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quarta-feira, 15 de março de 2017

Não havia necessidade!


Não havia necessidade do Presidente da República se ter pronunciado, hoje, sobre o problema do Montepio... até porque, 

http://observador.pt/2017/03/14

Palavras do Presidente do Conselho de Administração do Montepio.

E, mais isto:
http://www.jornaldenegocios.pt/

Pelo que, se o supervisor desta Associação Mutualista é o Ministério do Trabalho e o detentor da pasta ministerial Vieira da Silva admite que os problemas estão "em níveis confortáveis", por que razão teve o Presidente da República, de acordo com a LUSA - deste mesmo dia -  de nos vir dizer que a estabilização da banca "está a ser feito por pequenos passos".

Mas, então, o Presidente da República é membro do governo?
Não, Senhor Presidente: Não havia necessidade... até,porque, o supervisor já tinha emitido a sua opinião. Disse e chegou.
Por isso, me pareceu a mais a palavra do Presidente da República.
o havia necessidade!

É a minha opinião.

Naturalmente, velha demais... mas, penso, que tenho - pelo peso dos anos - o dever moral de não fazer calar o meu direito de discordar sem ofender, que é um hábito que o meu berço beirão me deu e de que jamais prescindirei!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Há duas coisas...


Há duas coisas que me surpreendem: a inteligência das bestas e a bestialidade dos homens.
T. Bernard

domingo, 12 de março de 2017

Lembrando um sábio aviso de Jesus Cristo!

 

A Semana Nacional Cáritas - preenche, este ano os dias 12 a 19 de Março sob o tema "Família Construtora da Paz" - na prossecução de um evento realizado anualmente na semana que antecede o Dia Nacional Cáritas, assinalado no terceiro Domingo da Quaresma, levando a todo o País uma semana de reflexão sobre a acção social conducente "ao bem comum" na linha caritativa da Doutrina Social da Igreja que vai beber na Fonte evangélica de Jesus Cristo, que um dia ao falar sobre a "Parábola do Administrador Sagaz", concluiu o ensinamento do seguinte modo:

É que os filhos deste mundo são mais sagazes que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. (Lc 16, 8)

Vem isto a propósito de, na semana passada ter sido noticiado que a Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) tinha 2,1 milhões de euros em depósito bancário, verba robustecida com milhares de euros investidos em obrigações, além bens imóveis, como se qualquer Instituição - desde os partidos políticos às entidades civis - não tivessem de ter o vulgarmente chamado "pé de meia" para poder acudir a sobressaltos futuros.

Um facto comum, inclusive, a qualquer cidadão sensato.

Tenho para mim que esta notícia posta a correr uma semana antes da realização da Semana Nacional Cáritas - hoje começada - como diz o povo "tem água no bico", ou seja, insere-se naquele conceito explicitado por Jesus Cristo de que os filhos deste mundo são mais sagazes que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes, pelo que o pretendido foi por em causa a obra meritória da Cáritas Diocesana de Lisboa, precisamente, na semana em que a nível nacional esta Organização da igreja  leva a efeito a realização do seu peditório anual.

Não nos deixemos enganar.

E quem tem o coração grande e sente que nesta Obra está reflectida a acção social que  a Igreja presta às pessoas - crentes ou não - continuem nesta semana a contribuir com aquilo que puderem em favor dos mais necessitados que a Cáritas protege, seja a de Lisboa ou de uma outra qualquer Diocese, e passem por cima da notícia que surgiu na hora exacta, parecendo filha ilegítima de umas certas sombras que querem toldar os olhos aos filhos da luz, que não podem esquecer que aqueles que o não são, mas sendo mais sagazes - ou seja, cheios de astúcia, os queiram "levar à certa", para utilizar um velho e estafado português arcaico.

Vamos, pois, nesta semana, esquecer a notícia.

E vamos ajudar a CDL - Instituição a que nada me prende - que não seja o meu estatuto de cidadão que pela Graça de Deus se assume como católico praticante à Luz de Jesus Cristo e à luz da sua conversão à aragem nova que recebeu através do Concílio Vaticano II que no documento "Lumen Gentium" (Luz dos Povos) no número 10 da Cap. I diz assim sobre o sacerdócio comum dos baptizados, como eu:

Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (cfr. Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um «reino sacerdotal para seu Deus e Pai» (Apor. 1,6; cfr. 5, 9-10). Na verdade, os baptizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (cfr. 1 Ped. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cfr. Act., 2, 42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cfr. Roma 12,1), dêem. testemunho de Cristo em toda a parte e àqueles que lha pedirem dêem razão da esperança da vida eterna que neles habita (cfr. 1 Ped. 3,15).

É este o espírito que acolhe a acção de "bem-fazer" a que nos chama nesta semana a Cáritas Portuguesa no seu todo e localmente, na cidade de Lisboa, para que a obra de ajuda aos mais nessecitados possa continuar por cima do olhar dos filhos do mundo, que se não o foi, parece, escolheram a hora para o ataque que só pode passar desapercedido àqueles que por omissão se dispensam de pensar neste assunto.

Não a mim, pelo que exponho.

sábado, 11 de março de 2017

Cada criança ao nascer...


Cada criança ao nascer traz-nos a esperança que Deus ainda não perdeu a confiança nos homens.
Rabindranath Tagore
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Profundo como sempre foi, este Poeta místico de Calcutá é, possivelmente dos autores indianos mais citados pelo Cristianismo, tendo sido um destacado representante da cultura hindu que lhe mereceu - nos tempos em que o Prémio Nobel não era politizado - tê-lo recebido em 1913. 

Toda a sua mística humana e sensorial está plasmada neste belo pensamento em que toda a criança que nasce é uma oferenda de Deus e só resta ao homem entendê-la assim, respeitando-a e amado-a, vendo nela todo o acrisolado Amor de Deus pela Humanidade.

A falsa ciência...


A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.
 Voltaire
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Li várias vezes este pensamento de Voltaire e fiquei com uma certeza: 

O filósofo foi, apenas, um homem anticlerical e, por certo, cheio de razão. No resto ele foi um pensador atento ao Mistério de Deus e da espiritualidade que vinha d'Ele como vem a brisa ou o temporal dos dias.

D. Pedro V - Um Rei exemplar!


Conta a História de Portugal que o Rei D Pedro V exerceu o seu curto reinado entre os anos de 1855 a 1861, pela demonstração do seu amor humano pelos pobres e doentes vítimas da cólera amarela que então se fez sentir e cujas pacientes visitava assiduamente nos hospitais e cuja doença contraiu.

Mereceu o cognome de "O Esperançoso" porque foi no seu reinado que tomou forma a Regeneração de Portugal com a entrada na modernidade de que são exemplos a inauguração do telégrafo e do caminho de ferro.

No Cap. XVI do livro "Rei Santo (D. Pedro V" que o autor Rocha Martins intitulou "O Ofício do Rei", num dado passo o monarca tecendo um diálogo com o general D. Carlos de Mascarenhas, ao focar o assunto que lhe merecia a sorte dos desvalidos e da qual era seu desejo sentir o peso dos martírios que sofriam, no livro citado, Rocha Martins estabelece este diálogo:
- Foi por isso que mandei colocar além no portão (do Palácio das Necessidades) as duas caixas...
- Que caixas, meu senhor?
- Aquelas onde o povo deve lançar as suas petições.
- Vossa Majestade fez isso?
- Sim!
- Mas...
- O quê?!
Segue a descrição e diz o autor que o pobre general quase sufocado, passando a mão trémula pelo bigode murmurava;
- Mas... mas... o que vai suceder... que de cosas... meu senhor...
- Já sei (responde o rei) ... vão admirar-se... A corte!
- Meu senhor, sois o rei!...
- E então?
Quase desesperadamente o velho bradou:
- Sois o rei e eu um súbdito leal, um antigo soldado, um fiel servidor...
- Eu o rei!...
- Vossa Majestade já pensou em que toda essa gente se lhe vai queixar?!
- General!...
A sua voz torno-se áspera e o seu olhar mais duro:
- General, ninguém se queixa sem razão! Ninguém esmola só por esmolar!...
- Vossa Majestade não conhece ainda os homens, perdõe vossa majestade, mas...
Com um gesto o rei atalhou:
- Conhecer os homens!... Queres dizer que no fundo da alma humana vive o mal!
-O embuste...
- Oh!... Não sei então como os homens são formados! Não si também que muitas injustiças se praticam!"
Gravura inserta no Livro de Rocha Martins (1º volume) 
onde são visíveis as duas caixas de pedidos ou reclamações do povo.


Diz-lhe, ainda, o general: 

- Vossa Majestade quer então atender as desgraças!
- Quero fazer justiça.
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- A justiça é o único prazer dos reis!...
- E mesmos dos súbditos, real senhor, volveu o general com lágrimas na voz. Vossa Majestade deu-me agora a maior lição que é possível dar-se a um velho (...)

E Rocha Martins na continuação do livro até ao ponto em que ante o olhar estufefacto do velho general, o rei D. Pedro V, exibiu as duas caixas de reclamações e pedidos, abrindo-as com chaves que retirou e uma corrente de que só ele dispunha para ter a certeza do que o povo lhe fazia chegar.
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Modernamente, os Chefes de Estado da República Portuguesa -  ao disponibilizarem por via electrónica um meio de poderem ser contactados - mais não fazem que seguir o exemplo das duas caixas de reclamações que o Rei D. Pedro V inaugurou - com a diferença substancial de não serem eles que em primeira mão abrem o correio.

Prova isto que a figura do Rei na pessoa de D. Pedro V deu uma lição à República do nosso tempo, que a aprendeu... e fez muito bem.

"O Presidente dos afectos"...


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não devia ter consentido que a esquerda totalitária - que engloba, hoje, este Partido Socialista esquecido da sua matriz de motor e eixo central da Democracia Portuguesa o tivesse cognominado de "Presidente dos afectos", até por não precisar desse trato, porque ele por si mesmo vale, sem cognomes deste ou doutro jaez.

Lamento que Marcelo Rebelo de Sousa se tenha deixado embarcar nesta onda obtusa, confusa e sem créditos uníssonos quanto ao que é preciso fazer, politicamente, para salvar Portugal da perda de valores identitários que nos distinguiam no concerto das Nações europeias, cavalgando-a todos os dias, muitas vezes a justificar factos que apenas pertenciam ser cuidados de quem governa, para desse modo ficar livre de compromissos.

Vai sendo tempo do Presidente da República que foi eleito pela maioria dos portugueses ser uma referência de todos e não de uma parte política encostada ou a gerir  o poder que se acolhe nele para denegrir a outra parte, como actualmente acontece na Assembleia da República, a fazer lembrar os tempos sombrios da I República.

Vai sendo tempo do Presidente da República colocar  "os pés no chão" e entender que a lei da vida - parlamentar ou não - não deve fazer-se com despropósitos e faltas de respeito humanos. porque muito do que está a acontecer se deve ao facto da esquerda acoitada na "geringonça" sentir que tem nele as "costas quentes".

Lamento criticar esta ilustre figura, mas os meus muitos e velhos anos não estão a ver em Marcelo Rebelo do Sousa a isenção que mereceu o meu voto, o que hoje, não acontece.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Ter bom humor...

http://rr.sapo.pt/
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A Caixa Geral de Depósitos vai despedir 2218 postos de trabalho e encerrar 181 balcões!

Valha-nos, ao menos o bom humor do Presidente da República que em tudo vê motivos de alegria como se Portugal vivesse no melhor dos Mundos!

Ter  bom humor é uma qualidade, mas há momentos em que, tê-lo, é iludir... e, então, transforma-se num defeito!

Quem busca a felicidade...


Quem busca a felicidade fora de si é como um caracol em busca da sua casa.
C. Vigil

Podemos...


Podemos converter alguém pelo que somos, nunca pelo que dizemos.
Sacha Guitry

É triste viver...


É triste viver numa época em que é preciso lutar por coisas evidentes.
F. Durrenmatt

quinta-feira, 9 de março de 2017

Parabéns... mas...


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa cumpre hoje o seu primeiro ano de mandato.

Reconheço que tem sido diferente dos demais Presidentes que tivemos depois do 25 de Abril, tendo dado à Instituição presidencial uma aragem que nunca houve, mercê do seu prestígio académico e dos seus afãs jornalísticos e de comentador da política nacional.

Parabéns... mas... penso eu, Marcelo Rebelo de Sousa tem exagerado numa faceta.
  • Ter-se colado por demais a António Costa e ao seu governo arranjado a "trouxe-mouche", um facto que levou, hoje, o empreendedor desta façanha desusada a dirigir-lhe encómios  que "cheiram" a uma "palmadinhas nas costas"...
Parabéns - sobretudo pela efeméride assinalar mais um ano de vida - mas... eu chamo a atenção ao Presidente da República, para o seguinte:
  • Ser preciso - e urgente - que ele perceba a degradação da vida política de que é um exemplo o debate quinzenal do passado dia 8 de Março, na Assembleia da República.
  • O abastardamento do clima institucional com os ataque ao Banco de Portugal e ao Conselho de Finanças Públicas, duas entidades independentes que o poder constituído que domesticar.
  • Que a proibição recente da conferência do politólogo e historiador Jaime Nogueira Pinto, só aconteceu porque uma certa esquerda se sente com força para amordaçar a palavra que sente, não se colar com a sua.
E isto é preocupante com o ressurgimento das Reuniões Gerais de Alunos (RGA)a a fazer lembrar os tempos conturbados e déspotas que eclodiram contra a Revolução de Abril, mas que a coberto dela fizeram tropelias que nõ se desejam voltem a acontecer.

Faz pena!


Faz pena e é preocupante que os actuais dirigentes nacionais do Partido Socialista (PS "embebedados" pelo poder - ainda não tenham tido tempo de tirar as ilações que se impunham da sua derrota eleitoral de 4 de Outubro de 2015 - e façam que um Partido tão importante da Democracia Portuguesa ande de braço-dado com a ideologia dos partidos da extrema esquerda portuguesa.

E, se, como diz o povo "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és" - eu que nos tempos áureos da nossa caminhada democrática votei no PS ao ver o perigo estalinista - hoje, faz-me pena que por causa "de um prato de lentilhas" se tenham "mandado às malvas" os princípios da liberdade que faz que não vivamos acorrentados.

O PS acorrentou-se a si mesmo... e faz pena!

"Cantar de galo"...


"Cantar de galo" é uma expressão popular que significa "sentir-se triunfante" ou, "falar de modo autoritário, tentando impor a sua vontade"  ou, de um modo menos próprio "é ser valente na hora errada" ou, ainda,  "cheguei e quem manda sou eu".

Esta expressão popular, vista por qualquer ângulo de observação aplica-se a António Costa, sobretudo, quando ela expressa: "é ser valente na hora errada"... porque ele vive uma hora que não conquistou e só a vive pelo erro de a ter conquistado com o beneplácito de uma Constituição política que nos pós-eleitoral permitiu que ele agisse como se tivesse dito à partida o caminho que queria seguir.

Eis, porque, "cantar de galo" - deste modo - "é ser valente na hora errada"... até, porque anuncia "madrugadas que cantam" que, infelizmente, não correspondem à verdade de um País endividado a deixar como herança às gerações futuras, razão para que o seu "cantar de galo" soe a um canto estranho...

quarta-feira, 8 de março de 2017

"Perdido o respeito, perde-se o norte!"


O ambiente político não está saudável.
O grande culpado foi aquele que como diz o povo "Quem semeia vento colhe tempestade!" e esse alguém tem um nome: António Costa, que com "arte e manha" atropelou um princípio normal de ascensão ao poder, porque entre nós sempre havia dado o governo ao ganhador da consulta popular, o que ele não respeitou.

Passos Coelho tem razão.... mas tem de entender, citando ainda um outro dizer do povo que "quem não tem arte nem manha morre no ar como uma aranha"... e, agora, porque não tem rectaguarda, de pouco ou nada lhe vale excitar-se, porque o jogo político em que passamos a viver é obtuso e baixo e só vai ser resolvido em novas eleições.

O lamentável disto tudo é que Portugal merecia outra sorte e não este lamentável aspecto em que, "perdido o respeito, perde-se o norte"... quando, afinal, todos à uma devíamos por Portugal a render por amor dos nossos filhos e netos.

Legitime-se, Sr. António Costa!


Aconteceu, hoje, às 10h55.

Leiamos a linguagem de António Costa:´


"Não há crispação no país. Há uma bancada ressabiada", diz Costa                   
Costa fala em resposta à defesa da honra de Passos Coelho para dizer que "não há crispação no país".
"Procura construir uma teoria de que há crispação. Não há nenhuma crispação no país, nem na Assembleia da República. O que há é uma bancada ressabiada", diz Costa.
Antes, já tinha falado para Luís Montenegro que protestava na bancada: "Pelo menos intervale um debate para perder a cabeça. Mantenha a serenidade".

Aconteceu em resposta às 11h03.

"A bancada do PSD não está ressabiada", diz Montenegro e Costa recusa "lições de boa educação"            
O deputado Luís Montenegro levanta-se e pede a palavra: "A bancada do PSD não está ressabiada com nada. A bancada do PSD que tem 89 deputados e que com a bancada do CDS ganhou as últimas eleições legislativas..."
E é interrompido pelos gritos das bancadas da esquerda "Ahhhh! Com ajuda!".
Montenegro lembra que a direita "recebeu o país em bancarrota e deixou o país a crescer na economia e no emprego", acrescenta que a sua bancada "não fica insatisfeita quando o país cresce; o que a bancada do PSD quer é ter um debate político com nível sem as insinuações que o primeiro-ministro aqui faz".
Porque, aponta, "o primeiro-ministro é mal-educado" e depois não se percebe mais o que Montenegro diz, com a voz abafada pelos gritos da esquerda e o júbilo do PSD. A bancada do PSD levanta-se para aplaudir Luís Montenegro.
"Ainda bem que estes debates são transmitidos para todo o país para que o país conheça o que diz", responde-lhe António Costa.
"Registo simplesmente, à conta do manifesto enervamento, a forma como se me dirigiu neste debate. Mas, sr deputado, perceberá que de um líder de uma bancada que se referiu a mim como 'vil, ordinário, reles e soez, eu não recebo lições de boa educação", replicou Costa.
                
Fonte:https://www.publico.pt/politica/noticia/ao-minuto
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Para um País que durante quatro anos difíceis (2011-2015) ouviu um Primeiro-Ministro educado a responder a todas as perguntas e sem "bicadas" destas impróprias de um Parlamento democrático, onde uns e outros, actualmente, (PS) e (PSD) andam de cabeça perdida, um facto que do ponto de vista humano dá razão a Passos Coelho que se viu coagido a ceder o poder... tendo ganho as eleições.

Uma coisa tenho por certa.

António Costa não pode merecer o aplauso de pessoas como eu, que nunca pensaram ver tão por baixo o comportamento político, ainda por cima vindo de quem não ganhou o poder, tendo-o arranjado - como se sabe - com um jogo, onde se houve habilidade, não houve decoro.
António Costa é o grande culpado do que se passa na vida parlamentar e tem de perceber uma coisa simples: a sua legitimação através do voto popular, porque enquanto o não conseguir não tem o direito de "falar de poleiro" como o faz.

Legitime-se, Sr. António Costa!

O que se está a passar em Portugal é muito perigoso, parecendo até, que aquilo que aconteceu ontem, com o cancelamento da conferência de Jaime Nogueira Pinto na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) tem muito a ver com o clima autoritário de uma certa esquerda - com quem António Costa se arranjou para tomar o poder - por só admitirem para ser ouvida a sua voz e isto não pode ser, por fazer lembrar os tempos do Estado Novo, onde apenas se ouvia e seguia a voz de que se alinhava com o poder então em funções de Estado.

Por tudo isto, legitime-se, Sr. António Costa!

terça-feira, 7 de março de 2017

A vergonha de uma conferência boicotada!



http://observador.pt
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A Associação 25 de Abril repudiou nesta terça-feira o cancelamento de uma conferência na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH) com o politólogo Nogueira Pinto e disponibilizou as suas instalações para a realização do encontro.
(...)
Outra das personalidades a reagir à polémica foi o embaixador Francisco Seixas da Costa, que, através do Facebook, afirma que "como membro do conselho de faculdade da FCSH" lamenta "que a direcção da escola tenha sido forçada, contra a sua vontade, a tomar esta atitude, para salvaguarda da estabilidade funcional da instituição".

"E porque convém chamar os bois pelos nomes, que fique claro que esta inadmissível atitude censória foi tomada por uma estrutura de estudantes identificada com o Bloco de Esquerda", diz ainda o diplomata. E conclui: "Há meses, em Cascais, teve lugar um debate público com três intervenientes: Jaime Nogueira Pinto, Francisco Louçã e eu próprio. Ninguém se lembrou de boicotar a sessão. Claro."

LUSA e PÚBLICO 7 de Março de 2017, 18:06.
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Lê-se e custa a acreditar.

O historiador Jaime Nogueira Pinto no uso da sua liberdade de expressão agendou uma conferência-debate, há cerca de duas semanas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), para esta terça-feira, ia 7 de Março de 2017, mas eis que cerca de 24 horas antes, a mesma foi desmarcada, como diz p embaixador Francisco Seixas da Costa por uma estrutura identificada com o Bloco der Esquerda, o que prova o seu sentido de liberdade.

Aplaudimos, por isso, na pessoa de Vasco Lourenço, Presidente da Associação 25 de Abril que tenha disponibilizado as suas instalações para a realização da conferência, provando desse modo, que não foi em vão a Revolução de Abril.

O que custa a entender é que este Partido Socialista - que parece dominado pelo Bloco de Esquerda - ande unido  de água e pucarinho com um partido que tem na sua génese este conceito de liberdade em detrimento da liberdade autêntica consignada na Constituição e que devia ser considerado logo a partir do meio universitário.

sábado, 4 de março de 2017

"Sou como um livro".


Sou como um livro. Há quem me interprete pela capa. Há quem não me entenda. Há quem leu e não gostou. Há quem leu e se apaixonou.
Autor desconhecido
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Cinco imagens.
Cinco frases, 
Cinco verdades.

De todas elas a que mais custa a entender é a que, tendo o "Autor desconhecido" comparado o homem a um livro, o leva a dizer que  - Há quem me interprete pela capa - e custa a entender por ser comum demais o acto de se julgar a pessoa pela sua aparência, sendo ela um mundo a descobrir, o que exige esta coisa simples - mas omissa, tantas vezes - que é seguir o conselho velho e sempre novo que Jesus deixou e S. Mateus (22, 34-39) depois de lhe chamar O MANDAMENTO DO AMOR, relata deste modo:


Constando-lhes que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, os fariseus reuniram-se em grupo. E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» Jesus disse-lhe:

Amarás ao Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração,
com toda a tua alma
e com toda a tua mente.

Este é o maior e o primeiro mandamento. 
O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
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Eis o que nos falta: amar o próximo como fazemos a nós mesmos, porque se esta regra fosse seguida, por certo que o "Autor desconhecido" não teria lamentado haver quem interprete o seu semelhante pela "capa", vendo-o por fora como se o fizesse por dentro, que é, afinal, onde se esconde a riqueza humana de cada homem.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Que Deus seja louvado pela minha fé racional.

Homenagem da Revista "O Occidente" em 11 de Junho de 1890 
ao passamento de Camilo Castelo Branco no dia 1 de Junho de 1890
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1 - Uma viagem na companhia 
de um precioso livro de Camilo Castelo Branco

Busquei há dias, na minha velha Biblioteca o 1º volume das "HORAS DE PAZ -Escritos Religiosos" de Camilo Castelo Branco, um livro que passa algo desapercebido na longa e valiosíssima lista da Obra Camiliana - e que eu tenho a felicidade de conhecer - para fazendo-me comboio de mim mesmo, tomar lugar numa carruagem de 1ª classe - que assim o merece este livro do trágico donatário do palacete de S. Miguel de Seide, sabendo de antemão que para chegar ao fim da viagem do Capítulo IX que o autor dedica ao problema da FÉ, iria parar nalgumas "estações do caminho".

Aconteceu logo no nº 1 para  "beber" estas palavras:

Eu elevei a razão humana a um grau de pureza tal, que, reputando-a assim sublime, na generalidade dos homens, basta esse atributo para estabelecer a harmonia entre o criador e a criatura.

Foi, nessa estação do caminho que dei comigo a pensar em filósofos como Galileu, Giordano Bruno -um teólogo condenado à morte pela Inquisição romana - e em Descartes por terem tido a coragem de aviventar o pensamento contra a fé cega que mantinha os homens na ignorância das trevas e reclamava o direito à luz natural da razão que lhe dizia que entre Deus e o homem existia um fio condutor que transportava o calor do incognoscível ao seu ser pensante e amado pela Força que o criara.

Prosseguiu a viagem e numa segunda paragem, Camilo Castelo Branco surpreendeu-me desta maneira ao falar do celebre médico Barthez (Paul Joseph) um teórico da biologia que advogou o "princípio vital" para explicar o fenómeno da vida, usando uma visão matemática e materialista da vida que fez publicar na Enciclopédia de Denis Diderot e d'Alembert. 

Conta Camilo Castelo Branco que estando ele à beira da morte e a temia por não ter a certeza fosse do que fosse, até que o padre que o assistiu e condoído da sua dúvida lhe perguntou: - Mr. Barthez nem ao menos nas matemáticas achais uma certeza? - a que o moribundo respondeu: - As matemáticas têm uma série de consequências inevitáveis, perfeitamente encadeadas, mas a base não sei qual é.

E Camilo remata: A base que Barthez não conhecia é a base de todas as doutrinas- é a substância oculta de todos os fenómenos, deixando esta pergunta: - Repelis a fé quando estudais o dogma da ciência divina?

A seguir a uma nova paragem, no nº II que começa com esta frase: A dúvida é uma tortura, dei que Camilo fez que a agulha do comboio que me levava maravilhado, entrasse num novo percurso em que a razão humana apareceu pela primeira vez, dizendo ele que a razão cultivada pelo estudo e ilustrada pela consciência, contempla os fenómenos da divindade: explica-os no âmbito da sua compreensão, e abate o vôo arrojado para o raso da terra, quando topa na escala da ciência, um degrau que sobe para a região dos mistérios.

Um pouco mais adiante, diz Camilo Castelo Branco: A ignorância é o abismo da fé, porque a fé é um acto de inteligência. A faculdade de receber e combinar ideias, que são as relações eternas das coisas, é o que se diz inteligência. A harmonia da inteligência com as ideias naturais chama-se razão. Mas há umas outras ideias, chamadas divinas, e quando a inteligência estiver em harmonia com elas está constituída a fé. Para adquirimos a razão temos um processo, que é o estudo. O estudo é o idêntico processo que temos para adquirir a fé.

Senti que nesta estação do caminho o comboio que me levava parou mais tempo, porque foi preciso ler, reler, uma, duas e não sei ao certo quantas vezes o fiz, pelo facto de Camilo me dizer esta coisa clara: a fé é um acto de inteligência e dei comigo a agradecer a Deus a vida que Ele deu àquele ilustre senhor que de um modo preciso me deu um significado para a fé sem se socorrer de grandes devaneios, para, por fim nos aconselhar a estudar a religião cristã, como críticos, como filósofos, como moralistas, mas estudai-a.

E a terminar o capítulo da Fé, Camilo regista este grito de Lacordaire dirigido a Deus: - Ó tu. quem quer que sejas, que me fizeste! Deixa-me tirar da minha dúvida, da minha miséria!

Não sei precisar, exactamente, o tempo em que a carruagem de 1ª classe do meu próprio comboio esteve parada nesta estação do caminho, mas sei e com toda a convicção que este capítulo sobre a Fé, senti que para ela continuar a percorrer o caminho que lhe faltava segui o conselho de Camilo sobre o estudo que é precisos fazer da religião cristã e, porque, o grito de Lacordaire passou a martelar com força no meu entendimento das coisas

2 - Uma viagem (breve) pela Filosofia
 do homem perante a sua existência

Diz a Revelação de Deus através de Jesus Cristo - um Homem que era Deus - que ele coloca dentro da história um ponto referencial de que todos o homem não pode prescindir para o entendimento do mistério da sua existência e que, por esse motivo, diz o filósofo "Credo ut inttellegam" - creio para entender- e que na ordem natural das coisas, a Sabedoria do Ente Supremo, ao longo de um tempo de que nunca saberemos a extensão, através dos Patriarcas e Profetas foi alinhando o curso das coisas que veio a desembocar em Jesus, que veio para preencher esta tríade admirável: ser para todos os homens - seus irmãos - CAMINHO, VERDADE E VIDA - abrindo assim, através d'Ele o homem ao conhecimento da verdade-

Uma verdade que o leva - se ele quiser - pela observação atenta da Natureza, até à especulação científica e filosófica, mas, sobretudo pelo estudo da sua vida concreta até às profundezas de onde partiu para a entender à luz de dois candelabros: o divino que só será entendível se não lhe faltar a sabedoria humana que tem de partir do nada para entender o tudo que vive escondido no mistério que o envolve por todos os lados e é, por isso que a filosofia diz: "Intellego ut credam" - Entendo para crer - porque o homem, por vontade do Criador é por sua natureza um buscador da verdade.

- Qual o sentido da vida?
- De onde vim?
- Para onde vou?

São três questões básicas, mas fundamentais que se fundam em quatro níveis da verdade que o homem procura atender:

- À da vida quotidiana.
- À da vida científica.
- À da vida filosófica.
- À da vida teológica.

E é na busca de dar resposta a tudo isto que o homem num dado momento da vida se vê diante do Mistério de Deus, no desejo de encontrar no Ser Absoluto uma resposta racional que lhe possa sustentar a fé procurada, ao estabelecer diante do seu destino uma relação consciente entre esta e a razão, uma dicotomia que nos leva à filosofia de S. Tomás de Aquino que nos diz que Deus, sendo ao mesmo tempo o criador da razão humana e o autor da fé, é o garante da harmonia entre ambas, algo que, apesar da harmonia que deu à percepção humana, sofreu o revés, no Iluminismo ao afastar a fé e a razão, porque desejou o afastamento de Deus, deixando o homem à deriva, matando o Absoluto que é preciso reencontrar.

Eis, porque, urge que pensadores - como Camilo Castelo Branco que deixou o seu pensamento espraiado nas HORAS DE PAZ - Filósofos, Teólogos, Cristãos e todos os homens de boa vontade devem ter a coragem de desenvolver e aprofundar as justas relações entre fé e razão, para mostrar ao mundo que uma não exclui a outra; ao contrário, ambas são como que asas de um pássaro que nos levam à contemplação da verdade, de Deus.

3 - Uma viagem através de um documento fundamental do  Magistério da Igreja Apostólica Romana 
à Luz do Concílio Vaticano II

CARTA ENCÍCLICA FIDES ET RATIO DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE FÉ E RAZÃO


INTRODUÇÃO
«CONHECE-TE A TI MESMO »

5. A Igreja, por sua vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão na consecução de objectivos que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade, ela vê, na filosofia, o caminho para conhecer verdades fundamentais relativas à existência do homem. Ao mesmo tempo, considera a filosofia uma ajuda indispensável para aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do Evangelho a quantos não a conhecem ainda.
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CAPÍTULO I
 A REVELAÇÃO DA SABEDORIA DE DEUS

2. A razão perante o mistério

13. Entretanto, não se pode esquecer que a Revelação permanece envolvida no mistério. Jesus, com toda a sua vida, revela seguramente o rosto do Pai, porque Ele veio para manifestar os segredos de Deus; e contudo, o conhecimento que possuímos daquele rosto, está marcado sempre pelo carácter parcial e limitado da nossa compreensão. Somente a fé permite entrar dentro do mistério, proporcionando uma sua compreensão coerente.
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CAPÍTULO II
 CREDO UT INTELLEGAM

17. Não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. Aponta nesta direcção o livro dos Provérbios, quando exclama: « A glória de Deus é encobrir as coisas, e a glória dos reis é investigá-las » (25, 2). Deus e o homem estão colocados, em seu respectivo mundo, numa relação única. Em Deus reside a origem de tudo, n'Ele se encerra a plenitude do mistério, e isto constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisto está a sua nobreza. Um novo ladrilho é colocado neste mosaico pelo Salmista, quando diz: « Quão insondáveis para mim, ó Deus, vossos pensamentos! Quão imenso o seu número! Quisera contá-los, são mais que as areias; se pudesse chegar ao fim, estaria ainda convosco » (139/ 138, 17-18). O desejo de conhecer é tão grande e comporta tal dinamismo que o coração do homem, ao tocar o limite intransponível, suspira pela riqueza infinita que se encontra para além deste, por intuir que nela está contida a resposta cabal para toda a questão ainda sem resposta.
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CAPÍTULO III
 INTELLEGO UT CREDAM
1. Caminhar à procura da verdade

24. Nos Actos dos Apóstolos, o evangelista Lucas narra a chegada de Paulo a Atenas, numa das suas viagens missionárias. A cidade dos filósofos estava cheia de estátuas, que representavam vários ídolos; e chamou-lhe a atenção um altar, que Paulo prontamente aproveitou como motivo e base comum para iniciar o anúncio do querigma: « Atenienses — disse ele —, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens. Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: "Ao Deus desconhecido". Pois bem! O que venerais sem conhecer, é que eu vos anuncio » (Act 17, 22-23). Partindo daqui, S. Paulo fala-lhes de Deus enquanto criador, como Aquele que tudo transcende e a tudo dá vida. Depois continua o seu discurso, dizendo: « Fez a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-Lo, mesmo tacteando, embora não Se encontre longe de cada um de nós » (Act 17, 26-27).
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CAPÍTULO IV
A RELAÇÃO ENTRE A FÉ E A RAZÃO
1. As etapas significativas do encontro entre a fé e a razão

36. Os Actos dos Apóstolos testemunham que o anúncio cristão se encontrou, desde os seus primórdios, com as correntes filosóficas do tempo. Lá se refere a discussão que S. Paulo teve com « alguns filósofos epicuristas e estóicos » (17, 18). A análise exegética do discurso no Areópago evidenciou repetidas alusões a ideias populares, predominantemente de origem estóica. Certamente isso não se deu por acaso; os primeiros cristãos, para se fazerem compreender pelos pagãos, não podiam citar apenas « Moisés e os profetas » nos seus discursos, mas tinham de servir-se também do conhecimento natural de Deus e da voz da consciência moral de cada homem (cf. Rom 1, 19-21; 2, 14-15; Act 14, 16-17). Como, porém, na religião pagã, esse conhecimento natural tinha degenerado em idolatria (cf. Rom 1, 21-32), o Apóstolo considerou mais prudente ligar o seu discurso ao pensamento dos filósofos, que desde o início tinham contraposto, aos mitos e cultos mistéricos, conceitos mais respeitosos da transcendência divina.

4 - Uma viagem por dentro de mim mesmo


Comecei por escrever este "post" unicamente para me debruçar sobre o livro HORAS DE PAZ de Camilo Castelo Branco no capítulo a que aduzo, mas vieram a seguir às sábias considerações do eminente escritor sobre a fé e razão, e o seu dizer que, esta cultivada pelo estudo e ilustrada pela consciência, contempla os fenómenos da divindade: explica-os no âmbito da sua compreensão, e abate o vôo arrojado para o raso da terra, quando topa na escala da ciência, um degrau que sobe para a região dos mistérios.

E tanto bastou para me por de atalaia, para me levar mais à frente - e eu que tenho uma fé racional - senti, verdadeiramente o que Camilo quis dizer, porque é na tal região dos mistérios, que se esconde o poder da razão, porque Deus no-la deu para com coragem de desenvolver e aprofundar as justas relações entre fé e razão, para mostrar ao mundo que uma não exclui a outra; ao contrário, ambas são como que asas de um pássaro que nos levam à contemplação da verdade, de Deus.

E, depois, profundo e belo surgiu ao meu espírito esse livro - que o hoje S, João Paulo II - chamou "Carta Encíclica" - Fides et Ratio - a décima segunda publicação do seu Magistério publicada em 14 de Setembro de 1998 destinada a abordar as relações ente a fé e a razão,para dizer aos homens de todo o mundo que:  A Igreja, por sua vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão na consecução de objectivos que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade, ela vê, na filosofia, o caminho para conhecer verdades fundamentais relativas à existência do homem - e que, portanto - não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. 

E para tornar tudo mais claro - que assim o quer a Igreja o nosso tempo - aponta como um caminho a seguir  o livro dos Provérbios, quando exclama: « A glória de Deus é encobrir as coisas, e a glória dos reis é investigá-las » (25, 2). Deus e o homem estão colocados, em seu respectivo mundo, numa relação única. 

Para concluir, citando o mesmo Livro Bíblico:

Em Deus reside a origem de tudo, n'Ele se encerra a plenitude do mistério, e isto constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisto está a sua nobreza.

Que Deus seja louvado pela minha fé racional.