Pesquisar neste blogue

domingo, 9 de março de 2014

Mas... a culpa... foi da Europa!



Jornal "O António Maria" de 7 de Setembro de 1882


Já se esperava o dito de Francisco Assis, relatado pelo jornal "i" desta data:
Sócrates fez tudo “aquilo que naqueles momento se impunha”, mas não se esperava a afirmação de se deverem culpas à Europa na quase falta de liquidez que nos aconteceu, tomando todos os portugueses por indiferentes à causa pública, ou  - o que é pior - desmiolados. Eu faço a justiça de haver, na pré-bancarrota de 2011, culpas da Europa, mas não posso aceitar a inverdade, o lavamento da culpa de Sócrates e do próprio Francisco Assis, que ao tempo do governo era o líder parlamentar da bancada do PS no Parlamento Português.

Faz pena ver a conquista dos votos - do próximo dia 25 de Maio -  roubar a lucidez a homens inteligentes, contrapondo-lhes uma outra espécie de lucidez chamada orgulhosa, pelo facto de não assumirem os seus próprios erros, quando deviam equilibrar a balança com o máximo de felicidade a que todos temos direito, mas também, com o máximo da lucidez.

Sobre isto, vale a pena ler este excerto de André Compte-Sponville, in, "A Felicidade, Desesperadamente":  O que é a sabedoria? É a felicidade na verdade, ou «a alegria que nasce da verdade». Esta é a expressão que Santo Agostinho utiliza para definir a beatitude, a vida verdadeiramente feliz, em oposição ás nossas pequenas felicidades, sempre mais ou menos factícias ou ilusórias. Sou sensível ao facto de que é a mesma palavra beatitude que Espinoza retomará, bem mais tarde, para designar a felicidade do sábio, a felicidade que não é a recompensa da virtude mas a própria virtude... a beatitude é a felicidade do sábio, em oposição às felicidades que nós, que não somos sábios, conhecemos comumente, ou, digamos, às nossas aparências de felicidade, que às vezes são alimentadas por drogas ou álcoois, muitas vezes por ilusões, diversão ou má-fé. Pequenas mentiras, pequenos derivativos, remedinhos, estimulantezinhos... não sejamos severos demais. Nem sempre podemos dispensá-los. Mas a sabedoria é outra coisa. A sabedoria seria a felicidade na verdade.
 A sabedoria? É uma felicidade verdadeira ou uma verdade feliz. Não façamos disso um absoluto, porém. Podemos ser mais ou menos sábios, do mesmo modo que podemos ser mais ou menos loucos. Digamos que a sabedoria aponta para uma direcção: a do máximo de felicidade no máximo de lucidez.

Não, Francisco Assis.
Não vale - não deviam valer, como pretende, na caça que quer fazer aos incautos - pequenas mentiras, pequenos derivativos. remedinhos, estimulantezinhos... porque, esteve lá, na bancada a ver e a aprovar com o seu voto as medidas megalómanas de José Sócrates, num tempo que já impunha contenção e se continuou a abrir os cordões a uma bolsa vazia, levando-a à vergonha de a encher com dinheiro emprestado e, que agora, vamos pagar - uns poucos de nós, porque estamos velhos - deixando o sabor amargo do que nos cumpre pagar para os nossos filhos e para os nossos netos.

Esta, é a lucidez da verdade!

Na linha do que afirma o Presidente da República, temos problemas na próxima vintena de anos - no mínimo - porque, "estamos vendidos" ao capital que importamos para não afundarmos o País.


Sem comentários:

Enviar um comentário