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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Troca de Corações!


Porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. (Jr 31, 33); E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. (Ez 36, 26)


Deus nada faz sem sentido, porquanto, para Ele tudo tem um significado espiritual e de tal modo preciso, que tudo nos é revelado, se para tanto nos empenharmos em saber mais sobre a Palavra que nos é transmitida cheia de graça e sabedoria.
O profeta Jeremias que viveu num período difícil do povo de Israel com o fim do reino de Judá e a destruição, pelo poder babilónico, de Jerusalém (587-86), torna presentes as palavras eternas de Deus, porque Ele na sua infinita misericórdia está sempre disposto a escrever no nosso coração a sua Lei, como o fez, no seu tempo, dirigindo-se ao povo de Israel, pelo que, com a graça da regeneração todo o coração pode ser mudado, tornando-se herdeiro de Deus, algo que em Ezequiel fica perfeitamente claro e definido, se lermos com atenção o pequeno excerto que vai em epígrafe.

Com a troca do coração de pedra por um coração de carne, renasce o homem novo, o que nos leva a concluir que temos dois corações: o de pedra - que não aceita o poder da graça - e o de carne que inconformado com o mundo, ao deixar-se transformar pela renovação espiritual aceita o poder do Espírito Santo  e, assim, se torna apto, no dizer se S. Paulo para discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito (Rm 12, 2)

Temos, assim, que o homem-novo para onde aponta, espiritualmente, todo o ensinamento de Jesus através do Evangelho, mais não é, que a troca de corações que em si mesmo todo o homem é chamado a fazer, abandonando o de pedra e passando - pela força do seu baptismo - a viver com o seu coração de carne adquirido e acarinhado com o Poder do Espírito de Deus, que desde logo começa a fluir para ele como se fosse um rio destinado a encher o mar de cada homem, inundando a sua natureza divina e capacitando-o a operar maravilhas.

Para isto fomos criados: Para termos um coração novo e um espírito novo, porque se assim não acontecer é pelo coração que morremos, ainda que estejamos vivos, razão que nos leva a concluir pela justeza de toda a Verdade de Deus escrita no nosso coração, porque Ele - impondo-a - como se lê no testemunho do versículo de Jeremias a que aludimos, o que pretende é salvar todos os homens, algo que fica espiritualmente definido da assunção do baptismo, em que, é pelo novo nascimento que nos tornamos irmãos uns dos outros e membros da Família de Deus, dotados da sua mesma natureza e imortais, no sentido de nos podermos salvar, unidos ao sacrificado da Cruz.

Claro que temos a liberdade de não escolhermos o novo nascimento.
É uma opção.
Mas esta, embora deixe no homem o seu coração de pedra não se livras de Deus o procurar por toda a vida, o que explica - e de uma forma bem clara - o motivo pelo qual se salvou o ladrão que agonizava ao lado de Jesus e conseguiu a glória do Paraíso.
Deus é o nosso eterno Procurador.
Em Jeremias não se coíbe de dizer que ele escreverá a sua Lei no nosso coração e em Ezequiel, vai mais longe: dar-nos - á um coração novo e, pelo baptismo, porá em cada um de nós um espírito novo, porque para nosso bem não pode haver velharias de ferro-velho que só atrapalham a nossa caminhada pela carga a mais que transportamos.

Deixemos, pois, que Deus opere a troca de corações e que, cada um viva como seu coração de carne habitada pelo Espírito Santo, na certeza que, embora ínfimos apóstolos que somos, se abrirmos o nosso coração sem embustes, sobre cada um de nós, o que aconteceu com os Apóstolos no Dia de Pentecostes, aconteceu connosco no dia do nosso baptismo e, portanto, a partir daquele momento a habitação do Espírito Santo não nos chega por meio de maravilhas e milagres, mas pela fé, porque Deus permite a todos aqueles que crêem no Evangelho, que este, ao ter sido cumprido pela vinda de Jesus a este mundo e pelo seu próprio Baptismo, nos deu, pelo poder da graça - e para sempre - a troca de um coração de pedra por um coração de carne onde palpita o dom da vida através do influxo do Espírito Santo.

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