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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O Cristo-Rei da minha aldeia!


O Cristo-Rei da minha aldeia ergue-se no cimo de um monte, numa pequena mas acolhedora esplanada que bordeja a curva da estrada e da qual é possível ver em toda a amplitude o velho povoado onde vi o azul do céu e me maravilhei, quando a idade o permitiu com as águas das suas duas ribeiras, dos campos de milho e dos socalcos dos montes aproveitados para o sustento dos seus naturais, a começar pelos meus avós.

O Cristo-Rei da minha aldeia é obra de dois amigos meus que viram naquele local um meio eficaz de render homenagem ao Cristo Redentor dos homens, aos quais rendo a minha gratidão: José dos Santos Veiga e José Henrique Martins de Almeida.
Ambos sonharam com aquela Obra tendo em mente a "Pedra Filosofal" o que disse o seu feliz autor, o Poeta António Gedeão ao afirmar que "O sonho comanda a vida".

Foi estribados nesse sonho que a obra se tornou realidade, tendo ficado ali como sentinela de um mundo rural que se perdeu, mas com o intuito de deixar para as gerações mais novas a lembrança de uma nova aldeia que sucedeu ao bucolismo do antigo povoado, cheio de encanto, especialmente nas gentes que eu tive a felicidade de conhecer e com quem convivi nos tempos em que "nas férias grandes" ali as passava para aprender como eles o esforço do trabalho e a felicidade que havia na sua alegria simples.

Inaugurado e benzido de acordo com o ritual da Igreja Apostólica Romana no dia 17 de Agosto de 2013, para o Acto que fez reunir no local os habitantes da localidade e todos os visitantes, seus naturais, que por aquela altura não se esquecem de visitar Praçais para honrar Nossa Senhora do Desterro e o Padroeiro S. Tiago Maior, escrevi e declamei o poema que fica aqui como a minha melhor homenagem ao Cristo-Rei da minha terra que tem sido ao longo da minha vida o esteio aonde me arrimo nos bons e maus momentos que tenho vivido.


Como se fosse uma Lei
Que em mim tine e ressoa
De tantos caminhos que andei
O melhor é o do Cristo-Rei
Que a minha aldeia abençoa!

Bem haja quem aqui fez Luz
No meio de tantos pinhais.
E de ter erguido ao Bom Jesus
A Imagem que nos seduz
E dá um abraço a Praçais!

Todos havemos de passar,
Só Cristo-Rei permanece!
Quem aqui vier rezar
Ponha em Jesus o olhar
E erga ao Céu uma prece!

Que seja assim.

Quem por ali passar lembre-se que a Imagem de Cristo-Rei está ali a olhar a velha Capela da aldeia onde Ele vive, há séculos, e ao qual os nossos avós ergueram preces e cânticos de amor, na certeza que todas as orações que ali fizerem são prendas para as suas almas e hinos de amor Àquele Cristo que um dia, vergado ao peso do ódio de uns tantos malfeitores, no Calvário, pediu a Deus por eles: "Perdoa-lhes Pai, que não sabem o que fazem"

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Para memória futura

No dia em que subi ao monte para fotografar "O Cristo-Rei da minha aldeia" - 19 de Agosto de 2017 e que aqui se publica - cerca de duas horas depois com o intuito de alindar e encaminhar sobre uma latada as vergônteas de um roseira vermelha que cresce a cerca de 2,5 metros de altura, da escada por onde trepara, caí desamparado e muito embora tenha ficado muito magoado, senti que "O Cristo-Rei da minha aldeia" me amparou na queda, deixando-me intactos órgãos vitais de locomoção, sem contudo, nas marcas que ficaram me ter deixado um aviso quanto à minha desandada mobilidade.
A minha idade impôs, naquele momento, a sua lei. Assim o entendi.
Foi um aviso. 
Dou graças por isso, ao Cristo-Rei da minha aldeia!

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