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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Pessimismo meu?


Meu Portugal, meu berço de inocente,
Lisa estrada que andei débil infante,
Variado jardim de adolescente,
Meu laranjal em flor sempre odorante,
Minha tarde de amor, meu dia ardente,
Minha noite de estrelas rutilante,
Meu vergado pomar de um rico Outono,
Sê meu berço final no último sono!
.....................................................................


No "Prólogo" do seu livro: "D. JAIME" foi assim, carinhosamente, que Tomás Ribeiro na sua "paleta" poética pintou o retrato de Portugal: "Meu Portugal, meu berço de inocente", acrescentando-lhe a "lisa estrada" que ele calcorreou nos seus tempos de menino, onde ele via, florescente um "variado jardim" e um "laranjal em flor"... 

Como ele eu digo: 
"Sê eu berço final no último sono", apesar de ter deixado de ver Portugal pintado das cores como o viu o Poeta do "D. JAIME".
  
Tenho, no entanto, quando dormir neste cantinho adorado o meu último sono, a felicidade de o ter visto, não com as cores de Tomás Ribeiro, mas com as cores de um País - pobre de bens naturais, como sempre foi - mas rico de bens humanos, no qual apetecia viver, para o ver, hoje, de cores tão desmaiadas, que nunca julguei ver.

Pessimismo meu?
Será. 
Mas eu sou de um tempo em que havia mais respeito humano cuja aprendizagem se fazia nos primeiros anos da velha e saudosa ESCOLA PRIMÁRIA, quer através dos textos de uma humanidade que eles transmitiam, quer através do exemplo que era um motivo de sanidade social, hoje, algo desaparecida... como se ela fosse um vento que passou!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Em lembrança de Raphael Bordallo Pinheiro

in, "O Occidente" nº 939 de 30 de Janeiro de 1905


Faz hoje anos.
Num dia como o de hoje, há 114 anos faleceu Rapfael Bordallo Pinheiro, esse famoso artista que pela sua obra imensa repartida por livros e publicações de cariz político e satírico é uma glória portuguesa, cuja memória se honra aqui na modéstia deste "blogue" por não desejar esquecer o precursor do cartaz artísrico com a sua veia ímpar de desenhador, aguarelista e caricaturista, onde não faltou o pendor político e social da sociedade do seu tempo.

É a ele que se deve a popular figura do Zé Povinho que se tornou um símbolo do povo português com todos os seus defeitos e virtudes, a qual, ainda hoje, continua a ser nossa contemporânea.

Este ícone caricatural apareceu pela primeira vez em "A Lanterna Mágica" no dia 15 de Maio de 1875, um periódico que se destacou por ter sido o primeiro dedicado à crítica social e ao qual deu colaboração Guerra Junqueiro, o "Gil Vaz", de pseudónimo, como os restantes, Bordallo Pinheiro e Guilherme de Azevedo.


Ser humilde é...



Não, meu amigo!
Não confundas as coisas.
Ser humilde não é de maneira nenhuma
ter sentimentos de humilhação ou de submissão.

Ser humilde
é sentir os pés bem assentes no chão
e sentir o momento em que deixaram de ser apoios seguros,
sobretudo, quando as atitudes que se tomam
são vencidas por outras mais sensatas ou mais sábias.

Ser humilde é entender o sentido destas coisas
e é partir para novos combates, sem arrogâncias
e sem sentimentos de desforra,
sabendo que há sempre novos sonhos a cumprir.

Ser humilde é saber aceitar as derrotas
e nunca atirar pedras contra aqueles, cujas atitudes
venceram as que se puseram em confronto.

O humilde é, assim, alguém que não se humilha
nem se submete, mas alguém que luta
e aprendeu a caminhar com os olhos em cima do caminho.

Ser humilde é, acima de tudo
uma condição humana das mais nobres,
porque o humilde compreende aquilo que não sabe
e está na esfera dos homens sábios
que desejam compreender
o que se passa 
e o porquê de passarem,
sem que a sua ignorância nestas coisas
constitua um revés para a sua inteligência.

Ser humilde é compreender tudo isto e caminhar
ao encontro do hino que é preciso erguer
não da vitória sobre o outro
mas da vitória conseguida sobre si mesmo,
fazendo-o sem vaidade e sem orgulho!

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A fé "é a inteligência da verdade"




O meu amigo João,
que sempre me enriquece
com os seus juízos sábios de julgar a vida
e os homens que a constrõem
no cumprimento dos desígnios de Deus,
há, dias, ao dissertar sobre a fé
disse estas palavras que retive
e sobre as quais fiquei, depois, a meditar:

A fé apoia-se em provas,
porque ela é a inteligência da verdade.

Concluí, que o João, mais uma vez,
falou sabiamente.

A fé, tal como a entendemos,
é a adesão livre e consciente
de cada homem à Pessoa de Cristo.
Só Ele é que nos dá, como mais ninguém,
as provas indubitáveis de adesão
á sua Mensagem, onde está viva,
efectivamente,
a inteligência da verdade.

É esta fé que é preciso conquistar;
é ela que cria o homem novo
inculcando nele a luz maior que tudo renova.

Que Deus nos ajude
a encontrar a inteligência da verdade.
porque é preciso recriar este Mundo
fazendo cada um de nós,
que a inteligência recebida se enriqueça
a uma Luz maior, que é preciso ver
por entre as sombras que passam...

Ser bom...


Ser bom implica, entre outras semelhantes,
as seguintes virtudes:

Ter o domínio sobre si mesmo.
Ter, acentuada, uma grande dose de desinteresse pessoal
pela louvaminha.
Ter para cada momento, devidamente ponderado,
um sentimento de justiça.
Tem um grau elevado a caridade fraterna.

Ser bom, implica, ainda:

Saber que a perfeição humana é uma graça
que apenas se consegue com a ajuda divina
e que o modelo maior que temos,
é Jesus.da Galileia que passou fazendo o bem!

Ser bom, é assim, um acto consequente
onde cada um de nós pode e deve encontrar motivos
de se encantar com aquilo que pode fazer de bem
em prol do outro, o qual, por si mesmo,
se souber transmitir aquilo que recebeu de bom
ajuda a estabelecer no Mundo a cadeia do amor fraterno
que ajuda a erguer uma sociedade mais perfeita
e mais justa!

Por isso, se te sentes agraciado
por um bem qualquer recebido,
não esqueças
que é teu dever transmiti-lo, 
na certeza que o Mundo seria bem melhor
se, por cada uma das atitudes boas que recebemos,
houvessem no nosso dia-a-dia
reflexos das mesmas.

O que falta, tantas vezes, 
é quando se não reconhecer
que todo o bem recebido é uma graça
que é preciso passar, como se ela fosse
a sanha da sentinela de serviço,
quando transmite ao outro a palavra-chave
pela qual ambos se conhecem!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Que a medida do tempo seja espiritual e não mecânica!




Emerson, que além de poeta, foi um filósofo emérito,
escreveu assim, num certo dia:

Todos nós costumamos pedir uma vida longa;
no entanto, é a vida profunda
ou os grandes momentos que têm importância.
Que a medida do tempo comece a ser espiritual
e não mecânica.

Foi este um dos desejos do Poeta.

Passaram, entretanto, já muitos anos
e o que vemos e até o que sentimos
é que o mundo que temos
parece cada vez mais, uma máquina...
mas sem ter, apesar disso, um compasso certo.

-Até quando iremos assistir a esta vida mecânica
que faz que a medida do tempo continue a esvaziar-se
da linha espiritual, muito ao contrário do que disse
o poeta Emerson e já nos haviam dito
os velhos Catecismos que esquecemos.

Repensemos a nossa condição.

Nós somos filhos de uma certa imaterialidade
que nos conduz e trazemos, por isso, na alma
a chama ardente do Espírito de Deus
que chama por nós.
Não deixemos, pois,
que a vida nos transforme em máquinas frias
manipuladoras das consciências
e nos quer tornar insensíveis ao pecado de viver
de costas voltadas para a espiritualidade
que trazemos apegada no mais fundo da alma.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Há só uma Boa Nova!




Neste tempo em que vivemos
e em que, alguns tomaram para si
uma nova “gnose” 
que venenosa e incautamente invadiu o mundo.
e de que são exemplos, ainda bem recentes,
o chamado “Evangelho de Judas”
e o “Código Da Vinci”,
o homem tem de tomar consciência
de que para se afirmar a si mesmo
não pode, nem deve, negar a Deus,
porque., ao fazê-lo, engana-se a si mesmo.

Há só uma Boa Nova!

É aquela em que Deus se fez misericórdia
e afirmou o homem,
dando-lhe capacidades
de fazer parte da sua própria divindade.

O que acontece
é que o homem quer chamar para si,
 - com uma vaidade desmedida -
conhecimentos que apenas pertencem
ao seu Criador,
e se disponham, como aconteceu
com os exemplos citados e tantos outros
a enganar os incautos.

Meu amor se me deixares...



Por bondade sê clemente...



Fez-me confusão...


Fez-me confusão...

Fez-me confusão que para votar o "Voto de Confiança" proposto por Rui Rio para se confirmar, ou não, à frente da Comissão Política Nacional do PSD, após o desafio de Luís Montenegro para a disputa de eleições directas - que quanto a mim era uma disputa mais real pelo facto de poderem votar todos os militantes com quotas em dia - se tenham vivido horas na indecisão, como propôs Mota Amaral e outros - numa insensatez anómala - que o voto fosse de braço no ar, enquanto os seus opositores advogavam que o mesmo fosse secreto, e com toda a razão.

Foi uma vergonha que alguém se tenha lembrado do votar de "braço no ar"...

É uma vergonha que dentro dum partido fundador da nossa Democracia e estruturante da mesma, tenha aparecido esta anormalidade, fazendo lembrar os tempos insanos do PREC, pelo que quem assim defendeu o voto se portou indecentemente, e contra os quais, após horas perdidas nesta insanidade, veio ao de cima o bom senso do voto ter sido secreto.

Apanhado de surpresa de no PSD poder haver "voto de braço no ar", ou melhor dizendo, haverem homens responsáveis que tal admitira  tal facto estafafúrdio, leva-´me a pensar que este partido anda doente e, ou se cura, ou vai perder a confiança de muitos simpatizantes anónimos que vão procurar noutras águas a frescura que o actual PSD, com homens destes, não tem.

Pergunto, por fim:
- Como é que se pode descer tão baixo?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

"Alma, Sonho, Poesia" - Um poema de Fernanda de Castro




ALMA, SONHO, POESIA

Entrei na vida
com armas de vencida;

Alma, Sonho, Poesia.
Quando eu cantava
o mundo ria,
mas nada me importava:
cantava.

Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
                                             Medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior.
Com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
de um lado, eu, do outro, o mundo.
E começou a luta desigual
do tigre e da gazela.

A vencida foi ela..
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos Poetas? Triste glória...
Cinza de sonhos mortos? Magro fruto...
Oh, não, punhais e espadas!
Eu só quero cantar! Não quero ossadas
nem, sob os pés, 'um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, Sonho e Poesia...                    
Alma, Sonho e Poesia...

(in, «Exílio»)


Fernanda de Castro (1900-1994) sendo, embora uma poetisa que se pode considerar "dos nossos dias" - e de grande inspiração poética -  é,hoje, pouco lembrada, porque a modernidade da nossa Cultura reinante o não consente.

E, no entanto, Fernanda de Castro dedicou uma grande parte da vida às crianças, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, de que foi Presidente e, também tendo pertencido à fundação da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, título abreviado em 1925 para Sociedade Portuguesa de Autores, merecedora aquando se perfizeram os cinquenta anos da sua actividade intelectual do seguinte encómio do seu confrade, David Mourão Ferreira:

"Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite". (in, Kikipedia)

Neste poema em que a poetiza após uma luta travada com o mundo que se ria do seu canto - a tal alegria que ela foi buscar às cordas do seu estro e de que falou David Mourão Ferreira - apresenta.se em como uma gazela em luta com um tigre - o tal mundo - para nos dizer que o triunfo caiu para o lado do mais forte, e faz a pergunta que nos devia inquietar: 

A vencida foi ela. 
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?

Eis, aqui, em forma de poesia uma constatação que não é inócua, pois de que servem vitórias sobre aquelas criaturas que nada mais pedem à vida que não seja a liberdade de poder cantar ou de poder bater as asas que o destino lhes deu para poderem espraiar a Alma, Sonho e Poesia, o título que Fernanda de Castro deu e com toda a intenção a este seu trabalho poético?

"O Filho do Homem"


A expressão "Filho do Homem" é muitas vezes usada nos textos bíblicos como um título que o próprio Jesus Cristo deu a si mesmo, e este tratamento tem gerado para os não crentes alguma perplexidade opondo-o ao outro título "Filho de Deus", como se o primeiro citado estivesse em contraposição com o segundo.

 Lembremos este exemplo em que Jesus fala assim:

"Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: “Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”.  (Mateus 8, 19, 20)

Ainda em S. Mateus lemos o seguinte em 13, 37: "Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem" e ainda mais este exemplo (Mt 17, 22) "Reunindo-se eles na Galileia, Jesus lhes disse: "O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens", a que se seguem (Mt, 18,11): "O Filho do homem veio para salvar o que se havia perdido" e (Mt 24, 44) "Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam" e, ainda (Mt 25,31): "Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, ele se assentará em seu trono na glória celestial"

Em termos latos o que temos em todas estas expressões é a confirmação de Jesus - Filho de Deus - com estes títulos arrogados para si ter desejado parecer-se connosco ao ter sido humano como nós somos, ao tomar para a sua Pessoa o primeiro exemplo bíblico de "Filho do homem" que aparece numa profecia de Daniel (7, 13-14):  "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." 

Nesta profecia, Daniel, antevê a chegada do Messias com este título messiânico, e tal título
dado por Jesus a si mesmo ia ao encontro dos judeus daquela época que naturalmente estariam bem familiarizados com o termo e a quem se referia, e esta foi a razão porque Jesus - judeu como era - ao falar daquele modo mais não fez que lembra a velha profecia e que Deus se manifestou aos homens através daquela "visão da noite" do seu profeta em que ele viu entre as nuvens do céu "um como Filho do Homem", antevendo que aquela personagem que ele viu em sonhos era feito de carne e osso como aconteceu com Jesus que viveu entre os homens, sendo no entanto, Filho de Deus, obra de uma concepção sobrenatural que há-de ultrapassar para sempre o entendimento humano.

Quem foi o profeta Daniel que predisse a chegada de Jesus seicentos anos antes?

Diz a Bíblia que ele era descendente de uma nobre família do reino de Judá e que teria sido deportado para a Babilónia e alio agregado aos pagens do rei Nabucodonosor que ali terá escrito o seu Livro que se entre os capítulos 1 a 6 se serviu de histórias antigas que pertenciam a um género tradicional de literatura didáctica e educativa, então muito em voga. 

Daniel tinham o objectivo de inculcar espe­rança e fé nos judeus perseguidos, e assim, nos capítulos 7 a 12 fê-los crer no género apocaliptico, também frequente naquele tempo em que as revelações de Deus aos homens iam tomando forma, fazendo-a diferir da literatura bíblica tradicional, reportando-a aos tempos do Exilio, afirmando os exegetas que a literatura de Daniel faz a ligação entre o Antigo Testamento e o Novo, demonstrando que entre os dois há uma continuidade de ideias.

 Eis, porque, o seu texto faz parte da visão de alguém que ele viu entre nuvens como "um Filho do Homem", razão por que se considera o Livro de Daniel entrosado nas concepções messiânicas, fazendo que aquele "Filho do Homem" viesse  a ter na Cristologia um importante contributo para a sua compreensão, tanto na letra como no Espírito, motivo suficiente para que, ainda hoje, se possa afirmar que se no tempo em que o judaísmo do tempo de Jesus esperava um Messias-Rei, triunfador dos intrusos romanos da sua terra, Jesus se tenha apresentado como Messias-Servo e sofredor na sua humanidade de um "Filho do Homem" que Daniel viu vir do Céu "para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído".

Ou seja , Ele seria um dominador, mas bem diferente daquele que os judeus esperavam, porque, embora, Rei  "o seu reino jamais será destruído", por não ser um reinado efémero como o reinado vulgar dos homens.

E como "Posfácio" deste apontamento tendo em conta a perplexidade que isto dá em algumas mentes mal esclarecidas ou que fazem deste título um ataque ao Mistério da divindade de Jesus, retenha-se esta frase dita por Ele mesmo e relatada por S Mateus, (18, 22) já referida: "Reunindo-se eles na Galileia, Jesus lhes disse: "O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens", ou seja, neste passo, Jesus que conhecia como ninguém as profecias que falavam da vinda da sua Pessoa, apontou directamente para a visão de Daniel, porquanto, "o Filho do homem" a que Ele se refere para ser imolado "nas mãos dos homens" era o Deus feiro Homem que Daniel prefigurara.

Tudo isto é um Mistério?

É evidente que o é, mas há que ter a humildade de o entender, tal qual ele é, por ele pertencer àquela parte incognoscível que está vedada ao homem por mais inteligente e sábio que seja o seu pensamento.

domingo, 13 de janeiro de 2019

A política "sem ética é uma vergonha"!



"A política sem risco é uma chatice, e sem ética é uma vergonha". 
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Eis, aqui, um conceito salutar.

Foi dito por Rui Rio, a terminar a sua alocução ao desafio lançado por Luís Montenegro para a disputa interna no Partido Social Democrata (PSD) de eleições directas para Presidente do partido, tendo como pano de fundo o facto de Rui Rio não ter sido capaz de se portar politicamente como força adversa para disputar as próximas eleições a António Costa.

A frase acima referida - atribuída a Sá Carneiro - é de facto, salutar, e assim devia fazer escola e só não o fez porque os homens públicos que têm tomado o poder ou lutam pela sua conquista, na prática dos dias a não usam, como é o caso de Rui Rio, Presidente do PSD, e em vez de ter afastado deputados que pediram a outros para marcarem a sua presença na Assembleia da República e, como tal, tenham recebido o respectivo pecúnio como se lá estivessem - mas estando ausentes - o tivesse feito em honra do conceito de que a política "sem ética é uma vergonha".

Disse Rui Rio ao citar aquela frase de Sá Carneiro, que se fosse para não cumprir o que ele disse, "A política sem risco é uma chatice, e sem ética é uma vergonha". não estaria a fazer "nada aqui"... mas manda a verdade dizer que ele assistiu a esta falta de ética e nada fez!

Por isso, vir agora, como ontem fez com palavras saudáveis de se lhe "tirar o chapéu" mas deixando sem punição os prevaricadores da sua bancada parlamentar na Assembleia da República, não se pode admitir, porque ao lembrar Sá Carneiro e aquelas suas palavras, não as levando à prática, este facto não abona a seu favor.

Assim como não abona o ataque pessoal a quem o desafiou politicamente, porque na política o ataque tem de ser politico, porque não o sendo é uma falta de respeito para com o próximo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

"Um trono é um tamborete de madeira forrado de seda"...



O grande desígnio do homem...



Assim, sim!


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in, Jornal online "Expresso" de 11/01/2019, com a devida vénia


Assim, sim!

O repto de Pedro Santana Lopes à união dos partidos da direita de espectro político para sacudirem do poder António Costa foi feito no segundo dia da Convenção "Europa e Liberdade", quando a finalizar a sua palestra em jeito de apresentação da ALIANÇA, o seu partido político recém formado, referiu aquele desejo.

Assim sim!

Nas próximas eleições o povo sabe - a corporizar-se o que Santana Lopes propõe - o que vai acontecer após as eleições, o que não aconteceu em 2015, porquanto António Costa escondeu do povo o que lhe ia na mente e fê-lo para se salvar politicamente a si mesmo, o que constituiu um logro ao eleitorado, que só por isso o devia castigar por se ter valido de uma arttimanha em conluio com os seus companheiros de aventura - BE + PCP + Verdes - para retirarem o poder a uma coligação devidamente estruturada encabeçada por Passos Coelho e Paulo Portas, "Portugal à Frente" (PaF)  que se viu apeada de constituir governo mercê daquele jogo de sombras montado por António Costa, que politicamente hei-de combater até ao fim dos meus dias.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A Raposa de o "Principezinho"



Não são os grandes livros em tamanho de folhas os que são melhores ou mais sábios, porque o "Principezinho" de Antoine Saint-Exupéry é o contraponto que podemos utilizar para fazer valer esta asserção, com os seus simbolismos espraiados pelo autor em personagens como: a serpente, a rosa, o adulto só e a raposa

Eis, um exemplo:
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E foi então que apareceu a raposa.

- Bom dia - disse a raposa.
- Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, que , olhando a sua volta, nada viu.
- Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - Tu es bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Vem brincar comigo - propôs ele. - Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.

 - Ah! desculpa - disse o principezinho.

Mas após refletir, acrescentou:
- O que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?
- Procuro homens - disse o pequeno príncipe. - Que quer dizer "cativar"?
- Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
- Não - disse o príncipe. - Eu procuro amigos. - Que quer dizer "cativar"?
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és nada para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E Não tenho necessidade de ti. E tu também não tem necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. Eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. - Existe uma flôr... eu creio que ela me cativou...
- É possível - disse a raposa. - Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra - disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse outro planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não
- Nada é perfeito - suspirou a raposa.
Mas a raposa retornou a seu raciocínio.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! -disse ela.
- Eu até gostaria -disse o principezinho -, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou -disse a raposa. __ Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- O que é preciso fazer? -perguntou o pequeno príncipe.
- É preciso ser paciente -respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. E te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
- Teria sido melhor se voltasses à mesma hora -disse a raposa. - Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração... É preciso que haja um ritual.
- Que é um "ritual"? -perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também -disse a raposa. - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, adoram um ritual. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira é então o dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu nunca teria férias!

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua -disse o principezinho. - Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis - disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse ele.
- Vou - disse a raposa.
- Então não terás ganho nada!
- Terei, sim - disse a raposa - por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Assim, compreenderá que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
- Sóis belas, mas vazias - continuou ele. - Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mas importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:
- Adeus... - disse ele.
- Adeus -disse a raposa.  - Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

- O essencial é invisível aos olhos -repetiu o principezinho, para não esquecer.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu ele, para não esquecer.
- Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para não esquecer.
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O "Principezinho" vive num planeta minúsculo, onde passa o tempo entre o cuidar dos três  vulcões e de uma rosa que abandona por causa da sua vaidade, como ele a catalogou e parte à descoberta, o que o levou a conhecer outros planetas até que alcança a Terra, para ele o mais estranho de todos.

E se, em todos encontrou o egoísmo, a Terra não foi excepção, onde viu os seus habitantes sempre apressados e sem saberem verdadeiramente que caminho seguir, até que, num lugar desértico conhece um aviador no "Sahará" e depois de ter conhecido tanta coisa, incluindo a palavra "cativar" decide voltar para o seu planeta à procura da sua flor.

Muito embora, no planeta Terra ele tenha conhecido o aviador de cujos conselhos gostou, travou conhecimento com a raposa com quem trava o diálogo acima transcrito e no qual há frases a reter: 
  • Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
  • O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração.
  • É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou.
  • Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.
  • Eu sou o responsável pela minha rosa.
Por fim e isto é o essencial em todas as frases trocadas com a raposa destaca-se, acima de tudo, a amizade e o amor, porquanto na vida nada faz sentido se ignorarmos estes dois preciosos sentimentos, sendo por isso, a principal mensagem deste famoso livro dar valor às verdadeiras amizades, sem as abandonar como o "Principezinho" fez com a flor - para quem voltou - por sentir a sua falta.

Eis, porque nos seus simbolismos o "Principezinho" é uma profunda lição de amor humano, a viver com o próximo.

O Peso do João




O Peso do João

Aconteceu ontem: 
dia vinte e seis de Janeiro, do ano
de mil novecentos e noventa e oito. 
Eram quatro horas da tarde.

Tinhas cinco meses e uns dias. 
A tua avó Lena vestiu-te a primor:
uma calcinhas com alças dobravam os teus ombritos 
e abotoavam à frente
sobre uma camisinha amarela-canário. 
Nos teus pézinhos calçou-te
uns sapatinhos acamurçados com debrum vermelho... 
e na cabeça,
tapando as tuas orelhinhas enfiou-te um barretinho amarelo
que condizia tão bem com o conjunto, 
que tu ficaste um brinquinho!
Depois disso, que demorou um tempo, 
a avó Lena abalou contigo
todo aconchegado na concha quente dos seus braços... 
e disse-me:

- Vou ali à Farmácia. Vou pesar o João e já volto - 
e saíu toda vaidosa! Pudera!

Olhei-te, quando saíste a porta. Ias muito contente...
 e gralhaste numa despedida,
como se me dissesses: - Vou ali e já volto, meu avô!
- Foi assim que entendi o sorriso do teu olhar -  naquilo que disseste...
Quando regressaste vinhas calado. 
Dormias serenamente o sono justo dos meninos...
Os teus olhitos vivos e quentes como duas brasas haviam cedido
à cadência dos passos compassado da tua avó... 
que demorou naquele passo uma eternidade!
No sono que dormias 
o teu corpito era um novelo que inchava mais o peito da tua avó,

Inchada, ainda, de um santo orgulho de te ter levado 
naquele passeio, pelo meio da tarde
e, também, pela notícia dos teus 

oito quilos, novecentos e quarenta gramas!

- está forte, o João - disse toda orgulhosa de ti - 
vê como está lindo este menino!
E eu vi-te melhor. 
Vi-te uma vez mais com estes olhos de avô que te amam muito
e, de facto, vi como estavas lindo, mais agora, 
que vinhas com as duas faces mais rosadas!...
Acompanhei-te, depois, até ao berço... 
e olhei-te, ainda, mais e mais... e rezei a Deus
para que o teu peso de hoje 
faça de ti num dia que há-de vir, um homem possante.

Um peso-pesado... mas, no meu pensamento - 
o que eu pedi a Deus - é que permitisse
que tu o fosses, não tanto na estatura física, 
mas no espírito, que é leve como uma pena
mas torna os homens assim, com peso perante a vida. 
Pesos-pesados na arte e na cultura
e em tudo o mais em que o homem se faz e se cumpre!

E, foi assim, que junto do teu berço, 
calado, mas falando de ti a Deus, que me lembrei
dos muitos pesos-pesados 
que têm passado pelo mundo e deixaram caminhos para andar.

Segue, João, por um deles...  faz tu mesmo o teu caminho!

Há - podes crer 
-  muitos caminhos para os homens inteiros... 
para os que são verticais!
E neste divagar, dei comigo a misturar pesos: 
o teu peso real de pessoa, no dia de hoje...
o teu peso, quando fores um homem, 
calcando com força as pedras do caminho!
Mas, sobretudo, dei comigo a pensar 
no peso espiritual da força que eu gostaria que tivesses!

No arreganho que é preciso para que sejas um homem inteiro...
e, foi, desta mistura de pesos... 
uns que o são e outro que o não é,
que estive, nem sei quanto tempo a olhar para o sono que dormias 
e te fazia mais bonito!

Deus queira, querido João, 
que durmas sempre assim: sereno por teres cumprido o teu dever.
E satisfeito por teres sido sempre um homem, 
aconteça o que acontecer... sempre com peso
nas decisões que é preciso ter nas muitas tarefas 
que vais certamente encontrar pelo caminho.

Com peso neste mundo tão precisado de pesos-pesados no saber!
Rezei assim, para que tal aconteça...
E vou continuar a rezar por ti enquanto tiver vida,
para que Deus - que é meu amigo - faça de ti, João
 - um peso-pesado - no mundo!

 26 de Janeiro de 1998