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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Entrar pela porta estreita



Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. (Mt 7, 13)



Neste tempo secularizado que sentido tem falar de Jesus?
Eis uma pergunta de cunho radical que muitos colocam à fé de quem acredita no Homem-Deus e aos quais é preciso dar uma resposta consequente.
Dir-se-á, que ganha hoje todo o empenho – como nunca aconteceu - falar de Jesus, neste momento inquietante que a Humanidade vive, apostada como está numa licenciosidade sem freio que está minando os alicerces espirituais onde se fundam os melhores princípios básicos da moral social.

Servimo-nos de um texto de S. Lucas ( 13, 22-30) que nos apresenta  Jesus num dado tempo e lugar, num momento em que Ele percorria cidades e aldeias a caminho de Jerusalém e ao ser interpelado por um ouvinte, respondeu a uma pergunta sobre a salvação, tendo no acto proferido as seguintes palavras: Porfiai por entrar pela porta estreita; (…).
O que é isto da porta estreita?
Radica-se esta imagem num facto incontroverso.
A Mensagem de Jesus destina-se aos homens de todos os tempos, sendo desde o princípio portadora de um anúncio de salvação, embora, como hoje acontece se defronte com a provocação de uma sociedade massificada, opulenta e instalada, que vê nesta porta estreita um entrave aos seus prazeres imediatos.

A cidade secular não entende isto, porque ébria que está de um mundo devasso, entende que tem todo o direito de procurar por todos os meios a porta larga, por onde possam entrar sem peias todos os  desvarios mais torpes e atentatórios da dignidade humana.
Eis porque faz todo o sentido falar de Jesus.
E citá-lo naquilo que é o fundamento da sua apresentação aos homens: levá-los a discernir de uma vida sem freio, onde se perdem as melhores virtudes e daquela que lhe pode dar meios de salvação, entendendo-se por isto, que se trata de os salvar dos atoleiros em que um mundo pouco escrupuloso os podem conduzir.

É preciso, pois – é até, urgente – chamar ao nosso mundo o Homem de Nazaré, morto pelos homens das portas largas a quem Ele propunha uma vida de portas estreitas e que eles recusaram a todo o custo, como hoje acontece, entre nós, a ponto de poder dizer que uma parte da nossa sociedade, dita erudita e letrada, não hesitaria em O crucificar de novo para poder continuar com a devassidão das suas vidas.

Chamemos o homem secularizado do nosso tempo à razão.
É preciso encontrar equilíbrios e estes vão beber por inteiro no discurso cristão, onde mora o sentido do amor verdadeiro do homem pelo homem e, onde, o discurso da porta estreita é, apenas, mas fundamentalmente, uma chamada às profundezas do homem que é bom por natureza e deve ser chamado, se perdeu o sentido, a empreender o retorno a uma caminhada mais condizente com o seu estatuto moral.
Jesus não abdica do sentido que nos deixou.

E a porta estreita, afinal, pode ser – se o homem quiser – a grande porta de entrada numa Humanidade diferente, mais respeitadora do homem de si para si mesmo e deste para todos.

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