Trabalho é sinónimo de nobreza.
Por isso não desdenhes o trabalho que te coube realizar na vida.
O trabalho enobrece aquele que o faz com entusiasmo e amor.
Não existem trabalhos humildes
Só se distinguem por serem bem ou mal realizados.
Dá, pois, valor ao trabalho fazendo-o com todos o amor e estarás, desta maneira, a dar valor a ti mesmo.
(Autor Desconhecido)
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Este "Autor Desconhecido" sem o querer, possivelmente, antecipou-se ou serviu-se da Carta Encíclica "LABOREM EXERCENS" de S. João Paulo II, "sobre "O Trabalho Humano "e publicada por ele no 90º aniversário de "RERUM NOVARUM" - uma Encíclica famosa - que a terminar o século XIX agitou as águas da Igreja e das consciências de todos os homens, crentes ou não.
A "LABOREM EXERCENS" foi publicada em 14 de Setembro de 1981 e foi, também, um documento fundamental da nova orientação da Igreja Apostólica Romana para se por a caminhar ao lado do mundo concreto, passo a passo com os homens.
Para ilustrar isto, nada melhor que ler um pequeno texto retirado do Cap, II - O TRABALHO E O HOMEM - no qual, S. João Paulo II - que foi na sua Polónia um esforçado trabalhador mineiro, tendo por isso a dupla autoridade a que devemos atender: Em primeiro lugar, a de ser o Chefe de uma Igreja para quem os homens estavam em primeiro lugar e, depois, a do seu conhecimento real sobre as vicissitudes do trabalho humano, nem sempre compreendido na sua mais valia.
4. No Livro do Génesis
A Igreja está convencida de que o
trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência do homem sobre a
terra. E ela radica-se nesta convicção também ao considerar todo o património
das múltiplas ciências centralizadas no homem: a antropologia, a paleontologia,
a história, a sociologia, a psicologia, etc.: todas elas parecem testemunhar de
modo irrefutável essa realidade. A Igreja, porém, vai haurir esta sua convicção
sobretudo na fonte da Palavra de Deus revelada e, por conseguinte, aquilo que
para ela é uma convicção da inteligência adquire ao mesmo tempo o carácter de
uma convicção de fé. A razão está em que a Igreja — vale a pena acentuá-lo
desde já — acredita no homem. Ela pensa no homem e encara-o não apenas à luz da
experiência histórica, não apenas com os subsídios dos multíplices métodos do
conhecimento científico, mas sim e em primeiro lugar à luz da Palavra revelada
de Deus vivo. Ao referir-se ao homem ela procura exprimir aqueles desígnios
eternos e aqueles destinos transcendentes que Deus vivo, Criador e Redentor,
ligou ao homem.
A Igreja vai encontrar logo nas
primeiras páginas do Livro do Génesis a fonte dessa sua convicção, de que o
trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana sobre a terra.
A análise desses textos torna-nos cônscios deste facto: de neles — por vezes
mediante um modo arcaico de manifestar o pensamento — terem sido expressas as
verdades fundamentais pelo que diz respeito ao homem, já no contexto do
mistério da Criação. Estas verdades são as que decidem do homem, desde o
princípio, e que, ao mesmo tempo, traçam as grandes linhas da sua existência
sobre a terra, quer no estado de justiça original, quer mesmo depois da
ruptura, determinada pelo pecado, da aliança original do Criador com a criação
no homem. Quando este, criado « à imagem de Deus... varão e mulher », [9] ouve
as palavras « Prolificai e multiplicai-vos enchei a terra e submetei-a »,
[11]mesmo que estas palavras não se refiram directa e explicitamente ao
trabalho, indirectamente já lho indicam, e isso fora de quaisquer dúvidas, como
uma actividade a desempenhar no mundo. Mais ainda, elas patenteiam a mesma
essência mais profunda do trabalho. O homem é imagem de Deus, além do mais,
pelo mandato recebido do seu Criador de submeter, de dominar a terra. No
desempenho de tal mandato, o homem, todo e qualquer ser humano, reflecte a
própria acção do Criador do universo.
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