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sexta-feira, 15 de julho de 2016

"Verdes são os Campos"...



"Verdes são os Campos"

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

              Luís de Camões


O enamorado Luís de Camões no mote - Verdes são os Campos - faz dele uma cantiga que José Afonso celebrizou, interpretando como ele o soube fazer a comparação que o Poeta estabelece entre o verde da Natureza e os olhos da mulher amada que esteve na base deste célebre poema que enaltece o bucolismo do campo onde pastava um rebanho e no qual o verde predomina a ponto de se parecer com a beleza dos olhos que traziam enfeitiçado o Poeta que tem nas lembranças do seu coração um manancial de recordações em que - a metáfora do rebanho - serve para se dizer, isso que comeis, não são ervas, não, porque tudo o que existe no campo verde são graças onde o coração torna presente a graciosidade do sujeito: a mulher amada

Entre leigos ou letrados...



"Quanto mais foges de mim"...


INQUIETAÇÃO

Canta Edmundo de Bettencourt

Quanto mais foges de mim,
Mais corro e menos te alcanço;
O meu amor não tem fim,
Morrerei mas não me canso.

Todo o bem que não se alcança
Vive em nós, morto de dor;
Quem ama, de amar não cansa
E se morrer é de amor.


O poeta-cantor Edmundo de Bettencourt nesta gravação de 1928 com a sua voz que se levantou em Coimbra como das mais famosas do seu tempo, não deixa, hoje, pesem embora as malformações sonoras, de continuar a ser pela letra de que é autor e pelo modo como ele a interpreta, uma voz que não morreu, porque ouvi-lo é sempre um motivo de prazer que não se esgota na canção, porque este se espraia na recordação do estudante que teve a arte de chegar até nós e nos continuar a encantar nos versos que moldou e cantou admiravelmente.

Peço licença aos seus descendentes para incluir, como uma homenagem sentida do autor deste "blog" - que tem as suas raízes no Distrito de Coimbra - este apontamento sonoro, na certeza que tenho que ele é um motivo de encanto que não deixa indiferentes todos aqueles que sentem no fado de Coimbra, a lição que ficou no tempo de Edmundo de Bettencourt e hoje, continua, enquanto na velha Cidade Universitária se não calarem as vozes dos estudantes, seus lídimos cantores.

"A minha capa velhinha"...


FADO HILÁRIO

Voz de António Menano


A minha capa velhinha
É da cor da noite escura,
Nela quero amortalhar-me,
Quando for p'ra sepultura.

A minha capa ondulante
Feita de negro tecido,
Não é capa de estudante
É mortalha de vencido.

Ai!... Eu quero que o meu caixão
Tenha uma forma bizarra,
A forma de um coração,
Ai!... A forma de uma guitarra.

Letra e música de Augusto Hilário













Este é, possivelmente, um dos mais famosos fados de Coimbra, cabendo toda a responsabilidade poética e artística ao celebrado estudante de Coimbra, Augusto Hilário da Costa Alves.

O poeta-cantor nasceu em Viseu e chegou a Coimbra para ingressar no 1º ano de Medicina, onde não tardou a ser conhecido pela sua veia fadista e de trovador na Academia de Coimbra que o cognominou de "Rei da Alegria" que fizeram dele um dos grandes animadores dos serões, onde cantou poemas - para além dos seus - de Guerra Junqueiro e António Nobre, tendo-lhe cabido a honra de cantar de joelhos em terra na homenagem nacional ao Poeta João de Deus.

António Menano que ouvimos, deu com a sua timbrada voz a exaltação musical que a memória de Augusto Hilário merecia, tendo constituído, na altura um momento de rara beleza pelo modo como ele interpretou o sentimento coimbrão de Augusto Hilário, pelo que ouvi-lo, ainda hoje, mesmo com os defeitos que o tempo deixou marcados na gravação não deixa de ser um privilégio.


Não estou a gostar...


Não estou a gostar do modo como o Presidente da República de Portugal, quando é abordado pelos jornalistas explica - no caso das eventuais sanções a Portugal pelo incumprimento do défice - que tal acontecimento, a concretizar-se, seria uma anormalidade...

Não estou a gostar porque o Presidente da República - nesse caso - me está a parecer um "Ministro" extra de António Costa, a quem cabe - isso, sim, como chefe do executivo que lidera - falar e mostrar por - "a" mais "b" - a razão que temos.

O Presidente da República devia sr mais contido, publicamente... mas, possivelmente, o defeito de observação é meu...

quinta-feira, 14 de julho de 2016

"A cabra da velha torre"...


FADO DE ANTO


A cabra da velha torre
Meu amor chama por mim.
Quando um estudante morre
Os sinos dobram assim.

Ó quem me dera abraçar-te
Junto ao peito, assim, assim.
Levar-me a morte e levar-te
Toda abraçadinha a mim.
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Edmundo Bettencourt gravou este fado de Coimbra em 1928 no Porto, concretamente, no Palácio dos Carrancas que em 1809 foi moradia oficial do general Soult na segunda Invasão Francesa ao Reino de Portugal.

A gravação é uma preciosidade, pertencendo a primeira das quadras a António Nobre que a inseriu com o número "7" no seu famoso Livro "SÓ" dedicando-a "Às Raparigas de Coimbra", parecendo que a segunda quadra é pertença do cantor que foi um poeta de grande mérito, e que, a ser assim, me leva, com a devida vénia a pedir aos seus descendentes a benevolência de a publicar, como homenagem ao admirável cantor - poeta, cuja voz ressoa, ainda, e é, pela sua pureza das mais belas que cantaram a canção de Coimbra.

Minha capa vos acoite...



Como eu me recordo!

Praia das Maçãs
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Passei ontem por lá, e a minha memória foi refrescada pelo saber das antigas águas nascidas em Lourel e que vieram a dar o nome ao Rio das Maças, porque ao passarem pela várzea de Colares nas épocas do ano propícias, se cobriam de maças até desembocar no Atlântico, na praia que por via desse pormenor acidental tomou o nome de Praia das Maçãs.

Havia anos que não visitava este local que naquele dia de sol a pino e de brisa suave - um acidente natural inimaginável - encheu de luz e de brilho os meus olhos, que num dia já longe, por ali - como se fossem idas obrigatórias a uma romaria laical - se inebriavam de ver o mar agitado na sua cantiga incessante enrolada nas águas borbulhantes até se perderem na espuma que morria no areal dourado e, sobre o qual as crianças chapinhavam, correndo até estancarem, vencidas, junto do rochedo negro que continua a ter sobre o seu dorso aquilo que parece uma avenida rasgada pela mãe Natureza.

Como eu me recordo!

in, Revista "O Occidente" de 1 de Novembro de 1878

Pormenor da Várzea de Colares por onde passava o Rio das Maças, um local idílico da Natureza que se perdeu... e deixa saudades, porque nem sempre o progresso pode substituir com vantagem a naturalidade dos ambientes...

Um poema - CANÇÃO - de Guerra Junqueiro


Cópia ipsis-verbis captada na velha publicação de "O Occidente"

Algo desconhecida, possivelmente, esta composição poética de Guerra Junqueiro que  a Revista "O Occidente" publicou em 1 de Junho de 1878 - tinha o grande Poeta 28 anos - esta CANCÃO como ele a intitulou tem a força transmontana da sua origem natal, onde a verdade, a justiça e o direito de que ele fala não são figuras de retórica mas destinos de alma, onde se for preciso, para manter viva a chama desses princípios sócio-culturais não podemos hesitar e, se necessário, lança-se na fornalha em brasa - o coração... como ele o fez sem tibiezas.

Poetas, que somos nós?

- Ferreiros de arsenais... e, assim, para o ser e para corresponder à verdade que é pedida à consciência do homem é preciso que, sem manchas, desvios de ânimo ou de força anímica... bater, bater com alma na bigorna, como se as estrofes - ou seja, as vissicitudes existenciais devessem ser lanças ou punhais, porque a vida - vista como uma imagem - não pode dispensar a luta do "ferreiro" que todos os homens são e, logo, para o poder ser convictamente, este tem de se abastecer com a lenha necessária para poder acender a fornalha da vida.

Penso que este poema-CANCÃO tem resquícios da sua passagem por Coimbra onde Guerra Junqueiro estudou Teologia, mas porque o seu coração para obedecer à verdade que o acompanhou ao longo da vida veio a abandonar, para se formar em Direito, sem que, no entanto, aquela disciplina teologal se tivesse perdido inexoravelmente na alma do homem moldado nos costumes ancestrais de Freixo de Espada à Cinta.

Leio este poeta do então jovem Guerra Junqueiro e não posso deixar de pensar no ferreiro que ele foi e na fornalha que acendeu - onde tivesse, embora, matado o coração em lutas de que se viria a penitenciar na sua velhice, como aconteceu, no retrato que deixou do seu arrependimento em ter escrito, tal como o fez, o seu famosos livro "A Velhice do Padre Eterno - o seu coração redimido continua a bater até hoje nos muitos leitores que não dispensam o Poeta da então chamada "Escola Nova" que fez dele o panfletário que muito ajudou à queda da Monarquia.

Ler Guerra Junqueiro é entrar dentro da fornalha da vida e aquecer a alma em muitos dos seus versos, que são, pela clareza da escrita e dos sentimentos dos mais puros que a Literatura Portuguesa conhece, incluindo os mais cáusticos, porque mesmo nestes, o Poeta está inteiro com as verdades que usou - como lanças ou punhais - em cima do tempo onde caldeou grande parte da sua vida.

Os ourives da palavra - Gabriel Garcia Marquez



Eis duas duas jóias trabalhadas na oficina mental de Gabriel Garcia Marquez:
  • A morte não chega com o fim da vida mas com o esquecimento.
  • Um homem só tem o direito de olhar o outro de cima para baixo quando o está ajudando a levantar-se.

O que embeleza a vida é saber que Deus na sua imensa Omnipotência cria génios como foi o grande homem de cultura colombiano Gabriel Garcia Marquez, que nestas duas jóias raras do seu pleclaro pensamento nos deixou guias de vida que deviam fazer pensar esta Humanidade frívola em que vivemos, atolada em lamaçais de onde é preciso sair, quanto antes.

Muito gostaria eu de tecer mais comentários, sobretudo, na segunda das jóias que se reproduzem, mas penso, iria roubar aos meus eventuais leitores momentos de introspecção que é preciso fazer para que nos encontremos a nós mesmos em cima da vida que temos e a saibamos viver na linha que nos traça o eminente pensador.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A colagem desnecessária... mas não para eles!



Na recepção aos jogadores e equipa técnica nacional que conquistaram em Paris o título de Campeões Europeus o Chefe do Estado recebeu e homenageou a comitiva nos jardins do Palácio de Belém no dia 11 de Julho.

No momento da "foto de família", inopinadamente, António Costa e Ferro Rodrigues correram para ficar na foto...

Isto foi necessário?

Não. Não foi. Deviam-se ter resguardado, tal como fizeram os líderes das bancadas com assento parlamentar, porque naquela foto da glória estão a mais, mas por vezes, a vaidade de se mostrar é superior, como se já não bastassem os momentos políticos em que por força dos cargos aparecem ao público, quando ali, a festa era a dos homenageados e de quem os veio a galardoar em nome de todos os portugueses, onde se incluíam os apressados governantes que correram para ser fotografados.

Foi uma colagem desnecessária... mas não para eles!

Venha do latim ou não...



terça-feira, 12 de julho de 2016

Não devia ter sido preciso... mas foi!


Foi preciso - as campeãs da Europa de Atletismo, Patrícia Mamona, Sara Moreira e Dulce Félix - terem "assobiado" aos ouvidos do Presidente da República para serem recebidas e condecoradas, como aconteceu à equipa de futebol de Portugal.

Não devia ter sido preciso... mas foi... e lamenta-se a distracção do Presidente da República, quando estas senhoras tendo honrado com a atribuição de medalhas de ouro o Atletismo nacional, deviam - antes de ter falado - terem sido obsequiadas.

Lamenta-se que tal tivesse acontecido, quando a prática do atletismo vai beber nas primeiras Olimpíadas, sejam elas as mais antigas realizadas na velha Olímpia, ou as modernas, devendo, pela antiguidade merecer todo o carinho e respeito das entidades oficiais.

É verdade que o Presidente da República vai "emendar a mão"... e como diz o povo "vale mais tarde que nunca" honrar estas comendadoras que embrulhadas na Bandeira Nacional dignificaram o nome de Portugal, como fizeram os jogadores de futebol.

Nem mais, nem menos!

Ó meu amor se te fores...



Multa "zero" a Portugal...


Sabe-se - "de ciência certa" - que pelo facto do incumprimento do "défice" Portugal não vai ser multado que não seja uma multa simbólica.

Multa "zero"... um despautério político, como e as multas - todas elas - não devessem ter peso na carteira... o que não vai acontecer e ainda bem para Portugal.

Por isso, escusa António Costa de vir para a TV dizer o que anda a dizer, porque já todos sabem  - os que não levam a sério estas coisas - que, o que se pretende é, depois, vir dizer que conseguiu "vergar" a Europa e, com isso, ganhar mais uns votos que lhe possam mandar às malvas em futuras eleições  os parceiros que o ajudaram a ser Primeiro-Ministro...

Mas não podemos afirmar que nisto não há esperteza, porque há, temos de o dizer, pelo que não deixo de lhe dar parabéns... porque ele sabe da poda...

Um recado de Blaise Pascal para os ateus... e não só!


ARTIGO I
CONTRA A INDIFERENÇA DOS ATEUS

Saibam, ao menos, que religião combatem, antes de combatê-la. Se essa religião se gabasse de ter uma visão clara de Deus e de possuí-lo com clareza e sem véu, seria combatê-la dizer que não se vê nada, no mundo, que a mostre com tal evidência. Mas, como afirma, ao contrário, que os homens se acham nas trevas e afastados de Deus, que se oculta ao seu conhecimento, sendo mesmo esse Deus absconditus o nome com que se apresenta nas Escrituras, em suma, se trabalha igualmente para estabelecer duas coisas: que Deus estabeleceu na Igreja marcas sensíveis para ser reconhecido pelos que o procurarem sinceramente, e que, no entanto, as cobriu de tal forma que só será percebido pelos que o procurarem de todo o coração, que proveito podem eles tirar, quando, na negligência em que fazem profissão de estar procurando a verdade, exclamam não haver nada que a mostre, de vez que essa obscuridade em que se encontram e que objectam à Igreja não faz senão estabelecer uma das coisas que ela sustenta, sem tocar na outra, estabelecendo assim a sua doutrina, em lugar de arruma-la?

Para combatê-la, ser-lhes-ia preciso exclamar que fizeram todos os esforços em procura-la por toda parte, mesmo naquilo que a Igreja propõe com o fim de nela se instruírem, mas sem nenhuma satisfação. Se falassem do destino, combateriam, na verdade, uma das suas pretensões. Espero mostrar aqui, porém, que não há ninguém capaz de falar razoavelmente do destino. Ouso mesmo dizer que jamais alguém o fez. Sabe-se muito bem de que maneira agem os que têm esse intuito. Acreditam ter feito grandes esforços para instruir-se, por terem empregado algumas horas na leitura de um dos livros sagrados e por terem interrogado algum eclesiástico sobre as verdades da fé. Gabam-se, depois, de terem investigado em vão nos livros e entre os homens. Mas, na verdade, não posso deixar de lhes dizer o que frequentemente tenho dito: que essa negligência é inadmissível. Não se trata, no caso, do irreflectido interesse de um estranho, para assim proceder: trata-se de nós próprios e do nosso todo.
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Como são lapidares as primeiras palavras de Pascal dirigidas aos ateus: Saibam, ao menos, que religião combatem, antes de combatê-la, dando assim um exemplo de devia nortear, não só os ateus, mas todos os homens que, desabridamente, combatem sem saber a qualidade das armas do outros, fazendo-o, apenas, por um instinto malévolo que  os leva a contrariar crenças religiosas, saberes adquiridos das ciências e das artes, ou outras, mas sem cuidar se exibir na contradição que dão motivos suficientes de uma discussão elevada, como se impõe aos que contradizem só pelo facto de o fazer.

O texto de Blaise Pascal deste - Artigo I dos seus Pensamentos - é longo e, dele, só retiramos o que se captou para exemplo deste apontamento, mas pela sua clarividência bem merece ser lido na íntegra, porque assim o merece o eminente físico, matemático, filósofo e o teólogo que nesta área, também nos deixou um acerbo rico de humanidades que o seu jansenismo - apesar de ter sido mal recebido pela Igreja Católica do seu tempo - encheu de sentimentos morais e disciplinadores da sociedade onde se moveu a sua vida

Fernando Santos: um homem de fé!



Fernando Santos, o treinador da equipa de futebol de Portugal que no Domingo passado ganhou em Paris, com a sua selecção de jogadores o título de "Campeão da Europa", desde o início da prova, quando as coisas não estavam a correr bem e muitos vaticinavam que Portugal não passava à fase seguinte - a do "bota fora" - disse para quem o quis ouvir:

Só vou para casa no dia 11 de Julho... o que implicava, ou ter sido derrotado na final da Taça da Europa, ou ter sido o vencedor, o que veio a acontecer, como sabemos com Portugal a erguer a Taça de Campeões da Europa.

Fernando Santos provou - homem de fé como ele é, seguidor leigo da Igreja Apostólica Romana - que a fé move montanhas e todo o homem sincero que se diz atento às coisas de Deus e o segue pelos caminhos do mundo, realiza nele, a fé apostólica que tiveram, só para dar dois exemplos, os testemunhos de dois convertidos à Igreja romana: Santo Agostinho e S. Paulo de Tarso, quer nos deixaram estas verdades da fé em que passaram a acreditar:

Fé é acreditar no que você não vê; a recompensa desta fé é ver o que você acredita.
(Santo Agostinho)

Ora a fé é garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem.
S. Paulo
(Carta aos Hebreus 11,1)

É este o sentido apostólico da fé que esteve e está presente em Fernando Santos, que no dia da vitória de Portugal, ante os microfones disse assim:

Em primeiro lugar e acima de tudo, quero agradecer a Deus Pai por este momento e tudo aquilo da minha vida. Deixar uma palavra especial ao presidente, dr. Fernando Gomes, pela confiança que sempre depositou em mim. Não esqueço que comecei com um castigo de oito jogos pendentes.

A toda a direcção e a todos os que viveram comigo estes meses. Aos jogadores, dizer mais uma vez que tenho um enorme orgulho em ter sido o seu treinador. A estes e aqueles que aqui não puderam estar presentes. Também é deles esta vitória. O meu desejo pessoal é ir para casa. Poder dar um beijo do tamanho do mundo à minha mãe, à minha mulher, aos meus filhos, ao meu neto, ao meu genro e à minha nora e ao meu pai, que junto de Deus está certamente a celebrar.

A todos os amigos, muitos deles meus irmãos, um abraço muito apertado pelo apoio mas principalmente pela amizade. Por último, mas em primeiro, ir falar com o meu maior Amigo e sua Mãe. Dedicar-Lhe esta conquista e agradecer-Lhe por ter sido convocado e por me conceder o dom da sabedoria, perseverança e humildade para guiar esta equipa e Ele a ter iluminado e guiado. Espero e desejo que seja para glória do Seu Nome.

Exemplar.
Fernando Santos fiel ao seu compromisso católico na hora do triunfo, não esqueceu o lado humano da vida - O meu desejo pessoal é ir para casa. Poder dar um beijo do tamanho do mundo à minha mãe, à minha mulher, aos meus filhos, ao meu neto, ao meu genro e à minha nora e ao meu pai - para logo a seguir, lembrar Deus - o meu maior Amigo e sua Mãe, para lhe dedicar a vitória, para rematar, logo a seguir: Espero e desejo que seja para glória do Seu Nome.

Os homens passam, mas os seus testemunhos ficam e este, certamente, há-de ficar a memorizar a fé de um homem que, já quando a esperança morria em muitos, ele, firme e seguro no seu Deus, lhes deu - e sobretudo à equipa de futebol que liderava - a certeza que a sua fé lhe ditava que só vinha para Portugal após a disputa do último jogo.

E assim aconteceu.

domingo, 10 de julho de 2016

Nas almas também há ver...



Eu não sabia...


 http.//www.sapo. pt (de 10 de Julho de 2016)
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Aconteceu esta linguagem imprópria de um Parlamento que se preze no passado dia 20 de Maio de 2016, quando no âmbito dos pedidos de esclarecimento sobre uma iniciativa do PSD, Carlos Pereira, vice-presidente do grupo parlamentar do PS e presidente do PS-Madeira, ante o burburinho instalado, cometeu a irresponsabilidade de usar o termo inusitado.

Até há cerca de 30 anos atrás tal terminologia não era censurada no Diário da Assembleia da República, remontando o último acontecimento a 7 de Janeiro de 1983, o que prova que começou muito mal em termos educacionais de respeito com o adversário político o Parlamento Português surgido da Revolução de 1974...

O que aconteceu, agora, foi um lapso, certamente, mas diz muito do que se passa na Casa da Democracia, onde, embora, sem palavrões destes, devia haver mais contenção de verborreia fácil e tantas vezes caídas para, com estrondo, achincalhar o adversário político.

Eu não sabia que até 1983 esta palavra fez parte dos debates parlamentares...
Eu não sabia...
Aprender até morrer... mas aprender coisas estimulantes ou elevadas que possam edificar o frágil ser que somos!

sábado, 9 de julho de 2016

Agua mole em pedra dura...



Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
É assim que se exprime a riquíssima colectânea de rifões populares de Portugal, pelo que, porfiar sem esmorecer é uma virtude que não pode ser perdida em toda a vida que nos é dada viver, algo que parece ter levado Saint-Exupéry a dizer o que abaixo se reproduz, com a devida vénia:



De certo modo isto aconteceu com as águas do mar da foto.
Onda sobre onda, ritmadas ao sabor das marés tiveram a arte de furar aquele rochedo enorme postado no seu ambiente natural, para dizer aos homens que devem fazer outro tanto - dar um passo e outro ainda - para se alcançar, não o impossível e pode ser superior às suas forças, mas aquilo para que o destino os fadou.

Apalpei meu lado esquerdo...



Trago o sentido perdido...



É preciso abanar a "árvore" da vida!

Capa do Jornal "A Paródia" de 29 de Janeiro de 1900
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Eça de Queirós - no dia em que este número do Jornal "A Paródia" chegou às bancas dos jornais - havia morrido dias antes, donde a sua aparição ao público de luto, sendo como era uma publicação alegre.

Há dias, quando os meus olhos caíram e apreciaram a homenagem a Eça de Queirós que foi um dos vultos mais grados da Literatura Portuguesa, apercebi-me que a tarja de luto que começa por envolver uma caneta, símbolo da arte do eminente escritor, continua a fazer a sua envolvência até que no cimo da capa, a chancela da data da publicação só aparece com a indicação do dia, escondendo o ano, o que me alertou para o facto de alguns homens, por aquilo que deixaram, serem de memória intemporal.

Foi assim a vida de Eça de Queirós.

Não se limitou a ficar debaixo da árvore vendo passar à sua volta o Mundo, porque com a força humana e espiritual que Deus lhe deu abanou a árvore e colheu dela os frutos com que encheu a vida da beleza da sua escrita, ora séria, ora satírica, mas sempre num modo elevado como é timbre dos grandes homens e, por isso, o ano da sua morte é irrelevante para os seus admiradores.
Os que estão vivos e os que já se foram.

Há, efectivamente, homens cuja morte não é o fim do caminho porque a sua vida é intemporal, continuando vivos para mostrar que só abanando a árvore e que se podem colher os frutos que todos podem colher.

Eis, porque, é preciso abanar a árvore da vida!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Esse foi o erro.


Aconteceu que no desenrolar da História, em meados do século XIX, o LIBERALISMO tenha surgido como uma palavra nova no léxico dos cidadãos europeus, como filho dilecto da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, reagindo contra a vontade de Metternich que após o ocaso de Napoleão, advogava a restauração do absolutismo, em França, da dinastia dos Bourbon e do mesmo vir a acontecer em Portugal pela reconquista do poder por D. Miguel, desejando ver cair o governo liberalista de 1820.

O Liberalismo, saído da filosofia francesa das luzes adoptou, como é sabido a divisa "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" e, com ela, fez carreira no seu tempo e não deixa de o tentar continuar a fazer no nosso, como se ele fosse um "Novo Testamento" laico, mas longe de levar à prática os dons apregoados pela sua divisa social, que é um dos maiores embustes apresentados ao povo, porque a "Liberdade" descambou em libertinagem, A "Igualdade" na mentira que se sabe e a "Fraternidade" no egoísmo humano que não tardou em assentar arraiais e fazer eleger, "fraternalmente", os mais próximos de um qualquer poder instalado.

Até compreendo, relativamente ao poder que estava todo nas mãos do Rei - humano ou déspota - que este fosse mitigado e tivesse passado para o Parlamento, razão que levou o Liberalismo francês a entrar em choque com o Absolutismo, preconizando o sufrágio universal, como acontecia no sistema político inglês, embora sujeito â Câmara dos Comuns que agrupava os mais válidos da Nação.

Tudo isto compreendo que assim se tivesse passado - dada a predominância do poder real, absoluto sob todas as formas - o que não compreendo é que o Liberalismo com toda sua acção social e humana, tivesse erguido como bandeira o Poder sufragado, para que no Parlamento se escolhessem os Governos - como deve ser - mas tendo sempre em atenção a bandeira do social e do humano como garantes duma equação que possa dar ao povo governado a certeza que a escolha parlamentar dos Governos ser a que, à partida e ao comum da sociedade, garante a felicidade da Nação.

Não foi o que se passou em Portugal em 4 de Outubro de 2015, porque os liberais socialistas com António Costa à proa - tendo seguido os liberais franceses, tomaram o Parlamento para escolha do Governo - mas ignoraram o bem comum que a tradição impunha, tendo escolhido, por egoísmo político para serem poder, parceiros que advogam políticas contrárias ao sentimento comum do povo de Portugal, por terem a fonte ideológica em quadrantes que se afastam da genuinidade portuguesa.

A divisa da "Fraternidade" não estava aí, mas noutro lado, mais igual e cujo sentido de liberdade não vai beber às cartilhas do despotismo,

Esse foi erro.

As falsas promessas...

http://jornais.sapo.pt/(Jornal de Noticias de 8 de Julho de 2016)
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Afinal, as portagens das SCUT'S - como havia sido prometido pelo Governo - não vão descer na época (no Verão actual) como havia sido prometido, são hoje, notícia, pelo que "palavra dada é palavras honrada" é apenas uma figura de estilo, ao estilo dos que, tendo vendido "gato por lebre", agora não podem cumprir com o prometido, alegando desculpas...

É sempre assim, quando falamos sem certezas. Seja o cidadão vulgar, seja, como aconteceu com o cidadão que exerce a chefia do governo, António Costa, que indicou um caminho e agora, ao bater contra o MURO DA REALIDADE, segue por outro, que se pede o faça acordar e lhe mostre as contas erradas, prometidas como "contas certas"...

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Que mal fizemos ao SOL?

Gravura publicada pelo jornal "A Paródia" de 30 de Maio de 1900
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Esta caricatura de 1900 de Rafael Bordallo Pinheiro teve toda a "arte e engenho" de ser profícua dados os tempos que se viviam e, assim, o título da legenda: O SOL COBRE A CARA PARA NÃO NOS VER, teve o seu impacto público, porque o tempo que passava das desavenças políticas lhe deram toda a razão.

O que é lamentável é que, pareça que o SOL nos tempos de hoje nos faça o mesmo e, como então, nos continue a deixar na sombra, pois não há meio de merecermos que ele nos acaricie com a sua luz, que diz o povo que quando nasce "é para todos"!

Que mal fizemos ao SOL?

São difíceis de ouvir!


http://www.sapo.pt/(de 7 de Julho de 2016)
Gravura do Jornal "A Paródia" de 16 de Maio de 1900
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Neste momento discute-se em S. Bento o "Debate Sobre o Estado da Nação".

Discute-se, não. Desconversa-se e, de tal modo, que o incumprimento do "défice" de 2015, que devia ser de 3% e foi 3,2%, é - entre outras coisas - um modo dos actuais governantes culparem o governo anterior - ainda que dos 12 meses do ano uma parte lhes caiba, mas que vão ignorar - e os que são atacados ripostarem, em sua defesa, o facto de não terem tido possibilidades políticas de concluir o ano de 2015.

E assim se vai passando o tempo...

Quanto ao "Estado da Nação", ou seja, sobre o modo como está a sua saúde financeira que nos possa colectivamente, levar a sair do atoleiro em que estamos metidos, nada de concreto que não seja a promessa do Primeiro-Ministro deste ano cumprimos os 3% do défice.

Valha.nos ao menos, isso... mas promessas valem pouco... porque no fim há a desculpa das vicissitudes e conjunturas do tempo económico nacional e internacional... sobretudo deste que tem as "costas largas".

Pelo meio ouvem-se os do costume e sempre no mesmo tom de guerrilha partidária, como se neste debate parlamentar se não discutisse o "Estado da Nação"... pelo que, perdida a paciência... desliguei... por serem difíceis de ouvir!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Costumei tanto os meus olhos...



Olhe que não, Manuel Alegre


http://jornais.sapo.pt/(jornal "i" de 6 de Julho de 2016)
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Olhe que não, Manuel Alegre.

A União Europeia não quer castigar Portugal por ter um governo de esquerda cozinhado nas costas do povo - seguindo à risca o liberalismo emergente dos tempos da Revolução Francesa, cumprindo, assim, um modelo desadequado para o século XXI - mas, porque, Portugal se tornou um País incumpridor de normas que aceitou cumprir, preto no branco e que, mesmo com um governo de esquerda, se parecesse que aquilo que temos feito ia estancar o desgoverno, certamente, não seríamos olhados com desconfiança.

Penso que nesse aspecto, ainda somos soberanos.

E, porque eu pensava - e penso - que um poeta é um criador de verdades, não posso estar de acordo com Manuel Alegre de quem admiro o estro, mas tendo-me desacostumado, por culpa minha, talvez, em deixar de admirar o político que com frases destas aos poucos, está a desvalorizar o poeta.

sábado, 2 de julho de 2016

"Quem semeia ventos colhe tempestades"

"Ao que chegámos" 


É o título desta caricatura de Rafael Bordallo Pinheiro publicado no jornal humorístico A Paródia, que viu a luz dos escaparates entre 1900 a 1907.

Possivelmente, vendo e sentindo os desmandos constitucionais dos que governavam em nome do Rei, Rafael Bordallo Pinheiro - um republicano assumido que fez da caricatura política a sua lança de combate - tem neste desenho toda a força da sua crença numa mudança de Estado que pudesse conduzir o velho Portugal por outra via.

Aconteceu isto no tempo em que A Monarquia já agonizava, mercê da guerra feroz que lhe moveram os republicanos que, infelizmente, a destronaram para implantar um regime coxo, de tal forma que teve de ser derrubado pela ditadura militar, farta de ver a balbúrdia que levou Portugal a tomar parte na I Grande Guerra e a assistir ao assassinato de um outro chefe de Estado - Sidónio Pais - como se já não tivesse bastado aos republicanos emergentes ter assassinado o Rei D. Carlos e o seu filho Luís Filipe.

Ao que chegámos... e, hoje, retomo a frase do célebre caricaturista, para verberar com muita mágoa o facto de temos imposto um regime em 1974 que não soube dar - como foi cantado e dito - outra sorte a Portugal que não fosse a continuação do endividamento ao estrangeiro e, ainda se apraz pela voz dos actuais governantes criticar o Ministro das Finanças alemão por este ter insinuado que Portugal pode estar à porta de pedir um novo resgate.

Permito-me publicar - ipsis-vrbis - um pequeno texto da conceituada jornalista Helena Garrido, que diz assim:

A probabilidade de Portugal ter de pedir um novo apoio financeiro vai subindo a cada dia que passa. Schäuble poderia até ter acrescentado mais argumentos para mostrar os riscos que Portugal enfrenta.

O ministro alemão das Finanças pronunciou em público a palavra proibida. “Resgate”. Só pode ser uma surpresa para quem está pouco atento ou quer acreditar em impossíveis. A probabilidade de Portugal ter de pedir um novo apoio financeiro vai subindo a cada dia que passa. Schäuble poderia até ter acrescentado mais argumentos para mostrar os riscos que Portugal enfrenta.
                                               in, Observador" de 1 de Julho de 2016

- Será que a falta de lucidez é de quem nos avisa ou dos que cá dentro - tendo por portas travessas - tomado conta do poder, tem a desfaçatez de alto e bom som, como se fôssemos intocáveis de criticar as palavras avisadas de Schauble?

Atentemos naquilo que temos feito, mormente, depois do "jogo de bastidores" das últimas eleições legislativas e, depois, tomemos consciência de que, como ilustrou a pena brilhante de Rafael Bordallo Pinheiro na gravura que se reproduz, "quem semeia ventos colhe tempestades"...

Sempre assim foi!