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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A CRISE NÃO É PARA TODOS


Gravura do Jornal "O António Maria" de 7 de Setembro de 1882

Olha-se a gravura e o que vemos?
Um ser estranho, disforme e obeso, satisfeito e de braços abertos, numa atitude que longe de configurar um abraço que nos quisesse dar, o que dá a entender é o seu ar de vitória e de regalo, enquanto alguém de lenço na mão enxuga uma lágrima teimosa e a ave esquálida de bico aberto espera o que lhe não dão, enquanto o Zé Povinho de mãos nas costas não chora nem ri, de habituado que está a ver cenas destas.
Ontem como hoje.
Olha a figura disforme que parece ter comido um cento de "Zés" e espanta-se da gula que anda por aí à solta e não tardou em entrar no desconto das suas magras reformas.
O Zé Povinho é bom, mas está a perder a paciência.
Não acha bem que lhe tirem, não do que lhe sobra - como acontece com tantos, tão anafados como o Estado - mas que lhe vão ao bolso e lhe tirem do que lhe faz falta.
E aqui o Zé Povinho não perdoa.
Está zangado com o Estado que não acha ser o conjunto de todos os cidadãos, mas tão somente, aqueles que o governam.
Que se ponham à defesa todos aqueles que para ele configuram o Estado, porque a inteligência colectiva do Zé Povinho é extraordinária e tem mais acuidade social que o Estado, como ele o vê e sente.



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