Vida” que me deste também há “passarinhos” que são Teus filhos e merecem ser chamados de meus irmãos. É a recomendação que temos de Ti, e não podemos fugir a ela.
É a Tua Palavra!

Fala, Senhor, que o Teu servo escuta.

Que a “Obra da Vida” me  alerte para sentir nela um dos muitos dos Teus sinais - ainda que seja no meu silêncio - pois, quantas vezes, tem acontecido, ter sido no silêncio mais fundo que tenho encontrado caminhos.

Fala, Senhor, que o Teu servo escuta

Estou aqui, Senhor.  
Estou aqui, neste grande teatro do mundo, em cena contigo, sem ponto, mas tentando não me enganar no texto que me cumpre  dizer em Teu Nome, na certeza que antes de partir para o mundo, tenho de o reflectir de ponta  a ponta no meu silêncio.
É, pois, neste estado de entrega consciente que Te venho pedir, me respondas quando Te aprouver – e como já disse - pelo “passarinho” que quiseres, ainda que seja o mais insignificante da “floresta humana” por onde caminho.
Espero o sinal.
Amanhã é um novo dia e o teu pobre “Samuel” vai erguer-se para Ti com toda a entrega na presunção - e não estultícia -  que ainda tens algo a pedir-me dentro do que posso e sei fazer e porque sei, não me pedes algo superior às minhas forças, peço-Te humildemente:

Fala, Senhor, que o Teu servo escuta.

Pressão inadmissível

 
Foto da edição do Jornal "Expresso" de 14 de Julho de 2013
  

A ser verdade - e nada nos diz que o não seja - a pressão de Passos Coelho sobre o Presidente da República é uma anormalidade que faz parte do rol imenso das diatribes políticas a que, infelizmente, temos assistido, atónitos, como se vivêssemos no melhor dos mundos e não tivéssemos que fazer estancar de uma vez por todas a verborreia oca dos maus líderes partidários que temos.
- PSD e CDS negoceiam mas ameaçam com os mercados.
Por causa das suas tricas os juros da dívida dispararam e já estão nos 8%, mas agora, o PM não se coíbe de fazer pressão sobre o Presidente da República, o que é inadmissível.
- Cavaco Silva otimista quer acordo numa semana e mantém a ideia de "facilitador" independente.
Bem se sabe que num momento destes só pode haver uma atitude do Presidente: optimismo contra a barbárie insensata que tomou de assalto há muitos meses os Partidos da coligação e o Partido que conta da oposição. O Presidente dá uma semana. É tempo demais para quem nos fez perder tanto tempo. O acordo - para castigo deles - devia ser para amanhã... ainda que não dormissem os que têm tirado o sono aos portugueses que votaram neles. A ideia do "facilitador" independente que o Presidente mantém na mira devia ser ele mesmo, para manter em ordem os que tanta desordem criaram.
- Seguro não abdica de eleições antecipadas em Junho de 2014.
Seguro não tem dito outra coisa desde a publicação do primeiro anúncio que colocou o PS à frente na sondagem popular - embora sem ter uma maioria segura - agindo com uma gritante falta de respeito democrático por quem assumiu o poder para o exercer durante uma legislatura. Bem sabemos que tem sido "empurrado" pela ala esquerdista e mais radical do PS, esquecida do desastre que foi a governação dos seis anos de José Sócrates, mas isso não abona para a sua imagem política que devia ser mais responsável.
- Governo ainda acredita que a remodelação vai passar em Belém.
Cada um acredita naquilo que quiser, mas a remodelação não foi aceite não merece passar. Neste momento impõe-se um governo alargado de "salvação nacional" ou, em contrapartida, um "compromisso" de governação entre as forças partidárias que assinaram o "Acordo de Cooperação" , sobretudo, chamar à colação quem o pediu e o assinou em primeiro lugar: o Partido Socialista, que bem cedo alijou a sua responsabilidade, lançando a semente da discórdia ao arvorar o seu fanatismo político de "eleições, já!"
Manda a verdade dizer - como refere o soneto de Francisco Joaquim Bingre (1)  que de nada resulta querer amarrar a discórdia quando ela - tendo feito o mal - tem mil artes para se desligar do mal feito.

 
Pouco importa amarrar com mão valente
A Discórdia infernal, com cem cadeias,
Que ela tem subtilezas, tem ideias
De saber desligar-se facilmente. 

 
De que serve lançar limpa semente
Em chão infecto, de zizânias feias,
De ervilhacas, lericas, joio, aveias,
Sem os campos limpar primeiramente?

 
Ninguém, té gora, à ligadura górdia
O nó soube desdar, que o vil Egoísmo
Empata as vazas à geral Concórdia.

 
Não se pode extinguir o Despotismo,
Nem acabar c'o império da Discórdia,
Sem cortar a raiz do Fanatismo. 
 
 
 (
1) Poeta arcádico e pré-romântico português (1763-1856). Famoso em vida na sociedade literária do seu tempo, veio a ser quase olvidado nos séculos seguintes.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

E se fosse possível fugir com "A SITUAÇÃO?"

 
Gravura publicada no Jornal "O António Maria" de 5 de Março de 1891
 
 
Cansado de aturar os políticos do tempo, mestre Bordalo ilustrou o "Zé Povinho" depois de se ter apropriado do cavalo de " A SITUAÇÃO" e cujo nome está desenhado às claras na garupa - a desatar a fugir com o tesouro da montada - enquanto os situacionistas necessitados daquilo que se escapava com o "Zé" firmemente escarranchado e preso ao pescoço do cavalo a gritar: "não fujas, pois precisamos de "A SITUAÇÃO",  ou seja, com medo de perder as prebendas que se iam nas patas do cavalo quer o "Zé" lançava em louca correria.
 
Nota: Interpretação livre do célebre desenho caricatural
 
 
Hoje, como então - se fosse possível - apetecia que nos apropriássemos  do cavalo de "A SITUAÇÃO" e fugir com ele, não para que nos servíssemos do que ele nos podia dar - de graça - mas, apenas, para criar calafrios e "dores de cabeça" a uma certa gente que continua andar por aí a viver à tripa-forra, sem cuidar que um naco de pão a mais na sua mesa é, naturalmente, um naco de pão a menos na mesa do pobre.
De certeza que haveria quem imitasse os antigos situacionistas do século XIX e dissesse a plenos pulmões: "não nos leves "A SITUAÇÃO"  porque nos faz falta e não sabemos viver sem os lucros que ela nos dá.
Mudaram-se os tempos, mas neste ponto, não se mudaram estas vontades, porque é aos próceres de "A SITUAÇÃO" que se atira com todo o acerto a atinada pergunta de António Aleixo:
 
Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê em seu proveito?
 

Os "Nabos"


 
Gravura publicada pelo Jornal "O António Maria" de 3 de Janeiro de 1884
 
 
Os "nabos" que a gravura ilustra sou eu - e uns tantos como eu - que acreditamos na actual classe política.
O que se passa por este tempo, em Portugal é de uma mediocridade gritante, pelo facto dos agentes políticos, da direita à esquerda não perceberem que com as suas atitudes irresponsáveis andam a cavar o seu descrédito e o do futuro democrático do País.
Quando é que esta gente cresce e aparece, adulta e responsável?
Quando é que se comportam, não como pessoas de bem - que o são - mas como gente assumida e ciente das suas atitudes que se querem mais construtivas e menos de birras e de cálculos bem estudados na mira, uns de não perderem o poder, outros de o reconquistar o mais rápido possível.
E Portugal onde está?
Onde estão os portugueses?
Os "nabos", comigo na primeira linha, andam espantados de tanta falta de senso e, sobretudo, de tanta falta de respeito pelos "nabos" e, pelos que o não são, mas têm a mesma atitude - que eu tenho tido -  ou seja, nas próximas eleições vamos continuar a votar nas "cabeças de vento" que se demitem - e ficam - e nos que deviam ser demitidos e não são, o que prova, que eu  e outros como eu, não temos emenda.
Mistérios fincados numa esperança porque acreditamos na democracia, enquanto eles, que também são uns "nabos" continuam a acenar-nos com a "nabiça" que nunca mais comemos.
Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o Presidente da República deu, à sua maneira, um estalo grande na classe política toda, Governo e oposição. Um estalo no PC e no BE ao dizer que não há eleições, no Governo ao não dizer claramente que esta é a solução que dura até 2015 e no PS ao não dar eleições, mas que talvez dê em 2014 (...)
Um estalo, no entanto, é muito pouco para aquilo que estes "nabos" merecem.
Penso, sinceramente, que Passos Coelho não merece ser incluído no rol dos "nabos" porque é um oásis no meio do deserto que temos.
 


terça-feira, 9 de julho de 2013

O canto do cisne...

  
Foto de um diaporama da qual desconheço o autor
e a quem peço benevolência de alguma ilicitude cometida
  
Há homens que deram luz - ou assim o julgaram -  e, depois, deixam de a dar.
São "candeeiros" que perderam a chama, mas porque o foram - ou assim o julgaram -  teimosamente, querem continuar a ser ouvidos, ainda que a luz que nos dão são tristezas de um tempo que se foi e não volta mais - o que parecem não entender - advindo daí a pena que se sente sobre o que dizem, quando deviam ser comedidos ou estar calados.
Vem isto a propósito das seguintes palavras de Mário Soares sobre a primeira missa de D. Manuel Clemente, como Patriarca de Lisboa, no passado dia 7 de Julho de 2013:
 

Direi mesmo que foi uma vergonha que infelizmente o vai marcar negativamente perante os católicos sinceros e progressistas, sem falar dos leigos, como eu, que se lembram bem dos tempos em que o fascismo utilizava a religião.
É óbvio que uma Igreja como o Mosteiro dos Jerónimos é um local sagrado. Não se compreende assim que o novo patriarca, que é uma pessoa culta e experiente, deixasse que os políticos presentes fossem aplaudidos sem que ele, patriarca, lhes lembrasse que a Igreja onde estavam é um lugar sagrado, não é um lugar próprio para esse tipo de manifestações políticas.

Vergonha é o que diz Mário Soares.
Um homem que anda a destruir a imagem que construiu, de tolerância e liberdade, porque os que não pensam como ele, cristalizado na linguagem rasteira que tem usado ultimamente são "excomungados" da sua práxis.
Faz pena vê-lo cair tão baixo, ao ponto de querer - se pudesse - proibir as palmas, como se a Igreja, enquanto Templo, fosse um túmulo e não um espaço que recebe homens e lhes dá o dom de expressarem a sua alegria, manifestando-a, como aconteceu no tempo que antecedeu a celebração litúrgica nos Jerónimos.
Saberá Mário Soares que um santo triste é um triste santo e a Igreja, cumprindo como lhe compete o ritual na hora exacta, deixa espaço para se celebrar o dom da alegria?
Que entende um agnóstico como ele, de espaços sagrados?
Houve ali alguma manifestação política?
Se houve, existiu apenas, na cabeça de Mário Soares que não pode com as palmas dadas aos outros, quando estas se afastam de si cada vez mais, pelas atitudes que tem tomado de perfeita falta de senso comum.
A propósito, lembra-se o seguinte episódio:
O Papa emérito Bento XVI numa Missa celebrada durante uma visita pastoral a Aquileia e Veneza destinada a uma multidão de fieis pertencentes a varias nacionalidades que lá estavam para acompanhar a posse de algumas Autoridades Eclesiásticas, enquanto os Bispos se apresentavam e beijavam a mão do Papa para receber a sua benção ouviam-se aplausos e manifestações de apoio dos representantes de cada País ali representado, mas no momento em que a Santa Missa começou, calaram-se todas as manifestações de júbilo humana para dar lugar ao júbilo eclesial que ia ser celebrado.
Foi o que aconteceu nos Jerónimos.
Nada mais.
É claro que as palmas não agradaram, a Mário Soares, em primeiro lugar por não lhe serem dirigidas e em segundo lugar porque saudavam adversários políticos, o que ele não pode consentir.
Mas, então, onde está a liberdade dos outros?

  


domingo, 7 de julho de 2013

15º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" 14 de Julho de 2013


Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?” Ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse:“Respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e entregou ao ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse:“Vai e faze tu a mesma coisa”. (Lc 10, 25-37)

 
Senhor:
É fiel o retrato que nos dás
das atitudes desumanas
de dois servidores da religião judaica:
- o sacerdote  e o levita,
no desejo de o veres revisto
no tempo que Te precedeu e no de hoje
a atitude do bom samaritano!

Por isso, zelosamente,
continuas a fazer a mesma pergunta
sobre quem é próximo.
Ajuda-me, Senhor,
a sentir-me próximo do outro.
Aquele que mais precisa de mim
no caminho da vida.

Eu sei que a doutrina
já vinha do Antigo Testamento.
Mas Tu, inauguraste coisas novas...
e um novo modelo.

Tu mesmo, és o bom samaritano,
num desejo profundo
de sentires em mim
e em todos os meus irmãos
esse zelo amoroso pelo outro.
Senhor, que neste ponto
tão particular do amor humano
me pareça contigo!

Os "Abutres"

 
Forte de S. João Baptista (Berlengas)


Esfaimado, o abutre, do alto do seu vôo ligeiro espreita a sua presa a abate-se sobre ela, sobretudo se a vê com falta de forças ou caída.
É o que se passa na miserável classe política de esquerda que temos, que não tendo vergonha de tudo se servem par vilipendiar e cair como "abutres" esfaimados sobre  a direita, como só a eles fossem consentidos os vôos picados, galgando por cima de tudo do que é razoável e ético.
Ou seja, a liberdade deles não consente a liberdade dos outros, porque só eles são os génios e os outros estúpidos e, assim, terem de se sujeitar aos caprichos da sua suposta genialidade política.
Razão, porque, ficaram todos os "abutres" inquietos a par dos jornalistas e comentaristas de esquerda, porque a "presa", afinal, não estava morta ainda que assim o tivessem dito pela enésima vez - com António José Seguro à cabeça - em ditos e esgares idiotas de quem, tendo perdido o sentido do que é viver em democracia, queria abocanhar o que os do seu "regimento" já chamavam o "cadáver" do governo", esquecendo-se que o Chefe de Estado actual não se chama Jorge Sampaio - que também queria a demissão do governo e eleições antecipadas, embora houvesse uma maioria parlamentar - querendo, assim, que se repetisse a pouca vergonha que utilizou com o governo maioritário de Santana Lopes.
Este homem devia pedir desculpa ao País, porque com a sua atitude arranjou seis anos de desgoverno, de tal monta, que duas gerações não vão chegar para pôr as contas em ordem.
Custou e continua a custar ver os "abutres" sem desarmar, ante a frieza de Passos Coelho - que está, manda a verdade dizê-lo a aprender o que é governar contra o calculismo dos "Portas "que aparecem sempre dispostos a pôr um pau na engrenagem e, sobretudo, ter de se livrar das picadas dos "abutres".
É evidente, que lhe cabem culpas, mas qual o político que as não tem no momento que vivemos, quando, nós mesmos - eleitores que somos - as temos?
 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Piedade, Senhora


"La Pietá" de Miguel Ãngelo 
Basílica de S. Pedro
Tem piedade, Senhora,
de mim.
Perdi o bordão
e assim, desprotegido,
só não sigo em vão
porque vais comigo!
No teu regaço
ampara-me Mãe
até ao fim.
Tem piedade, Senhora,
de mim!


Perguntas que pedem resposta


- O que é que sobra ou falta nas vidas dos cristãos de hoje para que a Igreja retome o poder de arrastar os indiferentes e os sem-Deus?
- Que falsidade encerram as nossas vidas para que não possamos apresentá-las como exemplo aos pagãos?
- Em que é que falhamos que não conseguimos convencer ninguém com as nossas vidas, de que Cristo vive?
- Por que nos consideram a nós, cristãos de hoje, inúteis para renovar o mundo, se somos os únicos que possuímos a energia vital para o transformar?
Jesus Urteaga
in, O Valor Divino do Humano

 
As perguntas de Urteaga são, efectivamente, duras de ler mas têm toda a actualidade.
Há um certo adormecimento numa parte da sociedade que reclama para si o estatuto de cristã ao imprimir ao seu quotidiano algum desleixo no exercício da fé, algo que é aproveitado pelos descrentes para justificarem a sua rebelião assumida, sem que lhes ocorra que  no uso do Estatuto de Pai de todos  homens, Deus utiliza-os para a partir deles fazer soar ao Seu Povo a correcção necessária.
O que sobra ou falta nas vidas dos cristãos de hoje, poder-se-á dizer, sobram por demais, nos modos e nos gestos, algumas ausências de amor amontoadas até dar nas vistas pelo tamanho das faltas e assim apresentadas aos que nunca deixam de as apontar, donde se pode tirara a ilação de estar faltando a assunção do inverso, ou seja, o facto de deixar Jesus penetrar por inteiro nas suas vidas.
Esta, é, uma correcção que é preciso fazer.
Jesus não pode viver partido em cada homem, mas tem de viver dentro dele como um todo que é, para ser mostrado desse modo, porque se assim não acontecer a imagem que damos d’Ele é a de uma doutrina soluçante e sem ligação pela falta de conteúdo, donde, parece, ser de todo lícita a pergunta: Que falsidade encerram as nossas vidas para que não possamos apresentá-las como exemplo aos pagãos?
Não nos exasperemos com a pergunta.
É, por vezes necessário sacudir a modorra e perguntar-nos, sem peias – na certeza que Deus não abandona os seus filhos – em que é que estamos a falhar, se não podemos em largas camadas da nossa sociedade apresentar -nos como exemplo aos pagãos?
Porquê? O que se passou? Teremos de o dizer deste modo:
Há uma diferença abissal entre o que se passa dentro do Templo e aquilo que se passa na vida concreta com os nossos semelhantes que não transpõem os seus umbrais, mas que não deixam de nos zurzir com as suas invectivas, que em muitos casos ao tornarem-se desencorajadoras para os cristãos são a causa que justifica a última pergunta de Urteaga, possivelmente, a mais dura de todas.
Mas não podemos deixá-la sem resposta, porque urge renovar o mundo, tarefa que ao não dispensar  qualquer homem, começa por ser em primeiro lugar dos que na edificação da Cidade de Deus já levam um passo à frente, pela emenda que é preciso fazer do que está errado em nós, pois só com esse acto de humildade é que podemos receber o pesar que vem de Deus pelas nossas faltas, quase sempre de omissão, pelo abrandamento da nossa postura de fiéis no mundo em que vivemos.
Os tempos actuais, acirradamente contrários aos valores espirituais, são, é verdade, a causa próxima de algum afrouxamento que se sente na vida dos cristãos, mas não podemos deixar esquecidas as palavras de Jesus: Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância .
E é pela edificação desta vida que é feita de entrega e de amor fraterno que as perguntas de Urteaga e outras, pedem as respostas que nos cabe dar no cumprimento da letra do Evangelho.

Estreita-se a Saída

Foto de um diaporama da qual desconheço o autor
e a quem agradeço a benevolência de alguma ilicitude cometida
   
Olho em frente
e estreita-se a saída...
mas sigo contente.
Viver é ter presente
o ponto de partida!
É pura ilusão
o aperto do caminho
onde não sigo em vão
nem vou sozinho!
E me conforta saber
- como sei -
que Deus me dará
na saída,
a largura da porta
por onde entrei
ao encontro da vida!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Manter inalterada a VII Revisão da Constituição... para quê?

Gravura publicada pelo jornal "O António Maria" de 6 de Janeiro de 1881
 
 
Com o sentido de humor  de que fez a sua marca, Rafael Bordalo Pinheiro, na ilustração que fez e se reproduz, apresenta a "Constituição" do tempo prefigurada numa figura feminina que por detrás do Zé Povinho lhe metia a mão no bolso, depois de o ter induzido a assobiar de contentamento uma espécie de pífaro, enquanto um janota - que representava a autoridade - ou o Poder -  se dirigia para a locanda dos "Vinho e petiscos para manter a Constituição" e um cartaz expressivo assinalava: "Compram-se Votos para Manter a Constituição", uma prática comum na época, o que demonstra como mal começou a nossa aprendizagem.
 
  
Hoje não é assim. Todos o sabemos.
Mas é assim a mesma teimosia em manter de pé a Constituição, defendendo-a como se fosse um livro sagrado, ainda que ela não dê resposta à sociedade em que vivemos.
Em 2011, Passos Coelho ao tomar conta do governo anunciou a necessidade de rever a Cosnstituição, sem cuidar que precisava do PS para o fazer, gerando com a sua atitude um mar encapelado de revoltas.
Viu-se que tinha toda a razão.
Os senhores juízes do T.C. avaliam a justeza das leis, não à luz de uma qualquer dificuldade económica - como a que aconteceu com o chumbo de dois Orçamentos de Estado - o primeiro 2011-2012, consentido com as reservas conhecidas  e o de 2012-2013, não, e com isso, para cumprir a frieza da lei - tal como a gravura - a Constituição "meteu a mão no bolso" de todos os portugueses que se vêem, agora, a braços com um problema económico a mais em cima do outro problema que temos, e se  radica na dívida ao estrangeiro.
Quando é que o PS percebe que é tempo de acabar com aquele naco de prosa bárbara do Preâmbulo onde se lê que há uma direcção ideológica a tomar, ou seja a de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, quando isto é uma violência programática que a VII Revisão da Constituição (2005) mantém inalterada.
Quando é que o PS percebe não cunhamos moeda e não a podendo desvalorizar, estamos obrigados a cumprir o que nos é imposto, sobretudo neste tempo em que Portugal está endividado?
Quando é que o PS percebe que fazemos parte de uma comunidade?
Por isso, manter a Constituição inalterada, tal como está, para quê?
Ao comportar-se deste modo o PS faz lembrar o "janota" que na gravura se dirige à tasca do "Vinho e petiscos para manter a Constituição" na mira de "comprar" uns votos no sentido da mesma não ser alterada, tendo  dado um assobio ao "Zé Povinho" deles, que se fez eco do coro dos senhores deputados da Nação eleitos pelo PS e  controlados pela máquina do partido, no sentido de se não tocar na "virgindade" de um Documento velho de mais para o tempo actual.
Isto é, simplesmente, uma imagem.
Pode ser mal comparado - continuando a ter na mira a velha gravura de Bordalo - mas o que aconteceu em 2011 foi a "compra" da vontade dos seus deputados para não ajudarem a rever um Documento, que devia ser fundamental e não é.
Razão, porque, sorrateiramente - sem culpa alguma a imputar aos Juízes do TC - a Constituição, por detrás, nos "meteu a mão no bolso" dos portugueses no cumprimento de uma lei que não olhou o momento que vivemos, mas olhou profunda e cientificamente a prosa legalista que devia ter sido revista e não foi.
Mas... cá vamos.
Só não sabemos bem para onde.
Tenhamos, porém, uma certeza: ou há entendimento para rever a Constituição ou, nos vamos continuar a afundar.
 
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Assim eu pudera



Foto (parcial) de um diaporama da qual desconheço o autor
e a quem agradeço a benevolência de alguma ilicitude cometida


Por entre a dureza
dos troncos robustos
da floresta
as flores que os abraçam
dão um ar de festa!

Assim eu pudera
no Inverno da vida
retornar mais vivo
e ser Primavera!