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sábado, 30 de setembro de 2017

Uma lembrança de "Os Homens e a História"


2 de Julho de 1916


Porque António Ferro é mais conhecido por ter sugerido a Salazar em 1932 um Organismo que fizesse a propaganda do regime e ter sido o autor de algumas entrevistas sobre o Estado Novo, publicadas no Diário de Notícias, depois, publicadas em livro (1933) a que acresceu o facto de ter sido chamado a dirigir o SPN (Secretariado da Propaganda Nacional) que antecedeu o SNI (Secretariado Nacional de Informação) que dirigiu até 1949, razão pela qual o seu nome foi completamente abafado pelos tempos que vivemos, como se ao homem não fosse dado o direito de viver o seu tempo e ser nele  um agente culturalmente activo, ainda que por caminhos que no devir dos tempos se tornaram obsoletos.

Historicamente o homem deve ser julgado pelo tempo em que viveu - e nele ser compreendido - e não julgado à luz de novas orientações sócio-políticas de tempos novos que abjuraram os antigos, sem contudo, terem dado à sociedade a felicidade terrena que já no tempo antigo foi um fanal, tendo-se em conta, que é esse desiderato que todo o homem e a sociedade busca desde os tempos de antanho.

António Ferro foi um homem que andou em busca de encontrar no seu tempo em plena I República o melhor caminho para Portugal, tendo sido republicano e sidonista, e como homem dado às Letras, em 1919 redactor principal de "O Jornal" Órgão do Partido Republicano Conservador, jornalista de "O Século" e do "Diário de Lisboa", Director da revista "Ilustração Portuguesa" e repórter internacional do "Diário de Notícias".

Do seu labor literário em prosa e verso ficaram provas na II série da revista "Alma Nova" e na revista "Contemporânea", tendo publicado em livro de conferências, reportagens  contos "Teoria da Indiferença" (1920), o romance "Leviana" (1921) e a colectânea "Viagens à Volta das Ditaduras" (1927).

Lendo as quadras que António Ferro escreveu para o jornal "A Canção de Portugal" e acima reproduzidas em fac-símile, a sua leitura atenta dão-nos o retrato intelectual do homem que em 1916 andava em redor de si mesmo para encontrar o seu caminho e, se, se trata de um canção de amor, não deixa de ser notável quando ele diz com o pensamento em Portugal:

Portugal é uma canção
Toda feita em redondilhas.
Passa de avós para netos,
Passa de mães para filhas.

Portugal era assim.
Prouvera a Deus que assim fosse, ainda hoje, e deixasse de importar costumes que lhe estragam a identidade de um povo antigo que caldeou numa só raça todos os povos que por aqui passaram e no convívio que houve com ele fez sobressair a lusitanidade da sua origem.

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