Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 22 de abril de 2013


A ARCA - EUROPA versus ARCA DE NOÉ

Gravura publicada na Revista "Riso Mundial" de 17 de Julho de 1947
Esta é uma história moderna - que pode vir a concretizar-se numa dura realidade - e que tem origem em factos que se apontam resumida e cronologicamente:
A história, se vier a ter um fim contrário à nobreza do ideal que a fundiu, não o quis ter, valha a verdade e tem de se realçar o gesto e a atitude altruísta do  seu criador.


Tudo começou em 9 de Maio de 1950 pela acção de Robert Schuman a que se seguiu em 1951 o propósito de dar corpo ao seu plano com a adesão da   Alemanha, Bélgica, França, Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos, com o estatuto de membros-fundadores.
Em 1957 é assinado o Tratado de Roma, que cria a Comunidade Económica Europeia (CEE), também conhecida pelo "mercado comum" e que em 1993 passou a chamar-se, após o Tratado de Maastricht por União Europeia (UE).
Em 1958, surge a CEEA - Comunidade Europeia da Energia Atómica.
Em 1973 aderem a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido.
Em 1981 dá-se a adesão da Grécia e  em 1986  Portugal e a Espanha.
Em 1995, a Áustria, Suécia e Finlândia juntaram-se à recém-criada União Europeia.
Em 1999 dá-se o lançamento oficial do euro.
Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal adoptam o euro como moeda oficial.
A Eslováquia adere em 2009.
Em 2004 a UE viu o seu maior alargamento; Malta, Chipre, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria.
Em 2007 é assinado o Tratado de Lisboa.
Surgem outros candidatos, como: Antiga Republica Jugoslava da Macedónia; Croácia; Turquia; Islândia; Sérvia.
Á semelhança do antigo patriarca bíblico Noé - seja-me permitida a criação desta imagem literária - a Comunidade Europeia construiu uma Arca e largou, um dia, mas com a diferença do episódio bíblico que meteu todos de uma só vez dentro da Arca chamada de Nóe - o nome do velho Patriarca -  enquanto a Arca-Europa levou atrás de si um bote onde ia metendo os que, depois de aferidos, conferidos e aprovados entravam em primeiro lugar no bote e, só depois, de provas prestadas eram admitidos no bojo da Arca com a promessa de  mundos e fundos, apesar das diferenças étnicas e culturais, com o desejo de bem-estar para todos e, sobretudo, o desejo de criar um mundo mais justo.
A falácia não tardou a acontecer.
Sem ter havido expulsões - por enquanto - o que é notório é que a bombordo da Arca - Europa e bem às claras do mundo, como se vê na gravura, vão hoje, proeminentemente, dois vultos que sugerem dois Países - a Alemanha e a França - que olham o bote salva-vidas onde esperam meter, um dia, todos os que se venham a atrasar na criação de riqueza ou que, tendo-a esbanjado, pediram fiado e não podem pagar o capital e nem, sequer, os juros agiotas que lhe são impostos, tornados esquecidos os princípios do bem-estar prometido e do tal mundo mais justo, ou seja mais solidário.
A história ainda não acabou e não sei como vai terminar.
Mas olhando o bote salva-vidas tão pequeno, receio que muitos dos Países que vão ser jogados fora não caibam todos e se afundem, manchando assim, uma história que se quis de sucesso e - se vier a concretizar-se - não deixará de ser uma cantiga falsa que nos contaram, porque, afinal, ao que parece, a bombordo da Arca-Europa, o grito que parece ecoar, um dia, será o seguinte:
                                                      Apenas nos salvámos nós!
Mas... será, que vão salvar-se?
                           

Sem comentários:

Enviar um comentário