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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Homenagem ao Dr. Alfredo da Costa


Porque há figuras ímpares, neste blog, que modestamente, em muitos espaços aborda temas de cultura portuguesa de homens e mulheres ilustres, mormente poetas, prosadores, figuras da Igreja, políticos, vultos populares, etc., cabe hoje a vez de lembrar o Dr. Alfredo da Costa, patrono da Maternidade que tem o seu celebrado nome na cidade de Lisboa, tendo-se para tanto e com o esmero que foi possível recopiar a noticia ipsis-verbis do seu falecimento,  publicada pela célebre Revista Ilustrada de Portugal e do Estrangeiro "O Occidente" no seu número 1127 de 20 de Abril de 1910.



Era urna das figuras mais distintas da classe médica o Dr. Alfredo da Costa, professor da Escola Médica de Lisboa, habilíssimo operador e clínico, que faleceu no dia 2 do corrente (Abril de 1910) ao cabo de uma dolorosa doença, um cancro na língua, para que foram impotentes todos os recursos da ciência, não obstante ler-se sujeito a duas operações que foi fazer a Berlim.
Conhecemo-lo ainda nos seus tempos de estudante, como fomos amigos de seu pai, Bernardo Francisco da Costa, que foi deputado pela India e por  Almada, homem de muito saber, autor de vários livros sobre agricultura indiana e outros,  carácter primoroso, inconcusso, de que seus filhos seguiram o levantado exemplo.
Manuel Alfredo Vicente da Costa nasceu em Salsete, India Portuguesa, a 28 de Fevereiro de 1859. Veio ainda criança para Lisboa e depois dos primeiros estudos matriculou-se na Escola Médica de Lisboa, onde fez o curso com rara distinção, que Iogo o   indicou para as altas funções da ciência.
De facto, ao terminar o curso, em I884, foi nesse ano nomeado cirurgião interino do banco do hospital de S. José  e, no ano seguinte, efectivo, passando a extraordinário em 17 de Dezembro de 1889. Nomeado depois lente substituto de cirurgia da Escola Médica, ocupava ultimamente  a sexta cadeira (obstetrícia) da mesma Escola, onde era também bibliotecário.
0 Sr. dr. Alfredo dm Costa foi um hábil operador, bem conhecido e que pela primeira vez, em Portugal (1887), praticou a operação de  Estlander e a reseção da vaginal para a cura da hidrocele pelo processo de Vofkmann, e a colecistotomia.
Foi redator da Medicina Contemporânea, onde publicou vários trabalhos sobre medicina e cirurgia, assim como outos estudos e  memorias em livro, além do Anuário da Escola Médica Cirúrgica de Lisboa,  dos anos de 1890-1892, que são trabalho seu.
O sr. Dr. Alfredo Costa em membro do conselho médico-legal; delegado de saúde; sócio correspondente  da Academia Real das Ciências de Lisboa; presidente de uma das secções da Sociedade de Geografia; membro da comissão técnica da Assistência Nacional aos Tuberculosos: foi vice-presidente e depois presidente da Sociedade de Ciências Médicas, da qual foi sócio operoso que muilo contribuiu para o seu engrandecimento, como declarou o sr. dr. Custodio Cabeça em sessão desta Sociedade.
à beira da sepultura falaram do ilustre extinto os professores dr. Cabeça, Dr. Bordalo Pinheiro,  dr. Carlos Tavares e dr. Silva Amado, director da Escola Médica, pondo em relevo o valor do grande médico e operador, que tanto se distinguiu por seus talentos e operosidade.
À ilustre família do extinto e muito particularmente a seu irmão e nosso presado amigo sr. Cincinato da Costa, enviamos nossas sentidas condolências.

C.A.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Como custa ouvir as verdades!

http://diariodigital.sapo.pt/(de 7 de Abril de 2016)
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http://observador.pt/(de 7 de Abril de 2016)
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Como custa ouvir as verdades!

O Partido Socialista não gostou de ouvir Mario Draghi dizer no Conselho de Estado hoje ocorrido, os notáveis "esforços de reforma desenvolvidos em Portugal"; as "reformas do mercado de trabalho"; "a melhoria das condições empresariais", para dizer logo a seguir que "não se justifica anular reformas anteriores".

Como custa ouvir as verdades!

O Partido Socialista - pela pena de um dos seus proeminentes militantes, despeitado, ao que parece, vem agora acusar o Presidente da República de por o Conselho de Estado a invadir competências do Governo...

Meu Deus! Como custa ouvir as verdades!

É evidente que não se justifica anular reformas anteriores. Portugal independente está de acordo com Mario Draghi e agradece ao Presidente do BCE por os "pontos nos iii" aos socialistas e seus apoiantes parlamentares.

Na vida há sempre um momento em que a verdade vem ao cimo... como o azeite, que se não deixa misturar com a água, por mais pura que ela seja!

Uma lição de Mario Draghi no Conselho de Estado

http://observador.pt/ (de7 de Abril de 2016)
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Toda a gente viu em Portugal que as "reformas anteriores" feitas por Passos Coelho não deviam se anuladas...
Mario Draghi corroborou no Conselho de Estado desta tarde, como convidado do Presidente da República, isso mesmo... mas, se o pensou não o podia dizer... 

António Costa quis ser Primeiro-Ministro custasse o que custasse... e, agora o povo que se aguente com as reversões inopinadas... só para fazer a vontade ao PCP e ao BE.

E assim vamos.
Para onde?
Não sabemos!
Nem nós... nem eles, os que se viram com um "pé em cima" quando o deviam ter em baixo!

Os três "trauliteiros" do PS!


Não podemos deixar sem uma menção - depois do que se passou, hoje, com as bofetadas de João Soares, de o incluirmos nos três "trauliteiros" do PS...
  • Jorge Coelho, um dia disse, se não por estas palavras por outras que vão dar ao mesmo: "quem se mete com o PS leva"...
  • Augusto Santos Silva - o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros - de igual sorte, um dia disse "que gostava de malhar na direita"...
  • Hoje, João Soares veio prometer bofetadas a Vasco Pulido Valente e a Augusto M. Seabra, dois críticos da sua acção governativa como Ministro da Cultura.
Espanta, por isso que sendo o Partido Socialista tão cioso da "liberdade de expressão", seja do seu seio - e logo através de pessoas altamente responsáveis - um antigo Ministro (Jorge Coelho) e dois do governo actual, que têm atitudes prepotentes, como se em Democracia a crítica contra eles se torne um acto, cujo desforço não se faz com modos que não sejam os da afronta física.

Eu já vi um Ministro de Cavaco Silva (Carlos Borrego) ser demitido por ter contado uma anedota imprópria.
Eu já vi um Ministro de José Sócrates (Manuel Pinho) ser demitido por ter feito em plena Assembleia da República, como resposta, em vez de palavras, usar gestos obscenos... 

E, agora, o que vai fazer António Costa?
Fico à espera...
Eu bem sei que o clã Soares é poderoso... mas não pode continuar a dizer coisas contra o senso comum e boa educação democrática.
Isso não pode ser!

Arre, que é demais!

O passeio de Santo António com o Menino Jesus...

Fac-simile de uma gravura de Santo António 
publicada pela Revista "O Occidente" nº 1276 de 10 de Junho de 1914


Um Santo Universal, eis como é conhecido o nosso Santo António, nascido bem perto da Sé de Lisboa, num local onde se viria a construir uma Igreja sob a sua invocação, Santo António de Lisboa - ou de Pádua, como os italianos reclamam - é uma das figuras da Igreja apostólica romana mais conhecidas e respeitadas pelo dom da sua vida, onde desde muito cedo, muitos viram ter sido tocada por inspiração transcendental, um facto só possível àqueles que Deus elege para serem seus lídimos representantes terrenos.

Ao ver, na velha Revista "O Occidente" esta invulgar gravura não resisti em fazer que ela devia incluir o meu "blog", como homenagem que presta a tão valiosa figura a minha sensibilidade, que não pode fugir ao sortilégio daquele "Passeio de Santo António" que o génio poético de Augusto Gil havia de assinalar para sempre.


O PASSEIO DE SANTO ANTÓNIO

Saíra Santo António do convento,
 A dar o seu passeio costumado
 E a decorar, num tom rezado e lento,
 Um cândido sermão sobre o pecado.

 Andando, andando sempre, repetia
 O divino sermão piedoso e brando,
 E nem notou que a tarde esmorecia,
 Que vinha a noite plácida baixando…

E andando, andando, viu-se num outeiro,
 Com árvores e casas espalhadas,
 Que ficava distante do mosteiro
 Uma légua das fartas, das puxadas.

 Surpreendido por se ver tão longe,
 E fraco por haver andado tanto,
 Sentou-se a descansar o bom do monge,
 Com a resignação de quem é santo…

O luar, um luar claríssimo nasceu.
 Num raio dessa linda claridade,
 O Menino Jesus baixou do céu,
 Pôs-se a brincar com o capuz do frade.

 Perto, uma bica de água murmurante
 Juntava o seu murmúrio ao dos pinhais.
 Os rouxinóis ouviam-se distante.
 O luar, mais alto, iluminava mais.

 De braço dado, para a fonte, vinha
 Um par de noivos todo satisfeito.
 Ela trazia ao ombro a cantarinha,
 Ele trazia… o coração no peito.

 Sem suspeitarem de que alguém os visse,
 Trocaram beijos ao luar tranquilo.
 O Menino, porém, ouviu e disse:
– Ó Frei António, o que foi aquilo?…

O Santo, erguendo a manga de burel
 Para tapar o noivo e a namorada,
 Mentiu numa voz doce como o mel:
– Não sei o que fosse. Eu cá não ouvi nada…

Uma risada límpida, sonora,
 Vibrou em notas de oiro no caminho.
– Ouviste, Frei António? Ouviste agora?
– Ouvi, Senhor, ouvi. É um passarinho.

– Tu não estás com a cabeça boa…
Um passarinho a cantar assim!…
E o pobre Santo António de Lisboa
 Calou-se embaraçado, mas por fim,

 Corado como as vestes dos cardeais,
 Achou esta saída redentora:
– Se o Menino Jesus pergunta mais,
…Queixo-me à sua mãe, Nossa Senhora!

 Voltando-lhe a carinha contra a luz
 E contra aquele amor sem casamento,
 Pegou-lhe ao colo e acrescentou:
– Jesus, são horas…
E abalaram pró convento.


Há na beleza deste poema um profundo amor do Poeta Augusto Gil pelo Santo e foi de tal forma o seu encanto pelo Santo, que este poema - pela forma e pelo estilo picaresco - tem sido lido, relido e recitado, tal é a graça do passeio que suscitou a Santo António, por causa da impertinência do Menino Jesus, que ele, num dado ponto o ameaçou... o que faz do poema e da liberdade poética que o enforma, um marco indelével em toda a Poesia portuguesa.

Prova isto, que Santo António jamais passará desapercebido, porque é tal a sua grandeza eclesial que a sua figura se tornou obrigatória existir em todos os lares de Portugal e de Itália, sobretudo, em Pádua, que lhe ergueu uma formosa e grandiosa Catedral.

Ai, a dura realidade!


http://jornais.sapo.pt/ 
(Jornal de Notícias de 7 de Abril de 2016)
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Não foi o actual Ministro das Finanças que disse vir agora aí um "tempo novo"?
Foi, não foi?

Por isso não nos admiremos. Mário Centeno falou verdade. O "tempo novo" da dura realidade está aí, só que, houve quem acreditasse nesse tal tempo, como se fosse possível fazer "omoletes sem ovos"... 

Escondam-se do "ferrabrás"!

in. "Jornal de Notícias" de 7 de Abril de 1016

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Escondam-se do "ferrabrás" que agora - por causa do poder que, pelos vistos, não merece ter - quer dar "um par de bofetadas" a quem não está de acordo com ele...

João Soares ainda não percebeu que a Democracia é um jogo plural e tem de conviver com quem o critica, ou julga ele, que aquilo que fez a António Lamas - demitido do Centro Cultural de Belém, em praça pública - foi um acto de se lhe tirar o chapéu?

E eu que tinha por João Soares um conceito elevado!
Não. Este senhor não merece respeito e, muito embora esta "guerra" não seja minha, indirectamente, diz-me respeito, porque não posso estar de acordo com este senhor que promete vinganças musculadas, quando é sabido, que só as ditaduras é que não permitem desacordos de opiniões.

Onde está a "ética republicana"?
Balelas, é o que é...
Demita-se. Era um favor que fazia ao regime em que vivemos!

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Com a devida vénia reproduzimos as crónicas que incomodaram João Soares:

OPINIÃO

“Tempo velho” na Cultura
AUGUSTO M. SEABRA 06/04/2016 - 10:12

A nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece inexplicável, já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção política, tão-só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria. De resto, não tinha qualificações particulares para o cargo.

A nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece inexplicável, já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção política, tão-só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria. De resto, não tinha qualificações particulares para o cargo, que não o era a sua gestão da Cultura na Câmara Municipal de Lisboa em tempos idos, antes pelo contrário. E sendo ele um derrotado nato – perdeu as eleições autárquicas em Lisboa e em Sintra e para secretário-geral do PS –, mas também um caso de obstinação, esta nomeação culminou uma reascensão vertiginosa, se recordarmos que nas últimas eleições inicialmente nem estava em lugar elegível nas listas.

O argumento de que também pode fazer sentido ter na pasta alguém com peso político esvaiu-se com o quadro orçamental para este ano. Sendo ainda recomendável alguma contenção, o certo é que o sector vive uma situação de emergência, consumada na governação PSD-CDS, mas que vem dos tempos socialistas do socratismo, quando ocorreu uma sistemática desorçamentação. Agora não só não houve aumento de dotação, como mesmo acrescido desinvestimento na Direcção-Geral do Património e no Fundo de Fomento Cultural!

Há que dizer que desde o princípio António Costa esteve muito mal na sua relação com o sector, seguindo o modelo tradicional do PS de o considerar como ornamento, acenando apenas com a promessa imprescindível de restaurar um ministério. Logo no início da sua caminhada houve uma iniciativa ridícula, um manifesto “A Cultura apoia António Costa”, como se uns quantos agentes fossem “A Cultura” e dela proprietários. Depois, noutra tradição socialista, o almoço em final de campanha eleitoral, houve o prodígio de ser oradora quem tinha sido tornada “artista do regime” pelo governo de direita, Joana Vasconcelos. E, assim, a nomeação de Soares foi apenas o consumar político desta consideração do adorno. Mas abrindo azo aos piores receios.

Que um governante se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares trata-se de uma confraria de socialistas e maçons. Depois começou a distribuir elogios: foi à antestreia de Um Amor Impossível pela sua “grande admiração pela obra notável de António-Pedro Vasconcelos”; destacou “o trabalho notável de Paulo Branco”, quando foi à rodagem do filme de Fanny Ardant; foi às Correntes de Escrita, porque “a Maria do Rosário Pedreira e o Manuel Alberto Valente” lhe recomendaram. A isto se chama "amiguismo", o gesto mais clamoroso sendo a nomeação de um velho apparatchik, Elísio Summavielle, para o CCB, em lugar de António Lamas, que por muitas razões que houvesse para ser substituído o foi de modo grosseiro. Mas Soares quer dar nas vistas pegando em questões controversas que se arrastam. É o caso das obras de Miró. Logo enunciou que gostaria que fossem expostas este ano em Serralves. Que a administração daquele tenha aceite é um gesto “diplomático”, quando Serralves e o Estado têm ainda de negociar a espinhosa questão do destino da colecção do Ministério da Cultura. Mas não deixa de ser exorbitante que um ministro sugira programação ou a aprove, como sucedeu, segundo o novel presidente do CCB, com a dos Dias da Música, A Volta ao Mundo em 80 Concertos. Os concertos tinham de ser aprovados por João Soares? Já não falando de outras coisas (a esdrúxula nomeação de alguém reticente à arte contemporânea, Pacheco Pereira, para administrador por parte do Estado de Serralves, Museu de Arte Contemporânea), o tão badalado “tempo novo” é na cultura apenas o “tempo velho” dos hábitos socialistas. E muito ainda promete...

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OPINIÃO

Uma questiúncula
VASCO PULIDO VALENTE 04/03/2016 - 00:05

No meio desta cena de mau gosto não se ficou a saber ao certo o que na essência separava o dr. Lamas do ministro.

João Soares
Ministério da Cultura
Como o dr. João Soares muito bem sabe, não tenho por ele qualquer respeito nem como homem, nem como político. Houve pessoas – Teresa Gouveia e José Manuel Fernandes – que, a propósito do “caso Lamas”, descobriram agora a insignificância e a grosseria dessa lamentável personagem. Chegam tarde. Claro que o ministro podia ter chamado discretamente o director do CCB para o demitir, alegando, como está no seu direito, falta de confiança política ou pessoal. Mas João Soares preferiu fazer do incidente um espectáculo público. Ameaçou o dr. Lamas, exibiu os seus poderes (que lhe vêm exclusivamente do cargo) e no fim ainda se foi gabar para a televisão. Não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se pensarmos que ele é no governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por simples caridade.

Infelizmente, no meio desta cena de mau gosto não se ficou a saber ao certo o que na essência separava o dr. Lamas do ministro. O dr. Lamas fizera uma obra extraordinária em Sintra, restaurando monumentos, do palácio da Pena ao chalet da condessa de Edla, reabilitando jardins, acabando com os crónicos prejuízos da parte cultural da vila. Mas, transferido para o CCB em 2014, resolveu repetir a receita e transformar a zona entre a Ajuda e Belém no seu segundo parque turístico. Embora publicado na internet, nem a televisão, nem os jornais, que discutem as mais sufocantes banalidades, discutiram o plano do dr. Lamas. Mesmo o ministério da Cultura e a CML não se manifestaram. E quando o sr. Soares desembarcou no governo decidiu liquidar a coisa sem uma palavra de explicação.

Isto de mandar no povinho sem sequer o informar não é bonito. Sendo lisboeta, não me apetece muito que entre a Ajuda e Belém apareçam durante o ano inteiro milhares e milhares de turistas, tapando a vista e atravancando as ruas. Mas gostaria de saber o que o dr. Lamas pensa sobre o assunto e já agora o que pensa, se pensa alguma coisa, o sr. Soares. De resto, a mais preliminar consideração pelas pessoas exige que os moradores do sítio sejam previamente consultados. Reconheço que a vontade do país não é a grande preocupação do dr. Costa, mas não custava muito ouvir as pessoas que, em última análise vão, ou não vão, ser vítimas da fantasia urbanística do ministério da Cultura ou da CML. Dissertações sobre a falta de maneiras do dr. João Soares não nos levam longe.

https://www.publico.pt/(7 de Abril de 2016)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Presságio - Um soneto de Domitila de Carvalho


fac-simile do soneto "Pressagio" publicado pela Revista "O Occidente" 
nº 1262 de 20 de Janeiro de 1914
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A poetisa, que foi médica, professora e política, Domitila de Carvalho é, hoje, um nome apagado na cena das figuras femininas de Portugal, por ter sido alguém que apadrinhou, sendo monárquica - o Estado Novo - de pouco lhe valendo ter sido a primeira mulher portuguesa após a reforma universitária de 1772, a frequentar a Universidade de Coimbra, onde se matriculou em 1891, tendo-se licenciado em Matemática, Filosofia e Medicina.

Coube-lhe, ainda, a honra de ter sido a primeira professora de Matemática no então Liceu de D. Maria Pia, depois denominado por Sidónio Pais com o nome de Almeida Garrett em 1917 - e actual Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho - esta ilustre senhora, para além das suas ocupações docentes, foi uma poetisa de elevados méritos e teve auras de educadora pelo interesse que sempre lhe mereceram as questões infantis, advogando o primado da família sobre o papel educativo das crianças.

Este soneto "Presagio" que se publica em "fac-simile" sendo de difícil leitura, tal como é apresentado, pelo seu cunho literário bem merece ser transcrito.
Aqui vai.
Vai pelo ar um sopro de agonia
No silêncio da tarde que esmorece.
E julgo ouvir, soluços numa prece
A abençoar a Extrema-unção do dia.

Cada nuvem que passa fugidia
Aos meus olhos medrosos aparece
Monstruoso fantasma que enegrece
A tristeza das coisas, doentia.

Em vão se perde o pensamento quando
Pensa em achar uma razão de ser
Da vida que me vai mortificando.

Em vão procura o meu olhar dorido
As sombras infindáveis do Não-ser
Nesse país do Além desconhecido.

Tinha Domitila de Carvalho  43 anos de idade quando escreveu este poema, onde perpassa, dorido, um sentimento de algum desencanto e se - presagio, que modernamente se diz - presságio - significa "adivinhar algo futuramente", há que ler e reter cada uma das palavras desta composição poética, onde aquela ilustre figura de mulher que nunca casou, mas tendo vivido 95 anos, parece, ter vivido na meia idade do seu ciclo de vida o drama da solidão "No silêncio da tarde que esmorece", parecendo que aquela tarde não era o declinar de mais um dia, mas o declinar de uma vida, onde, como ela diz, "Em vão se perde o pensamento quando / Pensa em achar uma razão de ser / Da vida que me vai mortificando".

Domitila de Carvalho, para além do que foi profissionalmente,  deixou.nos as seguintes obras:
  • Para o alto. Porto : [s.n.], 1957.
  • Maria Amália Vaz de Carvalho. Lisboa : [s.n.], 1930.
  • Versos. Coimbra : F. França Amado, 1909.
  • Terra de amores. Coimbra : Coimbra Ed., 1924.
  • Lição às alunas do Liceu de Garrett, no 30.º dia do falecimento do Sr. Dr. Sidónio Paes. Lisboa : Oficinas Gráficas Editoras, 1919.    (in, Wikipedia)
E é, ao fazer recair o nosso pensamento por esta proeminente figura de mulher, que olhando o tempo que passa - onde, apenas, têm lugar as que não viveram e sentiram o Estado Novo - que deploro, que as mulheres de Portugal, se esqueçam de Domitila de Carvalho, que no seu tempo foi vanguardista sobre a emancipação do sexo feminino, apenas porque Domitila sofre o ferrete de ter sido amiga da última Rainha de Portugal e, depois, admiradora da política de Sidónio Pais e ter embarcado com Salazar, mas mantendo a sua independência cultural relativamente à educação que antevia para o sexo feminino, com as suas palestras de higiene geral e de puericultura nos liceus e escolas do ensino secundário.

Em bem sei o tempo que vivemos... mas, também sei, que é o tempo em que se vive que marca a pessoa e as mulheres "modernas"  - e assim,  os homens deste tempo - não perdoam a Domitila ter-se batido pela afixação do Crucifixo nas Escolas Primárias... esquecendo-se que as criaturas - num dado tempo e lugar - em ordem à liberdade do pensamento que ninguém pode aprisionar, são livres de agir segundo as suas consciências.

Epitáfio (II) - Um poema de António Ramos de Almeida



Um feliz acontecimento fez-me chegar às mãos este precioso livro de poemas que de um modo leve, diz coisas muito sérias e no qual o autor, sem perder nada que seja do fino recorte das suas composições poéticas, deixa perpassar em todas as páginas a sagacidade satírica, que é, por excelência o motivo forte que o levou a escrever este livro.

Não é minha intenção fazer aqui um estudo global da obra, mas é minha intenção deixar expresso o meu apreço pelo autor e, porque me revejo - do ponto de vista do leitor - em grande parte das suas composições, refiro esta que serve de exemplo ao estro de quem no verso, sabe ter a arte de colocar modos de viver que parecem contrários aos modos sábios e sensatos que a vida pede.


Epitáfio
(II)

Morreu como viveu,
fossando o tempo inteiro.
Sem nunca olhar o céu,
só o dinheiro.

Jamais lhe sobrou tempo,
nem teve nunca vagar
para deter-se um momento
a sonhar.


Há vidas assim.
Vidas sem tempo para olhar a beleza dos castelos de nuvens que deslizam no céu, por vezes, com as barbacãs bem recortadas nas muralhas andantes ou, até, parecendo barcos que voam... com velas e tudo!

António Ramos de Almeida não pode fugir à sátira que neste poema - bem pequeno na forma - é, contudo, grande no conteúdo e dá que pensar a quem o queira ler e retirar dele o ensinamento vivencial que devia estar presente em todas as vidas, cujo destino está para além da conquista dos que fossando o tempo inteiro - para usar esta liberdade poética do autor, dizer que, efectivamente, é preciso olhar para cima e ver a glória da vida que passa no céu que nos cobre.

A maioria dos homens...


segunda-feira, 4 de abril de 2016

É preciso - e urgente - "passar a perna" ao (PS+BE)



Eu, um pigmeu em estratégia política - mas algo sabedor pela idade - penso que jamais vão acontecer em Portugal em eleições legislativas maiorias absolutas de um só partido, algo que me parece muito bem do ponto de vista da ética social, atendendo ao facto sociológico dos partidos políticos deverem ser diferentes no sentimento 

E o que passará a acontecer - mas com o devido respeito pelos eleitores - são à partida da disputa eleitoral, blocos políticos bem definidos, para que não volte a acontecer o jogo espúrio do pós-dia 4 de Outubro de 2015, que foi uma mancha que para sempre ficará marcada na carreira política de António Costa... porque usou - para seu proveito pessoal e do PS - os dois partidos que combateu na campanha eleitoral, pois durante o seu decorrer andou a pedir a maioria absoluta para o seu partido... o que quer dizer que combateu com o inimigo para depois se juntar a ele!

Foi um tiro na Democracia!
Como é cínico o jogo partidário! Nunca o esquecerei o que aconteceu!

Mas, pondo a agulha no presente - que é o mais importante - neste momento é bem de ver o jogo político que o Partido Socialista (PS) anda a fazer com o Bloco de esquerda (BE), num "namoro descarado" tendente a terem os dois, uma maioria de votos em próximas eleições.

Neste momento, o Partido Social Democrata (PSD) deve seguir as pisadas do PS, fazendo o caminho político com o seu aliado mais natural, o Centro Democrático Social (CDS) e, ambos, cada um de per si, tentarem conquistar o centro político e, assim, poderem aspirar a ser de novo Governo de Portugal.

É preciso - e urgente - "passar a perna" a António Costa que, inopinadamente subverteu o jogo político, agindo com a esperteza peculiar dos que para alcançar o poder não se importam de levar na bagagem os que, são "democratas" porque a tanto são obrigados...

domingo, 3 de abril de 2016

"Felizes os que acreditam sem terem visto" - II Domingo da Páscoa - 3 de Abril de 2016 - Ano C

Aparição aos discípulos (Jo 20, 19-31)

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»
Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.»
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»
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Ser didáctico é um dever humano na vida do quotidiano da nossa acção concreta em cima da vida que passa - especialmente para os que acreditam na vida evangélica que todos os Domingos a Igreja prega - pois dessa vida e do concreto vivencial do homem e da sua complexidade não de pode retirar o lado espiritual sem correr o risco de se lhe retirar algo muito importante.

Ao ler o texto do Evangelho de São João, hoje lido em todas as Igrejas apostólicas romanas de todo o Mundo, o que se retira é a crença que deve ser feita na outra pessoa que converge connosco pelos caminhos da vida, não partindo da dúvida, mas partindo-se do princípio que todos temos o dever de ser integrais e limpos nas afirmações que fazemos.

Acreditar tem de ser um caminho.

Tomé não agiu assim ao por em dúvida o que os seus companheiros lhe diziam. "Vimos o Senhor", algo que para ele era incompreensível, a ponto de ter dito: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» e foi preciso, estando presente numa segunda vinda de Jesus - que tenha acreditado - mas, possivelmente, longe de ter ouvido a bem conhecida reprimenda: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»

A lição é esta e é muito bela e profunda, pois a acreditação em Cristo é um compromisso para toda a vida do crente, sobretudo, no tempo que passa que, - sem aprofundar o Mistério - rejeita os valores tradicionais espirituais e morais dos cristãos, para os quais se exige, hoje, actos de heroísmo, quando à volta o que se ouvem são conversas seculares, áridas de sentido humano, tantas vezes.

É preciso acreditar.

A começar pelo homem no outro homem e, depois, no conjunto da sociedade, pois tem de ser por aqui, que um dia - longe ou perto - o homem encontrará a felicidade alicerçada nos valores que sem se poderem apalpar, no entanto, têm de ser aceites como verdades comuns que se projectam no caminho, e tudo isto passa por aquela frase emblemática que Jesus deu a Tomé e dizer:

Obrigado, Senhor.

Eu acredito, pois é da Nascente da tua Ressurreição
que eu vejo correr o Rio da Vida
onde, na doçura das suas ondas, embalamos as nossas dores
sempre que pomos as nossas mãos na ferida
que o soldado romano deixou aberta com a sua lança
no Teu Corpo Santo.


Bem sei que - acreditar - não é fácil...
mas nada em Ti são facilidades, porque Tu exiges
que para Te crer, seja necessário
que ponhamos as nossas mãos no Teu lado ferido
de onde nasce a Fonte do Amor que nos dás!

"Os teus beijos" - um poema de José Boavida Portugal

in, Revista "O Occidente" nº 1088 de 20 de Março de 1909



O livro "Auroras" que aparece no rodapé deste poema de José Boavida Portugal - que eu saiba - não faz parte do acerbo bibliográfico deste autor, pelo que, ou não o publicou ou os poemas terão sido encerrados numa outra publicação.

José Boavida Portugal entre as atribuições de funcionário público, conseguiu preencher o seu tempo livre como articulista do extinto jornal "República" e como assistente da Associação da Classe dos Trabalhadores de Teatro, tendo-se ligado em 1913 a uma revista efémera de crítica "Teatro" que deu guarida literária a Fernando Pessoa, um jovem que então se afirmava.

Como não cabe aqui uma resenha mais profunda desta personagem que foi apanhada pelo vento republicano do seu tempo, não deixa no entanto, de ser curioso, que tenha pertencido à direcção de "O Jornal" um órgão de uma imprensa alinhada com o sistema monárquico perfilhando a ditadura de Pimenta de Castro e onde colaboraram figuras como: Alfredo Pimenta, Almada Negreiros, Bulhão Pato, António Correia de Oliveira e Fernando Pessoa.

Teve a honra  de ter feito parte da Comissão que organizou, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, em 1925 a homenagem da cidade ao Poeta Gomes Leal, de quem herdou o estro que nesta composição "OS TEUS BEIJOS" de um forma burilada e romântica, como o tempo impunha, tece os louvores apaixonados de quem sente nos beijos trocados com a mulher que se ama, algo que é preferencial sobre tudo o mais e a quem pede que o último suspiro da vida venha a cair nos seus lábios.

No tempo que passa muito se perdeu deste jeito de fazer poesia, pois de um lirismo convencional arreigado a uma escola literária que o inculcava como arte a utilizar na vida concreta das criaturas, passou-se a um modernismo sem escola - que deixa ao livre arbítrio de cada um - a arte de conceber poemas de difícil adivinhação de sentimentos humanos, quer seja na pureza da linguagem, como nas pureza das ideias.

"OS TEUS BEIJOS" ficam aqui como uma homenagem - fora de tempo - a José Boavida Portugal, que certeiramente, os responsáveis literários da Revista "O Occidente" souberam apadrinhar, publicando esta composição poética que de modo algum perdeu - embora o tempo tivesse passado - o cunho romântico de que deve ser feita a vida em qualquer tempo ou lugar.

sábado, 2 de abril de 2016

Dois Reis exilados: uma lembrança histórica!

Os Reis D. Manuel II e Afonso XIII de Espanha 
no Reguengo de Vila Viçosa
in, Revista "O Occidente" nº 1086 de 28 de Fevereiro de 1909
Foto de Benoliel
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Esta fotografia histórica assinala que na Península Ibérica, em Portugal a Monarquia caiu com a implantação da República e o exílio do Rei D. Manuel II e que, a presença do Rei D. Afonso XIII, de Espanha, marca, ainda hoje, a projecção desse velho regime naquele País.

Tem outra curiosidade: ambos foram condenados ao exílio. 

D. Manuel II em 1910 e D. Afonso XIII, com a sua deposição em 1931, ano em que as eleições municipais por ele marcadas tiveram como vencedores as candidaturas republicanas e, em sequência a proclamação de uma Segunda República

Exilado desde o dia 14 de Abril de 1931, Afonso XIII renunciou à chefia do Estado, mas continuou a manter a sua reivindicação ao trono até 1941, quando abdicou em favor de seu filho, o Infante João de Bourbon, Conde de Barcelona, que por fim renunciou dos seus direitos ao trono a favor do seu filho Juan Carlos, a que sucedeu, na actualidade, o Rei Filipe VI.

Como comentário final, penso que em Portugal a deposição do Rei D. Manuel II, num tempo em que as Monarquias feudais há muito tinham acabado, e com a proclamação de uma Primeira República e seu respectivo Presidente, tal facto nada do bom trouxe ao País, até pelo consumismo despesista que custa ao erário público, enquanto a figura do Rei como fidedigno representante do povo, com as necessárias prerrogativas constitucionais, como Chefe do Estado - como acontece em Espanha - teria sido mais benéfico, deixando o exercício do poder para o Parlamento.

Não foi esse o caminho de Portugal. 

A fúria revolucionária de 1910 - com a Carbonária e a Maçonaria na sombra do combate político - levou-nos ao sistema que temos hoje, tendo expulso a família real como pessoas malfeitoras e indignas de serem portuguesas, usurpando-lhe o trono a favor de uma má República - algo que sempre condenarei - não posso deixar de concluir, que em Espanha, os revolucionários republicanos foram mais comedidos e embora tenham expulsado o Rei, respeitaram a sua firme decisão em não abdicar ao trono.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Ao retrato- Uma poesia de Queiróz Ribeiro


Tela de Frederico Andreotti (1847-1930)

in, Revista "O Occidente" nº 654 de 28 de Fevereiro de 1897



Queiroz Ribeiro, o autor deste poema "AO RETRATO" - que eu saiba - não deixou o seu nome associado às Letras Portuguesas, mas foi, como o comprova a célebre Revista "O Occidente" que se publicou em Lisboa entre os anos de 1878 a 1914, um seu colaborador, julgo não regular, mas acidental.

Nesta composição e cuja primeira quintilha - só por si - vale pelo conjunto do poema, sempre harmonioso, cândido e amoroso, deixa na última estrofe a queixa dolorosa de quem tendo começado por pedir desprega os olhos dos meus, com receio se tal não acontecesse, olhando a mulher requestada - Nunca mais te digo adeus! - no fim, depois de a querer longe da vista... mas perto do coração, há a mágoa desse alguém amado que tinha de lhe faltar...

AO RETRATO - é como se pode ler e meditar - um poema que é, um retrato da vida dos amores e desamores de que estão repletos desde todos os tempos os encontros e desencontros de pessoas - de sexos opostos - que no outro ou na outra, procuram achar a tal "cara metade", uma imagem simbólica que se enraizou na cultura ocidental a partir da mitologia grega que nos diz,  que no princípio os seres humanos foram criados com quatro pernas, quatro braços e uma cabeça com duas faces, de homem e mulher e que, Zeus receando tal poder num único ser os separou, condenado-os a gastar as suas vidas na busca da metade perdida.

Queiroz Ribeiro, não deixou, sonante, o seu nome, nas teve a arte de 119 anos depois, o seu poema ficar aqui como um retrato efectivo de um tempo que não vai morrer jamais, enquanto na vida, os homens e as mulheres se comportarem como seres normais, procurando no outro ou na outra a "cara metade" que está plasmado na velha  lenda grega.