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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

João Maria Baptista Vianney (Santo Cura d'Ars)



"Quanto mais uma alma se desapega de si mesma pela resistência às suas paixões, mais ela se une a Deus; e, por um feliz retorno, mais o bom Deus se une a ela; Ele a olha, Ele a considera como sua esposa, como sua bem-amada; faz dela o objecto de suas mais caras complacências, e fixa nela sua morada para sempre." (São João Maria Vianney)

João Maria Baptista Vianney, que se tornou conhecido por Santo Cura d’Ars (1), desde cedo desejou ser sacerdote, num tempo sacudido pela Revolução Francesa, e num local - a sua cidade natal de Dardilly - onde se vivia um paganismo centrado na negligência e abandono da prática religiosa. Este homem invulgar depois de ter sofrido em 1791, a brutalidade da imposição da “Constituição Civil do Clero” que coagiu os sacerdotes a um juramento cismático - corte com o Papa e  obediência àquele documento, sob pena de prisão ou morte -  com a família, tinha ele 5 anos, deixou de assistir às celebrações dos padres “juramentados” e passou a ouvir as clandestinas, celebradas em granjas e celeiros por padres “refractários” - os que recusaram o juramento cismático -  recebeu de um deles a primeira comunhão, apenas aos 13 anos, naquele clima de perseguição e terror que o marcou para toda a vida, desde logo na sua longa caminhada para o sacerdócio iniciada em 1803 e culminada em 1815 depois de muitas hesitações - não dele - mas da hierarquia, como é conhecido. Tinha, então, 29 anos e não tardou a ser designado para a cidadezinha de Ars, onde chegou em 1818 e haveria de a tornar universalmente famosa.

Encontrou em Ars, um vilarejo rural afastado de toda a espiritualidade cristã, na peugada do que havia acontecido, anos atrás, em Dardilly e que tanto havia incomodado a sua piedade nos alvores da sua mocidade.
Como havia o Cura de Ars (cura era o nome que designava, na época, um padre de aldeia) a chamar, de novo, as pessoas ao desafio do catolicismo?
Valeu-se da oração que centrava todos os dias na sua profunda espiritualidade, desapegando-se de si mesmo e, logo, como consequência, cada dia mais ligado ao pequeno mundo onde a Igreja o colocara, tendo a certeza que ao viver assim, a sua alma se unia a Deus, que num feliz retorno - como disse - mais o bom Deus - havia de a recompensar pela dádiva que fazia em prol das ovelhas tresmalhadas que havia na seu rebanho de Pastor, para quem pedia a conversão, ajoelhado durante horas defronte do Santíssimo Sacramento, santificando-se para poder santificar os que bem conhecia pelo nomes e não conhecia pela frequência dos Sacramentos.

A Igreja de Ars pelo abandono a que fora votada não atraía o exercício da espiritualidade dos seus naturais,  algo que ele, ao reformá-la, como fez, embora apontado em Lyon, pelos lojistas sacros onde ia fazer as compras - como o padre magro e o mais mal arranjado - de pouco se importava com os dichotes, desde que levasse com ele algo que não só lhe permitia embelezar a Casa de Deus, como permitia que ela fosse acolhedora para os seus humildes camponeses.
Dizia fervorosamente que,  muitas vezes basta a vista de uma imagem para nos comover e converter. Não raro as imagens nos abalam tão fortemente como as próprias coisas que representam,  acompanhando isto, que não era pouco, com a solicitude para com a juventude, que durante os terríveis anos da Revolução crescera ignorando as mais comezinhas práticas de piedade e os rudimentos da fé, atraindo-os para a prática do Catecismo, que não tardariam a ser conhecidos nas redondezas como os mais bem instruído da região.

Nas suas pregações, em geral, os deveres de cada um para consigo, para com o próximo e para com Deus, eram a tónica.
Conta-se que ficou famosa uma resposta dada a um paroquiano mais distante da espiritualidade que ele empregava nos seus sermões, onde daquele corpo franzino a sua voz saia em tom alto:
- Por que é que o Sr, Padre fala tão alto e quando reza fala tão baixo?
Ao que ele respondeu:
- É que quando prego, falo a surdos, e quando rezo falo a Deus, que o não é.
Este homem que em vida foi um santo mendigo por amor dos seus paroquianos e da Paróquia que serviu, foi tornado venerável em 30 de Outubro de 1872; beatificado em 8 de Janeiro de 1905 pelo Papa Pio X ficou «patrono de todos os sacerdotes» e no primeiro dia de Novembro de 1924 foi canonizado pelo Papa Pio XI, na Praça de S. Pedro, tem como MO o dia 4 de Agosto, para que a sua vida exemplar fundada numa rara espiritualidade ajude todas as almas a caminhar para Deus.
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(1) - Ars-sur-Formans é uma comuna francesa na região administrativa de Ródano-Alpes, no departamento de Ain, situada ao norte de Lyon.

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