Não posso deixar de "tirar o meu chapéu" a estes dois homens inteligentes, cada qual à sua maneira, mas deixando perceber que à admiração de Einstein pelo famoso actor do cinema mudo, a resposta de Chaplin é um monumento à gratidão humana, o que prova à saciedade que estes dois homens são a "prova provada" que Deus teceu neles com a sua magnificência duas inteligências que souberam honrar a dádiva da Criação humana.
Daqui vejo um pedaço do mundo e se o vejo desajeitado, sofrendo a mágoa duma realidade melhor que desejei, estou consciente de não ter sido um destruidor assumido, embora admita a omissão de o não ter ajudado a erguer como devia, sugerindo estas afirmações que os dois modos contrários do meu agir reflectem a minha desatenção humana, dando-me a certeza que a ela só escapam os homens fadados para destinos superiores
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Dissertação sobre um pensamento de Òscar Wilde
Disse, Óscar Wilde:
Estou sempre a surpreender-me.
É a única coisa que faz com que a vida
valha a pena ser vivida.
Fico sempre a meditar nestas palavras do Poeta.
É que, de facto, é preciso,
por ser salutar
encontrar para cada dia um motivo novo,
ou seja, um novo meio de ver as coisas velhas.
É preciso que assim seja...
Não se pode é fazer da vida uma aventura parada
como se ela fosse o lago do alto da montanha
que espera sempre as chuvas de cada Inverno
para se renovar.
Não!
Não podemos ter esta atitude e, por isso,
é preciso que aprendamos a surpreendermo-nos,
inventado para cada dia ou para cada etapa
um modo diferente, algo que seja novo,
para que a nossa atitude vá ao encontro
dos planos de Deus que nos pede
que O ajudemos
a renovar todas as coisas.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
Se conseguires...
Se conseguires ser franco
sem fazer do modo prepotente como falas
uma arrogância,
mas tendo, pelo contrário, uma atitude leal
na maneira com expões, não a tua verdade,
mas aquela que dimana do senso comum,
és, podes crer, alguém que leva os outros
a olhar com admiração
para o teu exemplo de urbanidade.
É que, todo aquele que é franco
é como a luz que vai à frente e alumia a rectaguarda.
É por isso,
que há quem passe e deixe atrás de si uma aura
que é um misto de rectidão pessoal por amor à verdade,
onde está, implícito, um grande respeito pelo outro.
Crê, que é aqui que reside
- a falta de respeito pelo outro -
a quem nunca devemos enganar, faltando à verdade.
Há, pois, que ter a coragem de ser franco,
ou seja, leal para com o nosso próprio pensamento,
porque é por aqui – um
pouco em cada dia –
que a nossa alma caminha ao encontro de Deus
e a nossa consciência nos pede.
Sejamos, pois, francos e leais com os outros,
aos quais – se o não fizermos – ficamos a dever,
no mínimo,
no mínimo,
a urbanidade a que todos estamos sujeitos
nesta aventura de viver
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
Penso eu, que...
Penso eu, que António Costa tem de sentir algum desconforto pela tomada de posição dos partidos com quem "cozinhou" a "geringonça" para salvar a face, desprezando o "práxis" política que os caracteriza, ao ver o não reconhecimento de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, com o fim de provocar eleições livres, acabando com o governo ditatorial de Maduro.
Não se estranha, porque estes partidos são ditatoriais, o que se estranha é o facto de António Costa ter arranjado parceiros desta natureza ao aliar-se com eles, quando todo o bom senso político o não recomendava, mas o poder do mando toldou-lhe o bom entendimento das coisas, a ponto de lhes ter feito a vontade, revertendo políticas económicas como - a grande asneira - de acabar com as 40 horas semanais para as 35.
Só para dar um exemplo.
Só para dar um exemplo.
É por isso que sou um adversário político de António Costa, ressalvando o homem que tenho o dever de respeitar, mas muito longe de aceitar a sua diatribe de 2015, uma mancha escusada.
Mas como tudo nem sempre é mau, e há sempre um momento para recolocar em cima dos
carris o que de lá nunca devera ter saído, embora a reboque da União Europeia, Portugal reconheceu, hoje, Juan Guaidó, que longe de ter querido provocar uma Golpe de Estado, quis, simplesmente, provocar a queda de um ditador.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
Ano 2022: Portugal recebe as Jornadas Mundiais da Juventude
Papa Francisco: a próxima Jornada será em português!
Ao saudar os os fiéis e peregrinos de língua portuguesa
durante a Audiência Geral, o Papa recordou que a "próxima Jornada será em
português!", em referência a Lisboa, que acolherá o evento em 2022.
O Papa Francisco brincou com os fiéis e peregrinos de língua
portuguesa durante a Audiência Geral de 30 de janeiro. Ao saudá-los, recordou
que a "próxima Jornada será em português!", em referência a Lisboa,
que acolherá o evento em 2022.
"Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, particularmente
o grupo do Colégio São José de Coimbra. Queridos amigos, o mundo precisa de uma
Igreja jovem, alegre e acolhedora: renovemos o nosso compromisso para que as
nossas comunidades se convertam em lugares onde se faz a experiência do amor de
Deus, que não exclui a ninguém. E a próxima Jornada será em português! Que o
Senhor vos abençoe a todos!"
in, Rádio Vaticano
Já todos sabíamos.
Anunciadas no encerramento do encontro de jovens da Igreja Católica na cidade do Panamá, onde chegou no dia 23 de Janeiro de 2019 para presidir à 34ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude, hoje, dia 30 de Janeiro na Audiência Geral na cidade do Vaticano, à comunidade portuguesa fez questão de o recordar
Num Mundo a caminhar cheio de desencontros sociais e religiosos as Jornadas Mundiais da Juventude, um evento instituído pelo Papa, hoje, S. João Paulo II em 20 de Dezembro de 1985, desde então passou a reunir milhões de jovens de todo o Mundo que durante uma semana dão mais cor à Fé católica, construindo pontes de amizade e esperança entre povos e Continentes.
Deus dê saúde ao Papa Francisco - uma bênção de Deus para o tempo que passa - para que Portugal o possa receber no ano de 2022.
Faz, pois, de Jesus a tua estrela...
Não te esqueças disto:
A tua luta deixará de ser justa e eficaz
quando deixar de ser
uma causa de amor arreigada em Jesus,
que travou com os homens do seu tempo
uma luta assim... uma luta de amor, pela causa justa
de todos os homens.
Faz, pois, de Jesus a tua estrela
em cada uma das lutas que fores chamado a travar
no cumprimento do teu destino.
Age com coragem.
É preciso transformar o mundo que temos
numa nova terra, pondo nela os homens novos
que têm de renascer das cinzas dos passos mal dados.
Ama-os a todos.
Pois, quantas vezes, os passos mal dados
não são por se viver em cima de coisas velhas
que não são destinos,
nem rotas onde se possam cumprir
os altos destinos dos homens, chamados à vida
para construírem a Cidade de Deus.
Faz, por isso, que em cada um dos teus dias
esteja sempre presente a estrela tutelar de Jesus,
pois sem Ele, a justiça neste mundo
é sempre uma miragem e uma ilusão maior.
Agarra, Jesus,
para que a tua luta de amor pelo mundo novo
que é preciso construir
seja um marco à beira do teu caminho.
A nossa Democracia está doente!
https://www.sapo.pt/ de 30 de Janeiro de 2019
...................................................
A nossa Democracia está doente, a necessitar de uma transfusão de sangue novo que lhe dê uma vida nova.
- Crimes económicos que prescrevem, como e porquê?
- Será verdade que o Parlamento agora que se sente a necessidade de uma nova "Comissão de Inquérito" à Caixa Geral de Depósitos, como diz o Jornal "ECO" vai receber um "relatório inútil da CGD"?
- Mas por que não chegou ele em tempo oportuno?
E não me pergunto mais porque preciso de defender a minha sanidade mental.
Que longe estás minha bela madrugada de 25 de Abril de 1974, quando um amigo meu me despertou para me avisar de "um tempo novo" que ia "acabar com o regime velho" e que passei a minha juventude e adolescência.
Valeu a pena?
Valeu.
Mas, infelizmente, faleceram os homens que corporizaram aquela bela madrugada e os que lhe sucederam - com as excepções honrosas - não a souberam honrar, pelos muitos desvios do caminho que o Sol daquela antiga madrugada encheu de um esplendor novo, mercê da corrupção de valores.
Não gosto de escrever sobre isto.
Sinto pena do meu velho Portugal, pobre é verdade - que desde 1820, podendo ter sido mais melhor - também naquele tempo não soube responder a um "tempo novo" que se abriu, e por isso, mergulhou, desde então em tantas crises de regime de que o Estado Novo que muitos pensam ter sido a sanidade de todos os nossos males, não o foi seguramente, a ponto de ter sido derrubado para dar lugar a actual Democracia, que penso, hoje, bem podia ter sido mais bem aproveitada.
E não estar doente...
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Parábola dos servos inúteis
Parábola dos servos inúteis
Sobre a prática da caridade
Texto do
Evangelho de S. Lucas 17, 7-10
Qual de vós,
tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo:
chega-te já, e reclina-te à mesa? Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e
cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e
beberás? Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos
servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
Para a
vaidade humana esta parábola é difícil de aceitar, se na sua interpretação
entrarem apenas julgamentos sumários despidos dos conceitos que estão, apenas,
na esfera de Deus.
- Somos
servos inúteis?
A parte
humana do ser que somos não deixa de ficar intrigada com esta asserção dita tão
categoricamente, e logo à primeira reflexão põe-se em desacordo, donde é
preciso fazer uma chamada àquilo que em cada um de nós tem reflexos do amor
divino.
Deus não
usa o homem, para no momento seguinte ao serviço prestado o descartar como este
configurasse uma inutilidade, porque o que está dito, passa por uma chamada
clara – é verdade – da subordinação do homem à divindade.
Tal como
aquele que serve não faz qualquer favor, pelo facto de ter desempenhado uma
missão que lhe estava confiada, de igual modo o homem nunca deve julgar-se
credor de Deus no momento em que, conscientemente, cumpre uma qualquer
obrigação nesta empresa que nos liga a Ele e através d’Ele a todos os homens.
Cumprimos,
simplesmente, a nossa missão.
É um dos
deveres que temos de respeitar nas relações com Deus, tomando depois de cumprir
o que se impõe, uma atitude de humildade perante a divindade e, até, para com
aquele a quem a nossa acção foi útil, não se ficando à espera de qualquer favor
de Deus nem de uma qualquer recompensa pelo serviço praticado.
Na sua
mais íntima essência o homem está orientado para Deus, mas só O atingirá em
plenitude quando a sua atitude tiver a humildade de reconhecer o pequeníssimo
grão de areia que ele é, em face do seu Criador. O servo inútil é, pois, alguém
que leva a vida a praticar por amor ao próximo e a Deus, acções concretas de
bens praticados e, após eles se apaga como se fosse uma vela que encheu a casa
de luz e ao apagar-se, parece – sem o ser – uma inutilidade.
Cumpriu o
seu dever e inutilizou-se, apagando-se.
É este o
sentido da parábola.
Feito por
amor a Deus um qualquer serviço a favor do outro, o prestador deve remeter-se a
um religioso recato, como que inutilizando-se, ou seja, passar despercebido, como se nada tivesse feito.
Fez-se,
apenas, o que devia ser feito.
Deus não
quer que o homem se ensoberbeça pelo serviço que pratica em prol da comunidade
ou do outro, porque fazendo-o por amor d’Ele, não pode existir qualquer
obrigação recompensatória traduzida em benesses de se alcançar uma qualquer
felicidade desejada de fortuna ou cargo social.
A
doutrina evangélica condena esta postura.
Na
humildade da sua condição o homem caminha para se atingir a si mesmo e isto só
acontece quando o seu ser imperfeito se confunde com a divindade que trabalha
dentro dele, devendo por isso, superar-se, julgando a sua inutilidade perante
Deus como a maior utilidade que deve ter em todos os serviços que venha a
praticar.
É ponto
assente que em consequência das acções menos conseguidas, da altivez, da
toleima e da contumácia, o homem insubmisso entende mal a sua subordinação a
Deus e lhe parece uma ofensa da divindade o chamamento de inútil que lhe
é dado, algo que a sua farronca não pode
aceitar pelo facto dele, arrogantemente, julgar que pode pedir contas a Deus.
Mas Jesus
sabia do que falava e, sobretudo, para quem falava, precisamente, para os seus
discípulos a quem competia continuar a Mensagem que Ele trazia da parte do Pai
e deveria pautar-se pela assunção plena e radical da humildade do homem perante
Deus, mas que não fosse feita de uma subordinação humilhante com a perda da
autonomia e da liberdade, mas de uma subordinação humílima, autónoma e em tudo
no pleno uso da sua liberdade pessoal.
O que
está em causa é a assunção deste dom.
Jesus foi
bem claro na resposta que deu aos filhos de Zebedeu, Tiago e João que eram seus
apóstolos, quando estes, talvez pensando nos bons serviços que prestavam e
sentindo-se merecedores de um beneplácito especial pediram que estando o Mestre
na Sua glória, sentasse um à sua direita e outro à sua esquerda.
Conta S.
Marcos que Jesus chamou-os para junto de si e
disse-lhes: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios,
deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem
autoridade. Mas entre vós não será
assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que
vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos(...) (1)
Como a parábola
dos servos inúteis foi contada aos próprios discípulos, onde estavam Tiago e João,
entende-se que eles, lembrando-se do pedido feito, compreenderam pela voz do
Mestre o sentido daquelas palavras, incompreensíveis, apenas, para os homens
cheios de si mesmos.
(1)- Mc 10, 42-45
domingo, 27 de janeiro de 2019
"O bom samaritano
Parábola do Bom Samaritano
Sobre o messianismo de
Jesus
Texto do Evangelho de S. Lucas 10, 30-37
Um homem
descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram
e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente, descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também
um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que
ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro
e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando
voltar.
Qual, pois, destes três te parece ter sido o
próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de
misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faz tu o mesmo.
É uma das parábolas mais conhecidas.
Encerra,
para além da atitude de ordem sobrenatural, uma lindíssima e comovente história
de solidariedade humana.
Geograficamente
existe um acentuado desnível entre Jerusalém (750 m . acima do nível do mar)
e Jericó (390m. abaixo). A localização desta cidade herodiana desde sempre
permitiu que fosse conhecida pela sua vegetação luxuriante e afamada como a cidade das palmeiras. Nela
morreu Herodes, o Grande, que a visitava amiudadas vezes.
A ligar
as duas cidades existia uma estrada com cerca de 25 km comprimento, onde era hábito acoitarem-se salteadores,
na procura de interceptar os caminhantes na mira de os espoliar de bens. Jesus
sabia desta realidade maléfica que punha bem longe dos corações criminosos o
amor ao próximo, que deixava de ter direitos de cidadania naquela estrada.
Na
sequência do que havia sido profetizado, Jesus anunciou, definitivamente, o
Juízo Final, onde a culpa do homem esquecido das graças oferecidas seria
castigada, donde toda a atitude havida em relação ao próximo haveria de por a
descoberto a aceitação ou a recusa de Deus.
Aquele
doutor da Lei que S. Lucas refere, ao perguntar-lhe: Mestre que hei-de fazer para possuir a vida eterna?(1),
sendo como é crível da escola de Gamaliel (2) sabia
que os sete últimos Mandamentos da Lei de Deus se referiam no amor que era devido
ao próximo e desse modo respondeu acertadamente à pergunta de Jesus sobre o que
estava escrito na Lei.
É então
que Jesus conta a história em forma de parábola de um homem que descia de Jerusalém a Jericó, tendo sido vítima de um assalto, a ponto dos malfeitores o terem
deixado meio morto.
Um
sacerdote que vinha pelo mesmo
caminho, olhou a cena e o estado
em que ficara o infeliz caminhante e fez vistas largas, possivelmente transido
de medo não fosse, também ser assaltado e espancado.
O levita (3) que casualmente passou a seguir teve o mesmo procedimento de abandono, sem ter
parado um momento que fosse.Viu-o, e
passou de largo, não fossem pensar os outros
meliantes que se dispunha a ajudá-lo, por isso fez vista grossa.
Mas um
homem de Samaria que passou depois de tudo isto, ao ver o estado em que se
encontrava o agredido, encheu-se de
compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
E fez
mais.
Teve o cuidado
de pagar a hospedagem e dizer cheio de amor ao hospedeiro: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to
pagarei quando voltar. Aquele bom samaritano ia de
viagem e, porque, certamente, teria algum assunto que não podia ser retardado
teve a precaução de pagar a quem tratasse o ferido e ajuntar a seguinte
recomendação: e tudo o que
gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
Quando
terminou o ocorrido na estrada que levava de Jerusalém a Jericó, Jesus num
ímpeto de argúcia fez ao doutor da Lei a pergunta fundamental:
Qual destes
três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos
salteadores? ao que o interrogado
respondeu, dizendo: o que usou
de misericórdia para com ele.
E
respondeu bem.
Vai e faz
tu, também, do mesmo modo – despediu-o, Jesus.
Sobre o
tema do próximo o Concílio Vaticano II teceu a seguinte consideração, que é um alerta
para os homens de hoje, cujos afãs quotidianos nem sempre deixam margem para
pensar no amor que nos deve merecer o outro: o Concilio recomenda a reverência para com o homem, de maneira que cada um
deve considerar o próximo, sem excepção, como um “outro eu”(...)(4)
É esse “outro eu ”a que
Jesus se referiu ao responder a um dos fariseus, após lhes ter constado que Ele
tinha calado os saduceus, pensando que O embaraçavam sobre qual era o maior dos
mandamentos: Mestre, qual
é o grande mandamento na lei?
Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este,
é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda
a lei e os profetas.(5)
Esta
parábola do amor que é devido ao outro, resume-se, finalmente no grande
ensinamento do Mestre: Tudo quanto
quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho, de igual modo, vós também.(6)
O encontro
com o próximo é um dos que maiores consequências produz e, ao mesmo tempo, um
dos mais inevitáveis. O “eu” está ordenado para o “tu” da comunidade. (7)
O eu e o tu tendem, deste modo, a ser
o “outro eu” vendo-se o próximo com o amor como nos vemos a nós mesmos.
O
samaritano da parábola foi um fiel intérprete deste sentimento.
(1) - Lc
10, 25
[(2)- Gamaliel é conhecido na história como um dos melhores professores da Lei que orientava
o povo de Israel. Era um homem temente a Deus. Foi professor de Paulo. Ele não
era fechado nos seus conceitos como muitos outros "doutores da lei",
mas sempre se mostrou aberto ao diálogo e tinha capacidade de perceber a
verdade que está nas pessoas com pensamentos e tradições diferentes
(3)- O
levita era um membro da tribo de Levi, entre os hebreus. Levi foi o terceiro
filho de Jacob e de Lia. Nos seus descendentes foi perpetuado o sacerdócio de
Israel.
(4) -
GS, nº 27-
(5) - Mt
22, 36-40
(6)- Mt
7,12
(7) -
in, A Essência do Cristianismo, de Michael Schmaus
Corpo e Alma
O grande erro da filosofia materialista
profundamente ateia,
é que, ao negar à alma
a sua realidade independente
lhe tira toda a grandeza de ser a par do corpo,
a parceira mais íntima da aventura da vida.
Corpo e alma, no entanto, completam-se.
Enquanto o corpo é a caixa de ressonância
dos gritos da alma,
esta, conta e sente os aleluias das conquistas do corpo,
enquanto agente físico que gera as vitórias
sobre os pântanos de que é fértil o mundo.
Assim, se o corpo não pede aquilo que o espírito
lhe pode dar,
é não entender que sendo ele ilimitado
pelo poder da Graça,
se renuncia ao que de mais profundo
existe no Mistério da vida
que Deus deu a todos os homens.
Querer, pois, que a matéria conduza a vida
sem olhar ao espírito, que é uma ave que voa
pelo céu da vida, num looping
sobrenatural
da alma humana,
que é por vontade divina, quem dá carácter e consciência
às atitudes altruístas dos homens
é reduzi-los à massa fria da soma dos corpos
que um dia, irremediavelmente,
se hão-de perder na poeira do nada
deixando famintas de luz as almas que os habitaram
por nunca terem cumprido a vontade
d’Aquele que desde o princípio
lhe impôs o selo da imortalidade.
sábado, 26 de janeiro de 2019
"Eloquência do silêncio".
Cónego Rui Osório
A oração é uma lenta e serena aprendizagem do silêncio, na
aproximação possível do profundo e insondável mistério de Deus, em comunhão
fraterna com todas as suas criaturas. Nunca rezei tanto como em graves momentos
de sofrimento com um único objetivo: estar na intimidade de Deus na vida
presente como na futura, no tempo como na eternidade, e ter a alegria da
companhia de todos os eleitos, os santos, meus irmãos, para interpretarmos em
coro a celestial a sinfonia divina. Contemplativo na ação e ativo na contemplação,
sei distinguir no possível a súplica da ação de graças e o louvor da adoração.
Limito-me a balbuciar palavras doces de amor até à
eloquência do silêncio. Calado, o mais calado possível, sei que Deus me conhece
até ao íntimo e abandono-me ao seu carinho de Pai, com a ajuda possível da Mãe
do seu Filho e nossa Mãe que me recebe no seu colo maternal e me aquieta o
coração. Desculpem-me, estou em silêncio e nunca tão ouvinte do que me dizem os
meus interlocutores como de quem me quiser ouvir o que melhor tenho para lhes
dizer, saudáveis ou doentes. Apenas e só uma coisa muito simples e muito
verdadeira: sejam felizes e semeiem felicidade a rodos. Rezar é também estar na
companhia fraterna e amiga com todos os homens e mulheres, e com a opção
preferencial pelos mais frágeis e mais padecentes.
Não há desculpa possível para ser egoísta na dor. A dor é
para pôr em comum com quem sofre no corpo ou no espírito. Quem não sabe
partilhar com sabedoria e delicadeza a dor perde uma boa ocasião para ajudar os
outros a serem mais felizes. Detesto a patologia obsessiva da dor, o dolorismo,
e a resignação de quem, vencido ou derrotado, já desistiu de combater até à
exaustão os males dolorosos quaisquer que sejam, reversíveis ou irreversíveis.
Meia cura ou mais está em quem sofre e tudo espera para se libertar da
ignomínia do sofrimento, que, mesmo assim, se for real, é para combater e
jamais para ser perdido como prova de vida que germina na semente da terra
húmida e cálida com a esperança de vida nova à luz do Sol ou como a criança que
sonha no seio materno com a beleza do que será a sua vida à luz do dia e para
longo futuro. Outos agentes, absolutamente obrigatórios, são o pessoal de saúde
e a sua suposta e desejada competência
No resto e é tudo, seja a vontade de Deus, o único que nos
leva a cantar o hino da vida para além das agruras da morte. Sou homem de
palavra, oral ou escrita. Pouco mais sei do que comunicar e ouvir as respostas
possíveis às mensagens. Quem me dera voltar ao normal, Mas ainda não me é
possível, nem sei quando. Até lá, garanto-vos, estou na eloquência do silêncio,
aprendendo o essencial para mim, para vós, queridos leitores, e, como só
desejo, para Deus, até que Ele seja tudo em todos.
Até breve!
...........................................................
Porto, 31 mai 2018 (Ecclesia) – O cónego Rui Osório, da
Diocese do Porto, faleceu hoje aos 77 anos de idade, na cidade nortenha.
O corpo sacerdote e jornalista vai ser trasladado para a Sé
do Porto, esta sexta-feira; a Missa exequial tem início marcado para as 15h00,
sob presidência do bispo diocesano, D. Manuel Linda, seguindo o funeral para a
freguesia do Olival.
“Foi Diretor Espiritual da Legião de Maria, Director do
Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais até 2003 e Pároco de São João
da Foz. Dedicou grande parte da sua vida ao jornalismo, sendo fundador do
Jornal Voz Portucalense, colaborador do Jornal de Notícias e da Rádio
Renascença”, refere a Diocese do Porto, em comunicado.
O presidente da República Portuguesa publicou uma mensagem
de condolências, lamentando a morte de um “amigo”.
“Homem da Igreja e do Jornalismo, com uma carreira de
décadas no Jornal de Notícias e na Rádio Renascença, fundador da Voz
Portucalense, o padre Rui Osório, desde há muito um amigo pessoal, foi também
um combatente pela Liberdade, discípulo de D. António Ferreira Gomes,
perseguido pela Polícia Política antes do 25 de Abril”, refere o texto
divulgado pela Presidência da República.
“No livro ‘O Senhor escreva connosco’, por ocasião do 50.º
aniversário da sua ordenação, agradeceu ao Espírito Santo o dom da Comunicação;
um dom que pôs ao serviço do bem comum e que fica na memória dos seus leitores
e ouvintes, dos paroquianos da Foz Velha, dos amigos”, acrescenta Marcelo
Rebelo de Sousa.
Ordenado sacerdote em 1964, Rui Osório de Castro Alves
desempenhou várias funções no ‘Jornal de Notícias’, tendo recusado os convites
para ser diretor de vários jornais por solicitação de D. António Ferreira
Gomes.
Natural de Vila Nova de Gaia (Diocese do Porto), onde nasceu
a 27 de outubro de 1940, o cónego Rui Osório deixou a sua marca na área da
comunicação social; era ainda pároco da Foz do Douro, assistente Diocesano da
Ação Católica Rural (ACR) e membro do Cabido da Catedral do Porto.
O diretor da Agência ECCLESIA, Paulo Rocha, evoca Rui Osório
como “um defensor da verdade”, enquanto padre e jornalista”, que “deu ao
jornalismo o sentido da missão e à Igreja Católica o rigor e seriedade na
abordagem das várias problemáticas”.
“Homem do Norte, sempre defendeu as suas gentes e as causas
da região. Voz na Renascença e palavra
no jornal Voz Portucalense e no Jornal de Notícias até há poucas
semanas, o padre Rui Osório foi um mestre no jornalismo e na promoção dos
jornalistas, referência no jornalismo de temática religiosa e amigo dos que
partilham projetos de comunicação. O seu
modo de fazer, de estar e ser permanecem como referência nos ambientes
informativos e crentes”, conclui.
OC
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Todos nascemos para ser pessoas importantes!
Se sentes que o teu destino foi talhado
para fazer de ti uma “montanha humana”,
sê fiel à tua sorte e cumpre-a,
mas sempre, com a humildade de que fores capaz.
Se, porém,
sentes que a tua humanidade se cinge a um “vale”
sem ter sonhos de altura,
sê do mesmo modo fiel ao teu destino, porque Deus,
pesa todos os homens na mesma balança
e a todos quer equilibrados nos dons que lhes deu.
Sê, pois, um “vale humano”,
e planta nele todas as flores que puderes,
e que sejam sempre flores de paz.
E atenta nisto:
Apesar do equilíbrio como Deus quer todos os homens,
não te esqueças que hão-de haver sempre
os que sobem alto e se sentem “montanhas”
sem contudo, deixar que nos seus píncaros
floresçam flores iguais
às que tu plantas no "vale humano"
que és!
Por isso, aprende que o mais importante é ser.
Deus é que sabe de nós,
sejamos “montanhas” ou “vales humanos”,
desde que no plano da humanidade
saibamos ser grandes ou pequenos,
leões ou formigas,
se tivermos dos nossos destinos
a noção exacta daquilo que nos é pedido
na concertação do mundo.
É isto o mais importante.
Cumpramos, pois, os nosso destinos,
na certeza, que nascemos para que na balança de Deus
todos tenhamos o equilíbrio de viver,
para podermos ser pessoas importantes!
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