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terça-feira, 23 de abril de 2013

ACORDA, ´"ZÉ!"

Gravura publicada pelo Jornal "A Corja" de 25 de Setembro de 1898
Foi sempre um defeito do "Zé".
Confiar demais, coma ainda hoje acontece, pese embora, o rol imenso de anos que lá vão desde o seu aparecimento no jornal "A Lanterna Mágica" em 1875, numa charge alusiva aos impostos, com o então Ministro da Fazenda (hoje, Ministro das Finanças) a sacar ao "Zé Povinho" três tostões... dizendo que era para os dar ao Santo António...
Desde então  ficou a marcar uma figura identificativa do povo português com a sua postura pachorrenta - mas outras vezes, não tanto - criticando os principais problemas sociais da politica económica de Portugal assinalando com a caricatura a sua revolta e abandono pela classe política.
Apesar de tanto tempo passado não se julgue que a caricatura do "Zé" não faz sentido, sendo certo que mudou, dando à velha caricatura traços diferentes, mas sem alterar no todo o original, porquanto, continua a ser usado - quando é preciso - e, depois, esquecido.
Vamos a caminho do aniversário da Revolução de Abril de 1974 e, por isso, vem a propósito falar da efeméride por ter sido um momento de esperança para o "Zé", onde pareceu que a sua caricatura ia morrer de vez, porque nunca mais seria esquecido.
Mas  tal não aconteceu.
Portugal pelo que se ouvia dizer fez que o "Zé" tomasse uma posição de espera e ao olhar a Revolução que acabou com ditadura - como se fosse uma árvore plantada no cão da Pátria - ficou esperançado, dizendo: Portugal, agora, há-de crescer!... há-de crescer!
Gravura publicada pelo Jornal "O António Maria" e, 7 de Setembro de 1882
Mas, não cresceu tanto como era esperado e o "Zé" ficou a olhar a História.
Viu que em (1882) o seu antepassado "Zé" tivera um palpite que algo ia mudar com o governo regenerador de Rodrigues Sampaio e Fontes Pereira de Melo, até porque havia sido suspenso um imposto sobre o rendimento que havia sido criado em 18 de Junho de 1880, mas foi sol de pouca dura.
E o "Zé" contemporâneo, verificou que em Abril de 1974 nem isso lhe fora dado.
Não tardou que no dia 6 de Outubro de 1974 - cerca de sete meses decorridos - um apelo do então Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves levou o "Zé" a trabalhar para ajudar as instituições do Estado, com a pouca vergonha de lhe terem chamado "um dia de trabalho voluntário". E o "Zé" acorreu e trabalhou "a bem da Nação" um "slogan" odiado por aqueles que o mandaram trabalhar de borla.
Olha, querido "Zé": é verdade, que aquilo que aconteceu foi uma excepção e, possivelmente, uma exorbitância política que não voltou a acontecer, mas não deixa de ser verdade, que hoje, acabaram as borlas e, até, em tantos lados - contra tudo o que te disseram - fecharam-se as fábricas e acabaram os trabalhos, razão, porque na gravura que encima este apontamento, estás deitado no chão... não sei se a dormir se a meditar na vida que te criaram e não mereces, fazendo de ti um mandrião, quando és um homem de trabalho.
Acorda, "Zé".
Acorda e faz que acordem todos aqueles que te puseram a dormir, sobretudo, os que, agora, depois do mal feito não aparecem no Parlamento para celebrar o 25 de Abril, lavando as mãos como Pilatos.


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