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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um convite à paz em tempo de Natal

 
in, Revista "O Occidente" de15 de Outubro de 1878
ROMEU E JULIETA
Aguarela de Gonçalves Pereira, pertencente à Duquesa de Palmela
(conforme a descrição coeva)


De vez em quando dou com os meus olhos pousados e quase absortos nesta velha imagem. Dou comigo a pensar na imaginação do artista e na postura do galo ROMEU e da galinha JULIETA, ficando depois a discorrer naquele namoro de paz, com uma significativa intrusão no verdadeiro namoro que William Shakespeare imortalizou.

Neste tempo de Natal, esta velha aguarela de Gonçalves Pereira,  com toda a sua carga de amor, bem podia servir como exemplo para este mundo controverso, no qual, a guerra existe, mas com canhões escondidos, para que os homens regredissem nos seus ódios mesquinhos e fossem, mesmo nas palavras, mais contidos, porque elas, quantas vezes, são as que fazem as guerras, atiçando os ódios. 

Esta aguarela fui-a buscar ao velho acervo das minhas lembranças e "posto-a" aqui para que fique como o meu desejo de uma paz namorada para todos os que me dão a honra de lerem o meu "blogue" e que ela se projecte no Ano Novo que não tarda a abrir-se na dobradiça da roda incessante da vida que, quer queiramos ou não, acabará um dia com o namoro dos ROMEUS E LULIETAS... mas que ainda podemos ser...

Vamos aproveitar este tempo de paz neste Natal de 2015?

"Nem oito... nem oitenta"!

in, Revista "O Occidente" de 1 de Junho de 1878

De modo nenhum - isto que acontecia no século XIX, pode voltar a acontecer nas nossas escolas - mas entre isto e a falta de exames do actual 4º ano (antiga 4ª classe) que a actual esquerda radical fez aprovar no ensino escolar, levando a reboque o PS que também aprovou a lei de abrogação do que havia sido determinado pelo anterior Governo, vai uma grande discordância.

Se antigamente era uma barbaridade, com os mestres-escola arvorados em inquisidores imorais que metiam medo às crianças, o exame da 4ª classe - eu fi-lo há já tantos anos, mas lembro-me de o não ter feito com medo e tal facto não me causou nenhuma inibição para o que veio a seguir na área da minha educação escolar - pelo que, quando hoje vemos tamanha protecção às crianças, não posso deixar de pensar que com tanta protecção estamos a agir de través sobre os jovens educandos.

E penso assim, porque, neste tempo em que as crianças despertam mais cedo para a sua inclusão social devido às condições de que dispõem, não lhes fazer exame naquele estádio de vida, é dar-lhes uma ilusão de facilitismo que não se coaduna com o saber autêntico que mais tarde lhes vais ser pedido, seja no Ensino médio ou superior, como pela sociedade que cada vez exige mais competência e saber.

Razão suficiente para não estar de acordo e a verberar o facto do Partido Socialista ter embarcado nesta "jogada" tão ao jeito da nossa esquerda radical, mas que não devia ser aceite pelo PS, a menos que tenha pedido a tramontana, o que parece, perdeu.

Lamento, não pelo PS
Lamento, porque aquilo que se fez.
Foi mal feito e em nada vai beneficiar a criança.

Então... não se bate o pé a Bruxelas?

in, "Jornal de Notícias" de 23 de Dezembro (1ª página)

Então, o actual Primeiro-Ministro não bate o pé a Bruxelas?
Leva com uma nega destas e fica calado?

Já se esperava que no primeiro embate coma realidade, se faria marcha atrás, porque uma coisa é o que se diz na campanha eleitoral - quando o verbo anda mais solto e com pouco sentido de Estado - e outra, é quando nos confrontamos com a governação.

Senão vejamos: numa entrevista dada à RPT, esta fez publicar o seguinte, dito por António Costa ao entrevistador, Victor Gonçalves:

in, RTP, 10 de Setembro de 2015 - 
http://www.rtp.pt/noticias/eleicoes-legislativas-2015

Então, António Costa, que disse ir bater-se para mudar as regras europeias, conforme noticia o "Site" da RTP, soçobra, assim, e vê chumbado o propósito de juntar aos problemas da Caixa Geral de Depósitos (CGD) mais um problema, ao ter a ideia peregrina, mais o seu Ministro das Finanças de ter querido fundir nela o BANIF?

Graças a Deus, ainda há alguém com juízo!

Resta dizer que a solução encontrada - e hoje aprovada na AR com a abstenção do PSD, prova que Passos Coelho sente que devia ter feito algo mais - vai ser, como não foi negado, um encargo a mais para os contribuintes portugueses, de que resulta o costume: pagam todos pela inércia de uns tantos...

É o nosso fado!

Recordação de um grande Amigo


Trata-se de lembrar um homem inesquecível  que se fosse vivo fazia hoje 106 anos. Levou-o Deus em 4 de Fevereiro de 1977.

Era um "jovem" de 68 anos e nunca foi esquecido por ter deixado atrás de si a aura que costuma acontecer com todos os que se vão da morte libertando, para frisar Luís de Camões - que tendo-se dirigido com estes termos aos heróis nacionais - o homem, cuja memória se lembra sem o ser com aquele estatuto, merece sê-lo na postura limpa com soube viver a vida.

Tombou cedo no chão da vida porque o coração o traiu.

Um dia, após um tratamento na cidade de Lisboa, abalei com ele de automóvel, conduzindo-o à aldeia serrana onde vivia - e na qual, dizia ele - o ar da montanha, mais leve, lhe oxigenava melhor o seu organismo debilitado, razão suficiente para não o prender na cidade, que não fosse, apenas, o indispensável para a consulta clínica e pouco mais.

O que se vai ler é a reposição de um escrito publicado em 28 de Agosto de 1978 - passado um tempo largo depois da sua morte, no jornal A C. de A. - de homenagem grata ao grande homem, tal como é, hoje, a reprodução ipsis-verbis do que, então ficou escrito, motivado por uma paragem forçada no atravessamento que era preciso fazer da via férrea do ramal da Lousã, dentro daquela vila serrana.
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Ambos encontrámos a passagem de nível fechada, e ainda bem. 

Desse modo fizemos uma breve pausa na viagem, enquanto aguardámos a abertura da cancela que nos fechara a estrada, porque era preciso ultrapassar a passagem de nível da via férrea.


Aproveitei a paragem para oferecer ao meu companheiro de jornada uma agenda de bolso para ele marcar os seus afazeres sociais ou familiares. Aqueles apontamentos, como eu sabia, seriam para ele sinais evidentes da existência plenamente vivida, conforme ele gostava.

De repente, um silvo estrídulo feriu os ares e o som metálico das rodas sobre os carris fizeram que, olhando aquelas carruagens fugitivas que puseram endoidecidos os meus olhos, pensei quão breve é a nossa vida, parecida, às vezes, como foi a passagem fugaz daquele comboio, cuja maior virtude foi a de ter proporcionado esta reflexão, que é hoje, uma dolorida lembrança.

É que aquela agenda oferecida, que tinha um desejo de vida inscrito singelamente nos dias que faltavam para se completar o ano civil, durou apenas oito dias na posse do meu querido companheiro de viagem e os afazeres que programara para além dos curtos dias que teve de vida, ficaram para sempre marcados pelo desejo de terem acontecido.

Foi tudo muito breve.

Aquela vida foi um comboio rápido, sem silvos de vapor ou barulho de metais. 
Recordando-o, sou hoje, muitas vezes,  a passagem de nível fechada, quando no meu recolhimento piedoso vejo passar o comboio da sua vida, cujas "carruagens" transportaram Amor, e eram serenas como a fina aragem de um qualquer entardecer.

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Entardeceu, de facto - e cedo demais para aquele homem bom -  o dia da sua existência terrena, num tempo em que ele tinha, ainda, projectos para cumprir, pelo que, se no comboio da sua vida as "carruagens" que ele moveu passaram com a leveza que ele lhe soube imprimir, com a sua morte prematura a última "carruagem" passou sob um vento sibilante, para bater estrondosamente no muro da morte física, mas a sua lembrança imaterial não deixa de passar e, ele, continua a ser o passageiro de estimação que viaja em 1ª classe nesse estranho comboio do destino...

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Os dois Invernos: o do homem e o da Natureza

Inverno na Serra da Estrela
Gravura da Revista "Occidente" de 1 de Abril de 1878

Deus ao fazer o Inverno da Natureza quis que o homem ao ter mais tempo para entrar dentro de si, fizesse o mesmo para com Ele, vendo-O impresso, nas árvores despidas e no gelo dos montes, e dando-lhe tempo para pensar - especialmente, os que vivem a estação da velhice - neste belo conceito muito antigo, mas sempre novo, como se viesse até hoje coma mesma força que o inspirou:

Para o ignorante, a velhice é o inverno; 
para o instruído é a estação da colheita.
  
Este pensamento ou sentença, deve-se a um movimento surgido no judaísmo no tempo do rei Antíoco IV,  II séculos a.C. - quando o hassidismo  - subalternizando a Torá, passou a dar importância a um tipo de oração inspirada no ensino directo de histórias simples e pequenas, mas profundas de que é um exemplo a pequena frase cheia de sentido humano que serve de guia a este apontamento e que, ao ter como motivo lúdico a paisagem nevada da Serra da Estrela, a velha frase do "hassid" se casa com ela.
  • Porque será que a velhice, a data do inverno do homem, para os ignorantes - se torna a estação da colheita, para o homem instruído?
A resposta, podemos encontrá-la no poema CAIS de Fernando Namora, onde, como ele diz, tudo é ténue, a começar pelo cais onde aportou o Inverno frio, mas se é nele que nos diluímos, por nos obrigar a pensar mais em nós nesta estação da aparente paragem da Natureza, ela - faz-nos exactos por dentro - e, assim, vamos beber a sabedoria do hassidismo, pois é nesse estádio da vida que o homem faz, se estiver atento - a estação da colheita - na preparação da alma para o encontro com Deus.

 Cais

 Ténue é o cais
 no Inverno frio.
 Ténue é o voo
 do pássaro cinzento.
 Ténue é o sono
 que adormece o navio.
 No vago cais
 do balouço da bruma
 ténue é a estrela
 que um peixe morde.
 Ténue é o porto
 nos olhos do casario.
 Mas o que em fora nos dilui
 faz-nos exactos por dentro.

Fernando Namora, in 'Marketing'

Ténue é o cais / no Inverno frio... diz Fernando Namora mas é dessa paisagem fria, casada com a sua velhice, que o homem, pela força dos anos ao abrigar-se mais no inverno dos seus dias, encontra no Inverno estacional do calendário, como a gravura sugere, mais um motivo para diluir o seu pensamento na paisagem fria do casario e dos montes para aplanar o seu encontro consigo e com Deus, que o chama para o encontro final, onde o ser exacto por dentro, é condição essencial para chegar, ténue, embora, ao CAIS da vida, de onde todos, um dia havemos de partir! 

Dois poemas de Natal


UMA HISTÓRIA  DE NATAL

Da longínqua Nazaré
Passando p'la Samaria,
-Possivelmente, a pé -
Num certo dia,
Saiu S. José
E a Virgem Santa Maria!

Na viagem, aconchegado,
Veio o Menino, também,
No ventre arredondado
Da Senhora, Sua Mãe...
E, assim,
Eram já três e não dois
A caminho de Belém!

Havia ali um mar de gente
Vinda de lados distantes,
Quando a noite, de repente,
Deixou sem tecto os caminhantes
Perdidos na cidade...
E a Virgem sofrendo as dores
Da Santa maternidade!

Correu S. José, aos arredores
A um campo de pastores...
E foi, aí, numa gruta, ao léu
Por entre os animais
Que o Menino nasceu.

E, conta a História Sagrada
Que noite adentro, uns reis
Vindos de longa viagem
Chegaram à santa morada
Onde, S. José, de vigília,
Aceitou a vassalagem
E as prendas que traziam
Para o Menino que nascera
Com a missão de completar
O quadro imorredoiro
Da Sagrada Família!

E a Estrela que os guiou
Pôs mais luz nas palhas quentes
Onde O Menino ficou
Rei de todas as gentes!
E a Senhora, Sua Mãe
Envolvida em tanta luz
Rezou ao Céu por ser Mãe
E embalou o Seu Jesus!














É NATAL

Ao longe, por entre nuvens de espuma
há uma Luz serena e muito quente
que vai rompendo os fios da bruma...
e surge clara, branca e transparente!

É um clarão imenso. É uma fogueira
a arder, a crepitar e a abençoar
que põe em cada canto uma lareira
e inunda de bênçãos cada lar!

É Natal!

E nesta hora de Mistério e de Amor
há outra Esperança... há um nascer de novo!
Sobe aos Céus um hino de louvor
que cai sobre a Terra e mora em cada povo!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Será que o Estado perdeu os pés?

Será que o Estado - entendido como o conjunto das Instituições que controlam e administram a Nação -  perdeu os pés?

Se não perdeu, até parece que sim, porque nos tempos da "direita" o agora mal olhado ex-Primeiro-Ministro Passos Coelho - pela esquerda desbocada que lhe sucedeu - procurou como lhe competia fazer adoçar os prejuízos do BES, atirando com eles para os accionistas, a quem competia zelar pelos seus bens, tentando vender a parte sã que restou, não o tendo conseguido por achar que era vender ao desbarato.

Achou por bem, defender os contribuintes.
Mas, agora, o que aconteceu?

O Governo PS + BE + PCP-PEV e PAN, como lhe competia, com António Costa na liderança, a tal "geringonça" - como alguém lhe chamou - passou a utilizar um novo e expedito modo de como resolver falências bancárias.
No caso, vendeu-se com a anuência do BdP o BANIF à proposta do Santander por um miserável pacote de 150 milhões de euros, e de imediato, disse, António Costa que os contribuintes vão arcar com "um custo muito elevado"... como se já não chegasse aquilo que o Estado - desatento ou desleixado - tem andado a pedir aos contribuintes, desde o BPN, para ficarem agora com o sobrepeso dos activos tóxicos do Banif.

Meus Deus! Que mal fizeram os contribuintes ao Estado, que em lugar deles tem posto sempre acima - sempre - os accionistas dos Bancos, quando deviam ser eles a olhar por eles mesmos?

Não sei como continuar.
Por decoro, entendo que não devo dizer mais nada... é que as grandes dores costumam ser mudas!

Aconteceu ontem...



A arte do compromisso

Ferdinand Georg Waldmuller (1739-1865)

É de pequenino que se aprende a arte do compromisso.

Quer queiramos ou não, dando ou não conta do que está a acontecer, cada homem está sempre em alguma posição ou em algum lugar, ocupando por isso, um espaço, seja ele de ordem espiritual ou de ordem física.
Um e outro condicionam a atitude, a luta, e até, os seus caminhos.

Importa, por isso que façamos a nós mesmos duas perguntas fundamentais:

  • Será que sabemos em profundidade o motivo da condição humana que nos leva a um  comprometimento consciente com os outros, dentro da cidade, ou agindo descomprometidamente com ela, refugiamo-nos na nossa própria ilha, auto-suficientes e arredados do mundo, longe de sermos – como devíamos ser - solidários com um mundo de que somos ínfimas partes, mas partes importantes?
  • Será que temos consciência disto? De sermos de tal modo importantes que ninguém pode ocupar o nosso lugar?

Atentemos nisto: quer queiramos, quer não, consciente ou inconscientemente, somos algo que existe para além da nós mesmos e de tal modo mergulhados neste mistério de existir, que não podemos escapar a um comprometimento com a vida que em cada dia nos interpela sobre  aquilo que somos e representamos na esfera de uma sobrenaturalidade que nos rege sem darmos por isso, mas que exige o comprometimento sadio com a sorte do outro.
Conscientes ou não desta realidade, somos chamados a acreditar em alguma coisa ou em alguém. É uma das leis da vida com a raiz mais profunda metida no amor que faz do homem uma criatura superior.

Ninguém se livra disto, o que sugere, desde logo, um compromisso da nossa vontade, seja com Deus ou com o homem, um facto que se não existir em cada um de nós como uma naturalidade,  é como se nós mesmos existíssemos sem vontade própria, acéfalos e amorfos.

Comprometer-se com a vida e com as outras criaturas é um sinal de fé, que pode não ter o sentido como normalmente é entendida do ponto de vista escatológico, mas não deixa de ter as ressonâncias teológicas que fazem de todo o homem alguém capaz de se comprometer com o amor que é preciso dar ao outro, que caminha por um capricho da sorte ao seu lado num dado tempo e lugar, no mundo, na convicção que é sempre, a partir de um dado tempo ou de um lugar qualquer que imerge a lei suprema que faz de tudo aquilo em que acreditamos – pelo nosso  compromisso consciente – uma verdade que torna  possível  a realização dos acontecimentos que dão sentido à vida e faz de tudo quanto fazemos, uma imagem do nosso comprometimento com a vida ou com o outro.

Mas, há que atender que o comprometimento consciente exige conhecimento, sabedoria e atenção às coisas e ao caminho a percorrer, pois é sempre do esforço exigente que resulta ou não, a certeza daquilo que fazemos, sabendo-se que a construção do mundo ou a sua destruição começa sempre pelo compromisso consciente ou não que o homem dá ao projecto da sua própria existência, pois é, pela acção isolada de cada um que se começam a construir  os edifícios colectivos das Nações, tão mais acertadamente, quando melhor e mais consciente for o compromisso de cada homem consigo mesmo e com a sociedade.

Sob o seu manto as democracias, às vezes... escondem ditaduras!


Símbolos do casal normal


Dei-me conta do que aconteceu no passado dia 20 de Dezembro na Eslovénia.

Num referendo havido 60% da população eslovena rejeitou naquele dia um lei parlamentar que autorizava o casamento entre pessoas do mesmo sexo que havia sido aprovada no passado mês de Março.

Este referendo foi provocado por aqueles que se opuseram à lei que no Parlamento esloveno obtivera uma larga maioria com o apoio da esquerda e do partido do Primeiro-Ministro, que reconheceu aos casais do mesmo sexo os mesmos direitos dos casais heterossexuais, incluindo o direito de adopção.

Deste facto conclui-se o seguinte:
  • Nem sempre os parlamentares eleitos transmitem à Nação o seu verdadeiro sentir.
  • Pelo que, em leis como esta, a Nação deve ser ouvida.
Pelo que, em primeiro lugar, se os parlamentares fossem "pessoas de bem" - em situações fracturantes da sociedade - consentiam que em primeiro lugar que a Nação fosse ouvida em referendo e, só depois, as soluções deviam servir de lei.
Infelizmente, para nós - portugueses - temos um Parlamento que perante a Lei geral a cumpre, mas, como recentemente aconteceu, pela ditadura da maioria de esquerda radical e da esquerda híbrida do PS, revogaram leis, que deveriam ter sido referendadas.

Não os culpo.

Culpo-me a mim mesmo - uma parte ínfinitivamente pequena do povo da Nação - mas não posso deixar de verberar contra este estado ditatorial de um Parlamento que votou, quando se impunha que tivesse havido, com tempo, a realização de um Referendo popular e não a pressa como agiram, como se em Portugal o mais importante fosse aquilo que a maioria fez, contando até, com alguns votos tresmalhados da chamada direita parlamentar, uma anormalidade que deve ter enchido de júbilo os de toda a esquerda.

Eu sei que quer impor-se a "ideologia do género" em que as expressões "género" ou "orientação sexual" são uma artimanha que tende a encobrir o facto iniludível de que os seres humanos se dividem biologicamente em dois sexos, mas que, e de acordo com esta moderna e descabelada corrente ideológica as diferenças ancestrais entre homem e mulher, para além das evidentes implicações anatómicas, não implicam numa natureza fixa e como tal impossível de confundir, mas devendo ser o resultado de uma construção social, aberrante sob qualquer ângulo em que a tomemos, fazendo jus à sua criadora: Simone de Beauvoir: "não se nasce mulher, fazem-na mulher".

A concluir, dir-se-á, que sob o seu manto a Democracia esconde Ditaduras e é sobre isto que todos devemos estar atentos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Cimeira de Paris sobre o clima


http://www.publico.pt/ de 12 de Dezembro de 2015
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O Papa Francisco não esteve presente na Cimeira sobre o clima, recentemente realizada em Paris,entre 30 de Novembro e 12 de Dezembro de 2015 - nem lhe competia estar - mas terá pesado na resolução tomada, no sentido de fazer baixar a temperatura planetária, reduzindo as emissões de CO2.


Em 24 de Maio de 2015, publicou a Encíclica "Laudato Si" (Louvado sejas meu Senhor)  - chamando para este título S. Francisco de Assis que assim cantava à Mãe Natureza - dando à Encíclica  como subtítulo, o seguinte nome: "Sobre o cuidado da casa comum".

Respigando aqui e ali, podemos ler.

No nº 2:  Esta irmã ( a casa comum) clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la.(...)

No nº 13O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. (...). A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados sectores da actividade humana, estão a trabalhar para garantir a protecção da casa que partilhamos.(...)

No nº 14:  Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. O movimento ecológico mundial já percorreu um longo e rico caminho, tendo gerado numerosas agregações de cidadãos que ajudaram na consciencialização. Infelizmente, muitos esforços na busca de soluções concretas para a crise ambiental acabam, com frequência, frustrados não só pela recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos de nova solidariedade universal.(...)

No nº 20: Existem formas de poluição que afectam diariamente as pessoas. A exposição aos poluentes atmosféricos produz uma vasta gama de efeitos sobre a saúde, particularmente dos mais pobres, e provocam milhões de mortes prematuras. Adoecem, por exemplo, por causa da inalação de elevadas quantidades de fumo produzido pelos combustíveis utilizados para cozinhar ou aquecer-se. A isto vem juntar-se a poluição que afecta a todos, causada pelo transporte, pelos fumos da indústria, pelas descargas de substâncias que contribuem para a acidificação do solo e da água, pelos fertilizantes, insecticidas, fungicidas, pesticidas e agro-tóxicos em geral. Na realidade a tecnologia, que, ligada à finança, pretende ser a única solução dos problemas, é incapaz de ver o mistério das múltiplas relações que existem entre as coisas e, por isso, às vezes resolve um problema criando outros.

No nº 23: O clima é um bem comum, um bem de todos e para todos. A nível global, é um sistema complexo, que tem a ver com muitas condições essenciais para a vida humana. Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a cada fenómeno particular.

Os sublinhados são nossos.
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É nesta cruzada de amor sobre a salvação da "casa comum" que o Papa Francisco usa nos 246 números da Encíclica "Laudato Si" para chamar a atenção dos mais poderosos para este problema ambiental, onde parece, que a não ser refreado o homem está a queimar o Planeta.

É crível, portanto, que esta Encíclica não tenha sido indiferente ao ambiente que reinou em Paris, em que os representantes de 195 Países concluíram pela necessidade de fazer marcha atrás em ordem à diminuição da poluição atmosférica e, portanto, sem que nada nos possa garantir, podemos concluir que o influxo amoroso do Papa Francisco pela salvação da "casa comum", andou por ali a pairar nas consciências, sobretudo  nas dos Países mais poluidores.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O sonho de reverter a TAP!

http://expresso.sapo.pt/ de 17 de Dezembro de 2015 (só o texto)

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Reverter a TAP?
Como? Se "os dois projectos projectos não se casam, porque ambos querem ser maioritários na TAP"? 

Foi uma promessa feita pelo PS ao PCP e o que choca, é o facto de se querer tornar do Estado, maioritariamente, um accionista de uma companhia aérea que o mesmo Estado deixou falir, não tendo condições económicas de a poder valorizar, dado o envelhecimento da frota.

É melhor esquecer e passar adiante, ou será que queremos que voltem as greves políticas que a TAP teve, como aquela recente de 10 dias em Maio passado?
Claro, que uma coisa fica de pé: o contacto com os novos accionistas e assim o PS salvou a face e assim se fez.
Mal feito... mas fez-se!

Fazer mais pode ser um disparate!

Penso que o Movimento "Não TAP os olhos" o que tem de  fazer é abrir os olhos e o PS também e, portanto, deixar funcionar o mercado, a quem o Estado apenas deve regular e fazer cumprir as leis nacionais.

Chega de cambalhotas, porque quem paga no fim é o dinheiro dos contribuintes!

Sorri!



quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Li o teu olhar!



Para que nunca mais aconteça!

Gravura publicada pelo jornal já extinto "O Zé" 
de 29 de Novembro de 1910

Com a República nascida dias antes, esta gravura apresenta a revolta de muitos espelhada em três figuras, como a do bombo onde se desenha a figura da I República, prestes a ser ribombada com a moca do DESCRÉDITO, tendo vindo em seu socorro um republicano, que por detrás tenta evitar a batucada, fazendo lembrar aos contestatários os dois versos do Poeta: Cesse tudo quanto a antiga musa canta / Que outro valor mais alto se alevanta, o que eu acho muito bem, porque a Monarquia havia caído vencida por si mesma.

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Tudo isto vem, de certo modo, a propósito do que se passa, hoje, em Portugal, onde apetece ribombar no bombo da III República, tendo por detrás quem o queira evitar, ou seja, os que, agora formam uma frente contra os que ganharam as eleições de 4 de Outubro de 2015.
Só que essa frente teria mais aceitação - e seria mais clara aos olhos do povo - se tivesse resultado à partida da disputa das eleições de um FRENTE UNIDA e os seus votos somados fossem superiores aos dos antagonistas que concorreram coligados, ou seja, com o jogo à vista, formando uma outra FRENTE, mas esta assim assumida perante o eleitorado.

Declaro que não fora o que aconteceu, hoje, na Assembleia da República, estava quieto e calado.
Hoje, porém, tivemos o primeiro debate quinzenal e o que vimos foi António Costa, Primeiro-Ministro, a usar de um poder, que merece, quanto à substância como o conseguiu obter ser aperfeiçoado para não deixar dúvidas a ninguém.

Não esquecemos, porém, que a revisão constitucional de 1982, levada a cabo pelo PSD, CDS e PS, ao eliminar a responsabilidade política dos governos em relação ao Presidente da República, fez recair na frente parlamentar a norma de onde estes emanam.
Até aqui tudo bem e tudo é compreensível.

Mas para que não tivessem ficado dúvidas o que faltou, é que a frente unida no pós eleições tomou para si - como se fosse de um único sentido os votos que não foram depositados com esse fim nas urnas eleitorais - pelo que, para que não apareçam nunca mais - como eu - os que querem ribombar no bombo da República, torna-se urgente, tão cedo quanto possível, a reforma da lei eleitoral para que não voltem a haver engenharias pós-eleitorais.

Urge, por isso, uma afinação do sistema eleitoral que traduza o facto incontroverso dos representantes dos Governos deverem ser a tradução fiel dos votos recebidos nas urnas, sem o que a qualidade da nossa democracia corre o risco de degradar-se cada vez mais.
Será que vai ser possível torná-la mais simples e melhor quanto ao entendimento de todas as partes, mormente,  eleitores e eleitos?

Que, de uma vez para sempre, seja esquecida a gravura que hoje se reproduz, certa, concerteza em 1910 e pelo que aconteceu - penso - pode ser lembrada, mas que nunca mais o mereça ser e fique para todo o sempre esquecida... 

Para que nunca mais aconteça!