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domingo, 20 de março de 2016

Domingo de Ramos - 20 de Março de 2016 - Ano C



Este Domingo Fundamental da História da Paixão de Jesus começou por ser vivido na noite de sábado, em Betânia, em casa de Marta e de Maria. Conta-se que os acompanhantes de Jesus foram espalhados por várias casas, daquela aldeia dos arredores de Jerusalém, à excepção dos Apóstolos que se hospedaram na casa de Marta e de Maria.

Na manhã seguinte, Jesus e os seus saíram de Betânia, trepando a encosta do Monte das Oliveiras que descia para o vale do Cedron e de onde se alcançava o acesso às portas da cidade. Este foi o caminho do suplício que havia de terminar no Calvário, num dos extremos da cidade de Jerusalém.

Em Bethphagé, no ponto mais elevado do caminho, Jesus chamou dois discípulos e ordenou que dois deles fossem adiante e lhe trouxessem um jumentinho...



Dada deste modo a ordem, tudo pareceu indicar algo que estava bem determinado, como de facto estava. Jesus com aquela atitude cumpria o que fora profetizado por Zacarias  550 anos antes em (9, 9):

Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti;
Ele é justo e vitorioso;
vem, humilde, montado num jumento, (...)

Eis porque, a 1ª leitura da Missa deste Domingo de Ramos começa por relatar a entrada messiânica de Jesus, em Jerusalém, fazendo ouvir o Evangelho segundo S. Lucas ( 19, 28-40):  
Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do chamado Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos, dizendo: «Ide à aldeia em frente e, ao entrardes nela, encontrareis um jumentinho preso, que ninguém montou ainda; soltai-o e trazei-mo. E se alguém vos perguntar: ‘Porque o soltais?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele.’»
Os enviados partiram, e tudo se lhes deparou como Ele tinha dito. Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos disseram-lhes: «Porque soltais o jumentinho?» Responderam-lhes: «Porque o Senhor precisa dele.»
Levaram-no a Jesus e, deitando as capas sobre o jumentinho, ajudaram Jesus a montar. Enquanto caminhava, estendiam as capas no caminho. Estando já próximo da descida do Monte das Oliveiras, o grupo dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus, em alta voz, por todos os milagres que tinham visto. E diziam:
«Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!
Paz no Céu e glória nas Alturas!»
Alguns fariseus disseram-lhe, do meio da multidão: «Mestre, repreende os teus discípulos.»
Jesus retorquiu: «Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as pedras.»

Segundo os exegetas a entrada na cidade foi triunfal com a adesão do povo àquele cortejo messiânico, a que alguns que o não entendiam , outros mais avisados do que se passava, diziam: "É Jesus de Nazaré, o profeta da Galileia", um brado que levou mais e mais a comprimir o povo contra o ódio do fariseus que nos seus corações não haviam deixado de alimentar intenções assassinas, assanhadas com a chegada do cortejo às portas do Templo, onde os cânticos de louvor a Jesus ensurdeceram os ouvidos dos seus opositores.

A perseguição final começou ali e só acabaria, feito o Caminho da Cruz, tal como hoje se apresenta aos peregrinos até alcançarem a actual Igreja do Santo Sepulcro, local do Calvário onde eram crucificados os malfeitores. 

sábado, 19 de março de 2016

Para lembrar... uma novidade, que valeu a pena!


http://expresso.sapo.pt/ (de 9 de Março de 2016)


Era um acto normal a visita dos Presidentes da República empossados no pós 25 de Abril visitarem os Jerónimos para deporem junto ao túmulo de Camões uma grinalda de flores.

Marcelo Rebelo de Sousa fez o mesmo, mas com uma diferença importante: repetiu a tradição junto da urna tumular do épico, mas teve o mesmo gesto junto da urna de Vasco da Gama, num simbolismo que prova como a cultura académica em homens da estirpe do novel Presidente da República se fez eco, porque foi, entre muitos e valorosos marinheiros portugueses - como o descobridor do caminho marítimo para a India - que Camões se inspirou para cantar em versos imorredoiros a gesta marítima de Portugal.

Foi um sinal, mas é destes sinais que Portugal precisa e não da repetição de cenas meramente protocolares, pois é preciso ir mais ao fundo da História e honrar os homens que conseguiram deixar por toda a costa atlântica e para a que ficou para trás do Bojador, marcos da nossa passagem pelos caminhos desconhecidos dos muitos "Adamastores" que nos quiseram tolher a passagem.

Marcelo Rebelo de Sousa com aquele gesto ao honrar o nauta que singrou para além da Rota do Cabo, teceu-lhe o louvor merecido, criando uma novidade que valeu a pena pelo simbolismo do acto e por ter sido o primeiro Presidente da República a lembrar-se de um dos heróis marinheiros do Portugal de antanho.

Depois, antes de deixar aquela jóia de pedra lavrada pelo cinzel dos artistas, tendo como assistentes,  entre eles o Prior de Santa Maria de Belém, assinou demoradamente o Livro de Honra do Mosteiro dos Jerónimos.

in, com a devida vénia do blog "Portugal dos Pequeninos"


Tenho a certeza que aquele momento - demorado - como foi considerado, teve de ser assim, porque, por entre a frieza dos claustros seculares havia um homem que quis aquecer  o momento com a sua pena que deixou lavradas, palavras de ouro, tão valiosas quanto o foram os cinzéis dos artistas canteiros, que palmo a palmo - demoradamente - na secretaria das paredes, das pilastras e dos arcos dos tectos "escreveram" sem palavras, todas as palavras que eles nos merecem.

Esta foto é um momento especial, onde o velho das cantarias se tornou mais novo na moldura serena do actual Presidente da República. 

Ao longo da vida...


Intróito à Semana Santa


Com a celebração, amanhã, Domingo de Ramos, o grande relógio do tempo, assinala o começo de mais uma Semana Santa, um evento religioso dos mais marcantes ao abrir o Caminho Pascal dos Passos dolorosos de Jesus que só, fisicamente, terminaram sobre as urzes do Calvário.

Lembrar estes Passos é um dever religioso e sendo um preceito para os que vivem a Paixão de Jesus Cristo, ele não deixa de ser para toda a Humanidade um sinal que tende, um dia, no ecumenismo que está predito, para ser um Sinal para todas as criaturas.

A partir de "O Astrolábio", um Órgão informativo da comunidade serrana onde Deus me deu a graça de ter nascido - o meu Prior, que o é, não importa a distância - com a data de 20 de Março, de 2016, incluiu para ilustrar tão magno acontecimento eclesial uma figura do Calvário, que sendo parecida com tantos milhões de outros Calvários que têm enchido o mundo, traz em rodapé duas pequeninas frases que bem merecem ser lidas e meditadas...


E merecem ser lidas e meditadas porque dizem Verdades inelutáveis, de tal modo, que são por força própria o melhor INTRÓITO que conheço ao início da Semana Santa que amanhã vai começar.

Honra e Glória ao Crucificado!

Algo vai mal com António Costa...


Ao formar como formou o governo, de um modo como nunca se viu e não podemos esquecer - António Costa garantiu aos portugueses incluindo ao então Presidente da República - que tinha na mão um governo coeso que incluía o respeito pelos ratados internacionais assumidos por Portugal.

Relativamente ao cumprimento da participação de Portugal no apoio à Grécia e à Turquia por causa do assunto dos refugiados, foi penoso e desconchavado o apoio de António Costa ao Bloco de Esquerda e ao PCP - que iam votar contra, como fizeram - defendendo-os por ter sido sempre assim a posição daqueles seus companheiros da extrema-esquerda e acusar o PSD de ter mudado de posição...

Propositada e manhosamente virou o filme ao contrário e viu, distorcidas as cenas que estavam direitas.

Isto não lhe ficou bem e prova o engano em que fez acreditar quem nele o quis fazer, agindo ao invés do que sempre dissera: que o apoio parlamentar do BE e do PCP era sólido e não poria em dúvida compromissos assumidos com a UE.

Não foi isso que se viu, mas antes a abstenção do PSD para António Costa se sair esta embrulhada, o que não abonou da sua coerência e da jura "a pés juntos" de ter um governo capaz de cumprir e ser solidário com as prerrogativas que cabiam cumprir ao governo do Estado Português de que ele, de uma forma ìnvia, se tornou o máximo representante.

É, por isso, que reitero, mais uma vez, o meu desacordo com políticos rasteiros, pondo tão baixo a nobre arte de servir a "res-pública" onde eu me não vejo representado.

Moçambique 2016 - Um retrato triste do que Portugal deixou por fazer!

http://pt.radiovaticana.va/news 
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A notícia traz a data de 16 de Março de 2016.

A luta entre o partido do poder (a Frelimo) e os seus opositores da Renamo está para continuar, uma prova que a "nossa descolonização exemplar" só o foi para os que, na época, assim a denominaram, quando no caso de Moçambique, a começar em 1973, ainda com Marcelo Caetano no poder - o 1º acordo de paz - não foi aceite, bem como em Junho de 1974 - no pós-Revolução - restando mais conciliador o mês de Agosto, quando a Frelimo cessou a sua acção militar contra os portugueses de que resultou uma nova negociação em Setembro daquele mesmo ano, de novo em Lusaka com a transferência do poder para aquela organização, com o óbice da situação dos colonos não ter ficado bem definida, quanto às suas propriedades e restantes bens.

A pressa como tudo foi consumado, deixando latentes feridas mal saradas, são ainda hoje, males instalados nas força em confronto, pelo que, Moçambique é, um retrato triste do Portugal "revolucionário" que para além de não ter cuidado dos colonos que ali tinham arreigadas as suas vidas, deixou querelas intestinas mal resolvidas de que são exemplo os que, em fuga, procuram apoio no vizinho Malawi.

O Presidente Filipe Nyusi - que recentemente esteve em Portugal na posse do actual Presidente da República Portuguesa - onze meses depois de tomar posse como o quarto Presidente de Moçambique, assumindo, conjuntamente, a presidência da Frelimo, segundo fontes locais não tem o controle sobre a máquina governativa que torne possível a clarificação de uma linha política,

O Portugal de hoje, neste velho conflito nada pode fazer, mas lamenta-se que na época, a "descolonização exemplar" só o tenha sido para os que avisados a tempo se puseram a salvo.

quinta-feira, 17 de março de 2016

O Socialismo do PT do Brasil

in http://www.sapo.pt/(de17 de Março de 2016)
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Dir-se-á que a nomeação de Lula para o Governo brasileiro como um meio de mais facilmente não ser detido pela Justiça não me diz respeito, mas num mundo globalizado em que os vários socialismos se arvoram na melhor ideologia da defesa das causas sociais, este socialismo petista brasileiro provou, que não merece ser olhado com respeito e não é lição para um outro qualquer socialismo, embora, o que se lê no estatuto do Partido dos Trabalhadores, - como é costume em todos os socialismos - teça loas para enganar os distraídos.

Leiamos, com atenção:

No artigo primeiro de seu estatuto, o Partido dos Trabalhadores define-se como um partido que tem por objetivo a construção do socialismo democrático, que se caracterizaria como uma ordem social na qual não existiria exploração, dominação, opressão, desigualdade, injustiça e miséria. O meio para para atingir esse fim: as lutas por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais.

São as balelas do costume.

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Atentemos nos factos:
Temos, assim, que o socialismo, que no início se caracterizava como um movimento filosófico e ético, não tardou em se metamorfosear em doutrina económica, consolidando-se como tal com os escritos de Marx. Os sistemas económicos planificados implementados pelos países socialistas no século XX foram o resultado prático dessa doutrina, mas mostrando-se ineficazes como alternativa à economia de mercado baseado na livre iniciativa. 

Dessa forma, ficou a esquerda sem um modelo económico alternativo que pudesse sustentar as suas políticas públicas e. logo, o eleitorado fiel à balança socialista de se perpetuar no poder através do sonho marxista: de a cada qual, segundo a sua capacidade; a cada qual segundo as suas necessidades, acabou por ruir, porque nascei coxo, se pensarmos a quem é que caberia a escolha dos mais capacitados e dos outros, dos mais necessitados.
  • Quem seriam estes tais?
  • Precisamente, aqueles que a História nos tem ensinado, de que Lula é um mau exemplo.
É por causa desta reflexão que Lula - a concretizar-se a sua nomeação suspensa judicialmente, como diz a notícia, o impeça de fugir à Justiça - tem a ver comigo, porque "quem as faz, paga-as" é assim que se diz no velho Portugal de onde o Brasil nasceu!

terça-feira, 15 de março de 2016

Há sempre, na vida...


"Habilidades"...

http://www.ionline.pt (de 15 de Março de 2015)

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A habilidade do Ministro da Agricultura em virar a favor do Ministério que tutela as recentíssimas manifestações dos agricultores portugueses de suínos e leite, é de "mestre"... só que este jogo da política com intérpretes destes que deixam ficar o "gato como rabo de fora" só convence quem quer ser convencido...

Será que foi o Ministério da Agricultura que encomendou as manifestações e vai pagar o combustível gasto na marcha lenta dos tractores?

Eu admiro a argúcia - enquanto subtileza - mas não a admiro quando ela se transforma "num jogo de sombras"!

Fazei Senhor...


sexta-feira, 11 de março de 2016

2040 (900 anos da Independência de Portugal) a não esquecer... quando chegar!

A nau concebida para figurar na Exposição do Mundo Português em 1940

Não se nega que a Exposição do Mundo Português (23 de Junho - 2 de Dezembro de 1940) foi um acto de propaganda do chamado Estado Novo, em consolidação - com António de Oliveira Salazar ao leme - mas é indesmentível que o acto, para além dessa vaidade de um Estado que queria afirmar-se, quis comemorar a data da Fundação do Estado Português (1140) e a Restauração da Independência dos Filipe de Espanha (1640).

Foi, assim, a comemoração de um duplo centenário que teve por mentor em 1929 o embaixador Alberto de Oliveira, ideia assumida por Salazar em 1938


Por outro lado, o ano de 1940 assinalou os 800 anos de Portugal como Nação independente e os 300 anos da Revolução de 1640, tendo ocupado todo o terreno fronteiro aos Jerónimos 

in, Wikipédia

Nesta Exposição agruparam-se sinais e vestígios existentes em território nacional ou estrangeiro da epopeia dos Descobrimentos Portugueses que assinalassem as nossas peugadas pelo Mundo, tendo-se dado um especial realce à empresa quase sobre-humana dos feitos portugueses através dos Mares e da nossa obra missionária através de S. Francisco Xavier, um espanhol ao serviço de Portugal.

Pode o tempo algo desnacionalizado que vivemos tirar à data então vivida de 1940 o sentido pátrio que ela teve por a confundir com o Estado Novo e a ditadura que ele impôs, como regime totalitário que os novos tempos não admitem, mas não se lhe pode negar a comemoração de duas efemérides importantes.


Assim, os homens de Estado vindouros que em 2040 estejam à frente da Nação Portuguesa, sejam capazes - sem o gáudio de 1940 - de celebrar os 900 anos fundação do Reino de Portugal com a vitória de D. Afonso Henriques na batalha de Ourique travada em 25 de Julho de 1139, mas só tendo a sua chancelaria começado a intitulá-lo "Rex Portgallennsis" (Rei dos Portugueses) em 1140.

De que "mão invisível" falou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa?



No discurso da sua tomada de posse o Presidente da República Portuguesa ao falar da gesta portuguesa que criou uma "identidade nacional" feita de solo e sangue, e aposta na Língua, na Educação, na Ciência, na Cultura, na capacidade de saber conjugar futuro com passado, sem medo de enfrentar o presente, não quis prosseguir o seu discurso sem identificar que tipo de "identidade" nos forma enquanto povo valoroso que ao longo de nove séculos tem sabido escrever a sua História, que sem renegar qualquer tempo passado, tem ousado com galhardia, olhar com confiança o futuro, pese, como em tempo recente aconteceu, em que cabeças tontas, parecem, com as atabalhoadas atitudes de Estado, não estarem à altura do futuro que urge continuara a construir.


Eis o que sobre a nossa identidade, enquanto povo, disse o Presidente da República:

Uma identidade vivida em Estado de Direito Democrático, representativo, mas também participativo e referendário. Plural e fraterno. Respeitador da soberania popular, da separação e conjugação de poderes, da independência da Justiça, da autonomia político-legislativa dos Açores e da Madeira e da autonomia administrativa do Poder Local.
Zeloso na protecção das liberdades pessoais e políticas, mas apostado na afirmação dos direitos económicos, sociais e culturais. E, por isso, Estado Social de Direito.
Em que a criatividade da iniciativa privada se conjuga com o relevante Sector Social, e tem sempre presente que o poder económico se deve subordinar ao poder político e não este servir de instrumento daquele.
Dito de outra forma, o poder político democrático não deve impedir, nos seus excessos dirigistas, o dinamismo e o pluralismo de uma sociedade civil – tradicionalmente tão débil entre nós –, mas não pode demitir-se do seu papel definidor de regras, corrector de injustiças, penhor de níveis equitativos de bem-estar económico e social, em particular, para aqueles que a mão invisível apagou, subalternizou ou marginalizou


Permiti-me realçar esta "mão invisível" e, sobre ela, fico a pensar que ela existiu e o meu desejo, é que ela não mais exista em Portugal e, por isso, peço ao actual Presidente da República que a "corte" cerce, se algum dia ela ela tiver o desplante de querer continuar, na sombra, a dirigir políticas contrárias ao bem colectivo.

Mas, peço mais: que as tal "mão invisível" - eufeminismo - que eu tomo no plural, sejam mostradas ao povo e castigadas pelo mal que lhe fizeram, que a Democracia não pode consentir qualquer aceno que seja, de uma qualquer "mão invisível" e, muito menos, que ela tenha existido e passe ao largo das coisas sem importância.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Queres que te ensine um caminho?


Tropeçaste?


A dificuldade não é começar...


O óbolo verdadeiro...


Uma frase!


Juramento da Constituição

Na tomada de posse como o XX Presidente da República Portuguesa, o Prof Dr. Marcelo Rebelo de Sousa jurou a Constituição, no cumprimento respeitosos de um acto tradicional da Democracia Portuguesa, assim fossem todos os actos a ela relacionados, do cumprimento das regras, o que se sabe não aconteceu nas últimas eleições de 4 de Outubro que permitiram que o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues que apresenta ao novel Presidente da República, a Constituição, tenha ficado a dever o lugar que ocupa à quebra da tradição.

Mas "como águas passadas não movem moinhos" entendamos o que se passou, mas muito mal e obtuso e retenhamos, sobre a Constituição da República Portuguesa uma frase do discurso de tomada de posse do novo  Presidente da República:

É no quadro desta Constituição – que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir – que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar.

Pede-se e  deseja-se que isto se cumpra, ou seja, a existência de consensos alargados, porque a Constituição - como toda a obra humana não é intocável - e é urgente rever a sétima revisão de 2005 que através do aditamento de um novo artigo, permitiu a realização de referendo sobre a aprovação de tratado que vise a construção e o aprofundamento da União Europeia.

Como este referendo sobre  a União Europeia nunca se fez, o Presidente da República agora empossado jurou uma Constituição, que naquele caso, enganou os portugueses, o que prova que melhor seria jurar sobre a Bíblia - que não engana ninguém - ou então, a manter-se o juramento sobre a Constituição, esta tem de estar de acordo com o tempo em que vivemos.

Pelo que ficamos à espera que o Presidente da República consiga fazer os consensos alargados de que falou e obrigue os partidos a fazer uma nova revisão constitucional, para que um futuro juramento seja feito sobre um documento mais consentâneo com a realidade que vivemos.

Tomada de posse de PR de Marcelo Rebelo de Sousa


Discurso integral do Presidente da República Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, na tomada de posse, m 9 de Março de 2016.
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Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir.
Aqui nasci, aqui aprendi com meus Pais a falar a língua que nos une e une a centenas de milhões por todo o mundo.
Aqui eduquei os meus filhos e espero ver crescer os meus netos.
Aqui se criaram e sempre viverão comigo aqueles sentimentos que não sabemos definir, mas que nos ligam a todos os Portugueses. Amor à terra, saudade, doçura no falar, comunhão no vibrar, generosidade na inclusão, crença em milagres de Ourique, heroísmo nos instantes decisivos.
É para Portugal, para cada Portuguesa e para cada Português que vai o meu primeiro e decisivo pensamento.
Feito de memória, lealdade, afecto, fidelidade a um destino comum.

Senhor Presidente da Assembleia da República, Senhor Dr. Eduardo Ferro Rodrigues,
Na pessoa de Vossa Excelência, saúdo a representação legítima e plural da vontade popular expressa na Assembleia da República. E garanto a solidariedade institucional indefectível entre os dois únicos órgãos de soberania fundados no voto universal e directo de todo o Povo que somos.

Senhor Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva,
Ao percorrer, num imperativo exercício de memória, a longa e singular carreira de serviço à Pátria de Vossa Excelência – com uma década na chefia do Governo e uma década na chefia do Estado, que, largamente, definiram o Portugal que temos – entendo ser estrito dever de justiça – independentemente dos juízos que toda a vivência política suscita – dirigir a Vossa Excelência uma palavra de gratidão pelo empenho que sempre colocou na defesa do interesse nacional – da óptica que se lhe afigurava correcta, é certo – mas sacrificando vida pessoal, académica e profissional em indesmentível dedicação ao bem comum.

Senhor General António Ramalho Eanes e Senhor Dr. Jorge Sampaio,
A presença de Vossas Excelências é símbolo da continuidade e da riqueza da nossa Democracia, linhagem na qual também se insere o Senhor Dr. Mário Soares.
Democracia que se enobrece com a presença de três ilustres convidados estrangeiros que nos honram, ao aceitarem os convites pessoais que formulei, correspondentes a coordenadas essenciais da nossa política externa.
Da origem nacional, convertida em exemplares vizinhança, irmandade e cumplicidade europeias, na pessoa de Sua Majestade o Rei Filipe VI.

Da vontade de construir um novo futuro assente numa eloquente e calorosa fraternidade, e comunidade de destino, na pessoa de Sua Excelência o Presidente Filipe Nyusi.
Da constante afirmação do nosso empenho numa Europa unida e solidária, na pessoa de Sua Excelência o Presidente Jean-Claude Juncker. Acresce a esta dimensão de Estado uma outra, pessoal, em que se juntam respeito, laços antigos e grata amizade.

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,

Escreveu um Herói Português do Século XIX que “este Reino é obra de soldados”. Assim foi, na verdade, desde a fundação de Portugal, atestada em Zamora e reconhecida urbi et orbi pela Bula “Manifestis Probatum est”.
Nas batalhas da expansão continental ou da defesa e restauração da independência, como nas epopeias marítimas ou, nos nossos dias, nas missões de paz, ou humanitárias, dentro e fora da Europa. Com as nossas Forças Armadas sempre fiéis a Portugal.
Assim foi, também, em 25 de Abril de 1974, com os jovens capitães, resgatando a liberdade, anunciando a Democracia, permitindo converter o Império Colonial em Comunidade de Povos e Estados independentes, prometendo a paz, o desenvolvimento e a justiça para todos.

A quantos – militares e civis – fizeram o Portugal de sempre, como, de modo particular, a quantos – civis e militares – construíram a República Democrática devemos aqui estar, eleitos pelo Povo, em cumprimento da Constituição.
Digo bem, a Constituição. Neste mesmo hemiciclo, discutida e aprovada no meio de uma Revolução. E promulgada há quase quarenta anos, no dia 2 de Abril de 1976.
Recordo, com emoção, esses tempos inesquecíveis, em que, jovem constituinte, juntei a minha voz e o meu voto a tantos mais, vindos de quadrantes tão diversos, tendo percorrido caminhos tão variados, havendo somado anos ou mesmo décadas de luta ao combate do momento.

Para que pudesse nascer a Constituição que nos rege, e que foi sendo revista e afeiçoada a novas eras.
Por isso, a Lei Fundamental continua a ser o nosso denominador comum. Todos, nalgum instante, contribuíram para, ao menos, uma parte do seu conteúdo.
Defendê-la, cumpri-la e fazê-la cumprir é dever do Presidente da República.
E sê-lo-ia sempre, mesmo que o tê-la votado, o ter acompanhado algumas das suas principais revisões e o tê-la ensinado ao longo de 40 anos, não responsabilizassem acrescidamente quem acaba de assumir perante vós as funções presidenciais.
O Presidente da República será, pois, um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores, que, ao fim e ao cabo, são os valores da Nação que nos orgulhamos de ser.

O valor do respeito da dignidade da pessoa humana, antes do mais.
De pessoas de carne e osso. Que têm direito a serem livres, mas que têm igual direito a uma sociedade em que não haja, de modo dramaticamente persistente, dois milhões de pobres, mais de meio milhão em risco de pobreza, e, ainda, chocantes diferenças entre grupos, regiões e classes sociais.
Salvaguardar a vida, a integridade física e espiritual, a liberdade de pensamento, de crença e de expressão e o pluralismo de opinião e de organização é um dever de todos nós.
Como é lutar por mais justiça social, que supõe efectiva criação de riqueza, mas não se satisfaz com a contemplação dos números, quer chegar às pessoas e aos seus direitos e deveres.

Valores matriciais da Constituição são, de igual modo, os da identidade nacional, feita de raízes na nossa terra e no nosso mar, mas de vocação universal – plataforma que constituímos entre continentes e, sobretudo, entre culturas e civilizações.
Raízes nesta terra e neste mar, que formam um verdadeiro arquipélago com três vértices – Continente, Açores e Madeira –, e abarca o Oceano que nos fez e faz grandes. Daí o podermos e devermos continuar a assumir o Mar como prioridade nacional. Prioridade nascida de uma geoestratégica e, sobretudo, de uma vocação universal – como escrevia António Lobo Antunes: “se a minha terra é pequena, eu quero morrer no mar”.
Vocação universal, de Nação repartida pelos cinco continentes, em que mais de metade de nós, entre nacionais e descendentes, vive a criar Portugais fora do nosso território físico, mas dentro do nosso território espiritual.

Vocação universal, no abraço que nos liga aos povos irmãos, que partilham a nossa língua, numa comunidade aberta e inclusiva.
Vocação universal, em que a História se junta à Geografia, e em que o sermos europeus no ponto de partida e na firme vontade de participarmos na unidade europeia se enriquece com o sermos transatlânticos e, mais do que isso, podermos aproximar gentes e falas e economias e sociedades as mais distintas, sem xenofobias, intolerâncias, complexos de falsa superioridade ou de incompreensível inferioridade.
Em suma, identidade nacional feita de solo e sangue, e aposta na Língua, na Educação, na Ciência, na Cultura, na capacidade de saber conjugar futuro com passado, sem medo de enfrentar o presente.

Uma identidade vivida em Estado de Direito Democrático, representativo, mas também participativo e referendário. Plural e fraterno. Respeitador da soberania popular, da separação e conjugação de poderes, da independência da Justiça, da autonomia político-legislativa dos Açores e da Madeira e da autonomia administrativa do Poder Local.
Zeloso na protecção das liberdades pessoais e políticas, mas apostado na afirmação dos direitos económicos, sociais e culturais. E, por isso, Estado Social de Direito.
Em que a criatividade da iniciativa privada se conjuga com o relevante Sector Social, e tem sempre presente que o poder económico se deve subordinar ao poder político e não este servir de instrumento daquele.
Dito de outra forma, o poder político democrático não deve impedir, nos seus excessos dirigistas, o dinamismo e o pluralismo de uma sociedade civil – tradicionalmente tão débil entre nós –, mas não pode demitir-se do seu papel definidor de regras, corrector de injustiças, penhor de níveis equitativos de bem-estar económico e social, em particular, para aqueles que a mão invisível apagou, subalternizou ou marginalizou.

É no quadro desta Constituição – que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir – que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar.
Temos de saber compaginar luta, no plano universal, pelos mesmos valores que nos regem – dignidade da pessoa, paz, justiça, liberdade, desenvolvimento, equidade intergeracional ou valorização do ambiente – com a defesa da reforma de instituições que se tornem notoriamente desajustadas ou insuficientes.

Temos de ser fiéis aos compromissos a que soberanamente nos vinculámos – em especial, aos que correspondem a coordenadas permanentes da nossa política externa, como a União Europeia, a CPLP e a Aliança Atlântica –, nunca perdendo a percepção de que, também quanto a elas, há sinais de apelo a reflexões de substância, de forma, ou de espírito solidário, num contexto muito diverso daqueles que testemunharam as suas mais apreciáveis mudanças. Os desafios dos refugiados na Europa, da não discriminação económica e financeira na CPLP e das fronteiras da Aliança Atlântica, são apenas três exemplos, de entre muitos, de questões prementes relevantes, mesmo se incómodas.
Temos de sair do clima de crise, em que quase sempre vivemos desde o começo do século, afirmando o nosso amor-próprio, as nossas sabedoria, resistência, experiência, noção do fundamental.

Temos de ir mais longe, com realismo mas visão de futuro, na capacidade e na qualidade das nossas Educação e Ciência, mas também da Saúde, da Segurança Social, da Justiça e da Administração Pública e do próprio sistema político e sua moralização e credibilização constantes, nomeadamente pelo combate à corrupção, ao clientelismo, ao nepotismo.
Temos, para tanto, de não esquecer, entre nós como na Europa a que pertencemos, que, sem rigor e transparência financeira, o risco de regresso ou de perpetuação das crises é dolorosamente maior, mas, por igual, que finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e agravadas injustiças e conflitos sociais.
Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos.
Tudo indesejável, precisamente em anos em que urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos, reconstruir razões para mais esperança.

Temos de reforçar o sentido de pertença a uma Pátria, que é a mesma para todos e perante a qual só há – ou deve haver – Portugueses de igual dignidade e estatuto.
São difíceis, complexos, envoltos em incógnitas os reptos evocados?
Obrigam a trabalhos reforçados perante um mundo incerto, uma Europa a braços com tensões novas em solidariedades internas e externas, finanças públicas a não comportarem temeridades, sistema financeiro que previna em vez de remediar e não crie ostracismos ou dependências contrárias ao interesse nacional, política a ensaiar fórmulas novas, exigência de respostas mais claras, mais rápidas e mais equitativas?

Sem dúvida.
Depois da transição da revolução para o constitucionalismo, da estabilização da democracia partidária, da adesão europeia e da adopção do euro, das expectativas elevadas da viragem do século e das frustrações, entretanto, vividas, bem como da resposta abnegada dos Portugueses, esperam-nos cinco anos de busca de unidade, de pacificação, de reforçada coesão nacional, de encontro complexo entre democracia e internacionalização estratégica, dentro e fora de fronteiras e entre crescimento, emprego e justiça social de um lado, e viabilidade financeira do outro, de criação de consonâncias nos sistemas sociais e políticos, de incessante construção de uma comunidade convivial e solidária.
Nunca perdendo a Fé em Portugal e na nossa secular capacidade para vencer as crises.
Nunca descrendo da Democracia.
Nunca deixando morrer a esperança.
Nunca esquecendo que o que nos une é muito mais importante e duradouro do que aquilo que nos divide.
Persistindo quando a tentação seja desistir.
Convertendo incompreensões em ânimo redobrado.
Preferindo os pequenos gestos que aproximam às grandes proclamações que afastam.

Com honestidade. Com paciência. Com perseverança. Com temperança. Com coragem. Com humildade.
É, arrimado a estes valores e animado destes propósitos, que inicia o seu mandato o quinto Presidente da República livremente eleito em Democracia.
E, porque, livremente eleito pelo voto popular, Presidente de todos sem excepção.
Um Presidente que não é nem a favor nem contra ninguém. Assim será politicamente, do princípio ao fim do seu mandato.
Mas, socialmente, a favor do jovem que quer exercitar as suas qualificações e, debalde, procura emprego.
Da mulher que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual.
Do pensionista ou reformado que sonhou, há trinta ou quarenta anos, com um 25 de Abril que não corresponde ao seu actual horizonte de vida.
Do cientista à procura de incentivos sempre adiados.
Do agricultor, do comerciante, do industrial, que, dia a dia, sobrevive ao mundo de obstáculos que o rodeiam.
Do trabalhador por conta de outrem ou independente, que paga os impostos que vão sustentando muito dos sistemas que legitimamente protegem os que mais sofrem no nosso Estado Social.
Do novo e ousado talento que vai mudando a nossa sociedade e a nossa economia.
Da IPSS, da Misericórdia, da instituição mais próxima das pessoas – nas Regiões Autónomas e nas Autarquias –, que cuida de muitos, de quem ninguém mais pode cuidar melhor.
Do que, no interior ainda distante, nas Ilhas, às vezes esquecidas, nas Comunidades que povoam o mundo, é permanente retrato da nossa tenacidade como Nação.
De todos estes e de muitos mais.
O Presidente da República é o Presidente de todos.
Sem promessas fáceis, ou programas que se sabe não pode cumprir, mas com determinação constante. Assumindo, em plenitude, os seus poderes e deveres.
Sem querer ser mais do que a Constituição permite.
Sem aceitar ser menos do que a Constituição impõe.

Um servidor da causa pública. Que o mesmo é dizer, um servidor desta Pátria de quase nove séculos.
Pátria que nos interpela a cada passo. Exigindo muito mais e muito melhor.
Mas a resposta vem de um dos nossos maiores, Miguel Torga. Que escreveu em 1987, vai para trinta anos:

“O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista. Daí a espécie de obscura inocência com que atuamos na História. A poder e a valer, nem sempre temos consciência do que podemos e valemos. Hipertrofiamos provincianamente as capacidades alheias e minimizamos maceradamente as nossas, sem nos lembrarmos sequer que uma criatura só não presta quando deixou de ser inquieta. E nós somos a própria inquietação encarnada. Foi ela que nos fez transpor todos os limites espaciais e conhecer todas as longitudes humanas…
…Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas. O mundo não precisa hoje da nossa insuficiente técnica, nem da nossa precária indústria, nem das nossas escassas matérias-primas. Necessita da nossa cultura e da nossa vocação para o abraçar cordialmente, como se ele fosse o património natural de todos os homens.”
Pode soar a muito distante este retrato, quando se multiplicam, na ciência, na técnica, na criação da riqueza, tantos exemplos da inventiva portuguesa, entre nós ou nos confins do universo.
E, no entanto, Torga viu o essencial.

O essencial, é que continuamos a minimizar o que valemos.
E, no entanto, valemos muito mais do que pensamos ou dizemos.
O essencial, é que o nosso génio – o que nos distingue dos demais – é a indomável inquietação criadora que preside à nossa vocação ecuménica. Abraçando o mundo todo.
Ela nos fez como somos.
Grandes no passado.
Grandes no futuro.
Por isso, aqui estamos.
Por isso, aqui estou.
Pelo Portugal de sempre