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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O "génio do mal"



Gravura do Jornal "O Xuão" de 9 de Fevereiro de 1909

As duas personagens que o caricaturista colocou nos pratos da balança e que parecem preocupados, não se dão conta que por cima deles há uma figura estranha - uma força colossal que incarna o "génio do mal" - que mais não é, que o sentimento nacional do caloteiro a empurrar sempre para baixo o prato da dívida sistémica a passar para a geração seguinte, desde os tempos do Senhor Fontes Pereira de Melo - que no dizer sábio do povo "teve mais olhos que barriga"...



Eis, ainda hoje, a imagem do Portugal democrático.
Em 40 anos não conseguimos equilibrar os pratos da balança.
Por três vezes estendemos a mão à caridade alheia, o que não seria um mal se tivéssemos aprendido com o gesto, refreando gastos e corrigindo atitudes, não fora o "génio do mal" que nos persegue como uma praga, como  um vírus endémico que continua a actuar no fiel da balança sempre a empurrar - como se vê na velha gravura -  o prato do desequilíbrio orçamental, algo que no tempo democrático se acentuou muito mais, quando havia de ter sido o contrário, se o Portugal de Abril - como alguns gostam de dizer - tivesse sido um Portugal com siso e não tivesse continuado a ser o Portugal das benesses e do compadrio, acrescido, agora, com os "direitos adquiridos" que têm de ser mantidos, ainda que com dinheiro emprestado.
É o que tem acontecido.
Neste momento - Janeiro de 2014 -  a diferença entre o que produzimos e o que gastamos apresenta, ainda, um défice de cerca de 5%, após tantos sacrifícios pedidos ao povo.
O que falta fazer?
Cortar no que foi prometido: nas "gorduras do Estado" localizadas na tripeça onde se assentam os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário e não cortar, como tem acontecido no que está mais à mão: no povo.
É que cortar neste, é uma cobardia política, sobretudo no povo reformado, inerme, por não ter qualquer poder.
Eis, porque, falta cumprir a "Reforma do Estado", cortando as suas despesas permanentes, diminuindo a sua dimensão, algo que continua por fazer na dimensão necessária, de modo a equilibrar as contas públicas.
Temo que não haja força no actual Governo.
Temo que se tenham esquecido do que prometeram, mas devendo lembrar-se, que o povo nas suas duas vertentes sociais - activo e reformado - não se esqueceu da promessa, farto como anda de sofrer os cortes vindos da parte do Executivo, sem que os veja onde haviam sido prometidos.


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