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domingo, 14 de abril de 2013



FAZ-TE GUARDIÃO DE TI MESMO

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português (…) de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português.
in, Preâmbulo da Constituição da República Portuguesa

É assim que está escrito.
Um punhado de homens tomou sobre si a incumbência de pensar por todos os portugueses em Abril de 1974, como se, cada um, de per si se assumisse com acéfalo.
E o povo aceitou. Na euforia que se viveu nem deu por isso; só que agora quando se fala em rever este ponto da Constituição, cai o Carmo e a Trindade...
Apesar de tudo, povo, meu querido povo - pese embora a hora que passa em que pela terceira vez desde a libertação os “libertadores” levaram o País à falência - não chores, canta.
Apela para as derradeiras forças da tua moral e não deixes morrer a chama da Esperança!
Mas não creias nestes “libertadores”
Faz-te guardião de ti mesmo e continua a batalhar por uma liberdade que, realmente, não te deram. Continua, pois, a pedir a liberdade total e inalienável que pede igual retribuição de deveres e responsabilidades.
Tu sabes - e só tu é que o sabes - que ser livre, é de igual modo ser-se adulto e consciente pelos actos praticados, mesmo os mais insignificantes e nunca se é livre se o sentido da responsabilidade encobre negócios escuros ou serve para pôr na arena política o jogo do compadrio, porque se faz um jogo de compra e venda - no pior sentido - e não o jogo da verdadeira partilha humana onde a compra e a venda respeitam os princípios da genuína liberdade da pessoa, pelo uso que deve ser feito desse nobre atributo que torna qualquer homem um ser em primeiro lugar responsável para consigo mesmo, seguindo-se o pensamento de Claude Avelin.
Por isso, meu querido povo, assume para ti esta verdade: ainda não és livre, porque os que dizem que te libertaram não souberam conduzir-te para a nobre soberania democrática dos valores humanos, que começam pelo respeito que cada um deve a si mesmo, seja nas palavras ou nos actos que não podem fugir às palavras que os sustentam.
Eis, porque, é um engano que recebes dos que continuam a fazer-te acreditar em sistemas, cujas teorias - até podem ser virtuosas - mas não tiveram  e não têm tido servidores, como tu merecias.
Por isso não és livre, porque as escolhas que tens feito são um arremedo de liberdade - não por culpa tua - mas porque te "obrigam" a votar naqueles que te impõem e não naqueles que tu conheces de perto, no teu Concelho, na tua Freguesia ou no teu Bairro.
E, por isso, não és livre, verdadeiramente, porque continuas a pagar com o suor do teu rosto o salários dos que  não conheces  - mas confirmas com o teu voto - e, até, daqueles que por caminhos que nem sonhas, pouco ou nada produzem.
A tua liberdade é, pois, uma mentira.
É um canto de sereia que um dia te cantaram numa madrugada de Abril, em que, não tardou que  escrevessem - sem te pedir licença - que tu, no colectivo que és, tinhas um destino traçado: um caminho para uma sociedade socialista, e sem qualquer  pudor, porque se julgaram donos da tua vontade, acrescentaram logo a seguir: no respeito da vontade do povo português, sem que tivesses sido ouvido porque caminho querias seguir, ou doutro modo: a um Portugal corporativo impuseram para Portugal uma sociedade socialista, com o mesmo à vontade que outros usaram falando em nome do povo
Fizeram de ti - antes e depois - um pau mandado.
E assim continua, hoje, este pedaço de prosa iníqua naquela Lei Fundamental- que neste ponto, como noutros - é uma bíblia que não pode ser mudada, porque para uns tantos iluminados, aquele livro escrito de cabeça quente - e até se compreende, se pensarmos no momento que se viveu  - vale o mesmo que a Bíblia Sagrada para o catolicismo centrado na Igreja de Roma.
Mas, peço-te, faz das fraquezas força. Não chores, canta.
Canta a “Grândola Vila Morena” mas a autêntica ou, outra, mas que tenha o mesmo sentido.
Não aquele que os nóveis “grandoleiros” passaram a entoar ao confundir um grito de liberdade - que o foi na voz genuína de Zeca Afonso - numa histeria sem nexo que até perde o sentido, porque uma canção de liberdade , como aquela foi, nunca se pode deturpar com os gritos e asneiras dos que pedem liberdade para fazerem, apenas, o que querem.
Canta, sim, querido povo uma nova canção
Faz-te guardião de ti mesmo e canta assim aos quatro ventos!

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