Papa: "Acusar alguém por inveja é veneno mortal"
“Pode acontecer que a
forte inveja pela bondade ou pelas boas ações de alguém leve uma pessoa a
acusar falsamente outra. Este é o verdadeiro veneno mortal: a malícia
premeditada que destrói a boa fama do outro”.
Diante da Praça São Pedro completamente tomada por fiéis,
romanos e turistas, o Papa Francisco fez a sua reflexão deste domingo (10/06)
comentando o Evangelho de Marcos. Como explicou, a liturgia do dia apresenta
dois tipos de incompreensão que Jesus enfrentou: a dos escribas e a de seus
próprios familiares, uma “advertência para todos nós”.
A tentação de falar mal do outro
“Deus nos liberte
desta terrível tentação... e se examinando nossa consciência, percebermos que
esta semente maligna esta germinando dentro de nós, corramos a confessá-lo no
sacramento da Penitência, antes que cresça e produza efeitos ruins. Isso é
incurável”.
Francisco recordou que os escribas eram homens instruídos na
lei e nas Sagradas Escrituras e encarregados de explicá-las ao povo. Alguns
deles foram enviados à Galileia, onde a fama de Jesus começava a se alastrar,
“para desacreditá-lo, serem fofoqueiros e destruí-lo”.
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Estas palavras do Papa Francisco no passado Domingo - para além do que ele disse - tiveram o condão de levar a minha mente até ao episódio acontecido com José, o filho de Jacó, e a acusação libidinosa que lhe moveu a mulher de Putifar, o chefe da guarda da faraó egípcio.
Vem isto relatado no Cap. 39, 1-20 do Génesis e diz assim:
José foi conduzido ao Egito, e Putifar, um oficial
egípcio do faraó, chefe da guarda, comprou-o aos ismaelitas que o levavam. O
Senhor estava com José, e tudo lhe prosperava. Morava na casa do seu senhor, o
egípcio. Seu senhor viu que o Senhor estava com ele e lhe fazia prosperar
tudo o que empreendia.
José conquistou a simpatia do seu senhor, que o
empregou ao seu serviço, pondo-o à testa de sua casa e confiando-lhe todos os
seus bens. Desde o momento em que José tomou o governo de sua casa e de todos
os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio, por causa de José: a bênção
do Senhor desceu sobre tudo o que lhe pertencia, na casa como nos campos. Ele
entregou todos os seus negócios a José, sem mais se preocupar de coisa alguma,
exceto do que se alimentava.
Ora, José era belo de corpo e de rosto. E
aconteceu, depois de tudo isto, que a mulher de seu senhor lançou seus olhos em
José e disse-lhe: “Dorme comigo.” Mas ele recusou: “Meu senhor, disse-lhe
ele, não me pede conta alguma do que se faz na casa, e confiou-me todos os seus
bens. Não há maior do que eu nesta casa; ele nada me interdisse, exceto tu,
que és sua mulher.
Como poderia eu cometer um tão grande crime e pecar contra
Deus?” Em vão se esforçava ela todos os dias, falando a José; ele não
consentia em dormir com ela e unir-se a ela. Certo dia, tendo ele entrado na
casa para fazer seus serviços, e não se encontrando ali ninguém da casa, 1ela
segurou-o pelo manto, dizendo: “Dorme comigo!”
Mas José, largando-lhe o manto
nas mãos, fugiu. Vendo a mulher que ele lhe tinha deixado o manto nas mãos e
fugido, chamou a gente de sua casa e disse-lhes: “Vede: trouxeram-nos este
hebreu para a casa a fim de que ele abuse de nós. Este homem veio-me procurar para
dormir comigo, mas eu gritei.
E vendo que eu me punha a gritar, deixou seu
manto ao meu lado e fugiu.” E guardou junto de si as vestes de José até a
volta de seu senhor. E fez-lhe a mesma narrativa: “O escravo hebreu, disse
ela, que nos trouxeste, veio à minha procura para abusar de mim. Mas,
pondo-me a gritar, deixou o seu manto ao meu lado e fugiu.”
Ao ouvir isto de
sua mulher, contando-lhe como se tinha comportado com ela o seu servo, ele
enfureceu-se e lançou José na prisão.
"A tentação de falar mal do outro" - como se infere deste velho texto bíblico - é, pois, muito antiga e um dos males maiores que se podem cometer contra o nosso semelhante e sem que se possa adivinhar se este facto da mulher de Putifar estava na cabeça do Papa Francisco no passado dia 10 de Junho, porque ele comentava S. Marcos, este episódio é revelador da maldade humana, um flagelo que pesa sobre a nossa fragilidade.
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