Este título "A batalha final entre Jesus e Satã" resume em poucas palavras o conteúdo escatológico do último Livro da Bíblia "APOCALIPSE" escrito por S. João Evangelista na sua caverna da Ilha de Patmos em pleno Mar Egeu para onde foi deportado quando evangelizava em Éfeso, na Ásia Menor pelo Imperador Domiciano no ano 95 d. C., na ferocidade como atacou as Igrejas da Ásia
Diz a tradição dos habitantes daquela ilha que foi ali, que João recebeu a revelação para escrever o APOCALIPSE, como é atestado na Introdução deste Livro nos versículos 4 a 11: João às sete igrejas que estão na Ásia: a vós, graça e paz da parte daquele que é, que era e que vem da parte dos sete Espíritos que estão diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, testemunha fiel, primogénito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém. Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ómega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Dominador. Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro e manda-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia."
Quis o destino que neste Verão passado, obedecendo a um impulso do coração fiel a Jesus Cristo tivesse demandado a Turquia meridional, na costa virada para o Mar Egeu, de visita a Éfeso e mais concretamente ao local que é hoje, um Santuário mariano, que foi a última morada terrestre de Nossa Senhora que para ali foi levada pelo Apóstolo S. Joâo, no cumprimento de uma ordem de Jesus agonizante na Cruz do Calvário, quando ao virar-se para ele lhe disse: "Eis a tua Mãe", pelo que tendo aquele Apóstolo rumado a Éfeso levou consigo a Mãe de Jesus.
Na continuação da viagem o navio tomou o rumo da Ilha de Patmos, um dos locais que fazia parte da viagem e foi ali, que na visita à "Caverna de S. Joao", todo o encadeado do último Livro da Bíblia se abriu no meu pensamento, com as sombras que ele contém que são interrogações que Deus na sua omnipresença quis deixar aos homens.
E tudo isto, neste afã de reler e entender melhor o Livro do Apocalipse me dirigiu até ao Livro de Pietro Ubaldi PROFECIAS que trata nos seus capítulos VI e VII, precisamente do texto de S. Joâo.
Num dado ponto da sua leitura o autor adverte: Para facilitar sua compreensão, poderemos dividir o Apocalipse em três partes. A 1.ª parte contém avisos às sete igrejas da Ásia Menor e abrange os três primeiros capítulos do Apocalipse. A 2.ª parte descreve a grande luta entre o bem e o mal,até a chegada do prometido Reino de Deus. Este é o trecho maior do Apocalipse, o que mais se relaciona connosco, porque toca nosso tempo e o futuro próximo. Vai do capítulo IV ao XIX. A 3.ª parte refere-se a um futuro remoto, até o juízo final, e vai do capítulo XX ao XXII, que é o fim.
Com algumas descontinuidades do texto - mas sem interferir na sua linha condutora - apresenta-se a seguir a sua leitura que mereceu de mim todo o interesse cultural entrançado na sua escatologia própria, tirando desta leitura todo o proveito intelectual e eclesial que devia merecer a todos os homens - crentes ou não - o enredo visionário tecido por S. João Evangelista no seu exílio forçado.
Vamos até ao autor, Pietro Ubaldi.
1ª Parte
O Apocalipse é a história da volta, representa o caminho da
reascensão, dividido em episódios de luta e conquista, até à meta. Esta
profecia confirma os conceitos dos precedentes capítulos, a respeito do
pensamento e da vontade da história, faz deles, como nós, uma coisa viva,
pensante,inteligente; mostra-nos que o verdadeiro senhor dos acontecimentos é
Deus, o verdadeiro guia deles é Sua Lei;sobretudo nos conforta nossa precedente
interpretação da hora histórica actual, avançando num mar tempestuoso para mais
altos destinos. Lampeja no Apocalipse o grande conceito da real chegada à Terra
do Reino de Deus, conceito que é o da Nova Civilização do terceiro milénio.
(...)
O Apocalipse confirma o significado profundo da vinda de
Cristo à Terra, e reforça as conclusões do Evangelho, em torno do qual gira a
presente obra. Pode parecer que o estilo violento de batalha do Apocalipse não
se possa conciliar com o estilo pacífico do Evangelho. E no entanto, os dois
livros se elevam sobre o mesmo conceito. Só que no Evangelho estamos no terreno
dos princípios, altos e celestes, ao passo que no Apocalipse estamos no da
luta, na Terra, por sua realização. Aqui desencadeia-se,para os surdos ao apelo
do amor, a reacção da justiça de Deus. Se os maus quisessem fazer mau uso do
amor de Deus, nem por isso a Lei poderia ficar violada para sempre. Achamo-nos
diante de duas fases do mesmo pensamento.
O Evangelho é a Boa Nova aos homens de boa vontade, para que
a Lei se cumpra por compreensão, espontaneamente. No Apocalipse, a Lei
«deve»cumprir-se, impondo-se com a força. O Evangelho é a voz do Céu, proferida
por um anjo vestido de bondade, que se dá aos homens pelo amor.
O Apocalipse é um drama que se desenrola no inferno
terrestre, reino de Satanás. O Evangelho anuncia o Reino de Deus. O Apocalipse
narra a luta, para implantá-lo na Terra. O Evangelho termina com o sacrifício
de Cristo para a salvação dos bons. O Apocalipse termina com a vitória de
Cristo, com a condenação dos maus. Assim, Evangelho e Apocalipse concordam,
indicando dois caminhos diferentes para alcançar a mesma vitória do bem. O
Apocalipse mostra-nos que chegamos à plenitude dos tempos, à hora da realização
daquela Boa Nova; diz-nos que o Reino de Deus, anunciado pelo Evangelho, não
será sempre uma utopia e está verdadeiramente às portas.
(,,,)
Estamos, pois, na plenitude dos tempos. Nos anteriores
volumes estudamos a estrutura da Lei. Agora vêmo-la entrar em acção, porque ela
não é teoria abstracta, mas é vida que quer realizar-se entre nós. A
elasticidade da Lei tem um limite e suas forças, comprimidas pela desobediência
dos homens, e deixadas livres por Deus,Chefe e Dirigente, romperão os diques da
divina misericórdia,semeando a destruição nas fileiras do mal rebelde.
É a hora do juízo e da justiça. Deus, esquecido e negado,
reaparece terrível sobre os horizontes da história e manifesta-se em acção. Sua
paciência e Sua misericórdia, embora possam parecer ilimitadas, não podem ser
traídas indefinidamente; e ai do homem que confunde essa espera da Lei — que só
por compaixão difere a reacção — com a ausência de um princípio divino,
dirigente e senhor do mundo. Ai dele, porque este princípio, após longa espera,
em que os homens se acomodam,porque pensam que são eles os vencedores e
senhores do mundo, reage para restabelecer o equilíbrio e explode com uma
violência tanto maior, quanto mais demoradamente tiver sido violada e
comprimida.
Após haver estudado nos volumes precedentes a estrutura e o
funcionamento da Lei, estudamos agora, aqui, seu aspecto histórico, neste nosso tempo, que é a
hora de sua realização. Foi dito e repetido que o Evangelho jamais foi aplicado
até hoje na Terra, que o anunciado Reino de Deus é ainda sonho remoto e que, se
tivéssemos que a ter-nos aos fatos,a vinda de Cristo à Terra teria sido quase
inútil.. Mas será possível que a realização da Boa Nova jamais deva chegar?Com
efeito, o mundo hoje, com suas religiões, é substancialmente materialista.
A concepção espiritual da vida é hoje utopia, está fora da
realidade vivida. Entretanto, ninguém pode acreditar que a vinda de Cristo à
Terra possa ter sido frustrada em seus principais objetivos. O fato é que o
Evangelho representa essa revolução biológica, que não pode realizar-se toda em
2.000 anos. Mas qual das ideias nascidas no mundo, poderemos dizer, ter
atingido imediatamente sua plena realização? Cada ideia nova é um impulso que
se infiltra na corrente espiritual da vida, que já é uma força que resiste por
inércia, tendendo a conservar sua trajetória precedente. Após haver sido
lançada a nova ideia, é ela espalhada e com isto se funde a outras ideias,
depois é alterada, às vezes renegada, mais arde ressurge transformada, mas
assimilada em parte. Sê-lo-á dez por cento, ou vinte, aqui mais, ali menos. É-o
bem pouco.Mas esta percentagem se fixa na raça, a qual porém a adapta a si, ao
seu tipo e às suas necessidades. Será talvez uma adaptação, mas ao menos em
parte, a ideia tornou-se realidade.
Ao Cristianismo ocorreu o mesmo. Terá realizado a
percentagem mínima, mas realizou-a. Mais do que isso, em 2.000 anos, a natureza
humana não podia assimilá-la. Por isso,certas ideias, como o inferno, certos
fatos, como as guerras santas, o poder temporal, as formas materiais do rito,
foram mais exigências dos tempos, sendo responsável disso o grau involuído da
maioria humana, do que mesmo criação e responsabilidade de dirigentes piores
que a mediania. Isto acontece em todos os campos, e é culpa da natureza humana,muito
preguiçosa para evoluir. Assim, por exemplo, o farisaísmo, o dogmatismo, o
jesuitismo são qualidades que todos os homem podem ter. Não inculpemos,
portanto, um grupo particular, se ele tem os defeitos da natureza humana. É
essa nossa velocidade de assimilação, o passo lento de nossa caminhada
ascensional. Nestas condições, o Cristianismo teve que limitar-se à função da
conservação dos princípios, à defesa do património recebido.
Explica-se, assim, ainda que se não justifique, sua
intransigência e seu dogmatismo. Mas com isso,não queremos dizer que a
caminhada se detenha e que o Cristianismo possa ficar cristalizado na
imobilidade. Se hoje os superficiais podem ter a impressão da falência de
Cristo, nem por isso a partida está perdida e a vida se detém. O Apocalipse nos
fala justamente deste amanhã, em que ocorrerá a realização do Reino de Deus na
Terra.Se o Evangelho tem fins didáticos e se, pelo caminho do amor, quer
ensinar aos homens a viver, propondo o próprio Cristo como exemplo vivo e modelo
para alcançar o Reino de Deus, o Apocalipse traça a história da realização
desse Reino,fazendo ressaltar, pelo caminho das ameaças, a inflexibilidade
final da justiça de Deus, mostrando-nos Cristo também em seu aspecto de poder e
triunfo.
Só assim o quadro estará completo,quando resultar da fusão
de seus dois elementos complementares: Evangelho e Apocalipse. Se o Evangelho
nos traça a linha de conduta, deixando-nos livres de aceitá-la ou não, o
Apocalipse entra na história e narra as vicissitudes da realização na Terra
daquele novo reino, que foi anunciado no Evangelho.
Delineia-se assim o desenrolar-se daquela luta cósmica,
entre o bem e o mal, em que se concretizam os mais altos destinos da vida, e
dessa luta ele nos prevê e garante o desfecho. A linguagem do Apocalipse se
transmuda de amorável como a do Evangelho, em trágica e violenta, porque
exprime uma força que se ergue como espada flamejante, para derrotar
definitivamente o furibundo assalto das forças do mal.
O Apocalipse move-se num terreno de batalha, a maior do
universo, aquela empenhada entre Deus e Satanás, e na qual Deus vence. O mal
deve ser destruído, mas ele está armadíssimo e resiste com todos os meios. Este
é o maior drama do ser, em que tomam parte céu e terra, fundidos na mesma tempestade
e no mesmo desenvolvimento lógico. Agita-se o mundo das causas primeiras, que
movimentam seus exércitos constituídos de poderes imponderáveis, que tomam
forma no desencadeamento dos elementos destruidores, manifestação da rebelião
de Satanás.
A estes contrapõem-se outros exércitos,constituídos de
potências espirituais, o braço direito de Deus,com que Ele fulmina os maus,
rebeldes à Sua ordem. A evolução não é tranquila ascensão pacífica, mas luta
cruenta,em que Satanás se empenha a fundo, para permanecer rebelde e para não
ser destruído.Entoa-se assim entre o céu e a terra uma orquestração de poder
cósmico. Debatem-se na Terra exércitos de homens e demónios, guiados por formas
monstruosas. Mas outros exércitos lutam no céu, feitos de Anjos, e as forças do
bem e do mal se medem, e só Deus, o grande general, dirige a batalha.Esta
abarca o universo, transcende do plano físico ao plano moral, e deste aos mais
altos planos espirituais. Treme todo o edifício do cosmos, sacudido desde os
alicerces.
O pensamento de Deus, relampejante, guia a ação; Sua vontade
emite centelhas de cósmico poder, as quais, exprimindo Sua ação na batalha,
cintilam e ferem, ora aqui ora ali, descendo até o espaço e o tempo, em nosso
mundo concreto, e fulminando os rebeldes. As falanges celestes movem os
elementos num desencadear terrificante. Responde sobre a Terra o desencadeadas
forças do mal. A humanidade está presa entre dois fogos,sem escapatória,
fugitiva, destruída. É a hora do Juízo, a hora em que será feita justiça. O mal
já se aproveitou muito, e tanto se orgulhou disso, como de uma vitória sua, que
ousou subir os degraus do trono de Deus, e de desafiá-lo face a face. A medida
está cheia. Uma bondade ulterior não é compatível com a ordem e o bem.
A ordem tem que ser reconstituída, para não acabar no caos.
Os bons esmagados, vilipendiados, atormentados, devem ser reerguidos à sua
dignidade de filhos de Deus, que lutaram e deram seu sangue para reascender, e
portanto mereceram o auxílio. E Deus lhes estende o braço de Seu poder e os
reergue para o alto. Esta é a hora da justiça. Fecham-se as portas da
misericórdia, detém-se o porvir, para e conclui o caminho da evolução, e então
se fixam as posições conquistadas por cada um, no longo caminhar, e são feitas
as contas, para cada um,segundo o que lhe cabe de direito, por suas obras.
É a hora do juízo.
O Apocalipse fala de plenitude dos tempos. Estamos hoje
nessa plenitude dos tempos. Deus se exprime no pensamento e na vontade da
história, como uma onda que tudo arrasta e que se impõe aos homens e aos
acontecimentos, e pende como um destino ameaçador sobre o mundo, porque a
medida de suas iniquidades está cheia e esta é a hora de prestar contas.
Vivemos em tempos apocalípticos, em que a Lei deve cumprir-se. Por muitos
séculos esperou Cristo a realização de seu Evangelho. O Reino de Deus tem que
chegar, custe o que custar. Não é concedido ao homem o poder de tornar vã a
vinda de Cristo sobre a Terra. O drama do Apocalipse é nosso, deste nosso
tempo. As forças do mal chegaram até diante do trono de Deus e, orgulhosas
disso, seguras de vencê-Lo, lançam o último ataque contra Ele mesmo.
O olho de Deus, sempre aberto, olha e ainda espera. Mas a
hora de Sua cobrança está próxima,porque chegamos à madureza do tempo e o Deus
invencível se prepara para Seu triunfo. Ele é sempre o centro de tudo e, nomeio
da grande batalha, tem em mão o cetro de comando, para que o bem vença e os
bons triunfem.Achamos, hoje, no Apocalipse, uma tremenda ameaça para os maus e
uma grande promessa para os bons. Já vimos no volume «Deus e Universo», que a
destruição final dos primeiros, se não se converterem ao bem, faz parte
integrante do próprio sistema. Está, portanto, garantida a vitória dos
segundos. Ela é a vitória de Deus.
O fim do mal significa também o fim da dor, e outra saída
não pode haver no extremo da caminhada. Relegar Satanás e os maus, num inferno
eterno,não é ato digno de Deus, já que não podemos admitir que Sua criação
possa ter, nem mesmo apenas em parte, um fim tão desgraçado. A esta sua
destruição final o Apocalipse alude,como veremos, (Ap. XX:14-15) quando nos
fala da segunda morte, para todos os que não foram achados escritos no livro
da vida (Deus e o Bem).Doutro lado, para os bons, o Apocalipse conclui com sua
felicidade e triunfo nos céus, num tripudio* de aleluias diante do trono de
Deus.
Esta é a inevitável solução do conflito,inevitável porque
está implícita no determinismo, o qual, como vimos, está implícito da perfeição
da Lei. Ora, saibam os bons,para seu conforto e esperança que, quando tudo
tiver sido feito para salvar os maus, estes, livres por sua própria natureza,
se quiserem ainda permanecer rebeldes, serão destruídos. Então os bons
triunfarão. Este é o conforto que o Apocalipse traz aos bons. E saibam os maus
que se eles persistirem na revolta,espantosas provas os esperarão, até que
sejam eliminados. Este é o aviso que o Apocalipse traz para os maus. Isto tem a
função de confortar os bons, para que tenham coragem e perseverem, ede avisar
aos maus para que invertam a rota. São assim oferecidos a cada um todos os
meios, para subir até o bem.
O Apocalipse, assim, se pode parecer um livro duro de
ameaças,pela férrea realização da Lei, é ao invés um livro imparcial de
justiça; porque se a prova que ele prediz é uma solução trágica para os maus,
para os bons esta é apenas um deserto de sofrimentos que tem que ser
atravessado, para atingir a inefável alegria de reviver em Deus.Confortem-se,
pois, os bons, porque, se hoje vivemos nos duros tempos apocalípticos, eles têm
consigo este grande livro, hoje, como nunca, actual, que os sustentará nas
provas,com a visão das grandes metas que devem ser alcançadas. E constitui uma
maravilha da ordem que tudo rege, que o mesmo cataclismo, enviado por Deus à
Terra, possa servir para sanar e reorganizar tudo — ou seja, como agente de
depuração do mundo, dos maus que assim são eliminados do terreno que eles
infectavam — e ao mesmo tempo, como uma prova para maior purificação dos bons,
para que mais cedo e melhor possam eles tornar-se aptos a ascender para os
planos mais felizes da vida. A Terra, com o homem qual é hoje, não pode ser
lugar de paraíso,tão involuído é seu ambiente. Felizes os que o consideram
apenas como um purgatório, para purificar-se e subir!
Os bons,portanto, nada têm que temer dos tremendos
presságios do Apocalipse, porque estes não lhes dizem respeito, mas só aos
maus. Embora estejam todos misturados, juntos, Deus saberá executar a delicada
operação cirúrgica de cortar fora os maus,salvando os bons. Estes, até exultem,
porque o Apocalipse lhes recorda que, por mais que na Terra reine o mal e
pareça vencer,o bem é rei do universo; que por mais cruenta que seja a luta
entre Deus e Satanás, Deus é o mais forte e estes bons vencerão com Ele;
recorda-lhes que o dia da destruição dos maus será o dia da ressurreição para os
bons; que por mais que domine na Terra a injustiça e a desordem, há planos de
vida muito mais altos, a que os bons, purificando-se na dor, chegarão, e nos
quais reina justiça e ordem. Recorda-lhes que, no fim, cada um receberá segundo
seu merecimento, e não de acordo com sua prepotência, porque o verdadeiro
senhor não é o homem, mas Deus que, por trás da história, está Sua sabedoria,
que salva tudo do egoísmo humano.
Recorda-lhes que virá a justiça tão invocada, que reparará
todos os erros, virá a verdade tão procurada, que varrerá para sempre todas as
mentiras.Se aqui na Terra tudo é imperfeição, no alto estão os planos perfeitos
de Deus, e o sistema da Lei, feita de bondade,dirige tudo e nada lhe pode
escapar. Em nenhum livro, tanto como no Apocalipse, se sente a bondade férrea
de Deus que, no momento oportuno, impõe justiça; se sente Sua invencível
potência, a impor que seja respeitada a ordem; se sente, como na hora da
criação, a gigantesca presença de Deus, que retoma em suas mãos as rédeas do
universo, não mais para lhe dar o primeiro impulso, mas para concluir a longa
caminhada seguida e julgar.
A luta cósmica entre o bem e o mal chega ao seu epílogo e se
resolve na vitória de Deus sobre todas as forças,que assim são reconduzidas do
caos à Sua ordem. Os problemas primeiros e últimos se reúnem na mesma solução.
A última palavra do tema cósmico é o trovão do poder de Deus, é lampejo de Seu
pensamento triunfante. Assim a sinfonia se realiza. Sua orquestração é um
perfeito processo lógico, em que se desenvolve o funcionamento orgânico do
universo, no transformismo evolutivo, até este triunfo final do bem, até nos
planos mais altos, lá onde a vida é vitória do espírito.
2.ª Parte
Examinemos, agora, mais de perto, o texto do Apocalipse.
Lendo-o segundo o espírito, mais do que segundo a letra, veremos seu verdadeiro
pensamento, que é claro em suas grandes linhas. Esse pensamento é o mesmo que o
da primeira mensagem espiritual, de Natal de 1931, com que se iniciou nossa
primeira Obra. Com o Apocalipse, que apenas agora conhecemos, verificamos que
ele nos repete o mesmo pensamento central que vimos desenvolvendo, desde aquela
mensagem até agora, pensamento do qual uma grande profecia nos dá a mais clara
confirmação.Transcrevemos a mensagem de Natal, outra vez citada em parte no
cap. IV: «.... O homem chegará a um tal sentimento de orgulho e força, que os
trairá... Vejo uma elevação da tensão,lenta mas constante, que preludiará o
inevitável estouro do raio.
A explosão é a última consequência de todo o movimento... Em
outras ocasiões, os cataclismos da história podiam ficar circunscritos; mas
agora não ......«Mas a destruição é necessária. Será apenas destruição do que é
forma, incrustação, cristalização, de tudo o que deve cair, para que fique
apenas o conceito que resume o valor das coisas. Um grande número de dores é
necessário, para que a humanidade torne a achar o equilíbrio que livremente
violou;grande mal, condição de um bem maior».«Depois, a humanidade purificada,
aliviada, mais seleccionada por ter perdido seus piores elementos,
agrupar-se-á em torno dos desconhecidos que hoje sofrem e semeiam em silêncio e
recomeçará, renovada, o caminho ascensional.
Começará uma nova era, em que dominará o espírito, e não
mais a matéria, que estará reduzida à escravidão. Então aprendereis a ver-nos e
nos ouvireis; nós desceremos em multidão e vós vereis a verdade».* * *Para
facilitar sua compreensão, poderemos dividir o Apocalipse em três partes.A 1.ª
parte contém avisos às sete igrejas da Ásia Menor e abrange os três primeiros
capítulos do Apocalipse. A 2.ª parte descreve a grande luta entre o bem e o
mal,até a chegada do prometido Reino de Deus.
Este é o trecho maior do Apocalipse, o que mais se relaciona
connosco, porque toca nosso tempo e o futuro próximo. Vai do capítulo IV
ao XIX.A 3.ª parte refere-se a um futuro remoto, até o juízo final, e vai do
capítulo XX ao XXII, que é o fim.Antes de ouvirmos o Apocalipse, orientemo-nos.
O caminho da evolução do pensamento religioso humano pode dividir-se em três
etapas ou idades:(4)1.ª idade, de Deus como senhor. É a idade anterior a
Cristo. Temos um Deus forte, terrível, guerreiro, vingativo,ciumento, protector
apenas de seu povo. É o Deus dos exércitos.Deve-se-Lhe obediência servil, só
pelo medo que inspira, sem compreensão nem amor, por despiedada lei de talião.
Época violenta e feroz, em que o homem, em seu estado involuído de egocentrismo estreito e de dura insensibilidade, não podia responder senão pelo egoísmo, interesse ou temor de seu prejuízo, seguindo seus instintos de guerra, nem sabia obedecer,só compreendendo a força e o comando absoluto do mais forte.Só por isso Deus é respeitado, só porque é o mais forte e porque, como tal, tem o poder de punir. Não fora o mais forte,todos se revoltariam contra Ele. Amor e compreensão ainda não nasceram na alma humana. Os povos não podem compreender senão a obediência cega, pela força e pelo terror.2.ª idade, de Deus Pai. É a idade depois de Cristo até hoje.
Época violenta e feroz, em que o homem, em seu estado involuído de egocentrismo estreito e de dura insensibilidade, não podia responder senão pelo egoísmo, interesse ou temor de seu prejuízo, seguindo seus instintos de guerra, nem sabia obedecer,só compreendendo a força e o comando absoluto do mais forte.Só por isso Deus é respeitado, só porque é o mais forte e porque, como tal, tem o poder de punir. Não fora o mais forte,todos se revoltariam contra Ele. Amor e compreensão ainda não nasceram na alma humana. Os povos não podem compreender senão a obediência cega, pela força e pelo terror.2.ª idade, de Deus Pai. É a idade depois de Cristo até hoje.
Temos um Deus bom e mais pacífico, mais
universal.Deve-se-Lhe obediência filial, por amor e fé. Ele pune, não por
vingança, mas por justiça, e para ensinar, conhece a bondade, a misericórdia e
a providência do pai para com seus filhos. Ele aproximou-se de nós em
compreensão e amor, conceitos que dantes eram ignorados. Foi isto possível pela
maior evolução humana, pelo que pode fazer-se apelo ao sentimento e ao coração,
forças antes desconhecidas e latentes, e só hoje chamadas a agir. Pode
apelar-se também à cultura e à inteligência, e surge uma doutrina e uma
teologia, uma reorganização filosófica. Época também da codificação,trabalho
particularmente de defesa e conservação das verdades reveladas. Mas também
época de mistérios, em que se deve crer sem explicações racionais, época dos
dogmas, da disciplina obrigada do pensamento, sem o que, sendo o homem o que
é,não se manteria a ordem.
Ele não sabe ainda guiar-se de per si,por livre compreensão e necessita de uma coação, ainda que seja apenas moral, para não perder-se na anarquia.3.ª idade, de Deus em nós. É a idade do Reino de Deus,na Terra, da Nova Civilização do Milénio, a civilização do espírito. Deus sai dos templos fechados e revela-Se presente em cada alma pura. Temos um Deus amigo, com quem nos unimos em colaboração, porque compreendemos que, fazer Sua vontade significa nossa felicidade. Ele tornou-se mais do que vizinho a nós, que nos fundimos n'Ele, porque em nós, pela evolução,ocorreu um despertar, pelo qual adquirimos a consciência de que Ele está em nós e de que nós estamos n'Ele.
Ele não sabe ainda guiar-se de per si,por livre compreensão e necessita de uma coação, ainda que seja apenas moral, para não perder-se na anarquia.3.ª idade, de Deus em nós. É a idade do Reino de Deus,na Terra, da Nova Civilização do Milénio, a civilização do espírito. Deus sai dos templos fechados e revela-Se presente em cada alma pura. Temos um Deus amigo, com quem nos unimos em colaboração, porque compreendemos que, fazer Sua vontade significa nossa felicidade. Ele tornou-se mais do que vizinho a nós, que nos fundimos n'Ele, porque em nós, pela evolução,ocorreu um despertar, pelo qual adquirimos a consciência de que Ele está em nós e de que nós estamos n'Ele.
Desaparecem não só as coações da força da 1.ª idade, mas
também as morais da 2.ª idade,
porque o homem progrediu e tornou-se capaz de guiar-se a si mesmo, por livre
compreensão, sem necessidade de constrangimentos, para que a ordem seja
mantida. A disciplina é livre, feita apenas de inteligência e amor, porque o
homem compreendeu. Caem os mistérios e os dogmas de fé, porque sensibilidade,
cultura e inteligência estarão mais desenvolvidos no homem, que poderá intuir a
verdade directamente, por si,sentir a presença de Deus, ou pelo menos entender
por meios racionais, as verdades que serão todas claramente demonstradas,
porque a época dos véus e das exclusões iniciáticas já terão terminado. Esta
será a época da luz do espírito, do conhecimento, da obediência, livre porque
convicta.Por evolução, o Reino de Deus nascerá em nós como um despertar. Deus,
então, não pune mais, mas cada homem se corrige a si mesmo, pela necessidade de
harmonizar-se à Lei na qual unicamente reside a felicidade. Época da liberdade
consciente, da disciplina espontânea, da convicta adesão à ordem de Deus.Esta
ascensão é lógica, como o é o desenvolvimento de uma semente.
Assim se passa do terror da primeira idade, à fé da segunda,
ao conhecimento da terceira; passa-se de um regime de força, a um de amor, e
enfim a um de inteligência e espiritualidade. É um processo de liberação
progressiva, que só pode realizar-se quando o permitir a evolução humana. Tudo
é função dela. As religiões não podem ser nem mais altas, nem mais livres, do que
é a natureza humana, que abaixa tudo, até o conhecimento de Deus, ao seu nível.
Este último salto para a espiritualização é o grande acontecimento que nos
aguarda no fim deste milénio e na alvorada do terceiro, é o grande acontecimento
da instauração na Terra do Reino de Deus. É isto, justamente, o que nos anuncia
o Apocalipse.
Comecemos, então, o exame da segunda parte do Apocalipse.
Nos primeiros dois milénios, a obra de Cristo na Terra foi uma fase preparatória do próximo
advento do Reino de Deus. Nesta fase devia realizar-se: l.º a experimentação
biológica dos novos princípios do Evangelho, para que a vida,evoluindo,
conseguisse aos poucos aprender e, ao menos uma pequena parte, a eles
adaptar-se; 2.º, a assimilação, para que ditos princípios novos começassem, com
a repetição e a técnica dos automatismos, a fixar-se um pouco nos instintos;
3.º, a conservação do património espiritual herdado, para que as verdades
reveladas pudessem, através das tempestades dos séculos, chegar intactas aos
novos tempos. Desta fase preparatória, passa hoje à realização. Se, na
penetração do Evangelho na vida, pouco se fez em 2.000 anos, ele continua
entretanto a amadurecer nas almas, continua sua obra de elaboração interior,
para que o mundo ressurja, na aurora do terceiro milénio, tal como Cristo
ressurgiu na aurora do terceiro dia.Mas esta vitória dos seguidores, nos quais
se personificam no pensamento de Cristo na Terra, não é pacífica.
É ao contrário uma luta gigantesca, a qual, no entanto, é apenas o momento terrestre de uma batalha cósmica, em que se agita e treme o universo. É luta de Satanás contra Deus. O Apocalipse narra-nos suas vicissitudes. Eis o esquema geral. Até certo momento, Deus olha e espera, deixando o homem livre para experimentar, a fim de que aprenda. Esta é a livre ação dos homens contra Deus (os primeiros 4 selos). Há depois a acção oposta dos amigos de Deus (5.º e 6.º selos). E finalmente há a acção directa de Deus que, saturada a medida, intervém directamente, breve, instantâneo. «Está feito», diz o Apocalipse.
É ao contrário uma luta gigantesca, a qual, no entanto, é apenas o momento terrestre de uma batalha cósmica, em que se agita e treme o universo. É luta de Satanás contra Deus. O Apocalipse narra-nos suas vicissitudes. Eis o esquema geral. Até certo momento, Deus olha e espera, deixando o homem livre para experimentar, a fim de que aprenda. Esta é a livre ação dos homens contra Deus (os primeiros 4 selos). Há depois a acção oposta dos amigos de Deus (5.º e 6.º selos). E finalmente há a acção directa de Deus que, saturada a medida, intervém directamente, breve, instantâneo. «Está feito», diz o Apocalipse.
O reino de Satanás é destruído, e Deus venceu. Esta é,
nas grandes linhas, o plano da 2.a parte do Apocalipse, a de que agora nos
ocupamos.Tudo isto é expresso com 4 símbolos maiores: os selos,as trombetas, os
portentos, as taças da ira de Deus. Esses símbolos, cada um em número de sete,
exprimem o desenrolar-se da acção da grande batalha. O mesmo ritmo, com que
avançam esses símbolos, várias concordâncias em seu conteúdo, e até idênticas
palavras às vezes repetidas no mesmo ponto de seu ciclo, autorizam-nos a
entender estes quatro símbolos, como expressão diversa, segundo vários mirantes,
dos mesmos acontecimentos.
Quisemos, por isso, emparelhar selos,portentos, trombetas e taças, para ler neles os mesmos fatos,mais bem demonstrados em aspectos diferentes.Imaginemos o Apóstolo João, que já pousara a cabeça no peito de Jesus e o vira morrer, velho, após uma vida de acção e paixão, orando a Deus de joelhos, diante das florestas da ilha de Patmos, com a cabeleira desgrenhada pelos ventos do mar e a alma presa na tempestade imensa das vicissitudes do mundo.Arrebatado na imensa visão, supera o tempo e o espaço e projecta seu olhar fulgurante no futuro. Olham-no os céus luminosos do oriente fantástico, e mais no alto, o olho de Deus,diante do qual ele treme e se inclina, ora, humilha-se e se incendeia.
Quisemos, por isso, emparelhar selos,portentos, trombetas e taças, para ler neles os mesmos fatos,mais bem demonstrados em aspectos diferentes.Imaginemos o Apóstolo João, que já pousara a cabeça no peito de Jesus e o vira morrer, velho, após uma vida de acção e paixão, orando a Deus de joelhos, diante das florestas da ilha de Patmos, com a cabeleira desgrenhada pelos ventos do mar e a alma presa na tempestade imensa das vicissitudes do mundo.Arrebatado na imensa visão, supera o tempo e o espaço e projecta seu olhar fulgurante no futuro. Olham-no os céus luminosos do oriente fantástico, e mais no alto, o olho de Deus,diante do qual ele treme e se inclina, ora, humilha-se e se incendeia.
Ouve então uma voz que lhe diz : «O que vires,escreve-o num
livro....». E ele viu e narrou: «...e vi, e depois disso, vi....».Começa assim o
Apocalipse. Abrem-se os céus. «Eu sou o alfa e o ómega*, diz o Senhor Deus, o
que é, que era e que será, o Omnipotente». Eis que aparece a visão do trono de
Deus,diante do qual se eleva o cântico: «Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o
Omnipotente»... João vê na direita d’Aquele que estava sentado sobre o trono, um
livro fechado e selado com sete selos.
O Divino Cordeiro toma-o da mão direita d’Aquele que estava
sentado sobre o trono e o abre, rompendo um selo após o outro. João olha e
conta.Assim, após este prelúdio poderoso, começa a desenrolar-se a história espiritual
do mundo. Soam as sete trombetas, aparecem visões terrificantes, monstros
espantosos,rasgam-se os céus donde chove destruição, e sete anjos derramam sobre
a Terra as sete taças da ira de Deus,aniquilando os exércitos do mal. No
entanto, os bons têm paciência, são escolhidos, reúnem-se e, enquanto ruem todas
as sumptuosas construções de Satanás, cantam por fim sua vitória no céu, Cristo
chefiando-os triunfa e Satanás é acorrentado.Verdadeiramente, as portas do
inferno não prevalecerão.
Desenrola-se a acção ao mesmo tempo na terra e no céu, que
se fundem num único drama. E é este seu epílogo feliz: após uma luta
apocalíptica, um final cósmico em que lampeja a potência vingativa de Deus. Se o
livro é terrificante em suas vicissitudes e pode parecer uma cruel e desapiedada
mensagem da ira de Deus, na realidade ele narra a história da salvação do
mundo,por aquela inteligência que tudo guia, imposta à multidão humana que,
desesperadamente, luta para destruir tudo e perder-se, enquanto é absoluta a vontade
de Deus que tudo seja reconstruído. Mas sigamos as vicissitudes mais de perto. Os
selos são abertos um a um. E eis que aparecem os quatro famosos cavalos do
Apocalipse; primeiro o cavalo branco, depois, no selo seguinte, o vermelho,
depois o negro, e enfim o pálido ou verde-amarelado, quando se rompe o quarto
selo.
As personagens começam a aparecer na cena, mas ainda não
agem,deixando-se apenas identificar por suas notas características. A tempestade
ainda não explodiu e tudo está à espera. A estas quatro figuras foram dadas as
mais diversas interpretações.Tentemos uma também nós, mas tendo presente que,
neste ponto, saímos do terreno sólido da certeza, para entrar no
das probabilidades. Ofereceremos pois tudo como hipóteses, porque assim exige a
mentalidade moderna. Entretanto, teremos em conta todas as razões positivas que
corroborem essa hipótese.Para conseguir melhor nosso intento, faremos,
como dissemos acima, um paralelo entre estes quatro primeiros selos e
correspondentes prodígios, isto é, entre o cap. VI (1 a 8) e os cap. XII e XIII
inteiros, do Apocalipse.
Referiremos mais particularmente à mesma primeira personagem,
tudo o que se relaciona como o cavalo branco do 1.º selo e o dragão do primeiro
prodígio (cap. XII). Depois referiremos à segunda personagem o que se diz do
cavalo vermelho do segundo selo e da besta que saiu do mar (cap. XIII - 1 a 10).
Enfim, referiremos à terceira personagem o que se diz do cavalo pálido do
quarto selo e da besta que saiu da terra (cap. XIII - 11 a 18). O terceiro selo
(cavalo negro) nós explicaremos, mais tarde, porque o deixamos para o fim. Estes
dois ciclos parecem-nos paralelos e sua função indicar-nos-á melhor a
personagem. No fim deste seu primeiro período, em ambos os casos, entram
igualmente em cena os bons, cantando hosanas diante do trono de Deus, e no
segundo caso é repetido o número exato, 144.000 dos escolhidos, como no
primeiro.
Tudo isso dá a impressão de que se trata do mesmo
acontecimento, narrado em duas formas diferentes.Sem entrar em pormenores,
coincidências e razões, que cada um pode achar e analisar por si, daremos ao
cavalo branco o valor de símbolo do imperialismo inglês; ao cavalo vermelho o
símbolo da Rússia soviética, ao cavalo negro o da Alemanha de Hitler, e ao
cavado pálido o dos Estados Unidos da América.Esta interpretação tem a vantagem
de referir-se ao momento histórico actual, que é o que mais nos interessa.
Vejamos agora nos selos as quatro personagens em pé, até a última guerra mundial.
Nos prodígios, o ponto de vista seria em relação ao nosso actual presente, em que
o cavalo negro ou Alemanha do Eixo desapareceu, porque caiu e foi aniquilado.
Só permanecem de pé os outros três, isto é, Inglaterra,
Rússia e Estados Unidos,que achamos nos três prodígios, na forma de dragão, da
besta que saiu do mar e da besta que saiu da terra. Estas três potências são hoje
as senhoras do mundo e guiam os acontecimentos.Para justificar esta
individuação, trabalho que nos levaria a um exame muito detalhado das
características particulares dos símbolos que representam essas personagens,baste-nos
apenas recordar que o dragão é poderoso e no entanto se arrasta como serpente,
que é o símbolo da astúcia enganadora.
A besta representa claramente a animalidade involuída, em antítese com o espírito, aquela para a qual apela o materialismo moderno que se baseia apenas no bem-estar do corpo. As duas personagens são apenas duas bestas diversas,isto é, duas formas de materialismo, idênticas na substância, que é a de apegar-se só às coisas da terra, única finalidade da vida.Tudo isto em antítese ao reino do espírito, em que se apreciam outros valores.Para justificar a individuação paralela correspondente ao dragão (cap. XII), isto é, o cavalo branco ou Inglaterra,recordemos as palavras que a respeito desse cavalo, diz o Apocalipse: «...e lhe foi dada uma coroa e saiu, como vencedor,para vencer». Pela primeira besta, ou cavalo vermelho, ou Rússia soviética, diz o Apocalipse: «...foi-lhe dado poder de tirar a paz da Terra, de tal forma que os homens se matassem uns aos outros, e lhe foi dada uma grande espada». Para o cavalo negro, ou Alemanha do Eixo, o Apocalipse fala de medida e limitação de víveres, como na última guerra bem se experimentou.
A besta representa claramente a animalidade involuída, em antítese com o espírito, aquela para a qual apela o materialismo moderno que se baseia apenas no bem-estar do corpo. As duas personagens são apenas duas bestas diversas,isto é, duas formas de materialismo, idênticas na substância, que é a de apegar-se só às coisas da terra, única finalidade da vida.Tudo isto em antítese ao reino do espírito, em que se apreciam outros valores.Para justificar a individuação paralela correspondente ao dragão (cap. XII), isto é, o cavalo branco ou Inglaterra,recordemos as palavras que a respeito desse cavalo, diz o Apocalipse: «...e lhe foi dada uma coroa e saiu, como vencedor,para vencer». Pela primeira besta, ou cavalo vermelho, ou Rússia soviética, diz o Apocalipse: «...foi-lhe dado poder de tirar a paz da Terra, de tal forma que os homens se matassem uns aos outros, e lhe foi dada uma grande espada». Para o cavalo negro, ou Alemanha do Eixo, o Apocalipse fala de medida e limitação de víveres, como na última guerra bem se experimentou.
Para a segunda besta ou cavalo pálido, ou Estados Unidos,
fala o Apocalipse de morte e destruição, e estas foram lançadas sobre a Europa a
mancheias. Além disso, as cores vermelha para a Rússia, e negra, cor do Eixo,
são evidentes. Os Estados Unidos aparecem também no último, no 4.º selo, como
apareceram na última guerra.Observemos, agora, as qualidades do 2.º prodígio,
isto é,da besta que saiu do mar (Ap. XIII, 1 a 10) para ver se concordam com as
da mesma personagem, ou seja, a Rússia soviética, expressa no 2.º selo ou cavalo
vermelho. Besta quer dizer materialismo, como vimos, e o mar significa os
povos,nações, línguas (ap. XVII, 15). Depois, o texto diz: «...e vi uma de suas
cabeças como ferida de morte: mas sua chaga mortal foi curada». Isto podia
significar a salvação de um grande golpe que ameaçou a Rússia, em Stalingrado.
E o texto acrescenta:«...e lhe deu o dragão seu poder e seu
trono e grande poder... E toda a Terra ficou arrebatada de admiração pela besta.
E adoraram o dragão, porque dera autoridade à besta e adoraram a besta dizendo:
Quem é semelhante à besta e quem pode concorrer com ela? ...»Com efeito, não foi
o recente poderio da Rússia devido ao apoio inglês (dragão), que depois
convenceu os Estados Unidos a fazer o mesmo? Seguiu-se a fé fanática das
massas pela ideologia comunista e todos adoraram os vencedores:materialismo,
Inglaterra, Rússia. O texto prossegue: «...E abriu sua boca blasfemando contra
Deus, blasfemando Seu nome .... e lhe foi dada faculdade de fazer guerra aos
santos e de vencê-los....».
O ateísmo russo é conhecido e bem assim sua campanha
anti-religiosa. Importante que, depois de ter dito:«....e lhe foi dada
faculdade de agir por 42 meses....»(5) vem a conclusão: «...se alguém tem
ouvidos, ouça. Se alguém prender alguém, acabará preso; se matar à espada, será
fatalmente morto à espada...». Eis, pois, como deverá acabar a Rússia:
na auto-destruição. Este conceito faz parte da Lei e do sistema ilustrado nestes
volumes, conceito amplamente explicado alhures. «Quem usa a espada, perecerá
pela espada», norma evangélica que é lei de vida, que nenhuma força humana
poderá deter.
O Apocalipse conclui: «...Aqui está o sofrimento e a fé dos
Santos». Os bons, pois, tenham coragem, que o mal não pode absolutamente vencer;
existe a justiça de Deus e ninguém pode detê-la.Observemos, agora, as qualidades
do 3.º prodígio, ou seja da besta que saiu da terra (Ap. XIII, 11 a 18) para ver
como concordam com as da mesma personagem, isto é, os Estados Unidos da América,
expressas no 4.º selo ou cavalo pálido.Vimos que o cavalo negro do 3.º selo, ou
Alemanha, desapareceu da cena política do mundo. Essa besta é outra forma de
materialismo, que sai do poder da terra, riquezas do solo e indústrias. Diz o
texto: «...e falava como um dragão...».
Ou seja, a mesma língua inglesa. «...e todo o poder da
primeira besta, ela o exercitava diante dela...», apresenta já realizados,
de facto, os sonhos de bem-estar do comunismo russo. «....E fez que a Terra e seus
habitantes louvassem a primeira besta, de que fora sanada a chaga mortal....».
Foi pelo auxílio dos Estados Unidos que a Rússia se tornou vitoriosa e grande.
«....E fez prodígios grandiosos, tanto que fez descer fogo do céu sobre
aterra...». Eis as fortalezas voadoras, as bombas atómicas, as novas descobertas
científicas... «...E fará que ninguém possa comprar nem vender, se não tiver a
marca, (ou seja) o nome da besta e o número de seu nome....». Isto é, domínio
completo do dólar sobre tudo.
O capítulo conclui com o famoso número 666.
Calculando-se segundo o alfabeto hebraico, esse número diz Nero. Mais tarde, foi dada a essa cifra, segundo os casos, o significado de uma quantidade de personagens históricas.Talvez seja um número de fantasia, para dizer que muitas personagens igualmente más, se apresentarão até o fim da história. Mas tudo isto é trabalho para adivinhos, terreno em que não podemos entrar. Neste ponto, ocorre, em ambos os ciclos, uma mudança de cena. Até aqui, assistimos à descrição de personagens em suas características e feitos passados.
Calculando-se segundo o alfabeto hebraico, esse número diz Nero. Mais tarde, foi dada a essa cifra, segundo os casos, o significado de uma quantidade de personagens históricas.Talvez seja um número de fantasia, para dizer que muitas personagens igualmente más, se apresentarão até o fim da história. Mas tudo isto é trabalho para adivinhos, terreno em que não podemos entrar. Neste ponto, ocorre, em ambos os ciclos, uma mudança de cena. Até aqui, assistimos à descrição de personagens em suas características e feitos passados.
Agora temos um entre-acto, em que entram em cena as
personagens das fileiras opostas, os soldados de Deus. Abre-se o 5.º selo. Os
bons apelam para que se faça justiça e lhes é respondido que ainda fiquem quietos
por breve tempo, até que seja completado o número de seus irmãos sacrificados.
Ao abrir-se do 6.º selo,inicia-se a preparação espiritual dos soldados de Deus,
a qual contrabalança a preparação material de Seus inimigos. Isto é necessário,
porque se aproximam as grandes provas, que explodirão ao abrir-se do 7.º selo.
Temos uma breve pausa,antes de desencadear-se a grande tempestade. Tudo faz
pensar que esta pausa seja a hora presente. É um momento de espera em que as
forças contrárias se preparam, medem-se, tomam o impulso para lançar-se uma
contra a outra. Deus olha e espera,deixa-nos a todas as nossas experiências,
que pretendem dispensá-lo.
Os maus movem-se afoitos à conquista do mundo,e caminham
para sua destruição. Os bons oram, tremem,esperam. Deus olha, deixa todos
livres, mas tudo se escreve no livro da vida, de que nada mais se apaga, e pelo
qual todo o mal se paga e todo bem frutifica. A Lei não tem pressa, pois o tempo
não pode detê-la e nada pode escapar à sua sanção. Este exame que estamos
fazendo do Apocalipse e de sua orientação,interessa-nos sobretudo porque parece
dizer respeito ao nosso presente, e dá-nos uma chave para conhecer nosso
futuro próximo. Estamos num período de parada, em que o homem continua suas
loucuras, sem saber que espada de Dâmocles lhe pende sobre a cabeça. Um
nervosismo dominante revela-nos que o instinto sente vagamente o aproximar-se da
tremenda reação da Lei.
Ninguém mais tem fé no amanhã, tão prenhe de ameaças é o
presente. Com o 7.º selo iniciar-se-á, com efeito a série dos castigos, porque
estamos próximos da hora em que Deus, já tendo esperado bastante, terá esgotado
os oferecimentos de salvação e terá que intervir para que volte a ordem e a
justiça seja feita.Na abertura do 6.º selo vemos, portanto, duas manifestações
opostas. Os maus desencadearam uma grande guerra. É obra deles, não ainda a de
Deus. Paralelamente são escolhidos os bons para formar o contra-exército dos
filhos de Deus.
A tempestade procurada pelos maus toma o aspecto de um
cataclismo natural: «...E todos se esconderam nas espeluncas* e rochas das
montanhas...». Esta é a última tentativa para salvar-se das incursões aéreas,
que desta vez serão atómicas. Doutro lado são retidos por um anjo, os
ventos,para que estejam tranquilos e nenhum dano causem enquanto não estejam
marcados nas frontes, com o selo, os servos de Deus. E o número desses
escolhidos será 144.000.
(Sendo este número dado por 12 x 12 x 1000 = 144.000, e representando o número sagrado plenário, pode significar grande multidão).Forma-se, pois, multidão inumerável, de todas as raças, povos e línguas, diante do trono de Deus, multidão daqueles que vinham da grande tribulação; e Deus estenderá sobre eles Sua tenda.Esta cena acha sua correspondência na de todo o cap .XIV do Apocalipse, que segue o 3.º prodígio da besta que saiu da terra, como vimos.
(Sendo este número dado por 12 x 12 x 1000 = 144.000, e representando o número sagrado plenário, pode significar grande multidão).Forma-se, pois, multidão inumerável, de todas as raças, povos e línguas, diante do trono de Deus, multidão daqueles que vinham da grande tribulação; e Deus estenderá sobre eles Sua tenda.Esta cena acha sua correspondência na de todo o cap .XIV do Apocalipse, que segue o 3.º prodígio da besta que saiu da terra, como vimos.
Achamos aqui os mesmos 144.000,marcados na fronte. Repete-se
a cena do cântico diante do trono. Estes são os escolhidos do exército de Deus.
Continua o paralelismo num prolongamento de repouso. O cap. XIV continua com os
anúncios feitos pelas quatro vozes de anjos.São os últimos acontecimentos,
antes da catástrofe: «...Temei a Deus, porque chegou a hora do Seu juízo... Quem
adora a besta e sua imagem e traz seu sinal na fronte ou na mão, beberá o vinho
da ira de Deus, que está pronto no cálice de Sua cólera...».Termina aqui o
entre-ato. Continuemos a observar as duas narrações em paralelo.
Na primeira delas chegamos finalmente à abertura do 7.º selo.
Então houve um grande silêncio no céu. E foram dadas sete trombetas a sete
anjos.Enquanto eles se preparam para tocar as trombetas, eleva-se de um turíbulo
de ouro o incenso diante do trono, com as orações dos santos, e sobe a fumaça do
incenso com suas orações até Deus. É o momento solene em que começa o
desencadear-se a justiça divina. Tocarão agora, de seguida, as sete trombetas e
a cada toque seguir-se-á um flagelo sem escapatória, numa tempestade, até o 7.º
toque. Então tudo muda e, como na abertura do sétimo selo explodira o
cataclismo, (as sete trombetas), assim ao 7.º toque tudo se acalma e o 7.º anjo
e outras vozes anunciam: «O reino do mundo passou ao Senhor nosso e ao Seu
Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos».
Eleva-se uma oração: «Agradecemos-Te, Senhor Deus omnipotente,
porque assumiste Teu grande poder e começaste a reinar... veio Tua ira... e o
momento de premiar Teus servos... e de destruir os destruidores da Terra». (Ap.
XI, 15 a 18).Observemos outra narração paralela. Também aqui terminou o
entre-ato e explode a catástrofe. Após as últimas advertências das quatro vozes
(Ap. XIV, 6 a 13), há ainda um prolongamento de espera com novos anúncios. E
outro Anjo grita ao divino Justiceiro, que aparece sobre uma nuvem:«...Apanha
tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar,porque a colheita da Terra já
está seca».
Outro Anjo grita:«...Apanha tua foice afiada e colhe os
cachos da vinha da Terra,porque suas uvas estão maduras...». Então, à
semelhança dos 7 anjos com as 7 trombetas, aparecem outros 7 anjos com as sete
taças de ouro cheias da ira de Deus. Mas, também aqui, como na outra narração,
antes que se passe à ação, se eleva um cântico a Deus (Ap. XV, 1 e seguintes),
glorificando-O e adorando-O. Todas as nações se prostrarão diante dele,
porque manifestou Seu juízo.
É a hora de prestar contas.
É a hora de prestar contas.
Os 7 anjos tomam as 7 taças. Enche-se o santuário de Deus da
fumaça de Sua glória e de Seu poder; e ninguém poderá aí entrar até que tenham
sido derramadas as 7 taças. É o momento solene em que começa o mesmo
desencadear-se da justiça divina, como para as 7 trombetas. Derramar-se-ão de
seguida, sobre a Terra, as 7 taças da ira de Deus, e a cada taça seguir-se-á um
flagelo sem escapatória, numa tempestade gigantesca, até à 7.ª taça. Tudo foi
merecido. As taças são esvaziadas sobre a terra, sobre o mar,depois sobre os
rios e as fontes, depois sobre o sol, sobre o trono da besta, no próprio ar.
Torna-se tudo de sangue e de fogo, seca, arde, adoece, rui numa queda universal.
À sétima taça, aqui também, a acção se detém, como na sétima
trombeta, e uma grande voz sai do Santuário, do lado do trono, dizendo:«Está
feito». Tudo é claro, conclusivo, os inimigos de Deus não existem mais, o drama
está completo com a vitória de Deus, o reino de Satanás foi destruído, aponta a
alvorada do novo Reino de Deus. Este momento, expresso pela palavra: «Está
feito»,corresponde ao do 7.º toque da trombeta que anuncia: «O reino do mundo
passou ao nosso Senhor e a Seu Cristo, e Ele reinará nos séculos dos séculos».
Esta poderia ser uma interpretação do conceito central do Apocalipse, sobrevoando sobre os pormenores, mas apanhando claramente o que há de mais importante, que se referiria de modo impressionante aos nossos tempos. É admissível, também, que numa revelação profética, proveniente por inspiração de dimensões superiores, a sucessão no tempo possa ter sido dada de modo pouco exacto, em nosso plano devida, justamente porque o profeta não pode deixar de perceber tudo como num estado de concomitância. Explica-se, assim,certa mistura de pormenores e a repetição da mesma visão como projetada em dois tempos diferentes que, à primeira vista,poderiam a nós parecer sucessivas.
Esta poderia ser uma interpretação do conceito central do Apocalipse, sobrevoando sobre os pormenores, mas apanhando claramente o que há de mais importante, que se referiria de modo impressionante aos nossos tempos. É admissível, também, que numa revelação profética, proveniente por inspiração de dimensões superiores, a sucessão no tempo possa ter sido dada de modo pouco exacto, em nosso plano devida, justamente porque o profeta não pode deixar de perceber tudo como num estado de concomitância. Explica-se, assim,certa mistura de pormenores e a repetição da mesma visão como projetada em dois tempos diferentes que, à primeira vista,poderiam a nós parecer sucessivas.
De qualquer modo,apresentamos tudo isto ao leitor moderno
positivo, apenas como hipótese, que ele poderá controlar e também não aceitar.
Mas esta nos pareceu a maior aproximação hoje possível de uma interpretação,
racionalmente conduzida, do Apocalipse aos tempos actuais.
E quando virmos tudo concordar, permanecendo logicamente enquadrado no sistema da Lei, até agora explicado, estas afirmações serão mais aceitáveis, mesmo para o homem positivo moderno.A substância do raciocínio é simples e nestes livros foi dito e repetido. Tudo é dirigido por uma lei que representa o pensamento de Deus. Assim, além da pequena liberdade humana, existe um determinismo inteligente histórico, que guia os acontecimentos. O homem hoje tomou a posição de Satanás,rebelde à Lei. É natural que o sistema lhe caia em cima.
E quando virmos tudo concordar, permanecendo logicamente enquadrado no sistema da Lei, até agora explicado, estas afirmações serão mais aceitáveis, mesmo para o homem positivo moderno.A substância do raciocínio é simples e nestes livros foi dito e repetido. Tudo é dirigido por uma lei que representa o pensamento de Deus. Assim, além da pequena liberdade humana, existe um determinismo inteligente histórico, que guia os acontecimentos. O homem hoje tomou a posição de Satanás,rebelde à Lei. É natural que o sistema lhe caia em cima.
Dada sua orientação, o homem hoje se acha na posição de
abandonado por Deus que, no entanto, respeita a sua liberdade, não o força,mas
se retrai. E diz: «Quereis experimentar a força?Experimentai-a. Mas avisei-vos
de que, quem usa a espada,perecerá pela espada. Credes nos exércitos e nas armas?Provai-as.
Não quereis o amor evangélico e só concordais numa coisa: na mentira, no
egoísmo, no trair-vos todos uns aos outros? Pagareis todos juntos. A punição, a
realizareis vós mesmos, porque a trazeis em vós. Matar-vos-eis reciprocamente,
porque a isso vos leva vosso próprio sistema.Quereis fazer do poder não uma
função de vida e uma missão,mas um meio para esmagar indivíduos e povos?
Fazei-o.Experimentai, experimentai. Sois livres. Assim vos massacrareis todos,
mas, já que não sabeis aprender de outro modo, e precisa aprender, ireis à dura
escola que escolhestes».Este raciocínio lemo-lo idêntico no Apocalipse, de modo
que ele parece escrito de propósito para nosso tempo.
E se parece feroz e sem piedade, não exprime todavia senão a
exacta conseqüência da livre mas louca conduta humana, no seio de uma Lei, cujas
reacções são fatais.Estaremos agora no termo do período experimental da Lei,
momento em que Deus já esperou bastante; as experiências humanas fazem-se cada
vez mais, e agora desastrosas demais,para que não seja preciso uma intervenção
superior para detê-las. O limite de elasticidade da Lei está quase sendo
superado, quebram-se suas colunas protectoras e o sistema —como já ocorreu no
princípio com a revolta de Satanás —desaba sobre os rebeldes que soçobram no
caos por eles mesmos gerado na ordem de Deus. Soa então a hora do
juízo,fazem-se as contas para que cada um tenha segundo suas obras e
merecimentos. A esperada realização do Evangelho na Terra não deve ser
frustrada mais tempo, a maldade e malícia humanas não podem mais ter por longo
espaço o poder de tornar quase inútil a vinda de Cristo à Terra. A Igreja
desempenhou sua missão de conservar sua preciosa bagagem,arrastando-a após si,
através da tenebrosa época dos dois milénios. Hoje é mister realizar. No terceiro
milénio, tal como Cristo no terceiro dia, é preciso ressurgir. Não basta a
excepção dos Santos.
O Evangelho deve apossar-se e penetrar a vida do homem, tem
que inserir-se nas instituições sociais. Tudo nos diz que estamos na plenitude
dos tempos. Já foram feitos bastantes anúncios e avisos. Estamos justamente nas
pausas, ou entre-actos, que agora estudamos no Apocalipse, e que precedeu o
desencadear-se da tempestade? Quando se abrirá o 7.º selo e tocarão as
trombetas, ou então se derramarão as 7 taças da ira de Deus? E que pode o homem
sozinho, contra a grande inteligência que dirige a história e a vida? O certo é
que, se foi reconhecida, nos planos superiores, a necessidade de uma
intervenção directa de forças sobre-humanas, e se foi decidido executá-la,
ninguém poderá detê-lo. Então a história disporá de tais forças que poderá
realizar o que hoje nos parece inacreditável, isto é, a formação de novas
correntes repensamento e de diferentes tipos biológicos dominantes,
a purificação da humanidade, custe o que custar, e a posse que ela tomará no
seio de uma nova civilização do espírito no terceiro milénio.
O que está fora de dúvida, é que acima das forças domando
físico, conhecido pela ciência, há um mundo de forças que ela ainda ignora.
Também fora de dúvida está, que o homem é uma pequenina formiga, agarrada a um
grão de poeira cósmica, e nada pode contra essas forças. E está outrossim fora
de dúvida, que nós não podemos negar a priori a possibilidade de acontecer em
nosso tempo tudo o que o Apocalipse prediz.Como negar, mesmo cientificamente,
que não pode haver relação entre forças morais e físicas? E quem pode dizer que
a humanidade não esteja cometendo erros no terreno espiritual?Como afirmar que
os poderes do pensamento não dirijam o mundo?
E então, aos céticos, poderemos dizer: «E se tudo o que
afirma o Apocalipse fosse verdadeiro»?A visão da grande prostituta (Ap. XVII) é
apenas um comentário e uma determinação de toda a visão. Esta mulher é
a contraposição daquela vestida de sol, com uma cora de doze estrelas, contra a
qual luta o dragão do primeiro prodígio, agora examinado. Se nesta alguns vêem
a Igreja, ou até mesmo a Virgem Maria, na outra, Babilônia a grande, mãe das
prostitutas, vêem a cidade de Roma de Nero, das 7 colinas e 7 imperadores (de
Nero a Domiciano), outros o paganismo corrupto, outros o materialismo de nossos
tempos, outros, como diz o Apocalipse, a riquíssima rainha dos mares, isto é,
a Inglaterra protestante, vestida de trabalhismo e em conúbio com a besta.
Mas, enquanto alguns católicos preferem ver aí o
protestantismo, alguns protestantes aí vêem a Igreja de Roma,que lhes parece
haver traído a missão de Cristo a ela confiada.
Para outros, a grande prostituta é a Europa.
Olhando seu mapa virado, a partir do nordeste, seu perfil sobre os mares pode dar a impressão de uma mulher sentada sobre a Rússia, que representaria a besta vermelha, como diz o Apocalipse, sobre a qual está sentada a grande prostituta. O braço direito seria a Itália, e com ele parece segurar um cálice (a Sicília), ao passo que o braço esquerdo seria a Inglaterra, a cabeça a Espanha, e o chapéu, Portugal. E Roma estaria no meio do braço direito. O cap. XVII que fala da prostituta, termina com este esclarecimento: «...As águas que viste, onde está sentada a meretriz, são povos e multidões, e nações e línguas...».
E a Rússia teria justamente a tarefa sinistra de devorar a civilização europeia.
Para outros, a grande prostituta é a Europa.
Olhando seu mapa virado, a partir do nordeste, seu perfil sobre os mares pode dar a impressão de uma mulher sentada sobre a Rússia, que representaria a besta vermelha, como diz o Apocalipse, sobre a qual está sentada a grande prostituta. O braço direito seria a Itália, e com ele parece segurar um cálice (a Sicília), ao passo que o braço esquerdo seria a Inglaterra, a cabeça a Espanha, e o chapéu, Portugal. E Roma estaria no meio do braço direito. O cap. XVII que fala da prostituta, termina com este esclarecimento: «...As águas que viste, onde está sentada a meretriz, são povos e multidões, e nações e línguas...».
E a Rússia teria justamente a tarefa sinistra de devorar a civilização europeia.
Esta interpretação provém, naturalmente, de escritores do
lado americano do Atlântico, porque todos gostam de colocar o próximo nos erros
e nos castigos, mas jamais a si mesmos.Sem dúvida, em nosso tempo a ciência
conseguiu conquistas inauditas. O automóvel, o rádio, a televisão, o domínio do
ar, a descoberta da energia atómica, e até a previsão de uma possibilidade de
explorações interplanetárias,representam uma tal conquista sobre as forças da
natureza, que não se pode imaginar mais até onde possa chegar o homem. Há muitos
elementos materiais para sustentar modos de vida absolutamente novos, num tipo
de civilização de formas hoje incríveis. Os elementos-base para uma
transformação radical de conceitos e hábitos, já estão em prática. Os
fundamentos científicos e práticos de uma nova civilização já foram lançados com
um entusiasmo sem precedentes, na conquista do tempo e do espaço, os dois
grandes obstáculos ao livre movimento do homem.
Sem dúvida, estas conquistas materiais reagirão,também,
sobre o estado psíquico e espiritual da humanidade,ajudando-a a evolver.Mas,
infelizmente esse aumento de poderes é uma arma de dois gumes, porque, se não
for acompanhado por um desenvolvimento paralelo de consciência, no terreno
moral,pode representar um novo poder imenso de destruição colocado nas mãos de
um inconsciente que, em sua inexperiência, não se sabe que uso possa disso
fazer. Com a descoberta da energia atómica, o homem não se deu conta, ainda, de
onde pôs as mãos, ou seja, de haver penetrado tão próximo à substância das coisas,
tanto que se apossou da técnica da criação. Assim seus poderes cresceram sem
medida, e se ele pode tirar vantagens proporcionais para seu bem, pode também
sofrer dano, para seu mal.
E é tão grande o novo poder, que lhe pode escapar das mãos
inexperientes, sem que lhe seja possível mais controlá-lo,depois. E que dizer,
quando esse poder não está, hoje, nas mãos dos sábios, mas de governantes que,
por sua própria posição,estão enredados nas tristes artes da política? Que
dizer, quando se sabe que esse poder está à mercê do egoísmo, do ódio,
do interesse, do desencadear das mais baixas paixões? Que garantia de sabedoria
podem ter, a esse respeito, governantes que só chegaram ao poder suprimindo os
próprios rivais e mantendo-o com o terror? Se essa é a psicologia dos
senhores dessas forças, pesa verdadeiramente sobre o mundo uma espada de
Dâmocles, suspensa por um cabelo.Se esse cabelo arrebenta, é a guerra.
E a guerra de hoje tem as seguintes características: 1.º
ameaça todos, mesmo os civis. É pois, também, guerra de nervos, é perigo e
terror para todos; 2.º morrem todos, indistintamente, mesmo os inermes,numa
hecatombe comum; 3.º é guerra em três dimensões; 4.º é guerra de todos os povos,
porque mesmo os longínquos não-beligerantes se ressentem e saem dela com algum
dano ou sofrimento; 5.º é guerra de extermínio, total, de aniquilamento,sem
escapatória, em extensões vastíssimas.Se arrebenta o cabelo da espada, ela
cairá na cabeça da humanidade.
Essas condições são tão catastroficamente ameaçadoras, que
jamais se verificaram na história do mundo.Não serão estes os sinais
indicadores da plenitude dos tempos,como dizem as profecias? Mas elas também
dizem outra coisa:«Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para
o alto e levantai vossas cabeças, porque vossa redenção está próxima... Quando
virdes acontecer estas coisas, sabei que o Reino de Deus está próximo». (Luc.
XXI, 28 e 31). Esses sinais prenunciadores de acontecimentos espantosos
anunciam, então,também outra coisa, ou seja, a plenitude dos tempos, também no
sentido de que deve chegar à Terra o Reino de Deus, isto é,se deva realizar o
novo modo de viver, o tipo da civilização do terceiro milénio. Estamos, portanto,
verdadeiramente na época extraordinária da qual falam as profecias e que culmina
numa transformação radical do mundo.
Mas ainda há outro fato indicador, outro sinal dos tempos: é a queda dos mistérios.
Mas ainda há outro fato indicador, outro sinal dos tempos: é a queda dos mistérios.
Estes aos poucos são todos explicados e aclarados pela
ciência. Então poderemos repetir as palavras de S. Paulo na Epístola aos Hebreus
(X, 26, 27 e 31):«Se pecamos voluntariamente, após ter conhecimento da verdade,
não há mais sacrifício pelos pecados, mas uma espantosa expectativa do juízo...
É coisa espantosa cair nas mãos de Deus vivente». Quando tudo estiver
esclarecido e evidente, quem não quiser aceitar as verdades do espírito
e obedecer à Lei, não poderá mais achar misericórdia, porque anão merece.Poderão
mudar e ser incertos os pormenores das previsões políticas, mas o que é certo é
que o povo, grupo ou instituição que tiver pecado, terá que pagar. Esta é a lei
certa.Cada um poderá deleitar-se em fazer o exame de consciência nos outros,
antes que em si. A lei permanece a mesma.
É inútil ter poder terreno, se há injustiça no espírito. Esse
poder não poderá defender-nos e ruirá diante da Lei que quer justiça.Assim
conclui o Apocalipse, no cap. XVIII: «Ai, ai da grande cidade, Babilónia a
cidade forte! Num momento chegou o juízo!... Num momento, sua magnificência
ficou reduzida a um deserto! Alegrai-vos por ela, ó céus, e vós santos e
apóstolos e profetas, porque vos fez justiça Deus, com Sua condenação!»Paralela
a essa ruína do mal, corresponde o triunfo nos céus (Ap. XIX). A ruína na Terra
foi completa. A voz de uma multidão imensa se eleva gritando: «...Aleluia! O
Senhor fez justiça... Louvai nosso Deus!... porque o Senhor Deus começou a
reinar».
Chegamos ao epílogo, que é a vitória de Cristo.Satanás é acorrentado. Pode finalmente realizar-se na Terra o anunciado Reino de Deus. Tudo isto é de uma lógica constringente. É possível que o bem fique vencido pelo mal, Deus por Satanás, que a missão de Cristo, na Terra, naufrague assim, sem nenhum resultado?
Chegamos ao epílogo, que é a vitória de Cristo.Satanás é acorrentado. Pode finalmente realizar-se na Terra o anunciado Reino de Deus. Tudo isto é de uma lógica constringente. É possível que o bem fique vencido pelo mal, Deus por Satanás, que a missão de Cristo, na Terra, naufrague assim, sem nenhum resultado?
O próprio sistema da Lei tem uma lógica e, se tudo isso
acontecesse, todo o sistema ruiria. E isto seria uma ruína muito mais fragorosa
e desastrosa do que a queda das potências do mal, como o descreve o
Apocalipse.Pois, se estas ruem, permanecem a salvação e a vida na ordem divina.
Mas se a Lei, isto é, o sistema de Deus e do bem, se arruinam, só fica a
destruição de tudo, pela precipitação definitiva do universo no caos.O
grande drama do Apocalipse está em seu epílogo e fecha-se, em sua terceira
parte, com a cena grandiosa da ressurreição dos mortos e do Juízo Universal.
Satanás está definitivamente derrotado. Diante do trono de Deus comparecem os
mortos. Abre-se o livro da vida, em que tudo está escrito e cada um é julgado
segundo suas obras.
O mar entrega os seus mortos. A morte e o inferno entregam
seus mortos. Depois «...a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo; esta
é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida, foi
lançado no lago de fogo» (Ap. XX,14 e 15). Há, pois, uma absoluta destruição
final, em que são anulados também a morte e o inferno, uma segunda morte,última
e definitiva, em que são precipitados todos os que não foram achados escritos no
livro da vida. E a vida é Deus. Então isto significa, os que não eram da parte
de Deus e do bem. Eles são eliminados do sistema, anulados mesmo como
espíritos.Esta não é a habitual morte do corpo, não é a normal decadência de
todas as coisas, para renovar-se e evoluir. Não é a costumeira morte temporária,
de que tudo ressurge.
Esta é a segunda morte,a definitiva, do espírito.
Esta é a segunda morte,a definitiva, do espírito.
Chegamos ao limite da Lei, na hora em que o
ciclo involução-evolução se fecha com o regresso a Deus, termina a cadeia das
reencarnações, está completa a caminhada da reascensão, concedida por Deus ao
ser decaído para redimir-se,cessa a possibilidade de erro e a necessidade da expiação.
Está na lógica do sistema, que a experiência não possa ser procrastinada até o
infinito, que o ser não possa ter à sua disposição a misericordiosa elasticidade
da Lei e a paciência de Deus, para sempre. Seria um absurdo inadmissível, na
ordem que tudo dirige, que se concedesse à liberdade humana, que ela se
sobrepusesse à Lei e se substituísse a ela, ultrapassando os limites das
próprias funções, para as quais, apenas, é admitida a liberdade, e assim
subvertesse eternamente aquela ordem.
Deve chegar a hora em que termina o tempo máximo concedido,
para que o caminho da evolução tenha sido percorrido por aqueles que o quiseram
percorrer, o tempo em que todos os auxílios foram dados, todas as possibilidades
esgotadas, a hora em que se fazem as somas, e ficam de fora aqueles que, mesmo
tendo-o podido, absolutamente não quiseram redimir-se. Então, tudo está
terminado, pois o processo evolucionista atingiu suas conclusões.
Detém-se então o tornar-se fenoménico, isto é, cada fenómeno
não se prende mais ao seguinte, mas alcança finalmente sua última e definitiva
fase, resolvendo-se na estase, porque se esgotou o processo do tornar-se, e
na cadeia... causa-efeito-causa..., não há mais anéis. Então para
o transformismo, no tempo, termina toda possibilidade de recuperação e a escola
se fecha.Já então, por não terem mais sentido nem objetivo,acabam a morte, a
dor, os estados de castigo, o inferno.
Esgotados os parênteses da revolta e da desordem, tudo tem
que voltar ao estado perfeito da originária felicidade, como Deus quis sua
criação. O ciclo da descida e da reascensão está todo percorrido, quem quis
redimir-se alcançou sua salvação e,mesmo tendo errado, aprendeu a grande lição
do bem e do mal.Quem não quis redimir-se, dado que ninguém pode ser constrangido
e que o rebelde não poderia permanecer indefinidamente aí, nem inquinar o
sistema, este rebelde vem definitivamente expulso, com o aniquilamento de seu
eu. Então é lógico que tudo o que era necessário num universos decaído,para
tornar a subir a Deus — todos os instrumentos úteis para realizar a obra de
reconstrução — não tendo mais objectivo de bem nem razão de existir, são
eliminados, da mesma forma que a um edifício construído tiram-se os andaimes,
que foram necessários para executar os trabalhos.
Deus só pode ser vencedor absoluto. Não poderia sê-lo com
inimigos acorrentados, que eternamente clamassem contra Ele a voz de sua
maldição, meditando uma revolta. A lógica impõe não só a vitória absoluta de
Deus, mas, numa ordem que se tornou perfeita, como deve ser toda obra de Deus,
também não se permite absolutamente a dissonância de vozes rebeldes,ainda que
afastadas, e a presença de um tumor maligno à espera de arrebentar. Ele se
acharia no próprio seio de Deus que é o todo, do qual nada se pode tirar, porque
recairia em Deus, já que nenhuma coisa pode existir fora do todo que é Deus.
E como poderia ficar em Deus uma zona de anti-Deus?
Além disso, no universo, em que só achamos fenómenos que
tendem a resolver-se, o facto da sobrevivência eterna de individuações pessoais
das forças do mal, seria o único fenómeno que permaneceria incompleto, sem
conclusão, nem em sentido positivo, de vitória, nem em sentido negativo, da
derrota absoluta e definitiva. E ele está incluído no transformismo universal ou
tornar-se evolucionista, como o estão todos os outros fenómenos. Não há pois
razão para que ele se comporte diferentemente.Não sabemos explicar-nos essa
concepção da sobrevivência do mal em forma de prisão que, como uma projecção
antropomórfica, como um produto da psicologia humana, transportada num mundo em
que ela não pode chegar,isto é, do relativo ao absoluto.
Essa concepção pertence à miséria das vitórias humanas,
caducas e encadeadas a novas derrotas, colocadas no vir-a-ser, filhas do
transformismo,concepção que está fechada dentro desse limite e que não tem mais
sentido e não pode subsistir além dele, ou seja, quando o tornar-se e o
transformismo cessarem, porque resolvidos. É preciso compreender que, passado
esse limite, entra-se no absoluto, no imóvel perfeito, e que aí todos os
conceitos do nosso relativo do tornar-se, em busca de uma perfeição, todos os
seus pontos de referência em que se baseia, caem. Nesse mundo superior é lógico
que não podem subsistir nossas concepções.
As vitórias do absoluto não podem ser iguais às do relativo.
Os triunfos de Deus têm que ser diversos dos nossos,ou seja, absolutos, sem
possibilidade de reações e continuações de luta, simplesmente resolutivas e
definitivas. E, dado que a vitória de Deus é absoluta, no fim o inimigo não deve
existir mais. A única existência dele, mesmo acorrentado, seria uma sobrevivência
perturbadora, de desordem e até, por menor que fosse, uma vitória mínima, um
testemunho de revolta, ainda que latente; seria uma coexistência de vontade de
negação no sistema positivo, uma prova de imperfeição, isto é, de
obra incompleta. É necessário que cada individuação das forças do mal, por fim,
se quiserem permanecer tais, devam ser desintegradas como personalidade própria,
porque a divina substância espiritual que a constituía, a abandona
para canalizar-se na corrente oposta do bem, como vencedor absoluto.
É assim que aquele «eu sou» chega a não existir mais e, na
segunda morte, como diz o Apocalipse, que aqui nos confirma, vem anulado até
mesmo como espírito. Não há solução mais lógica do que esta, porque
racionalmente conclui segundo os princípios do sistema, solução mais cabal
e definitiva, porque resolve tudo para sempre, mais harmónica,equilibrada e
justa, porque os negadores de Deus, que é vida,vem negados por Deus, na morte.
Não há solução mais grave e resolutiva, e no entanto piedosa, porque é a única
que possa ser compatível com a bondade de um Deus que não quer inutilmente ser
cruel ou vingar-se, e cujo escopo foi a felicidade do ser e cujo princípio
fundamental no criar foi: Amor.Assim conclui também o Apocalipse.
A destruição final do mal e das individuações que o
personificam, já a tínhamos sustentado nos volumes precedentes. Agora voltamos
a esta nova confirmação, depois que o longo caminho ascensional através destas
obras nos levou a um conhecimento mais profundo e um amadurecimento mais
avançado. Agora vejamos,em cheio a absoluta lógica e a imprescindível
necessidade deste conceito, pelo qual, se no fim permanecesse no universo a
menor partícula ou traço de mal e de dor, que lhe está ligada, a criação
ficaria inquinada e sua perfeição estragada, a grande obra de Deus resultaria
manchada e falida, numa forma que é inconciliável com o conceito de Divindade,
que só pode ser perfeita. Em Deus não há lugar para o incompleto, para o
relativo, e tudo deve ser completo e absoluto, mesmo a vitórias obre o mal.
O governo do universo é, e pode ser, totalitário e absoluto,
porque está nas mãos de um Ser perfeito. Esses governos, na Terra, são
inadmissíveis, porque não existe o homem perfeito, e procura remediar-se a
isso, com uma compensação de erros, multiplicando o número dos dirigentes,para
que estes os eliminem, controlando-se entre opostos. Mas,no absoluto, um Deus
senhor e vencedor não incondicionado,seria um absurdo. Por isso, o extermínio
do mal deve ser completo até as ruínas do ser, no ponto em que se diz: «eu
sou»,de modo que o mal não possa mais levantar-se. O tempo das lutas deve ser
terminado sem a possibilidade de volta. Nem as cinzas do incêndio destruidor do
mal devem permanecer, para recordar esse triste passado, porque até esse mínimo
resquício inquinaria e tornaria imperfeita a perfeição do Absoluto, ao qual
tudo, no fim, regressa. Sobreviverão só os puros, que assim permaneceram, e os
decaídos que se purificaram, já agora todo sem igual estado de pureza.
Com isto, o Apocalipse dá uma nova confirmação das teorias
do volume «Deus e Universo». No Apocalipse tornamos a achar todos os motivos do
sistema: a revolta originária, que se perpetua nos maus, o dualismo bem-mal,
Deus-Satanás, a destruição final do mal, e o triunfo total de Deus. O Apocalipse
narra o caminho do ser rebelde, que volta a Deus, e conclui coma vitória final
do sistema sobre o anti-sistema. Se a ascese se desenvolve numa grande luta, em
que Deus permitiu ao mal que agisse, para que a ele fossem oferecidas todas as
ocasiões para subir, e para a experimentação do bem; se o Apocalipse pode
parecer para os maus um livro de terror, porque de condenação inexorável; no
entanto, é ele um livro de justiça para todos, e para os bons é uma mensagem de
alegria, porque exprime o desenrolar-se do processo evolutivo do mundo, até a
reconquista da originária felicidade, até o triunfo absoluto daqueles bons, no
bem, na glória de Deus.
Neste livro inconformista publicado em 1972 o seu autor, tendo-o chamado PROFECIAS teve a ousadia de assim o denominar, mas ele, no modo como é abordado o Mundo - que em muitos passos mantém na actual bestialidade humana o pendor escatológico - bem merece que sobre ele passemos a meditar, compreendendo melhor o que nos quis deixar de avisos de Deus a visão de S. João Evangelista, ele mesmo, vítima da perseguição à Igreja nascente, mas sendo um tema de meditação o facto do Imperador Domiciano lhe ter poupado a vida, exilando-o, longe de cuidar que ali no meio do Mar Egeu, numa caverna miserável o Apóstolo de Jesus tivesse tido tempo de escrever o APOCALIPSE.
A ligação que Pietro Ubaldi faz deste Livro Bíblico com o Mundo não são despiciendas, porque é nela que existiu no seu tempo - como no actual - o embate dos "anjos" com as "bestas".
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Neste livro inconformista publicado em 1972 o seu autor, tendo-o chamado PROFECIAS teve a ousadia de assim o denominar, mas ele, no modo como é abordado o Mundo - que em muitos passos mantém na actual bestialidade humana o pendor escatológico - bem merece que sobre ele passemos a meditar, compreendendo melhor o que nos quis deixar de avisos de Deus a visão de S. João Evangelista, ele mesmo, vítima da perseguição à Igreja nascente, mas sendo um tema de meditação o facto do Imperador Domiciano lhe ter poupado a vida, exilando-o, longe de cuidar que ali no meio do Mar Egeu, numa caverna miserável o Apóstolo de Jesus tivesse tido tempo de escrever o APOCALIPSE.
A ligação que Pietro Ubaldi faz deste Livro Bíblico com o Mundo não são despiciendas, porque é nela que existiu no seu tempo - como no actual - o embate dos "anjos" com as "bestas".
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