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domingo, 8 de janeiro de 2017

Epifania do Senhor - Ano A - 8 de Janeiro de 2017


Evangelho do Dia

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
 (Mt 2, 1-12)
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Quem eram e donde vieram os Reis Magos?

Diz uma tradição muito antiga que os três seriam astrónomos da Babilónia e uma outra que eram sacerdotes ou conselheiros de Zaratustra da Pérsia e que a lenda ´popular transformou em reis, sendo Melchior, rei da Pérsia, Gaspar, rei da Índia e Baltazar, rei da Arábia e que a Igreja Católica 800 anos após o nascimento de Jesus elevou à categoria de Santos.

Mas destas duas suposições, crê-se como a mais correcta deles seres astrónomos, pelo facto dos três terem observado uma estrela incomum e movidos pela curiosidade seguiram-na até ao local onde Jesus havia nascido, tendo ali chegado na noite do dia 6 de Janeiro tendo cada um deles feito oferta do que levavam ao Menino Jesus, ouro, incenso e mirra, simbolizando o ouro a realeza do Menino que nascera, o incenso a sua Natureza Divina, dado que era usado nas preces dirigidas a Deus,  e a mirra, como sinal da imortalidade e de profecia pela morte violenta que aquele Menino, feito Homem, iria sofrer, por ser usada na preparação dos  cadáveres de gente importante, com o propósito de os conservar infinitamente.

A Igreja preserva o culto dos Reis Magos - assim considerados no III século pelo facto deles representarem a obediência divina - sendo imagem de todos os homens que caminham para o encontro com Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, para os advertir para os sinais que Deus envia à vida de cada um, não esquecendo que os Magos caminharam impulsionados pelo sinal daquela estrela diferente das outras no brilho e na intenção divina que o Céu lhes deu.

sábado, 7 de janeiro de 2017

"In Memoriam" de Mário Soares (1924-2017)


Morreu hoje Mário Soares.
Paz à sua alma.


Curvo-me respeitosamente ante a sua memória, porque não esqueço que a ele se deve Portugal não ter sido em 1975 um satélite comunista, dada a sua determinação logo nos alvores da Revolução de 25 de Abril de 1974 e a partir do segundo 1º de Maio de 1975, onde as águas se começaram a apartar entre a Democracia e a Liberdade plural e a Ditadura de Moscovo onde a liberdade só existia para os escolhidos.

Como todos os grandes vultos da História dos povos, Mário Soares deixa uma marca indelével, mesmo nos momentos dos seus últimos anos de vida política, onde pelas suas intervenções públicas houve quem sentisse que poderia ter evitado algumas delas - como a do dia 30 de Maio na Aula Magna - mas sem pensarem que Mário Soares não era homem para calar o que lhe ia na alma, doesse a quem doesse, e isso, quanto a mim reverte a favor do homem que ele foi.

Estou a referir-me ao facto de ter sido um político controverso, ou seja, moldou-se quando foi preciso para "levar a água ao seu moinho", tendo em mente a liberdade conquistada - e  por isso, num dado momento "meteu o socialismo na gaveta" e foi inflexível para os seus adversários políticos quando lhe pareceu que sê-lo era uma mais valia para defesa do socialismo democrático que lhe encheu a vida.

Para lembrar - e para guardar - fica aqui o texto completo do seu discurso na Fonte Luminosa da cidade de Lisboa, onde de uma vez por todas Mário Soares se agigantou contra a cúpula de paranóicos, como ele apelidou a direcção do Partido Comunista Português (PCP) e do mesmo modo a cúpula dos dirigentes da Intersindical, - a agremiação dos Sindicatos conotados com o PCP - pelo facto de estarem a tentar torcer - a favor de uma ditadura comunista - a liberdade que fora conquistada, ou seja, depois de termos derrubado uma ditadura desejavam que o povo ficasse debaixo da alçada de uma outra ditadura, apenas de sinal político contrário.


 DISCURSO DE MÁRIO SOARES NO COMÍCIO DO PS NA FONTE LUMINOSA
EM 19 DE JULHO DE 1975
  
AQUILO QUE A CÚPULA DEMANTADA DO PCP E OS IRRESPONSÁVEIS
DA INTERSINDICAL QUERIAM NÃO FOI POSSÍVEL

«O dia de hoje foi um dia grave na história do nosso povo. Depois de uma campanha alarmista de boatos sem precedentes, de uma ‘intentona’ artificial, de uma falsa conjura com intenção de enganar o povo; depois disso, organizaram-se barreiras para impedir que o povo dos arredores de Lisboa, deputações do povo de Portugal viesse aqui manifestar-se livremente, em favor da liberdade, da democracia, do socialismo. Os responsáveis pela ‘intentona’ monstruosa têm de responder perante o povo português. Não pode impunemente provocar-se e mentir-se ao povo português. Dividir as massas trabalhadoras com uma campanha de falsos boatos, pôr em perigo a nossa revolução. Onde esteve no dia de hoje, aqui nesta praça, a contra-revolução? A verdade é que a contra-revolução estava nas barragens organizadas pelos energúmenos, agitadores e arruaceiros para impedir que o povo de Portugal se manifestasse e dissesse qual era a sua vontade.

É uma cúpula de paranóicos, a direcção do PCP. É uma cúpula de irresponsáveis a dos dirigentes da Intersindical, que não representam o povo português. E as Forças Armadas, dando cobertura a esses irresponsáveis, indo acreditar que havia uma marcha sobre Lisboa, que nunca existiu – que só existiu na cabeça desses paranóicos – constituíram também graves responsabilidades.

Eu explico ao MFA porque é que o comportamento deles, aqui em Lisboa, foi responsável e mal feito, aos nossos olhos.

No Porto, os energúmenos da Direcção da Organização Regional do Norte do PCP também deram ordens para paralisar a cidade do Porto, para que o comércio fechasse, os transportes não funcionassem, para cortar árvores e as lançar nas estradas a fim de impedir os acessos ao Porto. Mas como aí eles não foram protegidos por tropa, essas barragens não resistiram, e ninguém seguiu as palavras de ordem deles.

Ontem, no Porto, 31 direcções de sindicatos deram ordem para parar a vida da cidade, mas nada parou, ninguém obedeceu. Aqui em Lisboa, se as barragens não estivessem protegidas por militares, estaria agora aqui seguramente mais de meio milhão de portugueses, para se armar, ao nosso lado, em favor da liberdade, do socialismo, da revolução e da democracia. Nós temos o direito de saber o que descobriram nestas barragens. Será que tenham descoberto armas contra-revolucionárias ou spinolistas? Não, eles queriam impedir de vir aqui o povo português, que está com a revolução e o socialismo.»

A verdade é que a vossa presença aqui, o vosso entusiasmo ao longo deste comício, o vosso espírito de militância, a vossa confiança num partido de esquerda, no Partido Socialista, que é o nosso Partido, pois a vossa presença foi a prova de que nós vencemos e que aquilo que a cúpula dementada do PCP e os irresponsáveis da Intersindical queriam não foi possível. Eles queriam amordaçar a voz do Povo que será ouvida pelas ruas do nosso país. A vossa presença torna evidente um facto extraordinário que vai ter profundas consequências na vida política portuguesa. Em primeiro lugar ela torna patente que não é possível continuar com essa técnica de chamar reaccionários e fascistas a tudo o que não é comunista do PCP ou apaniguado, ou do filhote MDP.

Esta demonstração formidável (e mais formidável ainda pelos obstáculos que se levantaram) prova que nada pode vencer a determinação popular de estar connosco.

Tanto mais que não dispomos da Televisão, nem de rádio, nem dos jornais de Lisboa. Desse Século e desse Diário de Notícias que são o Pravda e o Izvestia portugueses. Mas exactamente porque foi levantada uma operação de propaganda sem precedentes, uma campanha de boatos para intimidar a população, dizendo que haveria desordens, que rebentariam bombas, que estaria aqui a contra-revolução, e outras patranhas do mesmo género: apesar de toda essa campanha, nós pudemos estar aqui sem dispor dos meios de comunicação social».

Pouco depois afirmaria «Dizemos que a reacção não passará, mas digamos também que a social-reacção não passará. Temos dito, e prova-se na prática da nossa acção política quotidiana, que nós não somos anticomunistas. Quem está a provocar o anticomunismo, como nem Caetano nem Salazar foram capazes de provocar é a cúpula reaccionária do PCP».

A seguir informou que «os soldados que estavam a formar as barricadas na Portela de Sacavém, compreendendo a figura ridícula que faziam às ordens de um partido minoritário, reuniram-se em plenário e resolveram acabar com as barricadas. Esses soldados acabam de dar com esse acto de civismo uma grande lição de civismo a certos oficiais que saltaram rapidamente de capitães a generais».

A situação portuguesa é de tal maneira grave, o ambiente requer um Governo de salvação nacional e de unidade das forças políticas, que nós dizemos daqui ao Presidente da República e ao Conselho da Revolução que o primeiro-ministro designado para constituir o 5.º Governo Provisório não nos parece ser neste momento um factor de coesão e de unidade nacional. Portanto dizemos-lhes, com a autoridade de sermos um partido maioritário na representação do povo português, que será melhor eles escolherem uma outra individualidade que dê mais garantias de apartidarismo real, para que possa formar um governo de coligação nacional.

Camaradas, o Partido Socialista não reivindica o poder, neste momento. Não é disso que se trata. A hora é extraordinariamente grave, e o Partido Socialista deseja que o Governo Provisório seja presidido por uma personalidade do MFA. Infelizmente deseja que ela seja, com provas dadas, efectivamente apartidária, acima dos partidos e independente. O PS não rejeita as suas responsabilidades perante os dois milhões e meio de portugueses que nele votaram.

O Partido Socialista está junto do povo para assegurar o prosseguimento de uma política de esquerda, uma política progressista que conduza à construção de uma verdadeira sociedade socialista e não de um capitalismo de Estado servido por um exército de burocratas e polícias, que denotam um imenso apetite de poder e de dinheiro.

Nós pensamos que se produziu neste País, graças à política aventureirista do PCP, um fenómeno como se dá nos corpos quando se enxerta neles um corpo estranho. Esse fenómeno de rejeição é perigoso, e nós convidamos sinceramente as bases do Partido Comunista, os nossos camaradas comunistas das bases, que não podem certamente estar de acordo com as perseguições que a cúpula está a implantar como se quisesse transformar a nossa Pátria, o nosso belo País, num imenso campo de concentração.

O MFA que faça pois atenção, porque a hora é de autocrítica, é de emendar os erros passados. E esse MFA que iniciou esta revolução que foi chamada justamente a mais bela da Europa, uma revolução das flores, esse MFA se escutar a voz do Povo, tem todas as condições para, aliado ao Povo, poder salvar ainda a nossa revolução que está em perigo, porque há aqui e ali manchas de contra-revolucionários que querem polarizar à sua volta o descontentamento provocado pelo sectarismo e pelo fanatismo intolerável dos sociais-reaccionários que são a direcção do PCP».

Continuando, demoveu a multidão de se dirigir ao Palácio de Belém para reivindicar a permanência do PS no governo dizendo que tal «seria pedir a todos um sacrifício inútil.

Uma marcha desta natureza poderia dar lugar a encontros e afrontamentos. Nós sabemos que não temos medo mas que como partido responsável fazemos tudo para evitar. Os arruaceiros são eles e não o PS. Proponho-vos camaradas outra coisa porventura mais útil e quando todos reclamam acção eu posso prometer-vos que a partir de hoje o PS está mobilizado para a acção e agitará para impor a sua voz e a sua determinação de construir um socialismo em liberdade. Proponho-vos, pois, camaradas, que os nossos militantes vão para as nossas sedes e para as nossas secções e estejam lá tranquilamente a defender as nossas casas, as nossas sedes, que são as casas e as sedes do Povo Português.

Há boatos de que há grupos minoritários que querem atacar esta noite as sedes do nosso partido. Estamos convencidos de que se trata apenas de boatos mas como ensina um velho ditado da sabedoria popular, e tendo em vista o que se passou hoje nas entradas de Lisboa e por esse País fora, o seguro morreu de velho. Eu creio que tal não será necessário mas, a partir de hoje, o Partido Socialista estará mobilizado. Cada um de nós no seu local de trabalho, nas empresas, nos campos, nos ministérios, saberá fazer chamar ao Povo a voz do Partido Socialista lutar contra as calúnias, organizarmo-nos, dar luta contra a reacção, em favor da liberdade. Nós seremos invencíveis e as minorias convencer-se-ão com a prova dos números e com a prova dos factos.

Este foi um dia de vitória. Tenhamos confiança no futuro, tenhamos confiança no nosso Povo. A revolução está em marcha e não pára.
Venceremos!»

Pensar na morte para viver a vida!

"O enterro de Atala" - 1808 - Pintura de Girodet de Roussy
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Hoje, ao ler "O Astrolábio" - uma folha informativa da vida pastoral do meu Concelho  e que o seu responsável tem a delicadeza de ma enviar sendo ao mesmo tempo um veículo cultural que não esquece a espiritualidade - num pequeno texto intitulado "Quando a morte dá uma volta à vida", dei conta desta lição.

Começa por apresentar a figura de S. Francisco de Borja - que na vida civil foi o 4º Duque de Gandia - a quem coube a tarefa no ano de 1539 de acompanhar o corpo da Imperatriz Isabel de Portugal, filha do rei D. Manuel I de Portugal e esposa do rei de Espanha, à sua tumba em Granada. Diz a História que ao ver o corpo desfigurado daquela mulher que fora muito bela, decidiu "nunca mais servir a um senhor que me possa morrer"


Aberto o caixão e ante o seu cadáver em decomposição, Francisco e Borja fez a seguinte meditação: “Onde está a soberana ante quem todos se curvavam? Onde está o seu poder e a sua beleza, o seu sorriso afável e os seus talentos? Eis a que nos reduz este ladrão que é a morte! Somente vós, ó Senhor, sois grande e mereceis a nossa vida!”

Francisco de Borja cumpriu a promessa de nunca mais servir a um senhor que possa morrer, e assim, logo que enviuvou entrou na Companhia de Jesus, tendo sido canonizado em 20 de Junho de 1670 pelo Papa Clemente X.

No desfiar da leitura de "O Astrolábio" é.nos dito ipsis-verbis:

Outro exemplo mais antigo vem-nos da Grécia. Alexandre Magno (+323 A.C.) viu um dia o filósofo Diógenes a remexer ossos de defuntos.

— Que fazes, Diógenes! — indagou o rei estupefacto.
— Procuro a cabeça do rei Filipe, seu pai. É capaz de a distinguir?...

E o grande rei lá foi pensando na lição que o filósofo lhe queria dar sobre a caducidade da vida, mesmo dos reis…

- A morte não respeita soberanias.
- O caixão é um livro aberto.
- Nem rei nem Papa à morte escapa.
- Para a morte não há casa forte.

Depois desta leitura veio-me à mente o que disse sobre a morte um filósofo mais perto do nosso tempo. Trata-se de Voltaire, que um dia, ao ver chegar o fim dos seus dias, soberanamente - ele que sempre viveu longe da espiritualidade que tornou Santo, Francisco de Borja - declarou o seguinte:

"Aproximo-me suavemente do momento em que os filósofos e imbecis têm o mesmo destino"

No fim, dei graças por ter recebido o nº 86 de 8 de Janeiro de 2017 de "O Astrolábio" que me pôs a pensar na morte que não respeita soberanias, porque no caixão onde se encerram os corpos que ela ceifa todos têm o mesmo destino.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Cantilena de Amor!


MÃE DO CÉU

Torre de David
Torre de marfim

Virgem, Mãe do mesmo Deus!
Virgem, filha de teu Filho
Não há estrela de mais brilho
N' esses céus!

D'olhar fito nesse olhar,
D'olhos fitos n'esses olhos,
Não há baixos, não há escolhos
N'este mar!

Vem a onda, sobrevêm
Nova onda, e nada teme
Quem te vê guiando o leme,
Virgem Mãe!

Tu guardaste em gozo e dor
Sempre n'alma a paz d'um templo
Foste em vida o nosso exemplo,
Mãe d'amor!

Navegando, mas de pé,
N'este mar, cavado embora.
Vou na barca salvadora
Que é a Fé!

Não me assusta a multidão
De inimigos que me agride;
Contra a Torre de David
Tudo é vão!

Por feroz que esteja o mar,
N'um momento forma um lago;
Basta um só reflexo vago
D'esse olhar!

Esse olhar é quem a mim
Me encaminha e me soccorre !
O meu norte é só a Torre
De marfim !

Meu farol ! Refúgio meu
Sol, que dia e noite brilha !
Mãe de Deus e de Deus filha !
Mãe do céu!

João de Deus
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Que bela é esta cantilena de amor que João de Deus dedicou a Nossa Senhora, à Mãe do Céu como ele lhe chamou!

Tudo isto é lamentável!



http://rr.sapo.pt
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Tudo isto é lamentável!

Em 5 de Janeiro de 2005 - doze anos depois de se ter demitido - Campos e Cunha vem dizer para quem o quis ouvir que José Sócrates o pressionou para demitir a Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e tal facto de que discordava o levou a demitir-se, acrescentando a notícia que Sócrates queria à frente do Banco Público, Armando Vara e Santos Ferreira, dois socialistas, o que veio a acontecer.

Lamenta-se que na altura não tivesse sido dito o que agora foi, o que prova que a nossa política não é feita a sério por se não dizer na altura certa o que deve ser dito e de que este caso é um exemplo gritante, o que leva a concluir que a continuar assim, não vale a pena aos cidadãos tomarem parte e acreditarem.

Não tardou - como se esperava a resposta de José Sócrates - desmentindo o seu antigo Ministro das Finanças, Campos e Cunha, que afinal, era ele que queria substituir a Administração em funções...

E agora?
Quem está e mentir?
Tudo isto é lamentável. Esta "passa-culpas" tão dentro da nossa mediocridade política, entenda-se!
Gostava de ver os agentes políticos do meu País a não terem comportamentos destes, fazendo lembrar os maus pais que castigam os filhos fora do tempo asado, quando tem de ser no tempo exacto que tudo deve ser feito: o castigo dos pais no filho prevaricador, como dizer-se as coisas certas na cara do outro quando a discordância leva a roturas, como foi o caso, que na altura, verdadeiramente, ninguém entendeu!

Sinais de Apocalipse?


O crente é-o, por saber que as Escrituras bíblicas são a Palavra fiel de Jesus Cristo que fez a promessa de voltar numa segunda vinda e que S. João (14, 1.3) relata deste modo:
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”

Como será o regresso de Jesus?

Pertence a S. Lucas (21, 27) a resposta: “Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.”

Quantos o verão quando ele voltar?

Responde o Livro do Apocalipse (1,7), deste modo: Olhai: Ele vem no meio das nuvens! Todos os olhos o verão, até mesmo os que o trespassaram. Todas as nações da terra se lamentarão por causa dele. Sim. Ámen!


Não raro ouvimos falar do tempo apocalíptico que vivemos e é, então, que a segunda vinda de Jesus Cristo entra de novo no Mistério que envolve parte da Humanidade que à semelhança dos nossos antepassados ouviam os profetas anunciar a vinda do Messias para salvar uma Humanidade transviada.

Tudo começou no Livro de Génesis (12, 1-3):O SENHOR disse a Abraão: Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos.  Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas.

Rolaram os tempos e 700 anos antes do nascimento de Jesus, Isaías(7, 14) profetizou: Por isso, o Senhor, por sua con­­ta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho,  e há-de pôr-lhe o nome de Ema­nuel a que se seguiu o profeta Miqueias (5, 1):  Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre as famílias de Judá, é de ti que me há-de sair aquele que governará em Israel.  As suas origens remontam aos tempos antigos,  aos dias de um passado longínquo.

E aproximando-se o tempo do nascimento de Jesus, de novo, agora pela voz do profeta Malaquias (3,1) o Mistério começa a desvendar-se: Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele pre­pare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu san­tuário o Senhor, que vós procurais, e o mensageiro da aliança, que vós de­se­jais. Ei-lo que chega! – diz o Se­nhor do universo.

E Jesus nasceu.

A ter em conta o que diz o Livro do Apocalipse - e disto o crente não pode duvidar - se a primeira vinda de Jesus Cristo foi anunciada como dizem as passagens bíblicas atrás referidas, a segunda vinda vai acontecer num tempo que se esconde no Mistério que escapa aos homens, mas duma coisa há ter a certeza: 

Se o género literário do Apocalipse foi escrito no tempo em que S. João esteve exilado na ilha de Patmos fugido da perseguição do Imperador Domiciano, em resultado de uma época de crise e de perseguição em que se procuravam os caminhos de Deus, algo que foi uma actuação comum no fim do Antigo Testamento e, mesmo, no tempo em que foi escrito o Novo Testamento, no nosso tempo aquele género literário não perdeu o sentido, porque se era comum quando foi escrito o Livro do Apocalipse ouvir-se dizer. "estamos nos fins dos tempos, adivinhando-se uma revolução dos usos e costumes e uma reforma radical no modos se ser e viver, para o que muito contribuiu a queda do Império Romano e as dissenções internas da Palestina que levaram à destruição do Tempo de Jerusalém no ano 70, no nosso tempo as guerras, as dissensões, a licenciosidade  e a maldade que em muitos lados faz esquecer os usos e costumes sadios, têm de ser uma inquietação da Humanidade global.

"Estamos no fim dos tempos"... agora por causa do homem se estar a substituir a Deus na doutrina e no comportamento a que esta obriga, pelo que a leitura do Livro do Apocalipse começa a ser uma obrigação da cultura religiosa, não se entendendo que entre muitos crentes exista um desafecto com a sua leitura e estudo, quando ele é a expressão da fé da Igreja no tempo dos discípulos e dos Apóstolos de Jesus Cristo que está colocado no meio dos sete candelabros (1,13) tendo na mão direita sete estrelas (1,16) que simbolicamente representam as "Sete Igrejas" personificando a Igreja Universal, com Deus a agir como o Único Senhor da História, contra as forças conjugadas de todos os senhores do Mundo e das forças do Mal. servindo assim, como pano de fundo para uma nova intervenção na História do presente. 

Olhando os tempos que passam a Humanidade devia, por isso, interrogar-se pelos caminhos em que vive uma grande parte em que parecem vivas - por demais - as "forças do Mal", o que nos devia inquietar, levando-nos a repensar o que fazemos a nível global e a ler com mais cuidado o Livro do Apocalipse, que sendo o retrato das visões de S. João, reflectiram no seu tempo um olhar sobre o Mundo, olhar esse que não se perdeu, porque continua vivo e operante. 

Atentemos em dez sinais apocalípticos do nosso tempo:


1 - AS GUERRAS:

- "Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra..." (Lc 21, 9) (Mc. 13, 7) (Mt. 24, 6)
- "Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino..." (Lc 21, 10) (Mc. 13, 8) (Mt. 24, 7)
- "Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo animal clamar: "vem!" Partiu então outro cavalo, vermelho. Ao que o montava foi dado tirar a paz da terra, e de modo que os homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada." (Ap. 6, 3-4)
- " Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que clamava: "vem!" E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras." (Ap. 6, 7-8)

2 - A FOME NO MUNDO:

- "... E haverá fome..." (Mt. 24, 7)
- "... E fome..." (Mc. 13, 8)
- "... fomes ..." (Lc. 21,11)
- "Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro animal clamar: "Vem!" E vi aparecer um cavalo preto. Seu cavaleiro tinha uma balança na mão. Ouvi então como que uma voz clamar no meio dos quatro Animais: "Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário; mas não danifiques o azeite e o vinho." (Ap. 6, 5-6)
- " Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que clamava: "vem!" E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras." (Ap. 6, 7-8)

3 - AS PESTES:

- "... E haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares." (Mt. 24,7)
- "... E pestes ... (Lc. 21, 11)
- " Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que clamava: "vem!" E vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras." (Ap. 6, 7-8)

4 - OS TERRAMOTOS:

- "... E haverá terremotos em diversos lugares..." (Mc. 13, 8)
- " Haverá grandes terremotos por várias partes ..." (Lc. 21, 11

5 - O DESCONTROLE DA NATUREZA (Clima/Planeta):

- "... E grandes desgraças em diversos lugares." (Mt. 24, 7)

6 - A DEGRADAÇÃO FAMILIAR:

- "O Irmão entregará a morte o Irmão, e o pai, o filho; e os filhos se insurgir-se-ão contra os pais e dar-lhes-ão  a morte." (Mc. 13, 12).

7  A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS:

- "Então sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão e sereis por minha causa objecto de ódio para todas as nações." (Mt. 24, 9)
- "E sereis odiados de todos por causa de meu nome." (Lc. 21,17) (Mc. 13,13)

8 - OS SINAIS NO CÉU:

- "... Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas." (Lc. 21,25)

9 - A POLUIÇÃO DO PLANETA:

A terra está cheia de adultérios e está em luto esta terra maldita. As pastagens do deserto ressecaram e os homens correm para o mal. É a iniquidade que lhes dá forças. (Jr 23,10)

10 - A MARCA DA BESTA:

- "... Conseguiu que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão direita e na fronte, e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Fera, ou o número do seu nome. (Ap. 13, 16-17)

in, http://www.derradeirasgracas.com/


O Livro do Apocalipse fala abertamente sobre o fim dos tempos, sendo que a descrição do antiCristo referida em Daniel (9, 27) que diz: Ele concluirá uma sólida aliança com um grande nú­mero, por uma se­mana; ao meio da semana fará cessar o sacrifício e a oblação e, sobre o pináculo do tem­plo, estará a abominação devastadora, e isto até que a destruição decre­tada se es­tenda sobre o devastador, tem o seu desenvolvimento no Cap. 13 do Apocalipse e que exemplos apocalípticos os vamos encontrar em Isaías, no Cap, 24, 1-3: Vede como o Senhor de­svas­ta a terra e a torna deserta, transtorna a sua face e dispersa os seus habitantes. A mesma sorte terá o leigo e o sacerdote, o escravo e o seu senhor, a serva e a sua senhora, o que compra como o que vende, o prestamista e o que pede em­prestado, o credor como o devedor. A terra será totalmente desvas­tada, despojada, porque o Senhor assim o decre­tou.

Tudo isto faz parte do Mistério que paira sobre o Mundo desde a primeira aurora dos Tempos, e tudo isto dá que pensar, a começar pelos crentes que se vêem sujeitos pela fé nas escrituras a ter como certo tudo quanto está predito no AT e NT, e também nos que não crendo, não podem deixar de pensar no envolvimento destes assuntos de fé num Mundo em que o seu desconcerto coloca sérios avisos a uma Humanidade desavinda.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A música e os estados de alma.


Temos de reconhecer, adultos e jovens,  sobretudo estes  com as audições em volume alto da música Rock -  que esta os entusiasma e os excita - uma forma que nos leva a reconhecer que o poder musical se faz sentir profundamente, como acontece nos filmes de terror ao levar a alma para o campo do medo  e do desconhecido e que outras ao servir de fundo a cenas amorosas as enquadram no romantismo próprio do momento, enquanto  outras  produzem sentimentos de melancolia  e até de tristeza.

Depreende-se daqui que a música de qualquer canção tem mais impacto na alma que a sua própria letra, e é esta constatação que nos faz recuar nos tempos e nos leva até aos filósofos gregos que davam à música um papel preponderante na formação da juventude, como por exemplo, Aristóteles que dizia: "pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de sentimentos" e que "a música pode ajudar na formação do carácter".

Platão, pertencente ao mesmo período clássico torna mais claro este assunto, advertindo na “República” que “é possível conquistar ou revolucionar uma cidade pela mudança da sua música”, o que nos leva a concluir  que o fenómeno musical forma ou pode deformar as consciências quanto mais for inadvertido o modo como ela é assumida, o que não deixa de ser uma verdade no tempo de hoje, dando razão aos velhos filósofos, porque a música, paulatinamente, molda mentalidades e, consequentemente, os costumes.

Eis, porque, a educação musical – bem conseguida nos seus aspectos sócio-culturais - é uma arma poderosa ao permitir que a alma da criança desde a mais tenra idade se habitue a ver nela um instrumento do amor à beleza e à virtude, levando-a a distinguir o fosso que existe entre a beleza e a harmonia  e o barulho ensurdecedor dos concertos tipo Rock, o que nos leva a votar a Platão para ler e meditar o que ele nos disse através de uma pergunta:

"Não saberá (tal pessoa) louvar o que é bom, receber o bem com deleite e, acolhendo-o na alma, nutrir-se dele e fazer-se um homem de bem, ao mesmo tempo que detesta e repele o feio desde criança, mesmo antes de poder raciocinar? E assim quando chegar a razão, a pessoa educada por essa forma a reconhecerá e acolherá como uma velha amiga".

(in, República, Livro III)

Ressalto, a velha amiga como Platão queria que a música fosse entendida e ao fazê-lo tenho em mente que a música ou é assim - velha amiga - ou se pode transformar em inimiga da sociedade, como hoje acontece em tantos lados de um Mundo que perdeu o sentido da beleza que existe na música - velha amiga - de um Mundo que se perdeu por entre os barulhos que só, por desnorte, a nossa juventude lhe dá o nome de música, quando ela é uma alienação da alma que se excita, quando devia extasiar-se na contemplação da letra e dos sons harmónicos formadores do equilíbrio mental.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Excomunhão de Martinho Lutero


Faz hoje anos...
No dia 3 de Janeiro de 1521 o Papa Leão X 
excomungou Martinho Lutero.


Católico apostólico romano que sou, volto a este assunto - sobretudo, hoje, em que na minha modesta opinião a Igreja a que pertenço cometeu um erro - que urge reparar e para o qual o Papa emérito Bento XVI na sua visita à Alemanha deu algum impulso  - porquanto o célebre teólogo alemão mais não fez que explicitar dois modos de ver a religião fundada por Jesus Cristo de que resultou a cisão que dura até hoje no Cristianismo.

O pároco da Igreja do Castelo de Wittenberg, função assumida em 1514, rebelou-se contra a compra de indulgências que eram vendidas em mercados livres para angariar capital urgente destinado às obras da Catedral de S. Pedro, em Roma, cujas obras decorriam desde o ano de 1506, e para as quais, para suprir as dificuldades financeiras segundo foi voz corrente na época o monge dominicano Johann Tetzel dizia: "Quando o dinheiro cair na caixinha, o Céu estará recebendo a sua alminha".

Martinho Lutero lutou contra isto e foi da sua rebelião - que de facto existiu - que ele em 31 de Outubro do ano de 1517, pregou nas portas da Igreja que paroquiava as suas 95 teses contrárias ao que defendia o Papa Leão X, não tardando que os seu documento tivesse sido impresso e distribuído entre os naturais de Leipzig, Nurembergue e Basileia, de que veio a resultar no ano seguinte a abertura em Roma de um processo por heresia, com a obrigação dois anos depois de Lutero as revogar ou ser punido.

Não tendo obedecido e tendo em 1520 chegado ao extremo que queimar a Bula papal, dá-se o rompimento com Roma, um facto imperdoável para Leão X que em 3 de Janeiro de 1521 lança sobre o destemido reformador da Igreja Católica a excomunhão, que levou o pregador das indulgências Tetzel, num acto extremo a pedir a fogueira contra a vida de Lutero, um acto que não tardou a colocar ao lado de Lutero alguns príncipes contrários ao poder papal, julgando ver ali um motivo de verem diminuir o poder de Roma, convidando o Imperador Maximiliano II - como título de Imperador do Sacro Império Germano-Romano - para Lutero se deslocar à corte de Worms contra a vontade da Igreja Católica, sendo acolhido com entusiasmo em todo o trajecto.

Maximiliano II - que se denominava "nem católico, nem protestante, mas cristão" mas era tido perto dos luteranos, pesasse embora esse pormenor tentou convencer o teólogo a retirara as suas críticas, obtendo como resposta que ele seguia pelo caminho que lhe indicavam a passagens das Escrituras e que "estava preso às Palavras de Deus", acrescentando:Portanto, não voltarei atrás, pois agir contra a consciência não é seguro nem saudável. Que Deus me ajude. Amém.

Em linhas breves - breves demais para trauma tão grande - está traçado o caminho de Martinho Lutero, que sendo verdade que foi um rebelde e autor da Reforma Protestante dividindo a Igreja do Ocidente entre romanos e reformados ou protestantes, apesar dissso o seu gesto deve ser compreendido à luz do tempo que vivemos, porque a sua rebeldia, tendo em conta que não vivemos no século XVI e a Igreja Católica Romana deu passos de aproximação e convivência com os irmãos separados, seria de toda justiça - no meu entender que até ao dia 31 de Outubro de 2017 - quando se perfazem os 500 anos da sua dissenção - a Igreja Católica Romana revisse a Bula de excomunhão e reabilitasse Martinho Lutero.

Tudo isto - sinto-o - é um assunto complexo, mas é necessário dar um passo em frente e este devia caber a ambos os lados... porque as separações, normalmente, têm culpas comuns, como no caso presente.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

"No Templo" - Um soneto de Domitila de Carvalho


in, Revista "Branco e Negro" d 24 de Outubro de 1897
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Coube a Domitila de Carvalho ter sido a primeira mulher portuguesa a ingressar na Universidade de Coimbra onde se licenciou em Matemática, Filosofia e Medicina, tendo ido buscar ao ramo da Filosofia a sua veia poética que muito a notabilizou no seu tempo, sendo hoje uma figura quase ignorada, lamentavelmente, porquanto, para além das suas funções docentes e de deputada à I Legislatura do Estado Novo - sem esconder o seu pendor monárquico - foi uma notável poetisa, cujo ostracismo literário se deve ao apoio que deu ao salazarismo nascente, um "pecado" que a élite actual não perdoa.

Neste soneto de que se apresenta o fac-símile, Domitila de Carvalho demonstra uma paixão frustrada e di-la sem rancores escondidos ou, o que seria bem pior, exalando perfumes de ódio, mas antes, o de um desejo não conseguido de pedir à Virgem, para  quem lhe causou amargores, tanta ventura, quanta eu desejei, doce ilusão... para no fim, num desabafo da alma - compreensível - dos seus lábios o que saiu, foi um gemido filho de uma dor sofrida em vez do nome por quem queria pedir à Virgem...

Humano no sentimento este soneto da poetisa é o retrato fiel de tantas desilusões que todos temos - homens e mulheres neste desfiar da vida - onde cabe às mulheres o quinhão maior das desilusões porque todas têm um coração mais dócil e, logo, por um desígnio da Natureza, mais propenso a dar do que a receber, pelo que ficam mais sujeitas às desilusão dos amores.

Domitila de Carvalho nunca casou... e eu fico a pensar se a desilusão sentida e de que nos dá conta neste soneto, não foi a causadora... porque, é ela que o diz na oração que quis fazer à Virgem - pedindo pelo homem que a desiludiu - e o seu nome não saiu com todas as suas letras... e em vez dele saiu uma queixa... um gemido em que a alma falou num tempo em que apesar de ser uma jovem, a desilusão a teria marcado para o resto da vida.

Que a alma de Domitila me perdõe se estou a exorbitar!

domingo, 1 de janeiro de 2017

Como isto é verdade!


Perdemos tempo reclamando da vida, que até esquecemos de agradecer por termos vida!
Autor Desconhecido
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Como isto é verdade!

Quantos de nós passamos pela vida maldizendo os dias menos bons e os péssimos que todos temos, como se levássemos o Mundo às costas pela nossa falta de compreensão da vida ser uma realidade complexa, e a vivemos num afã destrambelhado sem nos lembrarmos que em cada dia há uma nova madrugada que surge sempre, mesmo que seja da noite do maior dos temporais..

Como isto é verdade... pelo menos, uma verdade igual à que nos transmitiu este "Autor Desconhecido" sabedor das coisas do Mundo e nos deu em poucas palavras uma síntese das nossas faltas de atenção para connosco e a partir de nós para entender o que se passa com os outros que giram à nossa volta, que nem conhecemos, mas como muitos de nós, passamos o tempo com o "Livro de Reclamações" na mão e nos esquecemos da dar graças a Deus por continuarmos a viver!

Como isto é verdade!

Todo o dia é ano novo.



Todo o dia é ano novo.

Todo dia é ano novo
Entre a lua e as estrelas
num sorriso de criança
no canto dos passarinhos
num olhar, numa esperança...

Todo dia é ano novo
na harmonia das cores
na natureza esquecida
na fresca aragem da brisa
na própria essência da vida.

Todo dia é ano novo
no regato cristalino
pequeno servo do mar
nas ondas lavando as praias
na clara luz do luar...

Todo dia é ano novo
na escuridão do infinito
todo ponteado de estrelas
na amplidão do universo
no simples prazer de vê-las
nos segredos desta vida
no germinar da semente.

Todo dia é ano novo
nos movimentos da Terra
que gira incessantemente.

Todo dia é ano novo
no orvalho sobre a relva
na passarela que encanta
no cheiro que vem da terra
e no sol que se levanta.

Todo dia é ano novo
nas flores que desabrocham
perfumando a atmosfera
nas folhas novas que brotam
anunciando a primavera.
Todo dia é ano novo
no colorido mais belos dos olhos dos teus filhos.

Não há vida sem volta
e não há volta sem vida
no ciclo da natureza
neste ir e vir constante
do broto que se renova
na vida que segue adiante
em quem semeia bondade
em quem ajuda o irmão
colhendo felicidade
cumprindo a sua missão.
Todo dia é ano novo...portanto...feliz ano novo todo dia!


Autor Desconhecido

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Como eu admiro o dizer deste "Autor Desconhecido!"

Todo o dia é ano novo - diz ele - e tal asserção deixa-me a pensar que Jesus que veio "para renovar todas as coisas" queria que assim fosse, ou seja, que cada dia tivesse a festa que a Humanidade costuma dar ao dia que hoje se vive, onde o amor entre as criaturas - a começar dentro das famílias se renova e se trocam desejos de Bom ANO NOVO - onde vai implícito o anseio de todos os dias do ano serem dias de ano novo, como expressa o poemeto do "Autor Desconhecido".

E neste desfiar de ideias veio-me à lembrança um conselho que nos é dado por S. Paulo na Carta aos Efésios (4, 23) onde é dito: deveis renovar-vos pela transformação do Espírito que anima a vossa mente, um aviso que é, na sua pureza de ideias muito prudente e que no dia de hoje tem todo o sentido, pois, lembrando o "Autor Desconhecido" todo o dia é ano novo e feliz ano novo todo o dia, só pode acontecer como ele deseja se em cada criatura houver o desejo de em cada dia do ano de 2017 se renovar, tornando cada dia um Dia de Ano Novo e como recomenda S. Paulo, nos transformarmos por dentro através do Espírito que anima a nossa mente.